politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Friday, 27 June 2014
DAS COPAS E O MUNDO PERTURBADO
Das Copas e o mundo perturbado
Olhando o mapa do mundo nos dias de hoje, há sem dúvida dois focos preocupantes e que saltam à vista: Oriente Médio e Ucrânia. No conflito do Oriente Médio, que se espalha entre a Líbia, Síria e novamente o Iraque, sem falar no "ajuste" egípcio, com condenação à morte de militantes da Irmandade Muçulmana e a condenação de três jornalistas da rede Al Jazeera à prisão, a situação é grave e pouco percebida no Brasil como uma mudança do mapa geo-político da região. E os acontecimentos no vizinho da Rússia, Ucrânia, também mexem com o mapa. O conflito não acalma e, após a tomada da Crimeia pela Rússia, os combates continuam e não há previsão de término, apesar de muitas declarações ao contrário.
Os Estados Unidos segundo, a sua própria imprensa, foram surpreendidos com o surgimento da rebelião dos xiitas no Iraque. Como, após 11 anos de total domínio do país, quando derrubaram Sadam Hussein, podem estar surpreendidos ? Simples: saíram do Iraque, desmontaram todo o sistema de inteligência (que era de total controle de todas as atividades e comunicações), encaixotaram tudo e colocaram no depósito. O Iraque já era, vamos esquecer a aventura e nos dedicar a outros pontos de atrito. E mais: entregaram o governo a amigos que não eram bem amigos de todos no Iraque. Aí, nas barbas deles surgiram, bem organizados, altamente sofisticados e alimentados por princípios religiosos, grupos rebeldes sunitas que dividiram o pais, refizeram fronteiras e mudaram o mapa do Oriente Médio desenhado pelos franceses e britânicos. Uma nova realidade. Um mundo novo. E soa como piada, porque os serviços de inteligência americanos, que consomem mais de cem bilhões de reais por ano, não identificaram o que está acontecendo. Porque os rebeldes não usam meios eletrônicos de comunicação. Usam bode-correio que as sofisticadas tecnologias não detectam!
E há conflito entre a Rússia e a Ucrânia, onde os americanos também estão perdendo o jogo. Mas, o jogo é interessante porque é nessas duas regiões que teremos as próximas Copas. Na Rússia em 2018 e no Qatar em 2022. Da Copa na Rússia, fora da eliminação vexaminosa do país, pouco se fala. Mas, sem dúvida, quando terminar a Copa no Brasil, as baterias serão viradas para lá.
Mas do Qatar já se fala muito, em especial sobre a corrupção e condições de semi-escravidão dos trabalhadores.
O Qatar, um país de dois milhões de habitantes, com a renda mais alta do mundo, vai organizar tecnicamente bem o evento. Mas o país é hoje também centro do conservadorismo islâmico e o maior apoiador do terrorismo na região. É lá que é a sede da ala radical palestina Hamas, que recentemente seqüestrou três jovens em Israel. É de lá que vem o apoio à guerra na Síria, na Líbia, na África do Norte, à Irmandade Muçulmana. Bem, 2022 está longe e até lá muita coisa pode mudar, mas o que não está mudando lamentavelmente é essa guerra santa que os radicais islâmicos estão conduzindo contra o resto do mundo. E o Mundial lá vai ser bem interessante! com saudade do Brasil, apesar de todas as críticas!
Stefan B.Salej
27.6.2014.
Monday, 23 June 2014
DA ARGENTINA FORA DO CAMPO
Da Argentina fora do campo e da Colômbia goleando
A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.
A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.
Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.
Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.
Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!
Stefan B. Salej
19.6.2014.
A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.
A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.
Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.
Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.
Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!
Stefan B. Salej
19.6.2014.
Thursday, 19 June 2014
Do choro e visão curta
Definitivamente, é mais agradável culpar todas as esferas dos governos por tudo o que acontece na empresa do que inverter a situação e sair vitorioso. Não é que não exista um certo caos fiscal no país e que as ações governamentais não mereçam críticas justificadas. A realidade é que mesmo uma ação empresarial bem coordenada para melhorar a ação governamental tem levado a resultados pífios. E mais: o quadro político lembra as palavras do sábio Ulisses Guimarães na narrativa do ex-senador Ronan Tito, que comentou sobre a qualidade do Congresso na época e a resposta foi : espere para ver o próximo.
Impressionante é que uma boa parte dos empresários não vê nessa crise uma oportunidade para crescer. Quando se pergunta a eles quantos, em especial pequenos e médios, conhecem o Piauí, descobre-se que muitos deles já foram fazer compras em Miami, mas não conhecem as oportunidades dos mercados nem em Minas e nem no próprio Brasil. Em resumo, chorar e criticar se faz com alegria, mas procurar mercados na esquina, não.Um outro aspecto é de cooperação entre pequenas empresas. Não é só as grandes que tem que juntar esforços, mas também as pequenas. É impressionante como preferem a concorrência letal entre si em vez cooperação.
Nos municípios onde prevalecem grandes empresas, os prefeitos preferem a arrecadação aos planos de desenvolvimento conjunto. Na área de mineração, inclusive com novas mineradoras vindo para Minas, é incrível como elas trazem tudo em vez de desenvolver a classe empresarial mineira. Aliás, este questionamento também vale para as grandes estatais de Minas, que preferem só o lucro em vez de de multiplicarem esse lucro com parcerias com empresas locais. E quando vem o investimento trazido com incentivos do Estado pelo INDI ou BDMG, há pouca preocupação como efeito multiplicador.
Enquanto outros estados da federação procuram mercados no exterior, o aproveitamento das facilidades que oferece a agencia estadual de promoção de exportações, ExportaMinas, pelos empresários, é pífia. E dos serviços que oferece Itamaraty, com sua rede de apoio ao exportador, ainda menor. E da APEX, que tem muitos recursos, ainda abaixo do nível desejado. Na crise ou não, as empresas, para se desenvolverem a logo prazo, terão que estar presentes no exterior. Assim ficam mais fortes e competitivas. O mercado é o mundo onde Brasil e sua indústria são apreciados por qualidade e seriedade. Veja o caso das cachaça mineira. Por onde for, tem a nossa cachaça.
Também é impressionante como o empresário aproveita pouco as vantagens que os governos oferecem. É verdade que o governo toma muito, mas também se pode receber mais do governo se se procurar. Há um variedade de benefícios enorme mal aproveitados!
Basta de reclamação e choro! Mudemos de visão e de estratégia, da defesa ao ataque !
Stefan B. Salej
5. de junho 2014.
Definitivamente, é mais agradável culpar todas as esferas dos governos por tudo o que acontece na empresa do que inverter a situação e sair vitorioso. Não é que não exista um certo caos fiscal no país e que as ações governamentais não mereçam críticas justificadas. A realidade é que mesmo uma ação empresarial bem coordenada para melhorar a ação governamental tem levado a resultados pífios. E mais: o quadro político lembra as palavras do sábio Ulisses Guimarães na narrativa do ex-senador Ronan Tito, que comentou sobre a qualidade do Congresso na época e a resposta foi : espere para ver o próximo.
Impressionante é que uma boa parte dos empresários não vê nessa crise uma oportunidade para crescer. Quando se pergunta a eles quantos, em especial pequenos e médios, conhecem o Piauí, descobre-se que muitos deles já foram fazer compras em Miami, mas não conhecem as oportunidades dos mercados nem em Minas e nem no próprio Brasil. Em resumo, chorar e criticar se faz com alegria, mas procurar mercados na esquina, não.Um outro aspecto é de cooperação entre pequenas empresas. Não é só as grandes que tem que juntar esforços, mas também as pequenas. É impressionante como preferem a concorrência letal entre si em vez cooperação.
Nos municípios onde prevalecem grandes empresas, os prefeitos preferem a arrecadação aos planos de desenvolvimento conjunto. Na área de mineração, inclusive com novas mineradoras vindo para Minas, é incrível como elas trazem tudo em vez de desenvolver a classe empresarial mineira. Aliás, este questionamento também vale para as grandes estatais de Minas, que preferem só o lucro em vez de de multiplicarem esse lucro com parcerias com empresas locais. E quando vem o investimento trazido com incentivos do Estado pelo INDI ou BDMG, há pouca preocupação como efeito multiplicador.
Enquanto outros estados da federação procuram mercados no exterior, o aproveitamento das facilidades que oferece a agencia estadual de promoção de exportações, ExportaMinas, pelos empresários, é pífia. E dos serviços que oferece Itamaraty, com sua rede de apoio ao exportador, ainda menor. E da APEX, que tem muitos recursos, ainda abaixo do nível desejado. Na crise ou não, as empresas, para se desenvolverem a logo prazo, terão que estar presentes no exterior. Assim ficam mais fortes e competitivas. O mercado é o mundo onde Brasil e sua indústria são apreciados por qualidade e seriedade. Veja o caso das cachaça mineira. Por onde for, tem a nossa cachaça.
Também é impressionante como o empresário aproveita pouco as vantagens que os governos oferecem. É verdade que o governo toma muito, mas também se pode receber mais do governo se se procurar. Há um variedade de benefícios enorme mal aproveitados!
Basta de reclamação e choro! Mudemos de visão e de estratégia, da defesa ao ataque !
Stefan B. Salej
5. de junho 2014.
Dos dois mundos
A posse de novo Primeiro ministro da Índia, verdadeira oposição à dinastia Nehru-Gandhi que, através do Partido do Congresso, dominou por décadas a política do nosso sócio no grupo BRICS, foi só um dos acontecimentos internacionais dignos de nota. A Ucrânia revoltada elegeu o Rei do Chocolate novo Presidente, na esperança vã de que isso vai acalmar os ânimos e colocar o país na rota da paz e do crescimento. E a primavera árabe decantada em prosa e verso pelo mundo ocidental, conseguiu eleger um general que já fez acordo com os russos para fornecimento de armas, de nome Sissi, Presidente do Egito. E a roda de eleições não parou: na vizinha Colômbia haverá segundo turno entre o atual Presidente Santos e seu opositor. E tudo isso, na sombra da guerrilha esquerdo-narco-traficante FARC, com a qual Santos quer fazer acordo de paz!
Não se pode negar importância a esses eventos e mais à tranqüilidade com o qual o mundo democrático recebeu a notícia do golpe militar na Tailândia. Mas, são dois outros acontecimentos que afetam diretamente o Brasil: o resultado das eleições para o Parlamento europeu e o pronunciamento do Presidente dos Estados Unidos na centenária Academia Militar de West Point sobre política externa do seu governo.
A extrema direita, aquela que é em geral contra a União Européia, contra os imigrantes e mais outros contras, ganhou 20 % das cadeiras no Parlamento Europeu. Realmente, não tem a maioria, mas remexeu com políticas nacionais em vários países europeus notadamente na França e no Reino Unido. A briga para a escolha de novos dirigentes da União Européia, onde o Parlamento quer escolher e os chefes dos governos não deixam, é só um dos problemas neste cenário. O maior problema é que os governos no poder, com raras exceções, como o da Itália, onde o jovem primeiro ministro Renzi foi consagrado nas urnas com seus candidatos, foram vigorosamente derrotados. A direita radical teve mais votos do que em qualquer eleição até agora na Europa e de uma forma horizontal. O recado das urnas é que o cidadão europeu quer uma UE diferente mas também quer seu país diferente.
Do outro lado do oceano Atlântico, o Presidente Obama declarou com todas as letras que os Estados Unidos querem ser o país líder do mundo e que suas forças armadas podem intervir de forma não permanente onde essa liderança econômica e política for contestada, de forma a prejudicar os interesses norte-americanos. E que os últimos soldados aliados sairão do Afeganistão em 2016. Portanto, são número um, país líder do mundo livre e, no caso considerado, do outro mundo, também.
Os dois blocos são nossos parceiros fundamentais tanto nas relações econômicas como políticas. A nossa aliança no bloco BRICS, que se reunirá em Fortaleza após a Copa, não substitui ainda a relação com esses blocos. É bom prestar muita atenção ao que está acontecendo por lá, para não ficarmos ainda mais à margem do mundo.
Stefan B. Salej
30 de maio de 2014.
A posse de novo Primeiro ministro da Índia, verdadeira oposição à dinastia Nehru-Gandhi que, através do Partido do Congresso, dominou por décadas a política do nosso sócio no grupo BRICS, foi só um dos acontecimentos internacionais dignos de nota. A Ucrânia revoltada elegeu o Rei do Chocolate novo Presidente, na esperança vã de que isso vai acalmar os ânimos e colocar o país na rota da paz e do crescimento. E a primavera árabe decantada em prosa e verso pelo mundo ocidental, conseguiu eleger um general que já fez acordo com os russos para fornecimento de armas, de nome Sissi, Presidente do Egito. E a roda de eleições não parou: na vizinha Colômbia haverá segundo turno entre o atual Presidente Santos e seu opositor. E tudo isso, na sombra da guerrilha esquerdo-narco-traficante FARC, com a qual Santos quer fazer acordo de paz!
Não se pode negar importância a esses eventos e mais à tranqüilidade com o qual o mundo democrático recebeu a notícia do golpe militar na Tailândia. Mas, são dois outros acontecimentos que afetam diretamente o Brasil: o resultado das eleições para o Parlamento europeu e o pronunciamento do Presidente dos Estados Unidos na centenária Academia Militar de West Point sobre política externa do seu governo.
A extrema direita, aquela que é em geral contra a União Européia, contra os imigrantes e mais outros contras, ganhou 20 % das cadeiras no Parlamento Europeu. Realmente, não tem a maioria, mas remexeu com políticas nacionais em vários países europeus notadamente na França e no Reino Unido. A briga para a escolha de novos dirigentes da União Européia, onde o Parlamento quer escolher e os chefes dos governos não deixam, é só um dos problemas neste cenário. O maior problema é que os governos no poder, com raras exceções, como o da Itália, onde o jovem primeiro ministro Renzi foi consagrado nas urnas com seus candidatos, foram vigorosamente derrotados. A direita radical teve mais votos do que em qualquer eleição até agora na Europa e de uma forma horizontal. O recado das urnas é que o cidadão europeu quer uma UE diferente mas também quer seu país diferente.
Do outro lado do oceano Atlântico, o Presidente Obama declarou com todas as letras que os Estados Unidos querem ser o país líder do mundo e que suas forças armadas podem intervir de forma não permanente onde essa liderança econômica e política for contestada, de forma a prejudicar os interesses norte-americanos. E que os últimos soldados aliados sairão do Afeganistão em 2016. Portanto, são número um, país líder do mundo livre e, no caso considerado, do outro mundo, também.
Os dois blocos são nossos parceiros fundamentais tanto nas relações econômicas como políticas. A nossa aliança no bloco BRICS, que se reunirá em Fortaleza após a Copa, não substitui ainda a relação com esses blocos. É bom prestar muita atenção ao que está acontecendo por lá, para não ficarmos ainda mais à margem do mundo.
Stefan B. Salej
30 de maio de 2014.
Dos negócios e da política externa
Nos últimos movimentos no xadrez mundial, vale a pena lembrar o legendário mestre internacional em xadrez, o russo Boris Spasky, cujo conterrâneo Putin fez uma jogada digna de um jogador de xadrez de classe mundial. O jogo simultâneo que se joga nesse tabuleiro, com vários tabuleiros e jogadores no campo, mas às vezes jogando todos com um só jogador, é para jogadores talentosos, frios, profissionais. Enquanto os peões da Ucrânia eram jogados contra a rainha russa que os eliminava do jogo, o rei do tabuleiro russo jogava outro jogo: com a China, onde aceitava empatar, mas ganhando os dois.
O contrato de fornecimento de gás russo para a República Popular da China, no valor de um trilhão de reais, por 30 anos, tem outros valores mais significativos do que o valor monetário. As duas maiores potências dos BRICS, grupo de países ao qual pertence o Brasil, se unem num projeto de desenvolvimento que mudará a economia e a política mundiais. Em primeiro lugar, a Federação Russa deu preferência à sua política asiática. Em segundo, o fornecimento de gás fortalece a China, oferecendo uma base energética forte para o seu desenvolvimento. Em terceiro lugar, enfraquece a relação russa com a Europa e inclusive pode, no futuro, reduzir o fornecimento de gás. E talvez não o último item, que ninguém sabe se existe, é como os dois países, vizinhos, vão juntar tecnologias no campo militar e civil.
A União Européia, que está realizando eleições parlamentares nesta semana, ficou, devido à sua política expansionista para Leste Europeu, sem a Ucrânia e sem a Rússia. E o acordo comercial que está promovendo com os Estados Unidos deixa-a numa posição defensiva, no momento em que a economia norte-americana está em expansão e a eurpéia ainda ensaia tímidos passos de saída da sua maior crise.
E esse jogo do lado europeu tem outros lances. O nome é patriotismo econômico, ou seja, quando uma empresa norte-americana quer comprar uma empresa Européia, há gritaria. Os casos mais gritantes são a intenção da compra pelo centenário conglomerado industrial norte-americano, General Electric, da empresa francesa (neste momento mal afamada no Brasil) Alstom. Nada feito porque entrou no jogo a alemã Siemens ( também com escândalos no Brasil) e vai ser muito difícil que os americanos fiquem com a empresa francesa. O mesmo está acontecendo no setor farmacêutico, onde os americanos não conseguem comprar a britânica Astra Zeneca, por um valor de 300 bilhões de reais que, comparado com o orçamento do Estado de Minas, é algumas vezes maior.
Mas, os chineses compraram parte da Citroen e o maior distribuidor de alimentos, imagine onde, em Israel. O provérbio chinês, onde brigam dois, o lucro é de terceiro, está funcionando bem para eles. E nos continuamos na periferia das decisões, à mercê das jogadas dos especuladores financeiros, que ganham com as pesquisas eleitorais. Imoral?É, mas esta é a regra do jogo.
Stefan B. Salej
23.5.2014.
Nos últimos movimentos no xadrez mundial, vale a pena lembrar o legendário mestre internacional em xadrez, o russo Boris Spasky, cujo conterrâneo Putin fez uma jogada digna de um jogador de xadrez de classe mundial. O jogo simultâneo que se joga nesse tabuleiro, com vários tabuleiros e jogadores no campo, mas às vezes jogando todos com um só jogador, é para jogadores talentosos, frios, profissionais. Enquanto os peões da Ucrânia eram jogados contra a rainha russa que os eliminava do jogo, o rei do tabuleiro russo jogava outro jogo: com a China, onde aceitava empatar, mas ganhando os dois.
O contrato de fornecimento de gás russo para a República Popular da China, no valor de um trilhão de reais, por 30 anos, tem outros valores mais significativos do que o valor monetário. As duas maiores potências dos BRICS, grupo de países ao qual pertence o Brasil, se unem num projeto de desenvolvimento que mudará a economia e a política mundiais. Em primeiro lugar, a Federação Russa deu preferência à sua política asiática. Em segundo, o fornecimento de gás fortalece a China, oferecendo uma base energética forte para o seu desenvolvimento. Em terceiro lugar, enfraquece a relação russa com a Europa e inclusive pode, no futuro, reduzir o fornecimento de gás. E talvez não o último item, que ninguém sabe se existe, é como os dois países, vizinhos, vão juntar tecnologias no campo militar e civil.
A União Européia, que está realizando eleições parlamentares nesta semana, ficou, devido à sua política expansionista para Leste Europeu, sem a Ucrânia e sem a Rússia. E o acordo comercial que está promovendo com os Estados Unidos deixa-a numa posição defensiva, no momento em que a economia norte-americana está em expansão e a eurpéia ainda ensaia tímidos passos de saída da sua maior crise.
