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Friday, 8 April 2016

DO PERU INQUEITO E DEMOCRÁTICO

DO PERU INQUEITO E DEMOCRÁTICO

Nosso vizinho amazônico passou 25 anos de relativa tranquilidade. Após  sangrenta luta contra a guerrilha Sandero Luminoso, não menos sanguinário, o democraticamente eleito presidente Fujimori foi preso por corrupção. Mas, o fujimorismo, que deu certa estabilidade econômica, continua vivo, aparecendo já pela segunda vez nas eleições presidenciais, com forte possibilidade de ganhar. A filha do Alberto, Keiko Fujimori, quase ganhou as eleições em 2011, e desta vez está com 45 % da intenções de votos.

Provavelmente, neste domingo, nas eleições gerais, a decisão irá para segundo turno. Há dois meses, havia candidatos muito fortes para derrotar Keiko, mas o Tribunal Eleitoral surpreendentemente cassou os dois: Guzman e Acuña. A cassação, do tipo latino-americano, sem ser compreendida por seja quem for, favoreceu Keiko e a outra candidata de esquerda, neo-chavista, Veronika Mendoza, que está ganhando nas pesquisas e, assim, é muito provável um segundo turno entre as duas.

Ou seja, fujimorismo, de direita, versus uma esquerda chavista, cujo modelo de gestão fracassou na América Latina. O Peru, que nos últimos 15  anos aumentou a renda per capita anualmente em 3 %, reduziu os níveis de  pobreza de 55 % em 2001 para 22 % em 2014, teve um crescimento bom e está enfrentando, com os preços baixos das matérias primas, um reajuste brutal da sua economia. Mesmo que as finanças públicas estejam em ordem, a dívida pública baixou de 37 % do PIB em  2000 para 3.6 % em 2014 ( para fazer inveja ao Brasil ), o país precisa de reformas e melhorar muito a saúde e a educação. E a infra-estrutura, que ainda anda atrasada, principalmente na integração física do país .

A eleição peruana tem ainda as características de instabilidade típicas dos países da região. Interferência  da Comissão Eleitoral na véspera de eleições com critérios dúbios,  e agressões dos candidatos (o ex- Presidente Alan Garcia xingou o candidato P.P.Kuscinsky, PPK, alegando que quem tem sangue judeu não pode ser presidente peruano), levaram a um duelo final de previsões incertas. O medo da volta do fujimorismo clássico ou da entrada do neo-chavismo, com Mendez, de 35 anos,  dão a dimensão do problema que a América do Sul vai enfrentar.

O Peru representa para Brasil um excelente mercado e, durante a campanha, as empresas de engenharia brasileiras foram acusadas, em função das investigações da Lava Jato, de financiarem a campanha presidencial. De que maneira essas investigações vão prosseguir e quais oportunidades vão se oferecer às  empresas brasileiras, só saberemos depois que as urnas abrirem.  Mas, só depois do segundo turno vamos saber qual será  a nossa nova relação com o vizinho amazônico na Costa Pacifica.

STEFAN SALEJ

8.4.2016.


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Monday, 4 April 2016

DOS START UP E DOWN

DOS START UP E DOWN


Nos dois primeiros dois meses deste ano, fecharam em Minas 5800 empresas, segundo a Junta Comercial do  Estado. E a FIEMG confirmou que o faturamento da indústria, no mesmo período, caiu 17 %. Quantos desempregados a mais há no Estado de Minas, não sabemos. Mas, se no país como um todo temos oito milhões de desempregados, nos Estados Unidos, que ainda possuem uma economia com crescimento, são adicionados 200 mil empregos por mês. Com muita alegria,  nós  vamos levar, se crescermos a partir do ano que vem a 5 %  ao ano, vinte anos para que essas pessoas  voltem a ser empregadas, sem falar nos jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Haja pedalada na vida de desempregado para conseguir emprego de novo!

