DO “ DOUTOR E O MEU” E COP NO PARA
Fazíamos um esforço enorme de internacionalizar Minas Gerais no final de década de 90. Foi um esforço, nos governos Hélio Garcia e Eduardo Azeredo, gigantesco. Assim, foi fundamental trazer eventos internacionais e para isso contar o com Itamaraty. Um dos eventos foi a primeira reunião de ministros do comércio doMercosul e UE no hotel Ouro Minas. Acompanhava então o Chanceler Felipe Lampreia entrando no hotel, quando ouvimos o porteiro nos chamando e dizendo, “doutor e o meu?” O Embaixador Lampreia, de bom humor, só disse, Šalej, vocês estão feitos com essa agenda de internacionalização. Bem, em seguida veio a reunião da ALCA, graças à nossa ousadia e aos bons ofícios do Embaixador Paulo Tarso Flexão de Lima. Fomos acusados, by the way, de forma justa, de não termos estrutura para um evento dessa envergadura. Não tínhamos mesmo e ainda aconteceu o incêndio no Palácio das Artes. Mas, construímos o ExpoMinas, e BH foi palco de muitos eventos, como a reunião anual do BID, veio o Escritório do Itamaraty e a Estrada Real e até o Aeroporto de Confins passou a ter mais e mais voos internacionais.
Vendo nestes dias a polêmica sobre a capacidade da cidade de Belém de realizar a conferência das Nações Unidas sobre clima, COP30, a frase do porteiro para oChanceler Lampreia ganha um significado enorme. Ela diz sobre a esperança daspessoas humildes de que esses eventos tragam benefícios para eles. Ou seja, não é só o hoteleiro que vai ganhar, o porteiro também tem direito. Os eventos trazem enormes benefícios econômicos, desde que façam parte de um projeto de desenvolvimento e não simplesmente um evento de proporções gigantescas, como a COP30, com 50 mil participantes, mas que não faz parte de um projeto de desenvolvimento.
Uma das características dos eventos que mudaram na época a imagem de BH foi que os eventos eram parte de um plano de desenvolvimento liderado pelos empresários, com parceria com governo. E políticos, senadores e deputados, por incrível que pareça. E o objetivo de ganha-ganha ficou claro para todos. E mais, não teve nenhum rolo, como se diz no popular. E teve continuidade, com maior ou menor sucesso, mas não parou num evento.
A boa organização de um evento internacional, tem que ser padrão Itamaraty, 100 % como foi por exemplo a primeira conferência sobre o clima, RIO 92, é também fundamental para o sucesso do conteúdo do evento. As negociações em geral são demoradas, tensas, atravessam noites e o mínimo que se espera é ter uma boa cama para dormir.
O Brasil como país tem muita experiência nesse assunto. Este ano já teve reuniões do G20, BRICS, presidência do MERCOSUL e os paraenses foram honrados coma COP30, o maior dos eventos. Espera-se deles que não manchem com “cadê o meu doutor”, a imagem de todos os brasileiros.
No comments:
Post a Comment