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Sunday 3 January 2021

DA EUROPA RENOVADA E DO REINO UNIDO ILHADO

DA EUROPA RENOVADA E DO REINO UNIDO ILHADO O incrível e esperado, a saída do Reno Unido da União Europeia, aconteceu. Ao contrário do que os analistas brasileiros propagam, a União Europeia saiu fortalecida e o Reino Unido, enfraquecido. Os últimos acontecimentos no velho continente demonstraram que a forca da união prevaleceu sobre o isolacionismo britânico. Primeiro, o acordo que as duas partes fizeram, resumido em mais de 1500 paginas inicias (ainda ha vários assuntos para serem acertados), foi da maneira que a UE queria, e não a que a Grã-Bretanha queria impor aos seus 27 países membros. Segundo, ficou claro para os críticos conservadores e separatistas, como Marine Le Pen na França, os extremistas na Holanda e Suécia, mas também para os governos da Polônia e da Hungria, que prevaleceu o projeto comum que fortalece os governos e não o que pregavam os separatistas britânicos aliados a Trump, que via nessa separação a chance de destruir e enfraquecer a União Europeia. Terceiro, as últimas ações da chefe da Comissão Europeia, mostraram a capacidade de reagir da comunidade, ímpar e inesperada para os leigos em política internacional. A Europa enfrentou a epidemia de Covid 19 unida e com soluções que nenhuma outra comunidade de países deu. Centralizou a distribuição de vacinas e, com todas as diferenças regionais, está conseguindo vacinar a sua população. Fez um acordo de investimentos com China, exemplar em termos de cooperação, dizendo claramente que não se submete à pressão e interesses dos Estados Unidos nas relações econômicas de interesse dos seus estados membros. Colocou a economia verde como mola mestra do seu desenvolvimento, além de ter estabelecido um fundo de 750 bilhões de euros para apoiar o renascimento de suas economias em função da crise de Covid 19. E, independentemente do governo Trump, continua negociando um acordo comercial com Estados Unidos, ao mesmo tempo em que mantem uma politica de mão de ferro sobre os subsídios americanos a indústria aeronáutica e um maior controle sobre gigantes tecnológicos. O Reino Unido saiu enfraquecido dessa equação, mas ainda não se sabe quanto. Não está sozinho na ilha, ainda tem um país membro da UE por lá, a Irlanda. Em períodos diferentes da história, a ilha era mantida por um império que não existe mais. Hoje tem que encontrar um modo diferente de conviver com o mundo. O modelo mudou e a arrogância imperial britânica e seus políticos não o perceberam e nem estão dispostos conviver com a nova realidade. Também há uma ilusão de que vão florescer acordos comerciais entre o ex-império britânico e outros países. Primeiramente, qualquer acordo que fizerem terá como base o acordo que foi feito com a UE. Depois, o Reino Unido representa um mercado bem menor, mesmo que ainda importante, do que representava em um conjunto onde a sua voz era ouvida, respeitada e muitas vezes imposta. Em relação ao Brasil, estamos diante de uma UE fortalecida, que vai se comportar na ratificação do acordo com o Mercosul diferentemente do que na negociação. Os valores democráticos e as responsabilidades globais, em especial na área de meio ambiente, serão reforçados. A ilusão de que o Mercosul pode fazer uma acordo com o Reino Unido deve ser descartada. Por pior que seja um acordo com a UE, nenhum acordo com os britânicos equilibra ou substitui a vantagem de associação com o bloco europeu. E o acordo entre os dois blocos também só foi possível devido à saída de Grã Bretanha da UE. Por que? Por causa das Malvinas e da Argentina. Então, fazer um acordo separado entre o Mercosul e os britânicos requer primeiro o reconhecimento territorial das Malvinas pelas partes. O Reino Unido hoje não passa de um leão velho, rugindo, mas sem dentes para sequer atacar alguém. Alias, esse processo de envelhecimento está em curso já há um século e não terminou. Em compensação a Europa, velha, se rejuvenesceu e fortaleceu. Stefan Salej Coordenador adjunto GACINT IRI USP Vice Presidente Coscex Conselho de comercio exterior FIESP Presidente Cluster 5G Brasil