Em todo esse tumulto econômico e buraco negro que os nossos políticos, com ajuda de alguns empresários, nos arrumaram, há de se reconhecer que muitos dos desempregados estão pegando na enxada do empreendedorismo e com muita energia começando a vida empresarial. É um movimento de resistência econômica, baseado no desespero, que apresenta a única alternativa para alguém que ainda tem algum recurso e conhecimento. Nesse segmento, o papel fundamental é do SEBRAE Minas. Deve estar de portas abertas e facilitar que esses novos empresários  tenham à sua disposição não só o conhecimento  para dirigir seus negócios, mas principalmente o mercado. E nesta área as oportunidades  digitais são de fundamental importância. O SEBRAE tem que aproximar mercados, começando pelo de Minas (o que alguém de Juiz de Fora vende em Diamantina) e os mercados no Brasil (quem vende no Piauí, mesmo?).

Mas a moda mesmo são as start up. Estão nascendo como cogumelos após a chuva nas florestas da Europa. Milhões de ideias, jovens entusiasmados e financiadores governamentais e similares, por todo lado. Nomes sofisticados, ideias sonhadores, e poucas empresas que nascem, das quais as melhores logos são  vendidas. Novos empregos? Quase nada. Ecossistemas de inovação e empreendedorismo, sem maiores influencias na economia do estado. Razões?

O suporte financeiro para start up não exige resultados, porque se vende a ilusão dos que os assistem de  que vale mais uma boa idéia do que uma boa idéia com boa colocação no mercado e boa gestão. Assistidos por entusiastas, até educados e com doutorado, mas que não seguem nenhuma metodologia e nunca produziram nada, além de emprego fixo na entidade pública ou privada.

Temos que apoiar sim os start up, mas com metodologia e com resultados. Parar de enganar os jovens com ajuda financeira sem resultados empresariais. Aliás, em São Paulo estão fazendo isso agora, com metodologia norte-americana  e o resultado é fantástico em termos de emprego e sucesso das start up. Em Minas, fica mais fácil distribuir dinheiro e enganar os jovens, do que organizar um ecosistema com metodologia, início, meio e fim. E o triste da história: o bom exemplo começou aqui, com a BIOMINAS e os clusters do projeto Cresce Minas.

Friday, 1 April 2016

DO TERRORISMO NUCLEAR

DO TERRORISMO NUCLEAR 

Na reunião dos 50 chefes de estado, liderada pelo Presidente dos Estados Unidos, sobre segurança nuclear, faltaram dois. Um, porque as relações com os Estados Unidos não andam bem, mesmo se contém, junto com os americanos, 90 % dos 7000 mísseis nucleares do mundo. Putin não veio. E a Presidente brasileira também não. Veio e participou ativamente outro membro dos BRICS, o presidente chinês Xi. A brasileira, que entre outras faltas de políticas, não tem nenhuma política referente ao uso de energia nuclear, não fez falta, mas só confirmou que o país, também nesse assunto, não é player internacional. E dos cinco membros dos BRICS, que estão como movimento moribundo, quatro são muito importantes na área nuclear. Três, India,China e Rússia, têm bomba atômica.

O grande problema hoje em dia nessa área é o chamado terrorismo nuclear. Aliás, pela quantidade de filmes norte-americanos sobre  assunto, a preocupação existe desde que bomba atômica foi criada. De um lado, os que a fizeram, em 1945 e depois, Estados Unidos e Rússia, Grã Bretanha e França, quiseram manter o clube fechado. A entrada posterior da Índia, China e Paquistão no clube desequilibrou o sistema. O Irã não chegou a entrar, e não foi convidado à Conferência de Washington.

Mas, o desequilíbrio e a preocupação cresceu mesmo com a reorganização geopolítica do Leste Europeu. Com o desaparecimento de União Soviética, o seu arsenal nuclear ficou à disposição de várias mãos e hoje não se tem dúvida de que os Estados Unidos e seus aliados, no afã de destruir União Soviética, não avaliaram todas as consequências nessa área e nem se prepararam para as consequências. O mundo ficou mais perigoso!

Hoje, sem diálogo entre os maiores donos de arsenal nuclear, não há paz, e o perigo continua grande. Por outro lado, diante da falta de cooperação entre agências de segurança, o banditismo nuclear representa sim um perigo para o mundo. Não apenas se os terroristas possuírem os artefatos nucleares, mas também se, como foi o caso na Bélgica, constituírem ameaça de atacar usinas nucleares. Esse  perigo é também real e não faz só  o imaginário do cinema.