E esse jogo do lado europeu tem outros lances. O nome é patriotismo econômico, ou seja, quando uma empresa norte-americana quer comprar uma empresa Européia, há gritaria. Os casos mais gritantes são a intenção da compra pelo centenário conglomerado industrial norte-americano, General Electric, da empresa francesa (neste momento mal afamada no Brasil) Alstom. Nada feito porque entrou no jogo a alemã Siemens ( também com escândalos no Brasil) e vai ser muito difícil que os americanos fiquem com a empresa francesa. O mesmo está acontecendo no setor farmacêutico, onde os americanos não conseguem comprar a britânica Astra Zeneca, por um valor de 300 bilhões de reais que, comparado com o orçamento do Estado de Minas, é algumas vezes maior.
Mas, os chineses compraram parte da Citroen e o maior distribuidor de alimentos, imagine onde, em Israel. O provérbio chinês, onde brigam dois, o lucro é de terceiro, está funcionando bem para eles. E nos continuamos na periferia das decisões, à mercê das jogadas dos especuladores financeiros, que ganham com as pesquisas eleitorais. Imoral?É, mas esta é a regra do jogo.
Stefan B. Salej
23.5.2014.
Das eleições e do patriotismo europeu
Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.
O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay.
O fato é que essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.
Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam demais.
Stefan B. Salej
16.5.2014.
Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.
O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay.
O fato é que essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.
Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam demais.
Stefan B. Salej
16.5.2014.
Das eleições na África do Sul
As eleições gerais no S (África do Sul) dos BRICS, no meio da semana que passou, apesar de tranqüilas, são mais importantes do que parecem. As notícias da Ucrânia, e o seqüestro de 200 meninas na Nigéria, que na mesma semana hospedava a edição africana de Fórum Econômico Mundial, com a presença do ex-presidente Lula, ofuscaram na imprensa mundial a eleição sul-africana. Foi a quinta eleição após o término do período de segregação racial, apartheid, na qual votaram primeira vez, dentro do total de 25 milhões de eleitores, os que nasceram livres após 1994. Ou seja, os que nasceram no mesmo país em que seus pais, mas sem serem segregados por causa da cor da pele, raça ou religião. Algo difícil de ser entendido pelo brasileiro, que passou essa fase da história há mais de cem anos. Mas, essa é a realidade daquele país no continente africano.
O resultado da eleição, na qual se escolhem deputados federais e estaduais, que em seguida elegerão o Presidente da República e os Primeiros-Ministros dos Estados, equivalentes a nossos Governadores, foram surpreendentes, porque toda eleição tem surpresas. O Congresso Nacional Africano, que foi fundado há cem anos e é símbolo da luta contra a segregação, ganhou, com seu presidente, Jacob Zuma, a quinta eleição. Perdeu alguns assentos no Parlamento, que tem sede na Cidade de Cabo, sendo que a sede do governo é em Pretória, mas ainda tem, com mais de 60 % dos votos folgada maioria para reeleger Zuma e formar o governo.
A oposição ganhou de novo o governo do Estado do Cabo Ocidental, cuja capital é a Cidade do Cabo, e recebeu significativos votos a mais do que na última eleição. A combativa líder da Aliança Democrática, Helena Zille continua sendo a principal figura de oposição. Mas, enquanto os pequenos partidos perderam votos, entre eles a surpreendente derrota total da legendária combatente contra o apartheid, Mamphela Ramphele, com seu partido Agang, quem ganhou 20 assentos no Parlamento foi o recém criado partido de liberdades econômicas do combativo Julius Malena, ex-presidente da seção da juventude do Congresso Nacional Africano. Este sim vai dar trabalho ao Zuma e seu governo. Eles serão a verdadeira oposição populista, que pode mudar o cenário político sul-africano a longo prazo.
Na verdade, pouco vai mudar com o segundo mandato de Zuma, mas já começa a luta para o período pós-Zuma. Os líderes que combateram contra a ditadura racial estão desaparecendo e as novas lideranças têm novos liderados, com demandas diferentes. E este governo ficará na história não só pela consolidação da democracia política, nem pelo seus sucesso econômico, mas principalmente se souber como integrar 25 % da população, que continua desempregada, ao mercado de trabalho. A África do Sul é o bastião da democracia e paz em um continente sempre em ebulição. Portanto, é fundamental para o mundo que assim continue.
Stefan B. Salej
9.5.2014.
As eleições gerais no S (África do Sul) dos BRICS, no meio da semana que passou, apesar de tranqüilas, são mais importantes do que parecem. As notícias da Ucrânia, e o seqüestro de 200 meninas na Nigéria, que na mesma semana hospedava a edição africana de Fórum Econômico Mundial, com a presença do ex-presidente Lula, ofuscaram na imprensa mundial a eleição sul-africana. Foi a quinta eleição após o término do período de segregação racial, apartheid, na qual votaram primeira vez, dentro do total de 25 milhões de eleitores, os que nasceram livres após 1994. Ou seja, os que nasceram no mesmo país em que seus pais, mas sem serem segregados por causa da cor da pele, raça ou religião. Algo difícil de ser entendido pelo brasileiro, que passou essa fase da história há mais de cem anos. Mas, essa é a realidade daquele país no continente africano.
O resultado da eleição, na qual se escolhem deputados federais e estaduais, que em seguida elegerão o Presidente da República e os Primeiros-Ministros dos Estados, equivalentes a nossos Governadores, foram surpreendentes, porque toda eleição tem surpresas. O Congresso Nacional Africano, que foi fundado há cem anos e é símbolo da luta contra a segregação, ganhou, com seu presidente, Jacob Zuma, a quinta eleição. Perdeu alguns assentos no Parlamento, que tem sede na Cidade de Cabo, sendo que a sede do governo é em Pretória, mas ainda tem, com mais de 60 % dos votos folgada maioria para reeleger Zuma e formar o governo.
A oposição ganhou de novo o governo do Estado do Cabo Ocidental, cuja capital é a Cidade do Cabo, e recebeu significativos votos a mais do que na última eleição. A combativa líder da Aliança Democrática, Helena Zille continua sendo a principal figura de oposição. Mas, enquanto os pequenos partidos perderam votos, entre eles a surpreendente derrota total da legendária combatente contra o apartheid, Mamphela Ramphele, com seu partido Agang, quem ganhou 20 assentos no Parlamento foi o recém criado partido de liberdades econômicas do combativo Julius Malena, ex-presidente da seção da juventude do Congresso Nacional Africano. Este sim vai dar trabalho ao Zuma e seu governo. Eles serão a verdadeira oposição populista, que pode mudar o cenário político sul-africano a longo prazo.
Na verdade, pouco vai mudar com o segundo mandato de Zuma, mas já começa a luta para o período pós-Zuma. Os líderes que combateram contra a ditadura racial estão desaparecendo e as novas lideranças têm novos liderados, com demandas diferentes. E este governo ficará na história não só pela consolidação da democracia política, nem pelo seus sucesso econômico, mas principalmente se souber como integrar 25 % da população, que continua desempregada, ao mercado de trabalho. A África do Sul é o bastião da democracia e paz em um continente sempre em ebulição. Portanto, é fundamental para o mundo que assim continue.
Stefan B. Salej
9.5.2014.
Do dia do trabalho
Mais um feriado emendado com fim de semana, após uma semana de feriados. Algumas festas dos sindicatos dos trabalhadores são organizadas, patrocinadas na maioria das vezes por empresas estatais. No fundo, dinheiro público. Mas o fato é que apesar de o número de trabalhadores em atividades não governamentais ultrapassa em muito os do serviço público, são raros os países onde os sindicatos dos trabalhadores em empresas sejam mais fortes do que os do serviço publico.
Mesmo com algumas comemorações pelo mundo afora, nos Estados Unidos não se comemora 1. de maio como Dia de trabalho, e mesmo sendo dia de São José para os católicos, foi um dos primeiros do maio mais murchos que o mundo já viu. Festejar no final de contas o que? O estabelecimento de salário mínimo na Alemanha, que não o tinha até hoje? Um desemprego que não baixa na Europa e é especialmente grande na Espanha, Grécia, Portugal? Ou a melhoria da economia norte americana? O fato é que o mundo que sempre muda, mudou muito na área das relações trabalhistas. Mesmo que no Brasil tenhamos um governo de um partido dos trabalhadores, as questões que afetam trabalhadores não estão na pauta prioritária do governo deles mesmos.
O modelo econômico brasileiro ainda é baseado nos baixos salários, proteção social ilusória, porque nem saúde e nem educação funcionam a contento para o trabalhador e é enorme o custo fiscal sobre a mão de obra. Optamos por este modelo e não conseguimos sair dele. A cada dia que passa, o custo da mão de obra aumenta, os direitos trabalhistas são uma arvore de Natal em que o ano inteiro ficam perdurando enfeites lindos para os trabalhadores mas que na verdade são pesos para as empresas e uma ilusão de proteção social para o trabalhador. Sem falar na justiça do trabalho, que não protege nenhum dos dois, com raras exceções, mas que com certeza pensa que é a dona do mundo e age assim.
A festa do Dia do trabalho deveria nos levar pelo menos a refletir sobre o futuro escuro que nos espera nessa área. Uma economia injusta, que cuida bem das minorias, sejam raciais ou sociais, mas que cuida mal da maioria, que são os trabalhadores. Jamais seremos uma economia desenvolvida e competitiva com esse tipo de relações de trabalho que temos hoje. Mesmo a interferência do governo em área críticas, como consideram hoje a industria automobilística, com enorme custo fiscal, são ilusões de um ano eleitoral, mas não consistentes com uma política de desenvolvimento.
A Alemanha não é um pais desenvolvido só pela engenharia, disciplina e outros predicados, mas pelas eficazes e dinâmicas relações de trabalho. Há mais de dez anos fizeram uma comissão de 15 membros dirigida pelo diretor da Volkswagen, Sr. Hart e composta por representantes de toda a sociedade. Mudaram a legislação, o governo perdeu a eleição e ficou na historia. E nós não aprendemos nada.
Stefan B. Salej
2.5.2014.
Mais um feriado emendado com fim de semana, após uma semana de feriados. Algumas festas dos sindicatos dos trabalhadores são organizadas, patrocinadas na maioria das vezes por empresas estatais. No fundo, dinheiro público. Mas o fato é que apesar de o número de trabalhadores em atividades não governamentais ultrapassa em muito os do serviço público, são raros os países onde os sindicatos dos trabalhadores em empresas sejam mais fortes do que os do serviço publico.
Mesmo com algumas comemorações pelo mundo afora, nos Estados Unidos não se comemora 1. de maio como Dia de trabalho, e mesmo sendo dia de São José para os católicos, foi um dos primeiros do maio mais murchos que o mundo já viu. Festejar no final de contas o que? O estabelecimento de salário mínimo na Alemanha, que não o tinha até hoje? Um desemprego que não baixa na Europa e é especialmente grande na Espanha, Grécia, Portugal? Ou a melhoria da economia norte americana? O fato é que o mundo que sempre muda, mudou muito na área das relações trabalhistas. Mesmo que no Brasil tenhamos um governo de um partido dos trabalhadores, as questões que afetam trabalhadores não estão na pauta prioritária do governo deles mesmos.
O modelo econômico brasileiro ainda é baseado nos baixos salários, proteção social ilusória, porque nem saúde e nem educação funcionam a contento para o trabalhador e é enorme o custo fiscal sobre a mão de obra. Optamos por este modelo e não conseguimos sair dele. A cada dia que passa, o custo da mão de obra aumenta, os direitos trabalhistas são uma arvore de Natal em que o ano inteiro ficam perdurando enfeites lindos para os trabalhadores mas que na verdade são pesos para as empresas e uma ilusão de proteção social para o trabalhador. Sem falar na justiça do trabalho, que não protege nenhum dos dois, com raras exceções, mas que com certeza pensa que é a dona do mundo e age assim.
A festa do Dia do trabalho deveria nos levar pelo menos a refletir sobre o futuro escuro que nos espera nessa área. Uma economia injusta, que cuida bem das minorias, sejam raciais ou sociais, mas que cuida mal da maioria, que são os trabalhadores. Jamais seremos uma economia desenvolvida e competitiva com esse tipo de relações de trabalho que temos hoje. Mesmo a interferência do governo em área críticas, como consideram hoje a industria automobilística, com enorme custo fiscal, são ilusões de um ano eleitoral, mas não consistentes com uma política de desenvolvimento.
A Alemanha não é um pais desenvolvido só pela engenharia, disciplina e outros predicados, mas pelas eficazes e dinâmicas relações de trabalho. Há mais de dez anos fizeram uma comissão de 15 membros dirigida pelo diretor da Volkswagen, Sr. Hart e composta por representantes de toda a sociedade. Mudaram a legislação, o governo perdeu a eleição e ficou na historia. E nós não aprendemos nada.
Stefan B. Salej
2.5.2014.
Da Internet e nosso futuro
A Copa no próximo mês pode nos dar muita alegria, ou tristeza, já que a bola é redonda. Mas, é só um campeonato de futebol. Já o congresso mundial sobre internet e a aprovação da nova lei sobre internet, esses sim, vão definir o nosso destino, futuro e desenvolvimento no resto do século. O congresso em São Paulo, BH infelizmente não tem a mínima condição de sitiar um evento dessa envergadura, com a participação de 95 países, é de uma importância fundamental. As discussões podem levar a mudanças profundas sobre o uso dessa ferramenta de transformações da sociedade chamada web ou internet. Trata-se de um congresso que reúne a sociedade civil, especialistas, acadêmicos e governos.
Mas, o gol de placa, mesmo com a bola entrando no canto esquerdo milímetros abaixo da trave, foi o que conseguiu o governo brasileiro com a aprovação da nova lei ou marco civil de internet. Não importa a nítida impressão de que poucos deputados e senadores sequer sabem o que votaram, e os que sabem queiram só benefícios para alguns grupos empresariais, mas a lei foi votada, apresentada no referido congresso e mostrou a liderança do Brasil. A lei brasileira virou referência para muitos países. E também não vem ao caso se essa lei foi consequência da espionagem norte-americana da nossa governante. Importa que a lei saiu e saiu bem.
E agora começa o grande trabalho, aliás esse que teve em Minas seus inícios mais promissores que se perderam no tempo. Minas foi pioneira na introdução e expansão da rede não acadêmica de provedores de internet. A coragem de Luiz Otávio César Siqueira, que convenceu o então todo poderoso Ministro das Comunicações Serjão a mudar a legislação, permitiu que Minas tivesse na década de 90 mais de 100 provedores. A contribuição da esfera acadêmica mineira foi fundamental para o desenvolvimento da área no Brasil.Mas, mesmo com vários ministros mineiros na área de comunicações posteriormente, os mineiros emigraram e minas contínua exportando minério e mineiros. A opção de desenvolvimento de uma ferramenta do futuro foi trocada por liderança em cachaça, algo nada mal, mas não tão promissor.
Agora começa o trabalho para valer, um tanto quanto atrasado. Desenvolver uma base científica, que custa um bom dinheiro, e a base de equipamentos, para que país aproveite ao máximo essa ferramenta do século XXI, é um projeto nacional. Não adianta chorar que outros países usam e abusam dessas ferramentas para dominar o mundo. É trabalhar, investir e produzir. Aliás, um extraordinária oportunidade para esta e para as próximas gerações. Agora, se tudo isso, após essa lei, virar uma PAC de internet, estádios de Copa não terminados, o Brasil continuará no caminho do crescimento potencial de sub-desenvolvimento.
Stefan B. Salej
23.4.2014.
A Copa no próximo mês pode nos dar muita alegria, ou tristeza, já que a bola é redonda. Mas, é só um campeonato de futebol. Já o congresso mundial sobre internet e a aprovação da nova lei sobre internet, esses sim, vão definir o nosso destino, futuro e desenvolvimento no resto do século. O congresso em São Paulo, BH infelizmente não tem a mínima condição de sitiar um evento dessa envergadura, com a participação de 95 países, é de uma importância fundamental. As discussões podem levar a mudanças profundas sobre o uso dessa ferramenta de transformações da sociedade chamada web ou internet. Trata-se de um congresso que reúne a sociedade civil, especialistas, acadêmicos e governos.
Mas, o gol de placa, mesmo com a bola entrando no canto esquerdo milímetros abaixo da trave, foi o que conseguiu o governo brasileiro com a aprovação da nova lei ou marco civil de internet. Não importa a nítida impressão de que poucos deputados e senadores sequer sabem o que votaram, e os que sabem queiram só benefícios para alguns grupos empresariais, mas a lei foi votada, apresentada no referido congresso e mostrou a liderança do Brasil. A lei brasileira virou referência para muitos países. E também não vem ao caso se essa lei foi consequência da espionagem norte-americana da nossa governante. Importa que a lei saiu e saiu bem.
E agora começa o grande trabalho, aliás esse que teve em Minas seus inícios mais promissores que se perderam no tempo. Minas foi pioneira na introdução e expansão da rede não acadêmica de provedores de internet. A coragem de Luiz Otávio César Siqueira, que convenceu o então todo poderoso Ministro das Comunicações Serjão a mudar a legislação, permitiu que Minas tivesse na década de 90 mais de 100 provedores. A contribuição da esfera acadêmica mineira foi fundamental para o desenvolvimento da área no Brasil.Mas, mesmo com vários ministros mineiros na área de comunicações posteriormente, os mineiros emigraram e minas contínua exportando minério e mineiros. A opção de desenvolvimento de uma ferramenta do futuro foi trocada por liderança em cachaça, algo nada mal, mas não tão promissor.
Agora começa o trabalho para valer, um tanto quanto atrasado. Desenvolver uma base científica, que custa um bom dinheiro, e a base de equipamentos, para que país aproveite ao máximo essa ferramenta do século XXI, é um projeto nacional. Não adianta chorar que outros países usam e abusam dessas ferramentas para dominar o mundo. É trabalhar, investir e produzir. Aliás, um extraordinária oportunidade para esta e para as próximas gerações. Agora, se tudo isso, após essa lei, virar uma PAC de internet, estádios de Copa não terminados, o Brasil continuará no caminho do crescimento potencial de sub-desenvolvimento.
Stefan B. Salej
23.4.2014.
Do rearanjo geopolítico
Quando caiu em 1989 simbolicamente o Muro de Berlin, houve a impressão de que, após alguns anos de nova divisão, principalmente da Europa, haveria tranqüilidade e paz por séculos. Os movimentos de hoje em dia na Ucrânia só mostram que isso não aconteceu durante esses anos todos e que vivíamos numa ilusão de ótica geopolítica que está custando caro ao mundo.
Primeiro, o comunismo que dominava a União Soviética saiu da cena para ficar nos bastidores e voltar em outras formas após 22 anos. Dois, o maior país do planeta e mais bem-sucedido nas últimas décadas, dominando a economia mundial, China, continua comunista. E, com ela, o Vietnã, que derrotou no século passado tanto a França como os Estados Unidos. E os governos de esquerda ganharam um espaço na América Latina de fazer inveja a qualquer golpista de direita do século passado.
