DO OBAMA NA AMÉRICA LATINA
Primeiro uma visita com família a Havana Vieja, depois, também com a família, a Bariloche, na Argentina. E, no meio, um programa em Cuba, visitada pela primeira vez em 88 anos por um presidente dos Estados Unidos, e depois a Argentina, após dez anos sem nenhuma visita de dignitário norte-americano. Bem, a América Latina, de Havana a Bariloche, está no radar dos Estados Unidos.
Em Cuba, haverá discursos públicos, transmitidos pelos meios de comunicação, bandeiras norte-americanas no caminho (como nos tempos da amizade com os soviéticos que já eram russos), e conversas políticas. E nessa conversas não vai faltar a questão dos direitos humanos e a base militar de Guantánamo, hoje prisão para os terroristas islâmicos. Os discursos de Obama têm como objetivo atingir os cubanos dos dois lados, seja em Cuba, seja nos Estados Unidos, que têm, junto com outros hispânicos, um poder de voto nada desprezível. A conversa com Raul Castro, não vai se encontrar com irmão mais velho e legendário Fidel ( pelo menos não consta da agenda oficial ), vai ser amável e dura.
Os Estados Unidos iniciam a primeira parte do seu projeto Cuba, cujos passos seguintes incluem a sucessão dos irmãos Castro. Ou seja, as facilidades que estão sendo oferecidas hoje, normais para o resto do mundo, como fluxo livre de dinheiro (o que vai ajudar enormemente Cuba, com envio de dinheiro dos cubanos norte-americanos para as sua famílias), comunicações e vôos (que eram limitados), mas ainda com restrições que são impostas pelo Congresso norte-americano, são mais para cimentar o futuro do que para facilitar o presente. Isto é, qualquer que seja o novo governo dos Estados Unidos, a política de aproximação entre os dois países é um fato irreversível.
Obama não deixará de se encontrar com os dissidentes e com o Cardeal de Havana, já que o Vaticano teve papel fundamental nesta fase de reaproximação.
As conversas em Buenos Aires são outra história. O Governo do presidente Macri limpou a área, com o acordo com os credores, afundou um barco pesqueiro chinês para dizer que a base militar chinesa e os grandes investimentos deles no país não se sobrepõe à soberania argentina e à amizade com os Estados Unidos. Obama chega nos dias do 40º aniversário do golpe militar de 1976, que começou uma guerra suja sem precedentes na história do país vizinho. E aí a liberação dos documentos secretos sobre o assunto nos Estados Unidos e os atos terroristas do Irã e ataques às entidades judaicas, não poderão deixar de ser parte da conversa. Mas, seja como for, Obama será recebido com flores e música, como aliás em Cuba, ao contrário que aconteceu com Bush em Mar del Plata, durante a Cúpula das Américas, que enterrou a ALCA.
Com essa exibição de soft power norte-americano, voltamos, mesmo com a crise interna sem precedentes no Brasil, a ser parte do hemisfério americano.
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