Da imigração na Europa, de novo
As multidões de refugiados sírios,
desesperados, com crianças no colo, na sua maioria jovens, batendo com força na grade da
fronteira da Macedônia, ex-república Iugoslava, viraram rotina. Via Turquia, entraram na Grécia e daí,
querendo passar a Macedônia, Servia, Croácia, Eslovênia e, finalmente, através da Áustria,
entrar na prometida Alemanha. No ano passado, um milhão e meio de
refugiados passou por esse caminho que às vezes incluía a Hungria.
Depois, a Hungria fechou com arame farpado e forte policiamento as suas
fronteiras, e agora fizeram isso a Macedônia, Eslovênia e Áustria e,
antes ainda, a Croácia. Os refugiados, que não vêm só da Síria, mas também do
Paquistão e Afeganistão, ficaram presos na Turquia e na cambaleada Grécia. Esta mesma Grécia que já sofreu
tanto em termos econômicos e sociais, está
agora de novo sob uma tremenda pressão e sem dinheiro.
E não podemos esquecer o caminho do Mediterrâneo, que é usado
pelos refugiados do Norte da África que
atravessam o mar em condições ainda piores e desembarcam na maioria das vezes na Itália.
Em resumo, a Europa não consegue mais
receber tantos refugiados. Simplesmente não os absorve, mesmo que a sua população não cresça e
as vezes falte mão de obra. O problema também é cultural. De diferenças religiosas e culturais, de falta de condições para a integração que,
pelas experiências do passado, nem os novos emigrantes e nem os habitantes dos
lugares da Europa que habitam por lá há milhares dos anos querem. E a
Europa já viveu as invasões muçulmanas, viveu sob domínio muçulmano, combateu e ajudou há um século atrás a
desmoronar o império otomano. E com isso redesenhou de uma forma artificial o Oriente Médio. E
essa reorganização geopolítica, que ainda se agravou com o valor do petróleo na região, só piorou.
Os conflitos permanentes se tornaram guerras que batem bem na porta da Europa.
O recém iniciado acordo de cessar fogo na Síria deve diminuir
o fluxo de refugiados, se ele não diminuir apenas o ritmo da guerra, como também manter a paz.
Mas um importante acordo também é o que foi conseguido entre a União Européia e Turquia, para
que esta receba os refugiados sem os enviar para a Europa. A Europa vai pagar
para os turcos receberem os refugiados, montarem os campos e darem pelo menos uma condição um
pouco mais digna a eles. O caminho dessa operação foi feito pelo
bloqueio da rota via Bálcãs, que obrigou a Macedônia a fechar a
fronteira e também pela força que a Turquia fez para obrigar a União Européia a
negociar e pagar a conta.
Principalmente, não está resolvida
a questão do livre trânsito, do chamado acordo de Schengen, na Europa. Os refugiados
obrigaram a novos controles nas fronteiras, e isso traz prejuízos enormes
à economia européia. Assim, tudo ainda pode acontecer nesse xadrez que começou a ser
jogado pelas potências européias, e agora com a ajuda dos Estados Unidos, há cem anos.
Stefan Salej
11.3.2016.
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