Mas, esses países mudaram seus modelos econômicos e conseguiram a proeza de, na maioria das vezes, consolidar um sistema político sui generis. Ou seja modelaram com maior ou menor sucesso um modelo político diferente dos que prevaleciam no século passado, desembocando em uma nova realidade. E aí, os Estados Unidos, que deram a impressão de que, com a queda do Muro de Berlin, ganharam a batalha contra o chamado comunismo, acharam-se, como poucas vezes aconteceu na história, sozinhos, dominando o mundo. E, com isso, permitiram-se não só invadir o Iraque, mas também o Afeganistão, incentivar a primavera árabe, que virou um inferno das Arábias, notadamente na Síria e na Líbia, além da instabilidade no Egito. Foram assim avançando nos territórios e nas políticas internas de outros países, em nome de valores democráticos e mais, talvez aí com certa dose de justiça, na luta contra um novo inimigo, espalhado pelo mundo, invisível mas presente nas ações terroristas, Al Qaida.
Se a isso juntarmos uma total preponderância do sistema financeiro que provocou crises econômicas brutais, só podemos dizer que temos nos acontecimento na Ucrânia, cujo fim está difícil de prever, não só um mundo conturbado, mas perigosamente perturbado. Primeiro os Estados Unidos avançaram e tomaram os territórios, anexando países à OTAN, invadindo e deslanchando crises financeiras. Agora, os russos continuam, após a Geórgia e a Ossetia, seus avanços sobre a Ucrânia. E a União Européia está perplexa, aguardando, no mesmo dia que haverá eleições na Ucrânia, as eleições para o Parlamento Europeu.
O Brasil está onde sempre esteve. De um lado, avantajado por estar longe desses conflitos, de outro lado, de sobreaviso porque eles podem abalar a economia doméstica de tal forma que vamos precisar de muitos anos para nos recuperar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. E agora, o que fazer?
Stefan B. Salej
17.4.2014.
Quando caiu em 1989 simbolicamente o Muro de Berlin, houve a impressão de que, após alguns anos de nova divisão, principalmente da Europa, haveria tranqüilidade e paz por séculos. Os movimentos de hoje em dia na Ucrânia só mostram que isso não aconteceu durante esses anos todos e que vivíamos numa ilusão de ótica geopolítica que está custando caro ao mundo.
Primeiro, o comunismo que dominava a União Soviética saiu da cena para ficar nos bastidores e voltar em outras formas após 22 anos. Dois, o maior país do planeta e mais bem-sucedido nas últimas décadas, dominando a economia mundial, China, continua comunista. E, com ela, o Vietnã, que derrotou no século passado tanto a França como os Estados Unidos. E os governos de esquerda ganharam um espaço na América Latina de fazer inveja a qualquer golpista de direita do século passado.
Mas, esses países mudaram seus modelos econômicos e conseguiram a proeza de, na maioria das vezes, consolidar um sistema político sui generis. Ou seja modelaram com maior ou menor sucesso um modelo político diferente dos que prevaleciam no século passado, desembocando em uma nova realidade. E aí, os Estados Unidos, que deram a impressão de que, com a queda do Muro de Berlin, ganharam a batalha contra o chamado comunismo, acharam-se, como poucas vezes aconteceu na história, sozinhos, dominando o mundo. E, com isso, permitiram-se não só invadir o Iraque, mas também o Afeganistão, incentivar a primavera árabe, que virou um inferno das Arábias, notadamente na Síria e na Líbia, além da instabilidade no Egito. Foram assim avançando nos territórios e nas políticas internas de outros países, em nome de valores democráticos e mais, talvez aí com certa dose de justiça, na luta contra um novo inimigo, espalhado pelo mundo, invisível mas presente nas ações terroristas, Al Qaida.
Se a isso juntarmos uma total preponderância do sistema financeiro que provocou crises econômicas brutais, só podemos dizer que temos nos acontecimento na Ucrânia, cujo fim está difícil de prever, não só um mundo conturbado, mas perigosamente perturbado. Primeiro os Estados Unidos avançaram e tomaram os territórios, anexando países à OTAN, invadindo e deslanchando crises financeiras. Agora, os russos continuam, após a Geórgia e a Ossetia, seus avanços sobre a Ucrânia. E a União Européia está perplexa, aguardando, no mesmo dia que haverá eleições na Ucrânia, as eleições para o Parlamento Europeu.
O Brasil está onde sempre esteve. De um lado, avantajado por estar longe desses conflitos, de outro lado, de sobreaviso porque eles podem abalar a economia doméstica de tal forma que vamos precisar de muitos anos para nos recuperar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. E agora, o que fazer?
Stefan B. Salej
17.4.2014.
Das eleições no mundo
A primeira e a segunda maior democracia, 800 milhões e 190 milhões de eleitores em cada uma, estão elegendo seus parlamentares esta semana. India e Indonésia, dois gigantes asiáticos. E mais eleições: Afeganistão, aquele país invadido por forças internacionais liderados pelos americanos e onde mandam os Talibãs, tem eleições presidenciais. Sete milhões de eleitores, embora ameaçados pelos Talibãs com corte dos dedos marcados com tinta na hora de votação e mais atentados, participaram das eleições com relativa transparência e calma.
Nos três países, parece que os vencedores serão os opositores dos atuais governos. A apuração ainda demora, os sistemas não são eletrônicos, os países são grandes. A Indonésia tem milhares de ilhas e com 235 mil candidatos para 20 mil postos legislativos, a apuração não é fácil. O candidato de oposição ao atual governador da Capital, Jacarta, Joko Widodo, está liderando nas pesquisas. Mas ainda há eleições presidenciais daqui a um mês e só depois será definido o quadro político.
Na India, a parceira brasileira no grupo dos países BRICS, que vai se reunir após a Copa em Fortaleza, as urnas estão indicando a vitória do oposicionista Modi, do partido BJP. O adversário é Rahul Gandhi, do partido do Congresso, que domina a política indiana há 62 anos, desde a sua independência do Reino Unido. Mas, não é só o partido que domina. A família Gandhi-Nehru é a força motriz desse partido. As críticas ao eventual novo primeiro ministro Modi são muito fortes, especialmente no que se refere ao tratamento de diversas etnias na India, que tem a maior população muçulmana do mundo, 300 milhões. A campanha é bem agressiva e a divisão política vai continuar após a eleição.
Na reunião dos BRIC, em Fortaleza, estarão em torno da mesa de uma união aparente um novo primeiro-ministro indiano, um provavelmente reeleito presidente da África do Sul, onde as eleições ocorrem daqui a um mês, um presidente russo condenado pelos países ocidentais, leia-se especialmente os Estados Unidos e a União Européia, pela invasão da Criméia e a presidenta brasileira, cujos índices de popularidade só serão definidos em um ano eleitoral se o capitão da seleção canarinho levantar a taça do Campeão Mundial. E não no final, um presidente esfinge chinês avançando no mundo dos negócios e da força militar. Sem dúvida, uma reunião mais do que interessante, cujos resultados são imprevisíveis.
Nesse círculo de eleições no mundo e sua influência sobre a reunião de Fortaleza, onde querem porque querem fazer um banco de desenvolvimento dos BRICS, não se pode esquecer as eleições em maio para o Parlamento europeus e a escolha da nova equipe da União Européia. E aí estão as nuvens negras das eleições municipais na França, com a extrema direita ganhando força e na Hungria, onde também a direita fascista ganhou as eleições. Em resumo, o mundo democrático não é simples.
Stefan B. Salej
11.4.2014.
A primeira e a segunda maior democracia, 800 milhões e 190 milhões de eleitores em cada uma, estão elegendo seus parlamentares esta semana. India e Indonésia, dois gigantes asiáticos. E mais eleições: Afeganistão, aquele país invadido por forças internacionais liderados pelos americanos e onde mandam os Talibãs, tem eleições presidenciais. Sete milhões de eleitores, embora ameaçados pelos Talibãs com corte dos dedos marcados com tinta na hora de votação e mais atentados, participaram das eleições com relativa transparência e calma.
Nos três países, parece que os vencedores serão os opositores dos atuais governos. A apuração ainda demora, os sistemas não são eletrônicos, os países são grandes. A Indonésia tem milhares de ilhas e com 235 mil candidatos para 20 mil postos legislativos, a apuração não é fácil. O candidato de oposição ao atual governador da Capital, Jacarta, Joko Widodo, está liderando nas pesquisas. Mas ainda há eleições presidenciais daqui a um mês e só depois será definido o quadro político.
Na India, a parceira brasileira no grupo dos países BRICS, que vai se reunir após a Copa em Fortaleza, as urnas estão indicando a vitória do oposicionista Modi, do partido BJP. O adversário é Rahul Gandhi, do partido do Congresso, que domina a política indiana há 62 anos, desde a sua independência do Reino Unido. Mas, não é só o partido que domina. A família Gandhi-Nehru é a força motriz desse partido. As críticas ao eventual novo primeiro ministro Modi são muito fortes, especialmente no que se refere ao tratamento de diversas etnias na India, que tem a maior população muçulmana do mundo, 300 milhões. A campanha é bem agressiva e a divisão política vai continuar após a eleição.
Na reunião dos BRIC, em Fortaleza, estarão em torno da mesa de uma união aparente um novo primeiro-ministro indiano, um provavelmente reeleito presidente da África do Sul, onde as eleições ocorrem daqui a um mês, um presidente russo condenado pelos países ocidentais, leia-se especialmente os Estados Unidos e a União Européia, pela invasão da Criméia e a presidenta brasileira, cujos índices de popularidade só serão definidos em um ano eleitoral se o capitão da seleção canarinho levantar a taça do Campeão Mundial. E não no final, um presidente esfinge chinês avançando no mundo dos negócios e da força militar. Sem dúvida, uma reunião mais do que interessante, cujos resultados são imprevisíveis.
Nesse círculo de eleições no mundo e sua influência sobre a reunião de Fortaleza, onde querem porque querem fazer um banco de desenvolvimento dos BRICS, não se pode esquecer as eleições em maio para o Parlamento europeus e a escolha da nova equipe da União Européia. E aí estão as nuvens negras das eleições municipais na França, com a extrema direita ganhando força e na Hungria, onde também a direita fascista ganhou as eleições. Em resumo, o mundo democrático não é simples.
Stefan B. Salej
11.4.2014.
Da primavera que virou inferno
As atenções hoje em dia são orientadas para a infindável confusão com mortes diárias na vizinha Venezuela, para o desaparecimento do avião da Malásia, um pouco também para o incrível número dos mortos no deslize de terra no estado de Washington, nos Estados Unidos ( o governo ignorando há 15 anos o aviso dos cientistas) e no já clássico jogo da guerra gelada entre os Estados Unidos e a Rússia. Mas como a Lusitana roda e o mundo gira, o mundo em outras partes nem parou.
Os campeões da democracia no mundo, os Estados Unidos, que ajudaram há 50 anos a estabelecer o regime militar no Brasil, criaram para todos nós, nos últimos anos, este mundo diferente, não só com a invasão do Iraque e do Afeganistão, mas com apoio implícito e explicito ao florescimento de regimes "democráticos", em especial no Oriente Médio. Concordar com ditaduras sanguinárias como a do Gadafi na Líbia ou do Assad na Síria, entre outras, é um absurdo. E até o regime do Mubarak, no Egito, que permitia ser a estação terceirizada de tortura para os norte-americanos, cedeu às pressões a favor da democracia, apoiadas pelos Estados Unidos, e virou uma página onde mais de 500 pessoas foram condenadas à morte e o líder militar do golpe é candidato a mandato presidencial. E o Egito vai ter saudade da democracia do Mubarak, que esta na prisão, aguardando junto com o seu sucessor, seu julgamento.
A Líbia esta destruída, a Síria está em uma guerra que o mundo ignora, no Iraque os Estados Unidos estão construindo bases militares de fazer inveja ao enforcado Sadam Hussein, que foi o ditador que eles derrubaram. No Líbano, as diversas facções jogam bombas e promovem atentados que só aumentam a instabilidade na região. E os países ricos do Golfo brigam entre si mais do que os russos e ucranianos por causa do apoio de uns, como o Qatar, aos extremistas islâmicos. E o Qatar, organizando a Copa do Mundo com apoio dos terroristas islâmicos, só pode nos dar a tranqüilidade de que não haverá problema. Não por último, continua, desta vez com um sorriso nos lábios, a construção da bomba atômica pelo Irã, cujos dois cidadãos viajaram com passaporte roubado no avião da Malásia que desapareceu. Mera coincidência, após mais de 20 anos de atentado dos iranianos em Buenos Aires, quando mataram um grande número de judeus.
O Oriente Médio, de onde o mundo recebe boa parte de seus insumos energéticos, é cada dia mais controlado pelos extremistas islâmicos e eles apresentam uma ameaça cada vez maior à segurança e paz do resto do mundo. Eles não atuam só lá, mas também na África, veja o Sudão do Sul, Mali, a República Centro Africana ente outros, e na América Latina, apesar da nossa ignorância voluntária do assunto.
E nesse contexto, os Estados Unidos e a Rússia não conseguem dialogar, o que é muito preocupante. Sem a cooperação dos dois, o mundo fica à mercê dos extremistas, que estão só crescendo.
Stefan B. Salej
27.3.2014.
As atenções hoje em dia são orientadas para a infindável confusão com mortes diárias na vizinha Venezuela, para o desaparecimento do avião da Malásia, um pouco também para o incrível número dos mortos no deslize de terra no estado de Washington, nos Estados Unidos ( o governo ignorando há 15 anos o aviso dos cientistas) e no já clássico jogo da guerra gelada entre os Estados Unidos e a Rússia. Mas como a Lusitana roda e o mundo gira, o mundo em outras partes nem parou.
Os campeões da democracia no mundo, os Estados Unidos, que ajudaram há 50 anos a estabelecer o regime militar no Brasil, criaram para todos nós, nos últimos anos, este mundo diferente, não só com a invasão do Iraque e do Afeganistão, mas com apoio implícito e explicito ao florescimento de regimes "democráticos", em especial no Oriente Médio. Concordar com ditaduras sanguinárias como a do Gadafi na Líbia ou do Assad na Síria, entre outras, é um absurdo. E até o regime do Mubarak, no Egito, que permitia ser a estação terceirizada de tortura para os norte-americanos, cedeu às pressões a favor da democracia, apoiadas pelos Estados Unidos, e virou uma página onde mais de 500 pessoas foram condenadas à morte e o líder militar do golpe é candidato a mandato presidencial. E o Egito vai ter saudade da democracia do Mubarak, que esta na prisão, aguardando junto com o seu sucessor, seu julgamento.
A Líbia esta destruída, a Síria está em uma guerra que o mundo ignora, no Iraque os Estados Unidos estão construindo bases militares de fazer inveja ao enforcado Sadam Hussein, que foi o ditador que eles derrubaram. No Líbano, as diversas facções jogam bombas e promovem atentados que só aumentam a instabilidade na região. E os países ricos do Golfo brigam entre si mais do que os russos e ucranianos por causa do apoio de uns, como o Qatar, aos extremistas islâmicos. E o Qatar, organizando a Copa do Mundo com apoio dos terroristas islâmicos, só pode nos dar a tranqüilidade de que não haverá problema. Não por último, continua, desta vez com um sorriso nos lábios, a construção da bomba atômica pelo Irã, cujos dois cidadãos viajaram com passaporte roubado no avião da Malásia que desapareceu. Mera coincidência, após mais de 20 anos de atentado dos iranianos em Buenos Aires, quando mataram um grande número de judeus.
O Oriente Médio, de onde o mundo recebe boa parte de seus insumos energéticos, é cada dia mais controlado pelos extremistas islâmicos e eles apresentam uma ameaça cada vez maior à segurança e paz do resto do mundo. Eles não atuam só lá, mas também na África, veja o Sudão do Sul, Mali, a República Centro Africana ente outros, e na América Latina, apesar da nossa ignorância voluntária do assunto.
E nesse contexto, os Estados Unidos e a Rússia não conseguem dialogar, o que é muito preocupante. Sem a cooperação dos dois, o mundo fica à mercê dos extremistas, que estão só crescendo.
Stefan B. Salej
27.3.2014.
Do Mar Negro
Após o encontro dos Ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Federação Russa em Londres, sem conclusão mas sobrepondo a diplomacia à disposição bélica dos dois, só resta confirmar o resultado do plebiscito no domingo na Crimeia, região de porto militar russo ainda parte da Ucrânia. A previsão do resultado é fácil: independência da Ucrânia. Ou pela presença militar dos russos, ou pelo aumento desta presença, ou seja mais navios de guerra e tanques, ou pela maioria da população de origem russa, o fato é que nasceu mais um novo país. Agora, outra dúvida que não existe é se a Crimeia independente será ou não vizinha amiga do urso russo. Independente de forma jurídica, país independente ou integrado à Federação Russa, vai fazer parte da aliança político-militar da Rússia.
O novo país não será reconhecido por um bom tempo pelos países da União Européia, nem pela vizinha Ucrânia, da qual se separou sob as miras dos fuzis russos, mas terá a proteção destes mesmos fuzis. E a Rússia vai ser objeto de sanções dos países ocidentais, ao mesmo tempo que também vai aplicar sanções aos ocidentais. Ou seja, ruim para todos enquanto não chegarem à conclusão de que está tudo perdido e tudo ganho. A guerra da Crimeia que, por enquanto não provocou nenhuma morte, ao contrário dos outros eventos históricos na região, mudou o mundo neste início de século de forma que nada mais será igual. E, quanto ao reconhecimento, há o Kosovo, na antiga Iugoslávia, que tem todo o apoio dos Estados Unidos, nenhum da Rússia, e até hoje não é reconhecido pela nem Espanha e nem Brasil. E está lá, esperando para ser parte da grande Albânia.
A Ucrânia, cujo Primeiro-Ministro teve momentos de glória visitando a Casa Branca, recebeu promessas de recursos, apoio financeiro e tudo o mais do Presidente Obama e da União Européia. Com esta última vai assinar um acordo e agora esperar para ver. Pegue a ficha e espere, está escrito e têm muitos na fila para receber o prometido pelos Estados Unidos e a União Européia.
As lições desse episódio para Brasil são claras. A primeira é que o país ainda não é ator importante na política internacional. Tudo se passou à margem, ninguém perguntou nada e nenhuma posição clara do governo brasileiro foi dita até agora. Dois, é que manter fronteiras definidas e sem ameaças externas é um patrimônio nacional de valor inestimável que os brasileiros ainda não sabem valorizar. Três, que a região em torno de Rússia, onde há muitos investimentos europeus, é de muito risco. No Brasil, não existe risco político para o investidor estrangeiro, portanto isso pode ser um dos pontos a favor para novos investimentos no nosso país. E não por último, o celeiro da Europa, Ucrânia, vai demorar para produzir grãos na quantidade que produzia, o que pode provocar aumento de preços dos produtos agrícolas que Brasil exporta.
Mas, tudo tem que ver com um futuro que de fato ninguém sabe como será.
Stefan B. Salej
14.3.2014.
Após o encontro dos Ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Federação Russa em Londres, sem conclusão mas sobrepondo a diplomacia à disposição bélica dos dois, só resta confirmar o resultado do plebiscito no domingo na Crimeia, região de porto militar russo ainda parte da Ucrânia. A previsão do resultado é fácil: independência da Ucrânia. Ou pela presença militar dos russos, ou pelo aumento desta presença, ou seja mais navios de guerra e tanques, ou pela maioria da população de origem russa, o fato é que nasceu mais um novo país. Agora, outra dúvida que não existe é se a Crimeia independente será ou não vizinha amiga do urso russo. Independente de forma jurídica, país independente ou integrado à Federação Russa, vai fazer parte da aliança político-militar da Rússia.