Mas, o mais impressionante dessa história, é que só 4 % do urânio enriquecido no mundo, é usado para fins pacíficos. O Brasil abriu mão de ter a bomba atômica, apesar de ter condições tecnológicas e depósitos de urânio em condições de fazer. Mas, o pior, abriu mão de avançar muito no uso pacífico da energia nuclear, o que não aconteceu na Argentina, que teve  avanços significativos na área de uso pacífico. Medicina, agricultura, e outros, são campos fundamentais para o nosso futuro desenvolvimento. Aliás, Minas foi centro de pesquisas, com o IPR, Instituto de pesquisas radioativas e mineração de urânio, em Poços de Caldas. Ainda existe, mas não é  ator fundamental de nosso desenvolvimento. 

Monday, 28 March 2016

DO EMPREGO E DESEMPREGO

DO EMPREGO E DESEMPREGO

Não importa muito se temos dez milhões de desempregados, enquanto você, ou alguém muito próximo a você, não estiver desempregado.

Importa muito para todos nós, se temos dez milhões de desempregados. O número de pedintes nas ruas, sem casa, sem teto, e sem emprego, está aumentando a cada dia. E os desempregados não  são consumidores, não geram economia. A cada dia mais desempregados, mais empresas fechando, mais empresas desempregando.

Essa é a verdadeira crise brasileira. Não são estatísticas, trata-se de famílias, de pessoas, de jovens sem perspectiva, sem possibilidades de estudar, e muito menos com possibilidades encontrar um emprego.

E quem está preocupado com isso? Para começar, você sabe o nome do Ministro do Trabalho e Emprego do Governo  Dilma? Provavelmente não, porque no governo do Partido dos trabalhadores , esse ministério não tem nenhuma importância para criar empregos, mas muita importância para fortalecer sindicatos e administrar FGTS, cobrindo os déficits públicos. Cobrindo buracos das finanças públicas.

O mesmo vale para o governo estadual. Quem mesmo é responsável pela geração de empregos no Estado?

A situação é dramática, com grande perspectiva de piora. Mesmo com mudança de governo, ninguém dos que estão na fila para comandar o país  fala de emprego. Falam de mercado, de consolidação das finanças, leia dos bancos e públicas, déficit e não sei mais o que, mas como gerar mais emprego, como estancar desemprego, não.

Algumas soluções estão ao alcance da nossa mão. A primeira é os sindicatos dos trabalhadores e empregadores criarem condições de requalificação profissional. O mercado de trabalho mudou, precisa de outros profissionais e o papel dos Sistema S é esse. Em Minas, temos tecnologia alemã, usada na crise de desemprego que é a de empresas simuladas aplicada pelo SEBRAE. Ela tem que sair da escolas para criar condições de mercado de trabalho. Aliás, o número de pessoas que abrem seu próprio negocio está crescendo, mas a sua preparação para manter o negocio é ínfima. O mesmo vale para as start ups. Muita onda, alguns bons exemplos, muito dinheiro público, mas pouco resultado empresarial na criação de empregos.

De reforma de legislação trabalhista, ninguém fala. Qualquer que seja o governo, desemprego crescente, com alto custo de vida, é insustentável do ponto de vista social e econômico.
Criar empregos deve ser a prioridade número um de todos os políticos. E não é para ser para só para eles mesmo. Veja o exemplo do PROMINAS, onde o protesto do PC do B (partido que deveria cuidar de trabalhadores) é para manter cargos e empregos deles mesmo e não cuidar de interesses de todos. Se um partido marxista age assim, imagine os demais! Essa é triste realidade.

Thursday, 24 March 2016

DO TERROR NA BELGICA

DO TERROR NA BÉLGICA

Os belgicanos, como os chamava o lendário goleiro do Atlético mineiro e depois comentarista esportivo, Kafunga, foram vítimas de um torpe ataque terrorista, quatro dias após prenderem um dos líderes dos ataques em Paris de novembro passado. Mais de 200 feridos e 34 mortos em Bruxelas somam-se a um número cada vez de vítimas dos ataques do Estado Islâmico. Na Cidade Luz no ano passado, após os atentados de Londres há alguns anos, no metrô de Madrid, e mais alguns outros lugares que viveram mortes, sobram sobraram físicas e medo. Com todas as declarações dos políticos, Não vencerão, o Terror não vai ganhar e similares, o fato é que, mesmo com trégua temporária da guerra na Siria, onde foram mortas mais de 200 mil pessoas, e surgiram mais de 2 milhões de refugiados, a Europa está especificamente  sendo atacada.

