Da Argentina fora do campo e da Colômbia goleando
A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.
A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.
Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.
Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.
Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!
Stefan B. Salej
19.6.2014.
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