O novo país não será reconhecido por um bom tempo pelos países da União Européia, nem pela vizinha Ucrânia, da qual se separou sob as miras dos fuzis russos, mas terá a proteção destes mesmos fuzis. E a Rússia vai ser objeto de sanções dos países ocidentais, ao mesmo tempo que também vai aplicar sanções aos ocidentais. Ou seja, ruim para todos enquanto não chegarem à conclusão de que está tudo perdido e tudo ganho. A guerra da Crimeia que, por enquanto não provocou nenhuma morte, ao contrário dos outros eventos históricos na região, mudou o mundo neste início de século de forma que nada mais será igual. E, quanto ao reconhecimento, há o Kosovo, na antiga Iugoslávia, que tem todo o apoio dos Estados Unidos, nenhum da Rússia, e até hoje não é reconhecido pela nem Espanha e nem Brasil. E está lá, esperando para ser parte da grande Albânia.
A Ucrânia, cujo Primeiro-Ministro teve momentos de glória visitando a Casa Branca, recebeu promessas de recursos, apoio financeiro e tudo o mais do Presidente Obama e da União Européia. Com esta última vai assinar um acordo e agora esperar para ver. Pegue a ficha e espere, está escrito e têm muitos na fila para receber o prometido pelos Estados Unidos e a União Européia.
As lições desse episódio para Brasil são claras. A primeira é que o país ainda não é ator importante na política internacional. Tudo se passou à margem, ninguém perguntou nada e nenhuma posição clara do governo brasileiro foi dita até agora. Dois, é que manter fronteiras definidas e sem ameaças externas é um patrimônio nacional de valor inestimável que os brasileiros ainda não sabem valorizar. Três, que a região em torno de Rússia, onde há muitos investimentos europeus, é de muito risco. No Brasil, não existe risco político para o investidor estrangeiro, portanto isso pode ser um dos pontos a favor para novos investimentos no nosso país. E não por último, o celeiro da Europa, Ucrânia, vai demorar para produzir grãos na quantidade que produzia, o que pode provocar aumento de preços dos produtos agrícolas que Brasil exporta.
Mas, tudo tem que ver com um futuro que de fato ninguém sabe como será.
Stefan B. Salej
14.3.2014.
Do chavismo imaduro
O primeiro aniversário da morte do Comandante Hugo Chavez, ex-Presidente da Venezuela, foi comemorado dentro do melhor estilo de quem não reconhece a grave situação que o país vizinho ao Brasil vive: falta de alimentos nas prateleiras e cozinhas, manifestações que já produziram 16 mortes, centenas de feridos, ainda sem fim, e um discurso do Presidente Maduro cheio de ataques a todos e todas e, em especial, imaginem a quem: ao Panamá. Em resumo, se o governo venezuelano acha que o Panamá, que pediu uma reunião especial sobre a crise no país na Organização dos Estados Americanos, é um perigo, temos uma situação de miopia política grave.
A situação e os conflitos venezuelanos estão crescendo e nada indica uma solução a curto prazo. O mundo esta olhando para a Ucrânia que, apesar de não ter o petróleo que a Venezuela possui, é um caso que afeta o equilíbrio mundial. Mas a Venezuela, com seu desequilíbrio, afeta em muito as Américas, o continente onde está o Brasil. Os Estados Unidos ainda recebem muito petróleo de lá e, ao sairem do inverno rigoroso, diminuem a pressão no fornecimento venezuelano. Até recentemente, apesar de toda a retórica, as relações petroleiras entre os dois países não apresentavam problema. Efetivamente, os Estados Unidos não estavam felizes com Chavez, mas também não conseguiram tirar ele de lá.
Com a invasão russa e, dependendo da solução da crise na Crimea, a eventualidade de intervenção militar ganha novos contornos. A chance de os americanos invadirem Caracas é pequena, mas outras formas de intervenção ganham asas. E a questão mais importante é que Chavismo, chamado oficialmente de Bolivarismo, fracassando onde foi concebido, leva com ele toda a onda de esquerda que se espalhou pela América Latina em várias formas. E se um sistema político não consegue, com os recursos financeiros vindos do petróleo que tinha a Venezuela, manter a estabilidade econômica e o bem-estar social, como será um exemplo para outros? Sem falar nos laços entre Havana e Caracas. Não há duvida alguma de que o controle das forças de inteligência e segurança da Venezuela hoje pertence aos cubanos.
O pior cenário, no país vizinho, é de instabilidade e piora da situação econômica. Quanto pior, melhor para os opositores do Chavismo, seja em casa ou no exterior. Mas, quanto pior, é muito ruim para Brasil, para quem Caracas deve muito, mas muito dinheiro. E mais, perturba todo o Mercosul, onde a Venezuela entrou empurrada por Brasília. E um mercado razoavelmente bom para produtos brasileiros está desaparecendo. Em acontecimentos do passado, o Brasil soube exercer sua parceria, que deu estabilidade à região. E no ano de Copa, eleições e outras crises, saberá fazer isso?
Stefan B.Salej
6.3 .2014.
O primeiro aniversário da morte do Comandante Hugo Chavez, ex-Presidente da Venezuela, foi comemorado dentro do melhor estilo de quem não reconhece a grave situação que o país vizinho ao Brasil vive: falta de alimentos nas prateleiras e cozinhas, manifestações que já produziram 16 mortes, centenas de feridos, ainda sem fim, e um discurso do Presidente Maduro cheio de ataques a todos e todas e, em especial, imaginem a quem: ao Panamá. Em resumo, se o governo venezuelano acha que o Panamá, que pediu uma reunião especial sobre a crise no país na Organização dos Estados Americanos, é um perigo, temos uma situação de miopia política grave.
A situação e os conflitos venezuelanos estão crescendo e nada indica uma solução a curto prazo. O mundo esta olhando para a Ucrânia que, apesar de não ter o petróleo que a Venezuela possui, é um caso que afeta o equilíbrio mundial. Mas a Venezuela, com seu desequilíbrio, afeta em muito as Américas, o continente onde está o Brasil. Os Estados Unidos ainda recebem muito petróleo de lá e, ao sairem do inverno rigoroso, diminuem a pressão no fornecimento venezuelano. Até recentemente, apesar de toda a retórica, as relações petroleiras entre os dois países não apresentavam problema. Efetivamente, os Estados Unidos não estavam felizes com Chavez, mas também não conseguiram tirar ele de lá.
Com a invasão russa e, dependendo da solução da crise na Crimea, a eventualidade de intervenção militar ganha novos contornos. A chance de os americanos invadirem Caracas é pequena, mas outras formas de intervenção ganham asas. E a questão mais importante é que Chavismo, chamado oficialmente de Bolivarismo, fracassando onde foi concebido, leva com ele toda a onda de esquerda que se espalhou pela América Latina em várias formas. E se um sistema político não consegue, com os recursos financeiros vindos do petróleo que tinha a Venezuela, manter a estabilidade econômica e o bem-estar social, como será um exemplo para outros? Sem falar nos laços entre Havana e Caracas. Não há duvida alguma de que o controle das forças de inteligência e segurança da Venezuela hoje pertence aos cubanos.
O pior cenário, no país vizinho, é de instabilidade e piora da situação econômica. Quanto pior, melhor para os opositores do Chavismo, seja em casa ou no exterior. Mas, quanto pior, é muito ruim para Brasil, para quem Caracas deve muito, mas muito dinheiro. E mais, perturba todo o Mercosul, onde a Venezuela entrou empurrada por Brasília. E um mercado razoavelmente bom para produtos brasileiros está desaparecendo. Em acontecimentos do passado, o Brasil soube exercer sua parceria, que deu estabilidade à região. E no ano de Copa, eleições e outras crises, saberá fazer isso?
Stefan B.Salej
6.3 .2014.
Da Ucrânia que não é Venezuela
Como, segundo o Ministério da Educação, o nosso sistema de ensino está melhorando muito, as crianças devem saber que Venezuela não é Ucrânia. Ou seja, são dois países situados geográficamente em continentes diferentes e com historia bem distinta. Mas, os dois estão hoje em dia em ebulição democrática. Os protestos nas ruas dos dois países são similares em força dos manifestantes e reação dos governos. Na Ucrânia, onde manifestações apoiadas pelo mundo ocidental, leia-se União Européia e Estados Unidos, levaram à mudança do governo e o teórico distanciamento do poderoso vizinho Rússia, o jogo está na preliminar. O país rico está quebrado e apresentando a conta de sua guinada para o ocidente: 50 bilhões de dólares.
É aí que a situação começa a ser preocupante. Ou a União Européia, quebrada e tentando sair da crise, banca com Washington essa reviravolta, ou então a situação só vai piorar. Um abraço derramado da chefe da diplomacia européia Lady Ashton na ex-primeira ministra ucraniana saindo da prisão foi um abraço de falsidade diplomática. O maior país fora da Rússia no Leste Europeu precisa não de amor, mas de dinheiro para se erguer. E fazer qualquer coisa com os vizinhos russos, que não tome em consideração os interesses do urso, leva a lembrar a conclusão de um dos mais famosos diplomatas americanos, George Kennan, que escreveu que os russos tem só dois tipos de vizinhos: amigos ou inimigos que procuram transformar em amigos. Assim é o jogo lá.
E o jogo na Venezuela, que é nosso vizinho, como é? A crise econômica e social está além do suportável pela população. Falta até papel higiênico. Faltam alimentos nas lojas. As contas externas não são pagas. O discurso que empolgava, as promessas e a veemência da luta contra o imperialismo não transformaram a realidade. O dinheiro que jorra da riqueza incalculável do petróleo se fue! E, como na Ucrânia, sobram os mortos pelas forças de segurança. Jovens, patriotas.
Apesar de termos uma das maiores populações de ucranianos fora da Ucrânia, mais de meio milhão, e uma empresa mista para lançamento de foguetes (um investimento de 500 milhões de reais), é a Venezuela que é vizinha e deve mais de 80 bilhões de reais ao Brasil. Os Estados Unidos sabem que, se cair o regime bolivariano de socialismo do século XXI, enfraquece-se o regime cubano. É o domino dos regimes de esquerda na América Latina.
Afirmar nada a ver com quem deve tanto, pergunte aos empreiteiros brasileiros, é ignorar a realidade, inclusive porque Venezuela faz parte do Mercosul. Aqui também o jogo está na preliminar e os russos somos nós. Pode ser que não tenhamos um conceito claro da amizade com os vizinhos, mas eles assim mesmo são vizinhos e devem dinheiro.
Stefan B. Salej
27.2.2014.
Como, segundo o Ministério da Educação, o nosso sistema de ensino está melhorando muito, as crianças devem saber que Venezuela não é Ucrânia. Ou seja, são dois países situados geográficamente em continentes diferentes e com historia bem distinta. Mas, os dois estão hoje em dia em ebulição democrática. Os protestos nas ruas dos dois países são similares em força dos manifestantes e reação dos governos. Na Ucrânia, onde manifestações apoiadas pelo mundo ocidental, leia-se União Européia e Estados Unidos, levaram à mudança do governo e o teórico distanciamento do poderoso vizinho Rússia, o jogo está na preliminar. O país rico está quebrado e apresentando a conta de sua guinada para o ocidente: 50 bilhões de dólares.
É aí que a situação começa a ser preocupante. Ou a União Européia, quebrada e tentando sair da crise, banca com Washington essa reviravolta, ou então a situação só vai piorar. Um abraço derramado da chefe da diplomacia européia Lady Ashton na ex-primeira ministra ucraniana saindo da prisão foi um abraço de falsidade diplomática. O maior país fora da Rússia no Leste Europeu precisa não de amor, mas de dinheiro para se erguer. E fazer qualquer coisa com os vizinhos russos, que não tome em consideração os interesses do urso, leva a lembrar a conclusão de um dos mais famosos diplomatas americanos, George Kennan, que escreveu que os russos tem só dois tipos de vizinhos: amigos ou inimigos que procuram transformar em amigos. Assim é o jogo lá.
E o jogo na Venezuela, que é nosso vizinho, como é? A crise econômica e social está além do suportável pela população. Falta até papel higiênico. Faltam alimentos nas lojas. As contas externas não são pagas. O discurso que empolgava, as promessas e a veemência da luta contra o imperialismo não transformaram a realidade. O dinheiro que jorra da riqueza incalculável do petróleo se fue! E, como na Ucrânia, sobram os mortos pelas forças de segurança. Jovens, patriotas.
Apesar de termos uma das maiores populações de ucranianos fora da Ucrânia, mais de meio milhão, e uma empresa mista para lançamento de foguetes (um investimento de 500 milhões de reais), é a Venezuela que é vizinha e deve mais de 80 bilhões de reais ao Brasil. Os Estados Unidos sabem que, se cair o regime bolivariano de socialismo do século XXI, enfraquece-se o regime cubano. É o domino dos regimes de esquerda na América Latina.
Afirmar nada a ver com quem deve tanto, pergunte aos empreiteiros brasileiros, é ignorar a realidade, inclusive porque Venezuela faz parte do Mercosul. Aqui também o jogo está na preliminar e os russos somos nós. Pode ser que não tenhamos um conceito claro da amizade com os vizinhos, mas eles assim mesmo são vizinhos e devem dinheiro.
Stefan B. Salej
27.2.2014.
De Bruxelas a Caracas
Os estadistas se reúnem para avançar nas relações entre os países. Assim foi a reunião dos presidentes dos Estados Unidos e França, novamente a do francês e líder do governo alemão, em conjunto com os ministérios dos dois países, e a reunião dos líderes dos países que compõem o NAFTA, o acordo de livre comércio dos países do Norte das Américas, que faz 20 anos, Estados Unidos, México e Canadá. E sem falar nas reuniões que não decidem nada, mas avançam, que são sobre energia atômica no Irã e conversações sobre paz na Síria em Genebra.
Mas, terminam os jogos olímpicos de inverno, sem maiores acidentes e um desastre esportivo para Rússia, que foi eliminada no esporte rei dos invernos, o hóquei no gelo. E como pano de fundo, a violência continua na Ucrânia, onde se definham os interesses ocidentais no território geopolítico russo. E, na nossa vizinhança, irrequieta Venezuela, que deve ao Brasil uns 30 bilhões de dólares. Além das já quase tradicionais disputas africanas como as do Mali, República Centro Africana e Sudão do Sul.
Tudo isso é pano de fundo rosa para a Cúpula Brasil - União Européia, com a reunião empresarial e a presença da Presidente brasileira em Bruxelas, após o encontro com o Papa Francisco. Ao final da Cúpula do ano passado em Brasília, na declaração final dessa parceria estratégica, falou-se de tudo em 47 artigos. E dizem que quando se fala muito, não se diz nada. Este ano, quando haverá eleições européias e os interlocutores como o português Barroso, de direita, vão desaparecer do palco, o foco será o acordo de livre comercio entre o Mercosul e a UE. Os europeus avançaram em muito em negociações com os Estados Unidos e mais: querem fazer um acordo com Cuba, amplo, geral e irrestrito. Os dois acordos afetam profundamente Brasil e, por enquanto, para pior.
O acordo entre o Mercosul, que desde 1995 se tenta negociar com a União Européia, não depende de lista de produtos e sua desoneração, mas de estabilidade política e econômica do próprio bloco sul-americano. E portanto, mesmo que, com cinismo ímpar, os europeus ameacem de retaliações contra Brasil, devido aos incentivos da Zona Franca de Manaus, da qual usufruíram e muito, o problema passa a ser a Venezuela, onde a instabilidade democrática do continente está passando dos limites. Como estão unidos os dois, Estados Unidos e União Européia , em mudarem o regime na Ucrânia, não tenha dúvida de que, em princípio, nenhum dos dois blocos quer a continuidade do fracasso do Chavismo. Derrubado na Venezuela, cai o bolivarismo na América Latina.
A negociação da lista que será facilitada por acordo entre a Argentina e Espanha, no caso de nacionalização da petroleira Repsol, é marginal mas fundamental do ponto de vista técnico. A estabilidade econômico-financeira e, não no final, democrática dos membros do Mercosul é que vai ter que ser explicada para os europeus que, por outro lado querem tirar, com a fraqueza do bloco, o couro dos latino americanos.
Stefan B. Salej
20.2.2014.
Os estadistas se reúnem para avançar nas relações entre os países. Assim foi a reunião dos presidentes dos Estados Unidos e França, novamente a do francês e líder do governo alemão, em conjunto com os ministérios dos dois países, e a reunião dos líderes dos países que compõem o NAFTA, o acordo de livre comércio dos países do Norte das Américas, que faz 20 anos, Estados Unidos, México e Canadá. E sem falar nas reuniões que não decidem nada, mas avançam, que são sobre energia atômica no Irã e conversações sobre paz na Síria em Genebra.
Mas, terminam os jogos olímpicos de inverno, sem maiores acidentes e um desastre esportivo para Rússia, que foi eliminada no esporte rei dos invernos, o hóquei no gelo. E como pano de fundo, a violência continua na Ucrânia, onde se definham os interesses ocidentais no território geopolítico russo. E, na nossa vizinhança, irrequieta Venezuela, que deve ao Brasil uns 30 bilhões de dólares. Além das já quase tradicionais disputas africanas como as do Mali, República Centro Africana e Sudão do Sul.
Tudo isso é pano de fundo rosa para a Cúpula Brasil - União Européia, com a reunião empresarial e a presença da Presidente brasileira em Bruxelas, após o encontro com o Papa Francisco. Ao final da Cúpula do ano passado em Brasília, na declaração final dessa parceria estratégica, falou-se de tudo em 47 artigos. E dizem que quando se fala muito, não se diz nada. Este ano, quando haverá eleições européias e os interlocutores como o português Barroso, de direita, vão desaparecer do palco, o foco será o acordo de livre comercio entre o Mercosul e a UE. Os europeus avançaram em muito em negociações com os Estados Unidos e mais: querem fazer um acordo com Cuba, amplo, geral e irrestrito. Os dois acordos afetam profundamente Brasil e, por enquanto, para pior.
O acordo entre o Mercosul, que desde 1995 se tenta negociar com a União Européia, não depende de lista de produtos e sua desoneração, mas de estabilidade política e econômica do próprio bloco sul-americano. E portanto, mesmo que, com cinismo ímpar, os europeus ameacem de retaliações contra Brasil, devido aos incentivos da Zona Franca de Manaus, da qual usufruíram e muito, o problema passa a ser a Venezuela, onde a instabilidade democrática do continente está passando dos limites. Como estão unidos os dois, Estados Unidos e União Européia , em mudarem o regime na Ucrânia, não tenha dúvida de que, em princípio, nenhum dos dois blocos quer a continuidade do fracasso do Chavismo. Derrubado na Venezuela, cai o bolivarismo na América Latina.
A negociação da lista que será facilitada por acordo entre a Argentina e Espanha, no caso de nacionalização da petroleira Repsol, é marginal mas fundamental do ponto de vista técnico. A estabilidade econômico-financeira e, não no final, democrática dos membros do Mercosul é que vai ter que ser explicada para os europeus que, por outro lado querem tirar, com a fraqueza do bloco, o couro dos latino americanos.
Stefan B. Salej
20.2.2014.
Dos jogos e sangue
Enquanto na bucólica Sochi, no Mar Negro, Federação Russa, estão ocorrendo até agora às mil maravilhas os Jogos Olímpicos de Inverno, inclusive com a participação de atletas brasileiros em número nunca antes visto, o mundo continua com seus problemas, seus malogros e suas tristezas. Os críticos que vêem na organização russa dos jogos tudo errado, acharam também que os russos exageraram nos investimentos nos jogos : 120 bilhões de reais. Eles pelo menos são felizes em saber quanto gastaram e como pagaram. Nós até agora não vimos nenhuma contabilidade transparente nem da Copa e nem dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro daqui a dois anos!