O que aconteceu em Bruxelas, capital da União Européia, e sede da aliança militar OTAN, era esperado. O próprio primeiro-ministro do país disse isso. Os israelenses avisaram algum tempo atrás ao governo belga que as medidas de segurança no país não geram segurança. Há relaxamento, inclusive na segurança do aeroporto. O terrorista preso e responsável pelos ataques em Paris escondia-se há quatro meses numa cidade com um décimo da população de São Paulo, e a policia  não o achou. E a Bélgica é o pais que, com 4 % de sua população muçulmana, mais combatentes fornece para  a guerra na Síria.

Todos os analistas concordam que Bélgica está  desorganizada, relaxada e confusa quanto ao item segurança. A disputa entre os flamengos e francófonos dividiu o país, tornou-o ingovernável e enfraquecido na sua gestão publica. Quarenta por cento dos jovens entre 18 e 25 anos muçulmanos estão desempregados. E são belgas. O comércio de drogas e armas está sem controle. E isso só aumenta a possibilidades de terrorismo, que recentemente teve também o capítulo do ataque ao Museu Judaico, e outras manifestações ante semitas.

Se o país, que possui duas organizações internacionais de relevo, a União europeia e a OTAN, considerado capital  da Europa, não se re-estruturar e reorganizar, deixando de ser de forma involuntária um celeiro de terroristas, não há quem possa ajudar. Um dos terroristas do ataque ao aeroporto de Bruxelas foi devolvido pela Turquia à Bélgica e os belgas o deixaram solto, apesar do aviso turco.

A lição está clara: o país enfraquecido pelas lutas internas é um celeiro para os terroristas. E a Europa tem que acordar de vez e passar de bravatas, após as mortes, para uma análise da situação profunda e ação eficaz. Ou então, saber que vai perder mais batalhas, perdendo a guerra que começou quando permitiram o genocídio na Bósnia dos muçulmanos provocado pelos croatas e sérvios.
No Brasil temos que de vez entender que lá ha uma guerra em curso e que isso nos afeta, em muito.

Monday, 21 March 2016

DAS ENTIDADES EMPRESARIAIS E DAS MUDANÇAS POLÍTICAS

DAS ENTIDADES EMPRESARIAIS E DAS MUDANÇAS POLÍTICAS


Um conhecido colunista econômico mineiro colocou na mesa a discussão sobre a atitude da Federação das Indústrias de São Paulo , FIESP, quanto à iluminação verde amarela da sua sede e o escrito "Renuncia já!". E perguntou por que essa entidade industrial mor não expulsa dos seus quadros as empresas que estão envolvidas na Lava Jato.

Bem, se isso vale para São Paulo, deve valer para o todo país, e notadamente para Minas! O Ex-Presidente da Andrade Gutierrez foi escolhido alguns anos atrás Industrial do Ano. O Mesmo título recebeu Eike Batista, que logou depois deixou de longe de ser modelo exemplar. E vários outros industriais que podiam gerar encomendas  para uma ou duas empresas de interesse de chamadas lideranças empresarias. Claro que há exceções, mas elas só confirmam a regra. E mais: como ficam as lideranças empresariais nacionais envolvidas em processos judicias. Ou então, entidades que são alvo de inquéritos da Polícia Federal e do Ministério Público,  seja federal ou estadual. Ou como o SESI, impregnado de políticos dos partidos no poder para gerar mais poder para alguns empresários, mas não para os trabalhadores.

As entidades empresariais têm, entre outras missões, também a de representar os empresários na vida política. Os empresários são cidadãos e têm obrigação e direito de se pronunciar. A atitude da FIESP, e da congênere carioca, condizem com essa missão. A situação social e econômica  requer uma posição, aliás também tomada pela centenária Associação Comercial de Minas. O silêncio nesta hora conduz à piora de situação deveras grave tanto para trabalhadores como para empresas, entre outros atores da sociedade.

