Dos Andes
As atenções neste domingo estão em Santiago de Chile, linda capital chilena, às vezes exageradamente poluída, onde as eleições presidenciais devem, pelas pesquisas, consagrar pela segunda vez como Presidente a socialista Michele Bachelet. 40 anos após o assinado pelos militares do Presidente socialista Salvador Allende e de um dos períodos mais sombrios da história humana no século passado, volta ao poder o socialismo. O Chile é um caso curioso entre as democracias latino-americanas. Já na época do Allende se dizia, entre os jornalistas que cobriam os acontecimentos, que não existia perigo do golpe militar. As instituições democráticas eram sólidas e as forças armadas, profissionais e comprometidas com a democracia.
Um dos maiores enganos da história. Com comprovada interferência dos Estados Unidos, caiu a democracia e começou a ditadura. E com ela, um dos regimes neo-liberais mais engajados que o mundo conheceu. No processo democrático que se seguiu, foi implementada a democracia representativa, as representações políticas clássicas de direita e da esquerda estão se alternando no poder, mas a economia, ainda altamente dependente de matérias primas, leia-se cobre, formou uma base capitalista de fazer inveja a qualquer um. O Chile, falando-se empresarialmente, é uma ilha de exceção na América do Sul. A economia é aberta, com acordos de livre comércio com a União Européia e outros países e empresas altamente competitivas e capitalizadas.
As empresas chilenas estão investindo no mundo inteiro. Compram supermercados em Minas Gerais e indústrias farmacêuticas na África do Sul. Os seus vinhos estão hoje nas melhores mesas em todo o planeta, mesmo se ninguém conhecia suas vinhas há trinta anos. Estão na área energética, bancos e tecnologia. Mas, a maior e mais importante empresa deles, chamada empresa de desenvolvimento e não de mineração ou exploração de cobre, a CODELCO, a PETROBRAS deles, continua estatal. Um modelo estranho para alguns, um misto de forte capitalismo doméstico, uma economia de mercado bem liberal, mas mão forte do Estado na área de desenvolvimento e interesses estratégicos.
Mas, tudo isso, mesmo com vários socialistas no governo, não foi suficiente para melhorar de forma significativa a qualidade de vida dos chilenos. O desemprego continua alto, a educação ainda não está ao alcance de todos e o novo governo da Bachelet terá que investir nisso. A economia de mercado sozinha não foi suficiente para fazer todos os chilenos felizes.
Stefan B. Salej
14.11.2013.
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