Mas, a notícia internacional importante vem de outra parte. Na verdade, vem da avenida que leva os torcedores para o Mineirão, onde está situado o Clube Sírio de Belo Horizonte. Tudo indica que milhares de torcedores na Copa vão passar em frente dessa casa modesta, sem terem em mente o banho de sangue que esta acontecendo na Síria. Após dois anos de massacre, com mais de dos milhões de pessoas refugiadas, mais de duzentos mil mortos, cidades destruídas, um pequeno comboio das Nações Unidas conseguiu entrar na cidade Síria de Homs, terra de origem de inúmeros brasileiros, para trazer água, remédio, comida e tirar as crianças de lá.
Uma vitória da impotência, do bem versus o mal. Como um refugiado declarou na televisão: Genebra ( onde estão mantendo as conversações de paz) para cá e para lá, e nós morrendo enquanto isso. A guerra na Síria, onde cada décimo combatente é europeu e onde cada vez mais combatentes são de outros países islâmicos, já é um conflito internacional há muito tempo. A ele se juntam os conflitos na África, como do Sudão do Sul, República Centro Africana, Mali, e os já tradicionais conflitos no Egito. Sem falar no Iraque e Afeganistão, cujo presidente assistiu à inauguração dos Jogos Olímpicos em Sochi como se no seu país reinasse a paz celestial.
A lista não termina aqui. Na Tailândia, que há alguns anos sofreu um desastre natural, tzunami, de grandes proporções, as ruas gritam por mudanças. O conflito na gelada Ucrânia, onde há semanas os protestos não param, deixa claro que a divisão do mundo entre grandes potências não terminou. E entrou de novo na lista a Bósnia. Aquele país dos Bálcãs, onde começou a Primeira Guerra Mundial, teve combates memoráveis na Segunda Guerra contra nazistas e foi o palco de conflitos sangrentos na divisão da Iugoslávia na década de 90. A Bósnia esta em revolta, algo nada bom.
Parece que temos dinheiro para jogos, mas não para combater a fome (o Haiti ainda existe), para educação e bem estar. Somos uma humanidade, que, mesmo com democracia, preferimos sangue e jogos do que bem estar. E muitos sírios no Brasil dizem : que bom que saí de lá e estou nesta paz aqui. Ganhando dinheiro.
Stefan B.Salej
12.2.2014.
Enquanto na bucólica Sochi, no Mar Negro, Federação Russa, estão ocorrendo até agora às mil maravilhas os Jogos Olímpicos de Inverno, inclusive com a participação de atletas brasileiros em número nunca antes visto, o mundo continua com seus problemas, seus malogros e suas tristezas. Os críticos que vêem na organização russa dos jogos tudo errado, acharam também que os russos exageraram nos investimentos nos jogos : 120 bilhões de reais. Eles pelo menos são felizes em saber quanto gastaram e como pagaram. Nós até agora não vimos nenhuma contabilidade transparente nem da Copa e nem dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro daqui a dois anos!
Mas, a notícia internacional importante vem de outra parte. Na verdade, vem da avenida que leva os torcedores para o Mineirão, onde está situado o Clube Sírio de Belo Horizonte. Tudo indica que milhares de torcedores na Copa vão passar em frente dessa casa modesta, sem terem em mente o banho de sangue que esta acontecendo na Síria. Após dois anos de massacre, com mais de dos milhões de pessoas refugiadas, mais de duzentos mil mortos, cidades destruídas, um pequeno comboio das Nações Unidas conseguiu entrar na cidade Síria de Homs, terra de origem de inúmeros brasileiros, para trazer água, remédio, comida e tirar as crianças de lá.
Uma vitória da impotência, do bem versus o mal. Como um refugiado declarou na televisão: Genebra ( onde estão mantendo as conversações de paz) para cá e para lá, e nós morrendo enquanto isso. A guerra na Síria, onde cada décimo combatente é europeu e onde cada vez mais combatentes são de outros países islâmicos, já é um conflito internacional há muito tempo. A ele se juntam os conflitos na África, como do Sudão do Sul, República Centro Africana, Mali, e os já tradicionais conflitos no Egito. Sem falar no Iraque e Afeganistão, cujo presidente assistiu à inauguração dos Jogos Olímpicos em Sochi como se no seu país reinasse a paz celestial.
A lista não termina aqui. Na Tailândia, que há alguns anos sofreu um desastre natural, tzunami, de grandes proporções, as ruas gritam por mudanças. O conflito na gelada Ucrânia, onde há semanas os protestos não param, deixa claro que a divisão do mundo entre grandes potências não terminou. E entrou de novo na lista a Bósnia. Aquele país dos Bálcãs, onde começou a Primeira Guerra Mundial, teve combates memoráveis na Segunda Guerra contra nazistas e foi o palco de conflitos sangrentos na divisão da Iugoslávia na década de 90. A Bósnia esta em revolta, algo nada bom.
Parece que temos dinheiro para jogos, mas não para combater a fome (o Haiti ainda existe), para educação e bem estar. Somos uma humanidade, que, mesmo com democracia, preferimos sangue e jogos do que bem estar. E muitos sírios no Brasil dizem : que bom que saí de lá e estou nesta paz aqui. Ganhando dinheiro.
Stefan B.Salej
12.2.2014.
Dos corruptores gringos
Empresários mineiros que venderam a sua empresa após 40 anos navegando nas águas turvas do mercado brasileiro a um grupo espanhol orgulhavam-se e achavam que um dos ativos mais importantes da empresa era a sua gestão transparente. Sem propina aos compradores, fiscais, ou seja quem fosse, era um ativo importante para eles. E os espanhóis, com aquela franqueza ibérica glacial, chamaram os mineiros simplesmente de idiotas por não saberem fazer negócios no Brasil, onde você corrompendo, principalmente na área elétrica, pode ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro país!
E esta semana, pela primeira vez, a União Européia, oficialmente declarou que, em todos os seus membros, existe corrupção. E que traz prejuízos em mais de 360 bilhões de reais ao ano aos seus contribuintes. Acabou-se o cinismo de dizer que a corrupção, e em especial no setor público, é privilégio dos sub-desenvolvidos. Mas, não acabou de todo porque a imprensa européia quase não falou desse estudo de 41 páginas e a funcionária da União Européia foi enfática ao declarar que isso é só o inicio e que medidas práticas ainda serão tomadas. A maior parte desse processo corruptor acontece nas áreas de saúde, construção civil e desenvolvimento urbano e na de telecomunicações. Portanto, até nesse ponto os europeus estão se desenvolvendo bem.
E aí lembramos das estórias dos primeiros portugueses chegando ao Brasil, já oferecendo bugigangas aos nativos. E daí em diante, os que vieram trouxeram práticas que, justiça seja feita, também encontraram terra fértil na Brasilea, que foram só sendo aperfeiçoadas. O caso mais recente de duas empresas européias, Alstom e Siemens, é só a ponta do Icebergue da contribuição nessa área que trouxeram para Brasil. É comum achar, como aqueles espanhóis que se implantaram aqui, que no Brasil só se ganha dinheiro com corrupção. Mas se esquece que, sem os corruptores, não há corruptos.É incrível que as empresas cujos governos são mestres em dar lições de moral sobre como o país deve combater a corrupção, exercem práticas que lá são ilegais, com a maior tranqüilidade, no Brasil.
Agora o cinismo só vai aumentar, porque os europeus podem, com exceção dos alemães que hoje já possuem uma legislação que proíbe as empresas atuando no exterior de pagar propinas, corromper fora dos seus países. A nova legislação brasileira é um grande avanço quando aplicada direito. Mas, o que de fato falta muito e muito mesmo é, que em vez de termos medo dos corruptos, enfrentemos também os corruptores. E ai, não tem nacionalidade nem origem. Quem sabe com isso em vez dos empresários criticarem que há corrupção, adotem o NÃO em todas as suas formas e conteúdos. Inclusive na política.
Stefan B. Salej
5.2.2014.
Empresários mineiros que venderam a sua empresa após 40 anos navegando nas águas turvas do mercado brasileiro a um grupo espanhol orgulhavam-se e achavam que um dos ativos mais importantes da empresa era a sua gestão transparente. Sem propina aos compradores, fiscais, ou seja quem fosse, era um ativo importante para eles. E os espanhóis, com aquela franqueza ibérica glacial, chamaram os mineiros simplesmente de idiotas por não saberem fazer negócios no Brasil, onde você corrompendo, principalmente na área elétrica, pode ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro país!
E esta semana, pela primeira vez, a União Européia, oficialmente declarou que, em todos os seus membros, existe corrupção. E que traz prejuízos em mais de 360 bilhões de reais ao ano aos seus contribuintes. Acabou-se o cinismo de dizer que a corrupção, e em especial no setor público, é privilégio dos sub-desenvolvidos. Mas, não acabou de todo porque a imprensa européia quase não falou desse estudo de 41 páginas e a funcionária da União Européia foi enfática ao declarar que isso é só o inicio e que medidas práticas ainda serão tomadas. A maior parte desse processo corruptor acontece nas áreas de saúde, construção civil e desenvolvimento urbano e na de telecomunicações. Portanto, até nesse ponto os europeus estão se desenvolvendo bem.
E aí lembramos das estórias dos primeiros portugueses chegando ao Brasil, já oferecendo bugigangas aos nativos. E daí em diante, os que vieram trouxeram práticas que, justiça seja feita, também encontraram terra fértil na Brasilea, que foram só sendo aperfeiçoadas. O caso mais recente de duas empresas européias, Alstom e Siemens, é só a ponta do Icebergue da contribuição nessa área que trouxeram para Brasil. É comum achar, como aqueles espanhóis que se implantaram aqui, que no Brasil só se ganha dinheiro com corrupção. Mas se esquece que, sem os corruptores, não há corruptos.É incrível que as empresas cujos governos são mestres em dar lições de moral sobre como o país deve combater a corrupção, exercem práticas que lá são ilegais, com a maior tranqüilidade, no Brasil.
Agora o cinismo só vai aumentar, porque os europeus podem, com exceção dos alemães que hoje já possuem uma legislação que proíbe as empresas atuando no exterior de pagar propinas, corromper fora dos seus países. A nova legislação brasileira é um grande avanço quando aplicada direito. Mas, o que de fato falta muito e muito mesmo é, que em vez de termos medo dos corruptos, enfrentemos também os corruptores. E ai, não tem nacionalidade nem origem. Quem sabe com isso em vez dos empresários criticarem que há corrupção, adotem o NÃO em todas as suas formas e conteúdos. Inclusive na política.
Stefan B. Salej
5.2.2014.
Dos emergentes em desenvolvimento
Na época da ditadura militar no Brasil, que aliás no mês de março próximo fará 50 anos que começou justamente em Minas Gerais, prendia-se a torto e a direito. Assim, prenderam um advogado que exigia prisão especial. Tinha direito, pela lei também desrespeitada a torto e a direito. O Coronel do exército onde o cidadão estava preso atendeu às reclamações do advogado. Na mesma cela imunda, cheia de sangue na parede dos torturados, colocou na porta de fora a placa: Prisão especial. E mandou cobrir o preso de porradas para calar a boca.
Era o Brasil em desenvolvimento. Aliás, o Brasil tinha economistas e sociólogos mundialmente famosos, como Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, com suas teorias sobre o desenvolvimento. Ou nosso sub-desenvolvimento. E aí os banqueiros resolveram trocar, como o coronel, a placa: os emergentes, BRICS. E na última semana durante os dias maravilhosos que a elite econômica mundial passou em Davos, na Suíça, discutindo como melhorar o mundo no qual 85 trilionários, pessoas físicas, para não termos dúvida, possuem a riqueza correspondente a três bilhões de outros cidadãos comuns, mudaram a nossa placa de novo: países frágeis. India, Indonésia, Africa do Sul, Turquia e nós, ex-emergentes. Aí, no meio do solo do discurso brasileiro, tentando convencer esse mundo maravilhoso de investidores estrangeiros de que o Brasil merece crédito porque temos uma administração econômica maravilhosa, a vizinha Argentina desvaloriza a sua moeda e puxa o gatilho de uma crise nos mercados de câmbios dos ex-países em desenvolvimento, agora emergentes. E no meio dessa crise, enquanto o Banco Central turco tomavam decisão de administrar a sua moeda à meia noite e reagia, os países latino americanos, reunidos sob a égide da nova organização CELAC, discutiam em Havana, tudo inclusive como Cuba é linda, com exceção da crise financeira que ainda não acabou.
Os Estados Unidos estão saindo da crise, o banco central norte-americano anunciou menos dinheiro barato para a economia e mais controles sobre bancos, e a China, que está dando sinais claros de crescimento um pouco menor, continua sólida. A crise da Europa passou para os emergentes e o dinheiro vai fluir para os Estados Unidos, Europa e China, em menor escala. Por isso, por mais que se diga que nada temos a que ver com a Argentina e a sua crise, o fato é que vai faltar dólar para cobrir as contas no Brasil. Os investimentos estrangeiros, mesmo com toda a conversa existente, estão secando. Veja quanto o setor automobilístico investiu, quanto de benesses recebeu e quanto remeteu. Só as autopeças são deficitárias em dez bilhões de dólares. E tem mais, a nossa fragilidade são as reformas política e fiscal, e a prioridade agora é a Copa, com estádios. É, trocaram a placa mas o resto continua o mesmo.
Stefan B. Salej
30.1.2014.
Na época da ditadura militar no Brasil, que aliás no mês de março próximo fará 50 anos que começou justamente em Minas Gerais, prendia-se a torto e a direito. Assim, prenderam um advogado que exigia prisão especial. Tinha direito, pela lei também desrespeitada a torto e a direito. O Coronel do exército onde o cidadão estava preso atendeu às reclamações do advogado. Na mesma cela imunda, cheia de sangue na parede dos torturados, colocou na porta de fora a placa: Prisão especial. E mandou cobrir o preso de porradas para calar a boca.
Era o Brasil em desenvolvimento. Aliás, o Brasil tinha economistas e sociólogos mundialmente famosos, como Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, com suas teorias sobre o desenvolvimento. Ou nosso sub-desenvolvimento. E aí os banqueiros resolveram trocar, como o coronel, a placa: os emergentes, BRICS. E na última semana durante os dias maravilhosos que a elite econômica mundial passou em Davos, na Suíça, discutindo como melhorar o mundo no qual 85 trilionários, pessoas físicas, para não termos dúvida, possuem a riqueza correspondente a três bilhões de outros cidadãos comuns, mudaram a nossa placa de novo: países frágeis. India, Indonésia, Africa do Sul, Turquia e nós, ex-emergentes. Aí, no meio do solo do discurso brasileiro, tentando convencer esse mundo maravilhoso de investidores estrangeiros de que o Brasil merece crédito porque temos uma administração econômica maravilhosa, a vizinha Argentina desvaloriza a sua moeda e puxa o gatilho de uma crise nos mercados de câmbios dos ex-países em desenvolvimento, agora emergentes. E no meio dessa crise, enquanto o Banco Central turco tomavam decisão de administrar a sua moeda à meia noite e reagia, os países latino americanos, reunidos sob a égide da nova organização CELAC, discutiam em Havana, tudo inclusive como Cuba é linda, com exceção da crise financeira que ainda não acabou.
Os Estados Unidos estão saindo da crise, o banco central norte-americano anunciou menos dinheiro barato para a economia e mais controles sobre bancos, e a China, que está dando sinais claros de crescimento um pouco menor, continua sólida. A crise da Europa passou para os emergentes e o dinheiro vai fluir para os Estados Unidos, Europa e China, em menor escala. Por isso, por mais que se diga que nada temos a que ver com a Argentina e a sua crise, o fato é que vai faltar dólar para cobrir as contas no Brasil. Os investimentos estrangeiros, mesmo com toda a conversa existente, estão secando. Veja quanto o setor automobilístico investiu, quanto de benesses recebeu e quanto remeteu. Só as autopeças são deficitárias em dez bilhões de dólares. E tem mais, a nossa fragilidade são as reformas política e fiscal, e a prioridade agora é a Copa, com estádios. É, trocaram a placa mas o resto continua o mesmo.
Stefan B. Salej
30.1.2014.
De Davos a Havana
Nos últimos dias, estava fervendo na gelada Suíça. Em Davos, misturaram-se no Fórum Econômico Mundial mais de 40 chefes de governos, entre eles Dilma Roussef, com mais de 3000 empresários, políticos, formadores de opinião pública, contestadores da Ucrânia e Síria. Em mais de 300 eventos, foi debatido de tudo o que alguém possa imaginar. E muitos dos chefes de governos ou ministros, como o indiano das finanças, apresentaram argumentos fortes para convencer os banqueiros a investir mais nos seus países. Alias,
o que o Brasil também fez. Com a cabeça erguida e argumentos fortes e espírito soberano, disse-se com todas as letras que o Brasil está no caminho certo. Mesmo que espionado pelos americanos, que ainda nos castigam com a valorização da sua moeda, o Brasil vai para a frente. Algo no estilo os cães ladram e a caravana passa. Se convenceu ou não, só saberemos no futuro. Mais prático e pé no chão foi o Governador Antonio Anastasia, que sabia o seu papel. E só manteve contatos para trazer investidores para Minas, que ficou muito mal no retrato com o episódio da Anglo American, tratada mais como inimiga do que como amiga ( a estrada pela qual deram 200 milhões para uma entidade governamental ainda não viu a cor de asfalto ). Contatos reais do mais alto nível.
Mas a efervescência continuou com os encontros no Comitê Olímpico Internacional e na FIFA. O Ministro dos Esportes deixou a própria Presidente tratar diretamente dos nossos
probleminhas. Para que temos ministro nessa área se ele, em vez de proteger a Presidente, a expõe, perguntaram uma vez já na antigüidade. Os presidentes das duas entidades são recebidos pelos chefes dos governos porque, independentemente de toda a retórica, as duas organizações cuidam mais de ganhar dinheiro do que de esporte. Que o digam os sul-africanos, que organizaram última Copa, e os russos que gastaram 51 bilhões para os jogos olímpicos de inverno, que começam em fevereiro.
E a outra reunião foi a sobre Síria. Quarenta chefes de diplomacia, entre os quais um representante brasileiro, tentarão mais uma vez encontrar uma solução para a tragédia que passa ao vivo e a cores todo dia perante nossos olhos e nossa indiferença. Dois milhões de refugiados, mais de 200 mil mortos, crianças e mulheres, com famílias inteiras destruídas. Pela história e valores que Brasil representou no mundo e com a comunidade Síria no País que tanto contribui para o seu desenvolvimento, essa reunião não podia ser nada mais do que de importância primordial.
A numerosa delegação brasileira seguiu da gelada Suíça para Havana. Do lugar onde o Brasil era um dos "convenci os outros" para o lugar onde é venerado e querido. E pudera, com créditos a longo prazo, Cuba deve aos países da União Européia há mais de 20 anos e não paga, enquanto médicos cubanos trabalhando no Brasil trazem divisas para o Pais. Do gelo para alegria tropical.
Stefan B. Salej
22.1.2014.