Mas, também não basta ter só atitude contra ou favor. Precisamos de projetos, articulações e participação ativa. No momento grave como o que vivemos, as entidades deveriam se unir, mesmo ao nível regional, e trazer propostas concretas para saída da crise. É absolutamente incrível e inaceitável que as maiores lideranças políticas de Minas, e a presidência do maior partido de oposição do país está em Minas, com o senador Aécio Neves como presidente, não se reúnam também com lideranças empresariais e colham os subsídios  para  a nova fase que virá após o vendaval!

Não há propostas para reformas como a tributaria, de saúde, do comércio exterior, trabalhista e mais e mais. E nem programas alternativos das entidades para seus associados saírem da crise. Ouvir palestrantes que no passados e presente ajudaram criar essa situação de hoje e ainda pagarmos a peso de ouro, sem ter projetos alternativos e dialogar, é no mínimo inútil e irresponsável. Alias, qual foi a entidade empresarial que se reuniu com os sindicatos para discutir este imbróglio em que estamos?
Pelo menos a FIESP, a FIRJAN e a ACM tomaram atitude. Ficar em cima do muro que esta caindo é deixar que o destino leve você, mas você não determina o destino. Você permanece ator politico marginal. Pode até se salvar da Lava  Jato  e ganhar dinheiro, mas continua sem liderança.

Friday, 18 March 2016

DO OBAMA NA AMERICA LATINAS

DO OBAMA NA AMÉRICA LATINA 

Primeiro uma visita com família a Havana Vieja, depois, também com a família, a Bariloche, na Argentina. E, no meio, um programa em Cuba, visitada pela primeira vez em 88 anos por um presidente dos Estados Unidos, e depois a Argentina, após dez anos sem nenhuma visita de dignitário norte-americano. Bem, a América Latina, de Havana a Bariloche, está no radar dos Estados Unidos.

Em Cuba, haverá discursos públicos, transmitidos pelos meios de comunicação, bandeiras norte-americanas  no caminho (como nos tempos da amizade com os soviéticos que já eram russos), e conversas políticas. E nessa conversas não vai faltar a questão dos direitos humanos e a base militar de Guantánamo, hoje prisão para os terroristas islâmicos. Os discursos de Obama têm como objetivo atingir os cubanos dos dois lados, seja em Cuba, seja nos Estados Unidos, que têm, junto com outros hispânicos, um poder  de voto nada desprezível. A conversa com Raul Castro, não vai se encontrar com irmão mais velho e legendário Fidel ( pelo menos não consta da agenda oficial ), vai ser amável e dura.

Os Estados Unidos iniciam a primeira parte do seu projeto Cuba, cujos passos seguintes incluem a sucessão dos irmãos Castro. Ou seja, as facilidades que estão sendo oferecidas hoje, normais para o resto do mundo, como fluxo livre de dinheiro (o que vai ajudar enormemente Cuba, com envio de dinheiro dos cubanos norte-americanos para as sua famílias), comunicações e vôos (que eram limitados), mas ainda com restrições que são impostas pelo Congresso norte-americano, são mais para cimentar o futuro do que para facilitar o presente. Isto é, qualquer que seja o novo governo dos Estados Unidos, a política de aproximação entre os dois países é um fato irreversível.

Obama não deixará de se encontrar com os dissidentes e com o Cardeal de Havana, já que o Vaticano teve papel fundamental nesta fase de reaproximação. 

As conversas em Buenos Aires são outra história. O Governo do presidente Macri limpou a área, com o acordo com os credores, afundou um barco pesqueiro chinês para dizer que a base militar chinesa e os grandes investimentos deles no país não se sobrepõe à soberania argentina e à amizade com os Estados Unidos. Obama chega nos dias do 40º aniversário do golpe militar de 1976, que começou uma guerra suja sem precedentes  na história do país vizinho. E aí a liberação dos documentos secretos sobre o assunto nos Estados Unidos e os atos terroristas do Irã e ataques às  entidades judaicas, não poderão deixar de ser parte da conversa. Mas, seja como for, Obama será recebido com flores e música, como aliás em Cuba, ao contrário  que aconteceu com Bush em Mar del Plata, durante a Cúpula das Américas,  que enterrou a ALCA.

Com essa exibição de soft power norte-americano, voltamos, mesmo com a crise interna sem precedentes no Brasil, a ser parte do hemisfério americano.