Das eleições na África do Sul
As eleições gerais no S (África do Sul) dos BRICS, no meio da semana que passou, apesar de tranqüilas, são mais importantes do que parecem. As notícias da Ucrânia, e o seqüestro de 200 meninas na Nigéria, que na mesma semana hospedava a edição africana de Fórum Econômico Mundial, com a presença do ex-presidente Lula, ofuscaram na imprensa mundial a eleição sul-africana. Foi a quinta eleição após o término do período de segregação racial, apartheid, na qual votaram primeira vez, dentro do total de 25 milhões de eleitores, os que nasceram livres após 1994. Ou seja, os que nasceram no mesmo país em que seus pais, mas sem serem segregados por causa da cor da pele, raça ou religião. Algo difícil de ser entendido pelo brasileiro, que passou essa fase da história há mais de cem anos. Mas, essa é a realidade daquele país no continente africano.
O resultado da eleição, na qual se escolhem deputados federais e estaduais, que em seguida elegerão o Presidente da República e os Primeiros-Ministros dos Estados, equivalentes a nossos Governadores, foram surpreendentes, porque toda eleição tem surpresas. O Congresso Nacional Africano, que foi fundado há cem anos e é símbolo da luta contra a segregação, ganhou, com seu presidente, Jacob Zuma, a quinta eleição. Perdeu alguns assentos no Parlamento, que tem sede na Cidade de Cabo, sendo que a sede do governo é em Pretória, mas ainda tem, com mais de 60 % dos votos folgada maioria para reeleger Zuma e formar o governo.
A oposição ganhou de novo o governo do Estado do Cabo Ocidental, cuja capital é a Cidade do Cabo, e recebeu significativos votos a mais do que na última eleição. A combativa líder da Aliança Democrática, Helena Zille continua sendo a principal figura de oposição. Mas, enquanto os pequenos partidos perderam votos, entre eles a surpreendente derrota total da legendária combatente contra o apartheid, Mamphela Ramphele, com seu partido Agang, quem ganhou 20 assentos no Parlamento foi o recém criado partido de liberdades econômicas do combativo Julius Malena, ex-presidente da seção da juventude do Congresso Nacional Africano. Este sim vai dar trabalho ao Zuma e seu governo. Eles serão a verdadeira oposição populista, que pode mudar o cenário político sul-africano a longo prazo.
Na verdade, pouco vai mudar com o segundo mandato de Zuma, mas já começa a luta para o período pós-Zuma. Os líderes que combateram contra a ditadura racial estão desaparecendo e as novas lideranças têm novos liderados, com demandas diferentes. E este governo ficará na história não só pela consolidação da democracia política, nem pelo seus sucesso econômico, mas principalmente se souber como integrar 25 % da população, que continua desempregada, ao mercado de trabalho. A África do Sul é o bastião da democracia e paz em um continente sempre em ebulição. Portanto, é fundamental para o mundo que assim continue.
Stefan B. Salej
9.5.2014.
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