Nos últimos dias, estava fervendo na gelada Suíça. Em Davos, misturaram-se no Fórum Econômico Mundial mais de 40 chefes de governos, entre eles Dilma Roussef, com mais de 3000 empresários, políticos, formadores de opinião pública, contestadores da Ucrânia e Síria. Em mais de 300 eventos, foi debatido de tudo o que alguém possa imaginar. E muitos dos chefes de governos ou ministros, como o indiano das finanças, apresentaram argumentos fortes para convencer os banqueiros a investir mais nos seus países. Alias,
o que o Brasil também fez. Com a cabeça erguida e argumentos fortes e espírito soberano, disse-se com todas as letras que o Brasil está no caminho certo. Mesmo que espionado pelos americanos, que ainda nos castigam com a valorização da sua moeda, o Brasil vai para a frente. Algo no estilo os cães ladram e a caravana passa. Se convenceu ou não, só saberemos no futuro. Mais prático e pé no chão foi o Governador Antonio Anastasia, que sabia o seu papel. E só manteve contatos para trazer investidores para Minas, que ficou muito mal no retrato com o episódio da Anglo American, tratada mais como inimiga do que como amiga ( a estrada pela qual deram 200 milhões para uma entidade governamental ainda não viu a cor de asfalto ). Contatos reais do mais alto nível.
Mas a efervescência continuou com os encontros no Comitê Olímpico Internacional e na FIFA. O Ministro dos Esportes deixou a própria Presidente tratar diretamente dos nossos
probleminhas. Para que temos ministro nessa área se ele, em vez de proteger a Presidente, a expõe, perguntaram uma vez já na antigüidade. Os presidentes das duas entidades são recebidos pelos chefes dos governos porque, independentemente de toda a retórica, as duas organizações cuidam mais de ganhar dinheiro do que de esporte. Que o digam os sul-africanos, que organizaram última Copa, e os russos que gastaram 51 bilhões para os jogos olímpicos de inverno, que começam em fevereiro.
E a outra reunião foi a sobre Síria. Quarenta chefes de diplomacia, entre os quais um representante brasileiro, tentarão mais uma vez encontrar uma solução para a tragédia que passa ao vivo e a cores todo dia perante nossos olhos e nossa indiferença. Dois milhões de refugiados, mais de 200 mil mortos, crianças e mulheres, com famílias inteiras destruídas. Pela história e valores que Brasil representou no mundo e com a comunidade Síria no País que tanto contribui para o seu desenvolvimento, essa reunião não podia ser nada mais do que de importância primordial.
A numerosa delegação brasileira seguiu da gelada Suíça para Havana. Do lugar onde o Brasil era um dos "convenci os outros" para o lugar onde é venerado e querido. E pudera, com créditos a longo prazo, Cuba deve aos países da União Européia há mais de 20 anos e não paga, enquanto médicos cubanos trabalhando no Brasil trazem divisas para o Pais. Do gelo para alegria tropical.
Stefan B. Salej
22.1.2014.
Da Malacacheta e Davos
Os eleitores do deputado Fabio Ramalho em Malacacheta, no norte de Minas, provavelmente não sabem nem onde fica a aldeia de Davos, na Suíça, e muito menos o que os visitantes fazem naquela cidade. E estes, com certeza absoluta, não tem nenhuma idéia de onde fica essa cidade mineira e de que vivem os seus habitantes. Mas a Presidente Dilma sabe e conhece uns e outros. E vai a Davos ver os seus visitantes, que parecem marcianos aos mineiros do Norte, de tão distantes, para falar do Brasil de Malacacheta. Simples assim, no inverno gelado, com temperatura de dez graus abaixo de zero em Davos e 35 graus acima de zero em Minas.
Lá na Suíça estão o que o Ministro da Fazenda do Brasil chamou de nervosinhos, ou seja, banqueiros que estão ansiosamente esperando bons números sobre a economia brasileira para investir mais. Os investidores estrangeiros precisam acreditar que o Brasil está indo bem, para colocar mais dinheiro. E Dilma, com sua corte, tentará fazer isso, dar confiança aos mercados. O Fórum Econômico Mundial, um centro de debates e estudos, para o qual a Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte prepara estudos sobre Brasil, é uma instituição respeitada pela capacidade de trazer para os seus quase 300 eventos em três dias, no final de cada janeiro, líderes políticos, pensadores e até artistas, para debater o mundo e suas mazelas e alegrias.
Este ano vão falar muito da Síria, Ucrânia, sempre dos Estados Unidos, China, Índia, África do Sul, América Latina, do meio ambiente, de tecnologias e inclusive da espionagem norte-americana. A quantidade de opiniões emitidas e de conselhos a terceiros é de tal proporção que resolveria os problemas do mundo para no mínimo dois séculos. Mas, no programa oficial na data de hoje, a nossa Presidenta não terá uma sessão especial e exclusiva, como os representantes dos outros países. Claro que isso pode mudar.
O Brasil, que fundou também o ante-Davos, o Fórum social de Porto Alegre, apesar dos dados econômicos nada alvissareiros, é um país importante no cenário mundial. Em Davos, não entra pela porta do fundo. Mas, entrando pela porta de frente, tem que mostrar com seriedade e profissionalismo que merece seu lugar de respeito. O público que estará lá não vota como o de Malacacheta, mas decide eleição. E enquanto uns estão satisfeitos com a Bolsa família, outros querem a Bolsa tubarão. Como convencê-los de que, mesmo não conseguindo os resultados que todos desejamos, podemos conseguir melhores resultados. Pode ser que a verdade, e não a criatividade contábil pública, seja um bom caminho. Nem em Malacacheta e nem em Davos há bobos!
Stefan B. Salej
10.1.2013.
Os eleitores do deputado Fabio Ramalho em Malacacheta, no norte de Minas, provavelmente não sabem nem onde fica a aldeia de Davos, na Suíça, e muito menos o que os visitantes fazem naquela cidade. E estes, com certeza absoluta, não tem nenhuma idéia de onde fica essa cidade mineira e de que vivem os seus habitantes. Mas a Presidente Dilma sabe e conhece uns e outros. E vai a Davos ver os seus visitantes, que parecem marcianos aos mineiros do Norte, de tão distantes, para falar do Brasil de Malacacheta. Simples assim, no inverno gelado, com temperatura de dez graus abaixo de zero em Davos e 35 graus acima de zero em Minas.
Lá na Suíça estão o que o Ministro da Fazenda do Brasil chamou de nervosinhos, ou seja, banqueiros que estão ansiosamente esperando bons números sobre a economia brasileira para investir mais. Os investidores estrangeiros precisam acreditar que o Brasil está indo bem, para colocar mais dinheiro. E Dilma, com sua corte, tentará fazer isso, dar confiança aos mercados. O Fórum Econômico Mundial, um centro de debates e estudos, para o qual a Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte prepara estudos sobre Brasil, é uma instituição respeitada pela capacidade de trazer para os seus quase 300 eventos em três dias, no final de cada janeiro, líderes políticos, pensadores e até artistas, para debater o mundo e suas mazelas e alegrias.
Este ano vão falar muito da Síria, Ucrânia, sempre dos Estados Unidos, China, Índia, África do Sul, América Latina, do meio ambiente, de tecnologias e inclusive da espionagem norte-americana. A quantidade de opiniões emitidas e de conselhos a terceiros é de tal proporção que resolveria os problemas do mundo para no mínimo dois séculos. Mas, no programa oficial na data de hoje, a nossa Presidenta não terá uma sessão especial e exclusiva, como os representantes dos outros países. Claro que isso pode mudar.
O Brasil, que fundou também o ante-Davos, o Fórum social de Porto Alegre, apesar dos dados econômicos nada alvissareiros, é um país importante no cenário mundial. Em Davos, não entra pela porta do fundo. Mas, entrando pela porta de frente, tem que mostrar com seriedade e profissionalismo que merece seu lugar de respeito. O público que estará lá não vota como o de Malacacheta, mas decide eleição. E enquanto uns estão satisfeitos com a Bolsa família, outros querem a Bolsa tubarão. Como convencê-los de que, mesmo não conseguindo os resultados que todos desejamos, podemos conseguir melhores resultados. Pode ser que a verdade, e não a criatividade contábil pública, seja um bom caminho. Nem em Malacacheta e nem em Davos há bobos!
Stefan B. Salej
10.1.2013.
Dos trilhos do Sudão do Sul
O Sudão do Sul tem para a maioria nome de um dos quase seis mil municípios brasileiros. Como há nomes de pessoas os mais diferentes do mundo, também pode haver nomes de municípios os mais diferentes neste Brasil. E por que não esse? Porque esse é um país da África, recente, separado do Sudão, que tinha existido junto ao Egito, do qual se separou com um algodão da qualidade de fazer inveja nas fábricas do falecido José Alencar. E a separação dos dois países foi violenta, principalmente porque a luta não foi de independência por independência, mas porque as grandes petroleiras acharam que podem ter mais lucros no Sudão do Sul do que em um Sudão unido e maior.
É nesse Sudão do Sul, rico em petróleo, que esta jorrando à vontade, que neste final de ano surgiram conflitos armados de grandes proporções. A luta fratricida entre diversas etnias está deslocando milhares de pessoas, provocando milhares de mortes e uma fome que assustou o mundo. As Nações Unidas vão enviar mais de seis mil soldados para a região e mais alimentos. Todas as potências mundiais estão pedindo que as partes em conflito cessem de lutar e iniciem conversações de paz. Tudo em vão, já que nem governo nem rebeldes foram suficientemente derrotados para iniciar negociações.
Mas, o susto que o mundo levou por se iniciar um conflito tão vigoroso em tão pouco tempo, com uma violência que beira o desastre humanitário, não deve ser menor do que o que levaram no Brasil os que estavam engajados em construir uma ferrovia naquele país. Uma empreiteira das alterosas, AG, conseguiu um empréstimo do nosso super banco de desenvolvimento nacional e social para construir mais de 500 km da ferrovia. Um empréstimo que a imprensa avalia em aproximadamente 1 bilhão de dólares ou mais de 2.3 bilhões de reais. E como o Brasil não fábrica nem trilho, segundo Jorge Gerdau porque o mercado não compensa, montamos locomotivas na fábrica da GE em Contagem que está ociosa, e os vagões têm mais partes importadas do que os carros de luxo, acrescentando que não temos mão de obra qualificada, essa obra seria boa para quem?
Estourando a guerra, pode se que os responsáveis revejam os investimentos. Ou não, já que acabamos de cancelar dívidas de alguns países africanos no valor total de mais de dois bilhões de reais. A pergunta é se os nossos investidores, quando vão para exterior pendurados nas garantias e risco do BNDES, realmente analisam qual é a real chance de receber. Parece que as lições mais recentes de penúria venezuelana pouco nos ensinaram. Enquanto a viúva estiver pagando as contas, por que se preocupar?
Stefan B. Salej
26.12.2013.
O Sudão do Sul tem para a maioria nome de um dos quase seis mil municípios brasileiros. Como há nomes de pessoas os mais diferentes do mundo, também pode haver nomes de municípios os mais diferentes neste Brasil. E por que não esse? Porque esse é um país da África, recente, separado do Sudão, que tinha existido junto ao Egito, do qual se separou com um algodão da qualidade de fazer inveja nas fábricas do falecido José Alencar. E a separação dos dois países foi violenta, principalmente porque a luta não foi de independência por independência, mas porque as grandes petroleiras acharam que podem ter mais lucros no Sudão do Sul do que em um Sudão unido e maior.
É nesse Sudão do Sul, rico em petróleo, que esta jorrando à vontade, que neste final de ano surgiram conflitos armados de grandes proporções. A luta fratricida entre diversas etnias está deslocando milhares de pessoas, provocando milhares de mortes e uma fome que assustou o mundo. As Nações Unidas vão enviar mais de seis mil soldados para a região e mais alimentos. Todas as potências mundiais estão pedindo que as partes em conflito cessem de lutar e iniciem conversações de paz. Tudo em vão, já que nem governo nem rebeldes foram suficientemente derrotados para iniciar negociações.
Mas, o susto que o mundo levou por se iniciar um conflito tão vigoroso em tão pouco tempo, com uma violência que beira o desastre humanitário, não deve ser menor do que o que levaram no Brasil os que estavam engajados em construir uma ferrovia naquele país. Uma empreiteira das alterosas, AG, conseguiu um empréstimo do nosso super banco de desenvolvimento nacional e social para construir mais de 500 km da ferrovia. Um empréstimo que a imprensa avalia em aproximadamente 1 bilhão de dólares ou mais de 2.3 bilhões de reais. E como o Brasil não fábrica nem trilho, segundo Jorge Gerdau porque o mercado não compensa, montamos locomotivas na fábrica da GE em Contagem que está ociosa, e os vagões têm mais partes importadas do que os carros de luxo, acrescentando que não temos mão de obra qualificada, essa obra seria boa para quem?
Estourando a guerra, pode se que os responsáveis revejam os investimentos. Ou não, já que acabamos de cancelar dívidas de alguns países africanos no valor total de mais de dois bilhões de reais. A pergunta é se os nossos investidores, quando vão para exterior pendurados nas garantias e risco do BNDES, realmente analisam qual é a real chance de receber. Parece que as lições mais recentes de penúria venezuelana pouco nos ensinaram. Enquanto a viúva estiver pagando as contas, por que se preocupar?
Stefan B. Salej
26.12.2013.
Das caças e das bruxas
Simplesmente parabéns aos atores que decidiram cortar o nó górdico da compra de aviões de caça. Resolveram comprar na Suécia, que ganhou o contrato de 4.5 bilhões de dólares, não por causa do financiamento de 15 anos, nem pela superioridade técnica, mas por causa da inépcia dos competidores, inábeis e prepotentes. A dos franceses, porque o avião oferecido, que o ganhou o título de "não vendável" do venerado diário francês Le Monde e que, com o escândalo de propina da Alstom no Brasil, ficou vulnerável em excesso. A dos americanos que, com a Boeing, usaram o lobby da ex embaixadora norte americana no Brasil D. Hrinak, e ficaram vulneráveis com o escândalo das escutas. E mais: porque não deram garantia suficiente de transferência de tecnologia. E não podiam dar, porque a legislação deles proíbe. E ninguém estava disposto a mudar lei no Congresso norte-americano.
Os suecos ficaram sozinhos, se excluirmos os russos, que têm tecnologia muito mais avançada, mas são russos e comprar deles ainda significa uma virada ideológica inexistente num mundo múltipolar de potências grandes. A Suécia não é grande compradora de nossos produtos, portanto a nossa compra não aumenta as nossas exportações, o que seria o caso com os outros países. Os suecos, que ganharam o apelido de neutros, nem tão neutros são como se apresentam. O fabricante de fósforos, que foram inventados lá, financiou os governos nazistas e fascistas e a dinamite foi inventada lá. E os livros do jornalista falecido Stieg Larsson, descrevendo as tramas de espionagem e o desumano tratamento de mulheres, que foram best sellers, não são ficção, mas a dura realidade sueca, que nem Rainha Silvia, de origem brasileira, pode esconder. E os sul-africanos, que compraram os aviões Gripen, transação sob investigação, podem contar às quantas anda a satisfação com as caças.
Em resumo, não tinha para onde correr e um dia teve que resolver o caso. O Brasil anda demasiado desprotegido e o atraso nos investimentos em infra-estrutura de defesa, para um país de dimensões continentais, são garantia de vulnerabilidade. O mundo é um lugar perigoso e Brasil terá que investir mais também nessa área. A compra dos suecos prevê a fabricação das partes no Brasil, o que gera uma boa oportunidade para solidificar o crescimento de industria de defesa. O sucesso da EMBRAER e o cluster da indústria de defesa em Sao José dos Campos demonstram que podemos vencer essa batalha. Na área naval também há avanços. E Minas, onde fica? No clássico, onde sempre esteve. Mas isso não será suficiente para criar empregos. E o trem passa.
Stefan B. Salej
18.12.2013.
Simplesmente parabéns aos atores que decidiram cortar o nó górdico da compra de aviões de caça. Resolveram comprar na Suécia, que ganhou o contrato de 4.5 bilhões de dólares, não por causa do financiamento de 15 anos, nem pela superioridade técnica, mas por causa da inépcia dos competidores, inábeis e prepotentes. A dos franceses, porque o avião oferecido, que o ganhou o título de "não vendável" do venerado diário francês Le Monde e que, com o escândalo de propina da Alstom no Brasil, ficou vulnerável em excesso. A dos americanos que, com a Boeing, usaram o lobby da ex embaixadora norte americana no Brasil D. Hrinak, e ficaram vulneráveis com o escândalo das escutas. E mais: porque não deram garantia suficiente de transferência de tecnologia. E não podiam dar, porque a legislação deles proíbe. E ninguém estava disposto a mudar lei no Congresso norte-americano.
Os suecos ficaram sozinhos, se excluirmos os russos, que têm tecnologia muito mais avançada, mas são russos e comprar deles ainda significa uma virada ideológica inexistente num mundo múltipolar de potências grandes. A Suécia não é grande compradora de nossos produtos, portanto a nossa compra não aumenta as nossas exportações, o que seria o caso com os outros países. Os suecos, que ganharam o apelido de neutros, nem tão neutros são como se apresentam. O fabricante de fósforos, que foram inventados lá, financiou os governos nazistas e fascistas e a dinamite foi inventada lá. E os livros do jornalista falecido Stieg Larsson, descrevendo as tramas de espionagem e o desumano tratamento de mulheres, que foram best sellers, não são ficção, mas a dura realidade sueca, que nem Rainha Silvia, de origem brasileira, pode esconder. E os sul-africanos, que compraram os aviões Gripen, transação sob investigação, podem contar às quantas anda a satisfação com as caças.
Em resumo, não tinha para onde correr e um dia teve que resolver o caso. O Brasil anda demasiado desprotegido e o atraso nos investimentos em infra-estrutura de defesa, para um país de dimensões continentais, são garantia de vulnerabilidade. O mundo é um lugar perigoso e Brasil terá que investir mais também nessa área. A compra dos suecos prevê a fabricação das partes no Brasil, o que gera uma boa oportunidade para solidificar o crescimento de industria de defesa. O sucesso da EMBRAER e o cluster da indústria de defesa em Sao José dos Campos demonstram que podemos vencer essa batalha. Na área naval também há avanços. E Minas, onde fica? No clássico, onde sempre esteve. Mas isso não será suficiente para criar empregos. E o trem passa.
Stefan B. Salej
18.12.2013.
Da Oropa revivida
A Europa, com a sua União Européia e a sua união monetária, chamada zona do euro, está envelhecida, talvez até cansada, mas continua firme, lá onde sempre esteve. Bem, com os últimos acontecimentos, um pouco mais adiante do que em tempos recentes. A Europa está se movendo de forma dinâmica e quem está apostando na sua decadência total pode perder.
Na área econômica e financeira, há avanços visíveis nas economias européias. Talvez nem tão rápidas como desejável, mas parece que o setor financeiro está sob controle, e o mais importante: o dinamismo competitivo das empresas líderes européias é visível. É o caso da Fiat, que ultrapassou as dificuldades domésticas e se firmou como um dos líderes da indústria, nada menos do que nos Estados Unidos, com a compra da Chrysler. E isso vale para outras indústrias, inclusive para as espanholas que, apesar da crise doméstica, aumentaram em muito suas exportações. Grécia e Chipre são histórias de ajuste do passado e agora devem ganhar competitividade para o futuro.
A União Européia, que finalmente aprovou seu super bilionário orçamento na semana passada, também mostrou as suas garras no acordo com o Irã. A pálida representante européia para política exterior, Lady Ashton, apareceu como a grande articuladora do acordo entre o Irã e as potências mundiais sobre a redução de atividades nucleares daquele país. Um acordo sem dúvida interessante para a Europa, que se abastece com petróleo do Irã e que, devido às sanções impostas àquele país, perdia um mercado interessante. Uma vitória do Pirro, já que o Irã ganha tempo e dinheiro para continuar o seu programa nuclear. O que o Brasil e a Turquia propuseram há alguns anos era muito melhor para o mundo do que o assinaram agora com tanta pompa.
Em outro front, a Ucrânia, grande celeiro de alimentos na porta da Europa, decidiu não se associar à União Européia. Sob protestos ou não, aquele país de 60 milhões de habitantes está na órbita da Rússia. E os russos, que na mesma semana assinaram 28 acordos de cooperação com a Itália na cidade de Trieste, deixaram claro que a União Soviética pode ter acabado, mas a Rússia continua firme e ativa. O urso não está dormindo.
E no campo político ficam algumas lições importantes. Após a queda do teto de um supermercado e lamentáveis mortes, o primeiro ministro da Latvia renunciou. O Parlamento italiano cassou seu ex-primeiro ministro Berlusconi. E os alemães, dois meses após as eleições fizeram a grande coalizão, para o bem do país e o mundo. As lições destes últimos anos reforçam a democracia e a chance de desenvolvimento europeu.
Stefan B. Salej
28.11.2013.
A Europa, com a sua União Européia e a sua união monetária, chamada zona do euro, está envelhecida, talvez até cansada, mas continua firme, lá onde sempre esteve. Bem, com os últimos acontecimentos, um pouco mais adiante do que em tempos recentes. A Europa está se movendo de forma dinâmica e quem está apostando na sua decadência total pode perder.
Na área econômica e financeira, há avanços visíveis nas economias européias. Talvez nem tão rápidas como desejável, mas parece que o setor financeiro está sob controle, e o mais importante: o dinamismo competitivo das empresas líderes européias é visível. É o caso da Fiat, que ultrapassou as dificuldades domésticas e se firmou como um dos líderes da indústria, nada menos do que nos Estados Unidos, com a compra da Chrysler. E isso vale para outras indústrias, inclusive para as espanholas que, apesar da crise doméstica, aumentaram em muito suas exportações. Grécia e Chipre são histórias de ajuste do passado e agora devem ganhar competitividade para o futuro.
A União Européia, que finalmente aprovou seu super bilionário orçamento na semana passada, também mostrou as suas garras no acordo com o Irã. A pálida representante européia para política exterior, Lady Ashton, apareceu como a grande articuladora do acordo entre o Irã e as potências mundiais sobre a redução de atividades nucleares daquele país. Um acordo sem dúvida interessante para a Europa, que se abastece com petróleo do Irã e que, devido às sanções impostas àquele país, perdia um mercado interessante. Uma vitória do Pirro, já que o Irã ganha tempo e dinheiro para continuar o seu programa nuclear. O que o Brasil e a Turquia propuseram há alguns anos era muito melhor para o mundo do que o assinaram agora com tanta pompa.
Em outro front, a Ucrânia, grande celeiro de alimentos na porta da Europa, decidiu não se associar à União Européia. Sob protestos ou não, aquele país de 60 milhões de habitantes está na órbita da Rússia. E os russos, que na mesma semana assinaram 28 acordos de cooperação com a Itália na cidade de Trieste, deixaram claro que a União Soviética pode ter acabado, mas a Rússia continua firme e ativa. O urso não está dormindo.
E no campo político ficam algumas lições importantes. Após a queda do teto de um supermercado e lamentáveis mortes, o primeiro ministro da Latvia renunciou. O Parlamento italiano cassou seu ex-primeiro ministro Berlusconi. E os alemães, dois meses após as eleições fizeram a grande coalizão, para o bem do país e o mundo. As lições destes últimos anos reforçam a democracia e a chance de desenvolvimento europeu.
Stefan B. Salej
28.11.2013.
Da Cristina argentina
Um político saindo de uma operação e se recuperando é um perigo público. No Brasil tivemos a experiência do Presidente Figueiredo, com o nosso Vice Aureliano Chaves. Em geral, pensam que foram traídos durante a sua ausência e que Deus os salvou para governarem ainda pior do que antes. É quase clássico que, depois de um período de recuperação, que lhes dá tempo suficiente para pensar de tudo e sobre tudo, voltem com novas idéias, uma revisão do passado e a firme convicção de que o futuro não pertence ao Deus, mas a eles.
A volta triunfal de Cristina Kirchner, a Presidente da República Argentina, após 47 dias de licença médica e, no meio, eleições parlamentares, à Casa Rosada, sede do governo portenho,, é um caso assim. Perdeu as eleições para o opositor Massi, não confundir com o argentino mas famoso do momento, o jogador de futebol Messi, em campanha para derrubar o kirchnerismo no poder,mas mesmo assim voltou exibindo uma alegria e força ímpares. Fez reforma ministerial com a mão na cintura e mexeu onde mais dói em cada cidadão, e também no argentino: no bolso, na economia.
Mandou o bode expiatório dos últimos desastres econômicos, G.Moreno, para um exílio dourado em Roma e nomeou para seu lugar um jovem declarado marxista, que tomou posse no Ministério da economia em uma Argentina ainda tradicional e engravatada, Axel Kicillof. O cenário da substituição do truculento, grosseiro, falsificador de estatísticas e vendedor de licenças de importação Moreno, por um jovem marxista mais próximo à realidade internacional, é o pior para os exportadores brasileiros. A política econômica, confusa e que não produz crescimento no país vizinho, continua. E, com essa política, é difícil fazer uma parceria que leve os dois países a crescerem mais.
Neste momento em que estamos apresentando a nossa oferta para negociações com a União Européia, a estabilidade política e a oportunidade de crescimento dos vizinhos são fundamentais. Enquanto o Brasil oferece parceria de desenvolvimento, o governo argentino oferece barreiras. Cristina Kirchner, no seu discurso ao voltar ao governo, falou das falidas Aerolineas Argentinas, da petrolífera estatizada, mas nada do MERCOSUL que esta desafinado e nem da crise social que o país vive. E nem das reservas cambiais de 31 bilhões de dólares e nem do dólar no cambio negro alcançando o céu.
Vizinho em permanentes dificuldades e sem perspectiva de solução, é um problema para o Brasil. Nossas exportações para lá são importantes. Mas, vamos ter que esperar mais do que a saída da Presidente do hospital. Esperar que o país como um todo saia do hospital ou hospício.
Stefan B. Salej
20.11.2013.
Um político saindo de uma operação e se recuperando é um perigo público. No Brasil tivemos a experiência do Presidente Figueiredo, com o nosso Vice Aureliano Chaves. Em geral, pensam que foram traídos durante a sua ausência e que Deus os salvou para governarem ainda pior do que antes. É quase clássico que, depois de um período de recuperação, que lhes dá tempo suficiente para pensar de tudo e sobre tudo, voltem com novas idéias, uma revisão do passado e a firme convicção de que o futuro não pertence ao Deus, mas a eles.
A volta triunfal de Cristina Kirchner, a Presidente da República Argentina, após 47 dias de licença médica e, no meio, eleições parlamentares, à Casa Rosada, sede do governo portenho,, é um caso assim. Perdeu as eleições para o opositor Massi, não confundir com o argentino mas famoso do momento, o jogador de futebol Messi, em campanha para derrubar o kirchnerismo no poder,mas mesmo assim voltou exibindo uma alegria e força ímpares. Fez reforma ministerial com a mão na cintura e mexeu onde mais dói em cada cidadão, e também no argentino: no bolso, na economia.
Mandou o bode expiatório dos últimos desastres econômicos, G.Moreno, para um exílio dourado em Roma e nomeou para seu lugar um jovem declarado marxista, que tomou posse no Ministério da economia em uma Argentina ainda tradicional e engravatada, Axel Kicillof. O cenário da substituição do truculento, grosseiro, falsificador de estatísticas e vendedor de licenças de importação Moreno, por um jovem marxista mais próximo à realidade internacional, é o pior para os exportadores brasileiros. A política econômica, confusa e que não produz crescimento no país vizinho, continua. E, com essa política, é difícil fazer uma parceria que leve os dois países a crescerem mais.
Neste momento em que estamos apresentando a nossa oferta para negociações com a União Européia, a estabilidade política e a oportunidade de crescimento dos vizinhos são fundamentais. Enquanto o Brasil oferece parceria de desenvolvimento, o governo argentino oferece barreiras. Cristina Kirchner, no seu discurso ao voltar ao governo, falou das falidas Aerolineas Argentinas, da petrolífera estatizada, mas nada do MERCOSUL que esta desafinado e nem da crise social que o país vive. E nem das reservas cambiais de 31 bilhões de dólares e nem do dólar no cambio negro alcançando o céu.
Vizinho em permanentes dificuldades e sem perspectiva de solução, é um problema para o Brasil. Nossas exportações para lá são importantes. Mas, vamos ter que esperar mais do que a saída da Presidente do hospital. Esperar que o país como um todo saia do hospital ou hospício.
Stefan B. Salej
20.11.2013.
Dos Andes
As atenções neste domingo estão em Santiago de Chile, linda capital chilena, às vezes exageradamente poluída, onde as eleições presidenciais devem, pelas pesquisas, consagrar pela segunda vez como Presidente a socialista Michele Bachelet. 40 anos após o assinado pelos militares do Presidente socialista Salvador Allende e de um dos períodos mais sombrios da história humana no século passado, volta ao poder o socialismo. O Chile é um caso curioso entre as democracias latino-americanas. Já na época do Allende se dizia, entre os jornalistas que cobriam os acontecimentos, que não existia perigo do golpe militar. As instituições democráticas eram sólidas e as forças armadas, profissionais e comprometidas com a democracia.
Um dos maiores enganos da história. Com comprovada interferência dos Estados Unidos, caiu a democracia e começou a ditadura. E com ela, um dos regimes neo-liberais mais engajados que o mundo conheceu. No processo democrático que se seguiu, foi implementada a democracia representativa, as representações políticas clássicas de direita e da esquerda estão se alternando no poder, mas a economia, ainda altamente dependente de matérias primas, leia-se cobre, formou uma base capitalista de fazer inveja a qualquer um. O Chile, falando-se empresarialmente, é uma ilha de exceção na América do Sul. A economia é aberta, com acordos de livre comércio com a União Européia e outros países e empresas altamente competitivas e capitalizadas.
As empresas chilenas estão investindo no mundo inteiro. Compram supermercados em Minas Gerais e indústrias farmacêuticas na África do Sul. Os seus vinhos estão hoje nas melhores mesas em todo o planeta, mesmo se ninguém conhecia suas vinhas há trinta anos. Estão na área energética, bancos e tecnologia. Mas, a maior e mais importante empresa deles, chamada empresa de desenvolvimento e não de mineração ou exploração de cobre, a CODELCO, a PETROBRAS deles, continua estatal. Um modelo estranho para alguns, um misto de forte capitalismo doméstico, uma economia de mercado bem liberal, mas mão forte do Estado na área de desenvolvimento e interesses estratégicos.
Mas, tudo isso, mesmo com vários socialistas no governo, não foi suficiente para melhorar de forma significativa a qualidade de vida dos chilenos. O desemprego continua alto, a educação ainda não está ao alcance de todos e o novo governo da Bachelet terá que investir nisso. A economia de mercado sozinha não foi suficiente para fazer todos os chilenos felizes.
Stefan B. Salej
14.11.2013.
As atenções neste domingo estão em Santiago de Chile, linda capital chilena, às vezes exageradamente poluída, onde as eleições presidenciais devem, pelas pesquisas, consagrar pela segunda vez como Presidente a socialista Michele Bachelet. 40 anos após o assinado pelos militares do Presidente socialista Salvador Allende e de um dos períodos mais sombrios da história humana no século passado, volta ao poder o socialismo. O Chile é um caso curioso entre as democracias latino-americanas. Já na época do Allende se dizia, entre os jornalistas que cobriam os acontecimentos, que não existia perigo do golpe militar. As instituições democráticas eram sólidas e as forças armadas, profissionais e comprometidas com a democracia.
Um dos maiores enganos da história. Com comprovada interferência dos Estados Unidos, caiu a democracia e começou a ditadura. E com ela, um dos regimes neo-liberais mais engajados que o mundo conheceu. No processo democrático que se seguiu, foi implementada a democracia representativa, as representações políticas clássicas de direita e da esquerda estão se alternando no poder, mas a economia, ainda altamente dependente de matérias primas, leia-se cobre, formou uma base capitalista de fazer inveja a qualquer um. O Chile, falando-se empresarialmente, é uma ilha de exceção na América do Sul. A economia é aberta, com acordos de livre comércio com a União Européia e outros países e empresas altamente competitivas e capitalizadas.
As empresas chilenas estão investindo no mundo inteiro. Compram supermercados em Minas Gerais e indústrias farmacêuticas na África do Sul. Os seus vinhos estão hoje nas melhores mesas em todo o planeta, mesmo se ninguém conhecia suas vinhas há trinta anos. Estão na área energética, bancos e tecnologia. Mas, a maior e mais importante empresa deles, chamada empresa de desenvolvimento e não de mineração ou exploração de cobre, a CODELCO, a PETROBRAS deles, continua estatal. Um modelo estranho para alguns, um misto de forte capitalismo doméstico, uma economia de mercado bem liberal, mas mão forte do Estado na área de desenvolvimento e interesses estratégicos.
Mas, tudo isso, mesmo com vários socialistas no governo, não foi suficiente para melhorar de forma significativa a qualidade de vida dos chilenos. O desemprego continua alto, a educação ainda não está ao alcance de todos e o novo governo da Bachelet terá que investir nisso. A economia de mercado sozinha não foi suficiente para fazer todos os chilenos felizes.
Stefan B. Salej
14.11.2013.
Do "socialismo o muerte"
O ministério da felicidade do povo venezuelano que o Presidente Maduro criou não vai mudar a dura realidade da falta de alimentos e produtos essenciais, em um dos países mais ricos do planeta: a Venezuela. Os discursos inflamados contra a oposição, cujo líder, Capriles, foi recebido pelo Papa Francisco (que nomeou o ex-Núncio Apostólico em Caracas para o posto mais importante do Vaticano e portanto sabe o que acontece por lá ) não repõem as prateleiras dos supermercados. O país, grande exportador de petróleo para os Estados Unidos, também vive uma crise cambial. Os dólares no câmbio negro valem 30 vezes mais do que no câmbio oficial. E não há dólares no câmbio oficial para pagar as contas. As empresas devem no exterior, o governo não lhes fornece dólares, e o calote está na porta de muita gente. Mesmo as empresas dos países amigos, como o Brasil, não recebem. E os atrasos já estão ultrapassando alguns bilhões de dólares.
A crise venezuelana não tem origem no Chavismo. As origens montam à má gestão de recursos públicos há décadas. Uma corrupção endêmica e a falta de políticas sociais e de desenvolvimento levaram à quebra do Estado venezuelano há muito tempo. A chegada do populista Chavez, a quem efetivamente o Brasil ajudou a assumir e a manter-se no governo, foi só um episódio a mais na história quase trágica desse vizinho ao norte do Brasil. Chavez, ao seu modo e à sua maneira, quis dar uma resposta aos graves problemas sociais do rico país, mas de um lado ficou isolado enfrentando uma forte oposição dos Estados Unidos e de outro lado fez alianças que não lhe deram a sustentabilidade no seu modelo de gestão do estado. E com um populismo sem par, aproveitou o preço alto do petróleo e simplesmente gastou o dinheiro. Nem desenvolveu o país, nem estruturou as finanças públicas, e destruiu a economia. O projeto de socialismo do século vinte, "Socialismo o Muerte", como cumprimentava a guarda presidencial os visitantes estrangeiros, virou, com o seu sucessor, lamentavelmente, " muerte del socialismo".
O Brasil, que empurrou a Venezuela para dentro do Mercosul e gerou uma crise da associação ainda não resolvida, tem no problema venezuelano um problema ainda maior. Em primeiro lugar, os não-pagamentos e a redução de mercado para as nossas exportações, afetam em muito as contas públicas brasileiras, sem falar da fragilidade das empresas. E o nó górdico da situação política e econômica vai exigir muita, mas muita habilidade e parceria com outros países. Oxalá a crise não termine em banho de sangue.
Stefan B. Salej
6.11.2013.
O ministério da felicidade do povo venezuelano que o Presidente Maduro criou não vai mudar a dura realidade da falta de alimentos e produtos essenciais, em um dos países mais ricos do planeta: a Venezuela. Os discursos inflamados contra a oposição, cujo líder, Capriles, foi recebido pelo Papa Francisco (que nomeou o ex-Núncio Apostólico em Caracas para o posto mais importante do Vaticano e portanto sabe o que acontece por lá ) não repõem as prateleiras dos supermercados. O país, grande exportador de petróleo para os Estados Unidos, também vive uma crise cambial. Os dólares no câmbio negro valem 30 vezes mais do que no câmbio oficial. E não há dólares no câmbio oficial para pagar as contas. As empresas devem no exterior, o governo não lhes fornece dólares, e o calote está na porta de muita gente. Mesmo as empresas dos países amigos, como o Brasil, não recebem. E os atrasos já estão ultrapassando alguns bilhões de dólares.
A crise venezuelana não tem origem no Chavismo. As origens montam à má gestão de recursos públicos há décadas. Uma corrupção endêmica e a falta de políticas sociais e de desenvolvimento levaram à quebra do Estado venezuelano há muito tempo. A chegada do populista Chavez, a quem efetivamente o Brasil ajudou a assumir e a manter-se no governo, foi só um episódio a mais na história quase trágica desse vizinho ao norte do Brasil. Chavez, ao seu modo e à sua maneira, quis dar uma resposta aos graves problemas sociais do rico país, mas de um lado ficou isolado enfrentando uma forte oposição dos Estados Unidos e de outro lado fez alianças que não lhe deram a sustentabilidade no seu modelo de gestão do estado. E com um populismo sem par, aproveitou o preço alto do petróleo e simplesmente gastou o dinheiro. Nem desenvolveu o país, nem estruturou as finanças públicas, e destruiu a economia. O projeto de socialismo do século vinte, "Socialismo o Muerte", como cumprimentava a guarda presidencial os visitantes estrangeiros, virou, com o seu sucessor, lamentavelmente, " muerte del socialismo".
O Brasil, que empurrou a Venezuela para dentro do Mercosul e gerou uma crise da associação ainda não resolvida, tem no problema venezuelano um problema ainda maior. Em primeiro lugar, os não-pagamentos e a redução de mercado para as nossas exportações, afetam em muito as contas públicas brasileiras, sem falar da fragilidade das empresas. E o nó górdico da situação política e econômica vai exigir muita, mas muita habilidade e parceria com outros países. Oxalá a crise não termine em banho de sangue.
Stefan B. Salej
6.11.2013.
Do Mister e mistério X
Nenhuma notícia do Brasil na imprensa mundial e corredores dos poderosos das finanças nestes dias, por mais positiva ou trágica que seja, suplanta o noticiário sobre Industrial do Ano 2012 de Minas Gerais, ilustre mineiro de Governador Valadares, paladino do sucesso empreendedor nacional, Mr. X das empresas X ( antes multiplicação e agora mistério ) Eike Batista. Da fortuna de exatos 3 anos atrás, de 75 bilhões de reais (o valor da receita total do Estado de Minas neste ano), as empresas sempre denominadas X estão, com o último pedido de recuperação judicial da maior delas, OGX, valendo, por enquanto, 6 bilhões de reais. O símbolo do capitalismo nacional, exemplo aplaudido por apresentar a nossa capacidade de empreender, virou fumaça. E com ele, quem mais?
Fundos de investimentos e bancos estão assustados porque não se sabe como vão correr esses processos de recuperação judicial. Na verdade, há temor de que não sobre mais nada a receber. Quando o grupo do Eike deixou de pagar aos proprietários dos títulos que venciam em 1º de outubro, muita gente lembrou que, quando a distribuidora de energia CELPA no Pará quebrou, os detentores de títulos só receberam 17.5 %. Ou seja, por cada 100 dólares investidos, recebiam menos de 18 dólares e perdiam 76 dólares. Multiplique isso por milhões e veja quem ficou feliz.
No caso de Mister X, a pergunta principal é por que tantos investidores confiaram em um conglomerado tão fictício como o que ele construiu. A primeira resposta: todos acreditavam que, em caso do fiasco, governo não deixaria de comparecer. Dois, acreditava -se que a economia brasileira ia crescer mais do que cresce e que os ex-funcionários da PETROBRAS e ELETROBRAS, que deixaram as empresas para ganhar muito dinheiro com Eike, iam balançá-las a favor do grupo X. Nada disso aconteceu.
As consequências deste mistério do mister X são desastrosas. E em especial para Minas, onde além de estragos nos projetos que tocou, como a mineração Minas Novas e a fábrica de semicondutores, deixou um buraco do tamanho de um vulcão nas empresas mineiras que o homenagearam ano passado porque ele era o grande comprador. Muita gente tem muito a receber e dificilmente verá este dinheiro.
Com o título de maior rombo latino-americano neste século, os investidores estrangeiros estão com medo de novos Eikes. O toque de ouro virou toque de prejuízo. E mais, ruiu o símbolo de empreendorismo falso, o que nem tão ruim no final das contas é.
Stefan B. Salej
31.10.2013.
Nenhuma notícia do Brasil na imprensa mundial e corredores dos poderosos das finanças nestes dias, por mais positiva ou trágica que seja, suplanta o noticiário sobre Industrial do Ano 2012 de Minas Gerais, ilustre mineiro de Governador Valadares, paladino do sucesso empreendedor nacional, Mr. X das empresas X ( antes multiplicação e agora mistério ) Eike Batista. Da fortuna de exatos 3 anos atrás, de 75 bilhões de reais (o valor da receita total do Estado de Minas neste ano), as empresas sempre denominadas X estão, com o último pedido de recuperação judicial da maior delas, OGX, valendo, por enquanto, 6 bilhões de reais. O símbolo do capitalismo nacional, exemplo aplaudido por apresentar a nossa capacidade de empreender, virou fumaça. E com ele, quem mais?
Fundos de investimentos e bancos estão assustados porque não se sabe como vão correr esses processos de recuperação judicial. Na verdade, há temor de que não sobre mais nada a receber. Quando o grupo do Eike deixou de pagar aos proprietários dos títulos que venciam em 1º de outubro, muita gente lembrou que, quando a distribuidora de energia CELPA no Pará quebrou, os detentores de títulos só receberam 17.5 %. Ou seja, por cada 100 dólares investidos, recebiam menos de 18 dólares e perdiam 76 dólares. Multiplique isso por milhões e veja quem ficou feliz.
No caso de Mister X, a pergunta principal é por que tantos investidores confiaram em um conglomerado tão fictício como o que ele construiu. A primeira resposta: todos acreditavam que, em caso do fiasco, governo não deixaria de comparecer. Dois, acreditava -se que a economia brasileira ia crescer mais do que cresce e que os ex-funcionários da PETROBRAS e ELETROBRAS, que deixaram as empresas para ganhar muito dinheiro com Eike, iam balançá-las a favor do grupo X. Nada disso aconteceu.
As consequências deste mistério do mister X são desastrosas. E em especial para Minas, onde além de estragos nos projetos que tocou, como a mineração Minas Novas e a fábrica de semicondutores, deixou um buraco do tamanho de um vulcão nas empresas mineiras que o homenagearam ano passado porque ele era o grande comprador. Muita gente tem muito a receber e dificilmente verá este dinheiro.
Com o título de maior rombo latino-americano neste século, os investidores estrangeiros estão com medo de novos Eikes. O toque de ouro virou toque de prejuízo. E mais, ruiu o símbolo de empreendorismo falso, o que nem tão ruim no final das contas é.
Stefan B. Salej
31.10.2013.
Das armas russas
Eles, os russos do Kalisnikov, o fuzil mais usado no mundo, nos venderam 1 bilhão de dólares de armas sofisticadas. Antes, os russos, segundos maiores exportadores de armas do mundo, uma indústria que representa 25 % da produção industrial do país e exporta oficialmente mais de 15 bilhões de dólares, já venderam ao Brasil helicópteros. Para os quais, aliás, segundo o noticiário, estão faltando peças de reposição. A indústria bélica russa, que vendeu recentemente 3.2 bilhões de dólares para a Venezuela, está se expandindo também na América Latina. A delegação que visitou o Brasil, sob o comando do próprio Ministro da Defesa russo, vai vender armas ao Peru. A decisão brasileira de comprar equipamentos sofisticados russos não é só um negocio, é mudança estratégica de toda a política de defesa e externa brasileira.
Parcialmente, isso tem algo a ver com os BRICS, a união do Brasil, Rússia, India, China e África do Sul. Alias, a Índia sempre foi o maior mercado para as armas russas. Índia, Brasil e África do Sul, o grupo IBSA, têm uma cooperação exemplar na área militar. E aí fica a pergunta: a maior e mais eficiente cooperação destes países será militar ? No momento, parece assim, sendo que a China ainda não entrou fortemente no mercado de defesa mundial, apesar do forte reaparelhamento de suas forças armadas, acima da média mundial. E parece que estão desenvolvendo juntos aviões de caça, que aliás os russos querem vender ou alugar ao Brasil.
Assim, chegamos ao X do problema. A compra de aviões de combate, que está se prolongando além do limite do interesse nacional, deixando o país desprotegido, vai definir nossas alianças estratégicas por muito tempo. Se os russos ou franceses, o Presidente Hollande vem ao Brasil para também tentar vender aviões, acham que o caso de espionagem americana abre mais espaço para eles, estão enganados. Os militares brasileiros hoje em dia sabem distinguir bem entre o interesse estratégico do país e um episódio esporádico de espionagem.
No final ainda fica a pergunta nessa história russa: o que vamos vender para russos. Se compramos bilhões de armas, só podemos oferecer carnes, que eles permanentemente rejeitam, em nome de barreiras sanitárias. O fato é que o nosso intercâmbio não aumentará de forma significativa a nosso favor com a compra de armas russas. Precisa ser feita uma parceria mais consiste de desenvolvimento dos dois países. Mas os russos historicamente não criam alianças, nem parcerias, mas abraço de urso.
Stefan B. Salej
17.9.2013.
Eles, os russos do Kalisnikov, o fuzil mais usado no mundo, nos venderam 1 bilhão de dólares de armas sofisticadas. Antes, os russos, segundos maiores exportadores de armas do mundo, uma indústria que representa 25 % da produção industrial do país e exporta oficialmente mais de 15 bilhões de dólares, já venderam ao Brasil helicópteros. Para os quais, aliás, segundo o noticiário, estão faltando peças de reposição. A indústria bélica russa, que vendeu recentemente 3.2 bilhões de dólares para a Venezuela, está se expandindo também na América Latina. A delegação que visitou o Brasil, sob o comando do próprio Ministro da Defesa russo, vai vender armas ao Peru. A decisão brasileira de comprar equipamentos sofisticados russos não é só um negocio, é mudança estratégica de toda a política de defesa e externa brasileira.
Parcialmente, isso tem algo a ver com os BRICS, a união do Brasil, Rússia, India, China e África do Sul. Alias, a Índia sempre foi o maior mercado para as armas russas. Índia, Brasil e África do Sul, o grupo IBSA, têm uma cooperação exemplar na área militar. E aí fica a pergunta: a maior e mais eficiente cooperação destes países será militar ? No momento, parece assim, sendo que a China ainda não entrou fortemente no mercado de defesa mundial, apesar do forte reaparelhamento de suas forças armadas, acima da média mundial. E parece que estão desenvolvendo juntos aviões de caça, que aliás os russos querem vender ou alugar ao Brasil.
Assim, chegamos ao X do problema. A compra de aviões de combate, que está se prolongando além do limite do interesse nacional, deixando o país desprotegido, vai definir nossas alianças estratégicas por muito tempo. Se os russos ou franceses, o Presidente Hollande vem ao Brasil para também tentar vender aviões, acham que o caso de espionagem americana abre mais espaço para eles, estão enganados. Os militares brasileiros hoje em dia sabem distinguir bem entre o interesse estratégico do país e um episódio esporádico de espionagem.
No final ainda fica a pergunta nessa história russa: o que vamos vender para russos. Se compramos bilhões de armas, só podemos oferecer carnes, que eles permanentemente rejeitam, em nome de barreiras sanitárias. O fato é que o nosso intercâmbio não aumentará de forma significativa a nosso favor com a compra de armas russas. Precisa ser feita uma parceria mais consiste de desenvolvimento dos dois países. Mas os russos historicamente não criam alianças, nem parcerias, mas abraço de urso.
Stefan B. Salej
17.9.2013.
Da mami poderosa
Nesta semana, temos esperança de que não somos espionados pelos Estados Unidos. O que foi mostrado pelo Fantástico no fim da semana, era do passado, mas hoje é hoje. E hoje estão fora de serviço centenas de milhares dos funcionários públicos dos Estados Unidos porque o Congresso norte-americano, dominado pelo Partido Republicano, opositor aos democratas do Presidente Obama, não quer soltar verbas para viabilizar os planos de saúde para todos, transformados em lei há 3 anos. E ai também não liberam pagamentos para pagar funcionários públicos em muitas das áreas, com algumas exceções, como defesa e segurança nacional.
Acontecendo isso nos Estados Unidos, chama-se exercício pleno da democracia. Se acontecesse no Brasil, esperamos que a moda não pegue, seria considerado jabuticaba da democracia. Seríamos criticado dentro e fora do país. Mas, a história acida não acabou. Se o Congresso norte-americano não votar o teto de endividamento dos Estados Unidos até o final da próxima semana, o país não vai poder pagar suas dívidas. Para simplificar: vai ser igual àqueles países africanos que devem ao Brasil e não pagam. Ou igual à Argentina, que entrou em default e declarou o não pagamento de suas dívida externa.
Os republicanos conservadores, que estão provocando esse maremoto, estão se lixando para o mundo. Aliás, os congressistas americanos, na maioria, não têm nem passaporte e preferem votar aumento de despesas militares do que despesas sociais. O negócio deles é derrubar o governo Obama, ou pelo menos enfraquecer, até o ponto de terem chance de ganhar a próxima eleição. O mundo não interessa, a crise que pode ser provocada, desta vez sem retorno a médio prazo, não lhes interessa. Contam só os interesses pessoais e ideológicos e dane-se o mundo.
Como será resolvido, ninguém sabe. Obama nomeou no meio da crise a primeira mulher a dirigir o Banco Central dos Estados Unidos, FED, chama os republicanos de irresponsáveis e está firme em não ceder. Os republicanos chamam Obama de irresponsável porque não cede. O fato é que os políticos norte-americanos fazem tudo sem se preocupar em nada, absolutamente nada, com o resto do mundo. Acham que a liderança monolítica deles é soberana e não querem entender que, se o mundo vai melhor, eles também melhoram. Provocaram a guerra no Iraque, a crise financeira que dura até hoje, mas lutam bravamente contra o terrorismo islâmico. Mas, o preço que pagamos para isso é a submissão total ao interesses deles. As escutas são parte menor do problema.
Stefan B. Salej
9.9.2013.
Nesta semana, temos esperança de que não somos espionados pelos Estados Unidos. O que foi mostrado pelo Fantástico no fim da semana, era do passado, mas hoje é hoje. E hoje estão fora de serviço centenas de milhares dos funcionários públicos dos Estados Unidos porque o Congresso norte-americano, dominado pelo Partido Republicano, opositor aos democratas do Presidente Obama, não quer soltar verbas para viabilizar os planos de saúde para todos, transformados em lei há 3 anos. E ai também não liberam pagamentos para pagar funcionários públicos em muitas das áreas, com algumas exceções, como defesa e segurança nacional.
Acontecendo isso nos Estados Unidos, chama-se exercício pleno da democracia. Se acontecesse no Brasil, esperamos que a moda não pegue, seria considerado jabuticaba da democracia. Seríamos criticado dentro e fora do país. Mas, a história acida não acabou. Se o Congresso norte-americano não votar o teto de endividamento dos Estados Unidos até o final da próxima semana, o país não vai poder pagar suas dívidas. Para simplificar: vai ser igual àqueles países africanos que devem ao Brasil e não pagam. Ou igual à Argentina, que entrou em default e declarou o não pagamento de suas dívida externa.
Os republicanos conservadores, que estão provocando esse maremoto, estão se lixando para o mundo. Aliás, os congressistas americanos, na maioria, não têm nem passaporte e preferem votar aumento de despesas militares do que despesas sociais. O negócio deles é derrubar o governo Obama, ou pelo menos enfraquecer, até o ponto de terem chance de ganhar a próxima eleição. O mundo não interessa, a crise que pode ser provocada, desta vez sem retorno a médio prazo, não lhes interessa. Contam só os interesses pessoais e ideológicos e dane-se o mundo.
Como será resolvido, ninguém sabe. Obama nomeou no meio da crise a primeira mulher a dirigir o Banco Central dos Estados Unidos, FED, chama os republicanos de irresponsáveis e está firme em não ceder. Os republicanos chamam Obama de irresponsável porque não cede. O fato é que os políticos norte-americanos fazem tudo sem se preocupar em nada, absolutamente nada, com o resto do mundo. Acham que a liderança monolítica deles é soberana e não querem entender que, se o mundo vai melhor, eles também melhoram. Provocaram a guerra no Iraque, a crise financeira que dura até hoje, mas lutam bravamente contra o terrorismo islâmico. Mas, o preço que pagamos para isso é a submissão total ao interesses deles. As escutas são parte menor do problema.
Stefan B. Salej
9.9.2013.
Do inferno da primavera árabe
Os massacres no Egito desviam a atenção dos massacres na Líbia, Tunísia, Bahrain, Síria, as confusões no Líbano, e guerras regionais na África. Desviam também a atenção do Iraque, do novo governo no Irã, que continua com a obsessão de destruir Israel, e do Afeganistão e do Yemen, em permanente estado de alerta. Vidas e famílias destruídas, milhões de refugiados, milhares de mortos e um desastre humanitário de proporções que o mundo não queria ver mais após a segunda guerra mundial. O mapa da região coberto de sangue, e a esperança da chamada primavera árabe que trazia a democracia, paz e prosperidade, acabou em banho de sangue.
A discussão sobre a razão do que está acontecendo e quanto tempo isso vai durar não chega a uma conclusão. O que é um fator comum a todos esses acontecimentos é que a descompressão política e o caminho para a democracia que traz mais empregos e prosperidade são parte de um processo longo e pode demorar dezenas de anos, como foi a agonia do comunismo na Europa do Leste. Há também uma luta pelo poder entre vários grupos religiosos, e definitivamente uma luta pelo poder dos radicais islâmicos. Não é só Al Kaida que esta nesse cenário. A Irmandade muçulmana, que esta sendo combatida no Egito, é um movimento atuante em vários países da região. E o Egito, onde a repressão militar está sendo, com apoio e armas americanas, ainda maior, é o ponto de mudança da região. Se cair o Egito, a região passa ser domínio total dos radicais islâmicos.
A outra face da moeda são os países árabes, também islâmicos, produtores de petróleo, que apresentam ilusória tranqüilidade. É o caso dos Emirados e Arabia Saudita. Quanto eles estão envolvidos nesses conflitos, ou quanto estão fora dos conflitos, é um segredo guardado a sete chaves. Mas, não faz muito tempo que o Bahrain era uma ilha de prosperidade e tranqüilidade. E hoje é um terremoto só.
O ajustamento geopolítico da região pode demorar muito e afeta fortemente a recuperação de economia mundial. As soluções que estão acontecendo na região não oferecem nenhuma tranqüilidade. Não se trata só de caminhos marítimos como o Canal de Suez, mas também de petróleo. No caso brasileiro, também de mercados que eram promissores e que estão acabando. Especificamente no caso de Egito, há fábricas brasileiras lá e investimentos egípcios no Brasil. Mas trata-se sobretudo de milhões de pessoas que têm parentes no Brasil. É lamentavelmente uma primavera no inferno.
Stefan B. Salej
15.8.2013.
Os massacres no Egito desviam a atenção dos massacres na Líbia, Tunísia, Bahrain, Síria, as confusões no Líbano, e guerras regionais na África. Desviam também a atenção do Iraque, do novo governo no Irã, que continua com a obsessão de destruir Israel, e do Afeganistão e do Yemen, em permanente estado de alerta. Vidas e famílias destruídas, milhões de refugiados, milhares de mortos e um desastre humanitário de proporções que o mundo não queria ver mais após a segunda guerra mundial. O mapa da região coberto de sangue, e a esperança da chamada primavera árabe que trazia a democracia, paz e prosperidade, acabou em banho de sangue.
A discussão sobre a razão do que está acontecendo e quanto tempo isso vai durar não chega a uma conclusão. O que é um fator comum a todos esses acontecimentos é que a descompressão política e o caminho para a democracia que traz mais empregos e prosperidade são parte de um processo longo e pode demorar dezenas de anos, como foi a agonia do comunismo na Europa do Leste. Há também uma luta pelo poder entre vários grupos religiosos, e definitivamente uma luta pelo poder dos radicais islâmicos. Não é só Al Kaida que esta nesse cenário. A Irmandade muçulmana, que esta sendo combatida no Egito, é um movimento atuante em vários países da região. E o Egito, onde a repressão militar está sendo, com apoio e armas americanas, ainda maior, é o ponto de mudança da região. Se cair o Egito, a região passa ser domínio total dos radicais islâmicos.
A outra face da moeda são os países árabes, também islâmicos, produtores de petróleo, que apresentam ilusória tranqüilidade. É o caso dos Emirados e Arabia Saudita. Quanto eles estão envolvidos nesses conflitos, ou quanto estão fora dos conflitos, é um segredo guardado a sete chaves. Mas, não faz muito tempo que o Bahrain era uma ilha de prosperidade e tranqüilidade. E hoje é um terremoto só.
O ajustamento geopolítico da região pode demorar muito e afeta fortemente a recuperação de economia mundial. As soluções que estão acontecendo na região não oferecem nenhuma tranqüilidade. Não se trata só de caminhos marítimos como o Canal de Suez, mas também de petróleo. No caso brasileiro, também de mercados que eram promissores e que estão acabando. Especificamente no caso de Egito, há fábricas brasileiras lá e investimentos egípcios no Brasil. Mas trata-se sobretudo de milhões de pessoas que têm parentes no Brasil. É lamentavelmente uma primavera no inferno.
Stefan B. Salej
15.8.2013.
Da Copa na Cidade do Cabo
Estar alguns milhares de quilômetros da Pátria amada, de outro lado do Oceano Atlântico, onde há quatro anos atrás também tinha Copa, é uma sensação única de ver as coisas de longe e de uma forma teoricamente mais objetiva. Teoricamente porque os últimos tempos ninguém se dirigia a um brasileiro na África do Sul, e provavelmente também nos outros lugares, sem perguntar : e a Copa? E mais: os mil brasileiros e amigos do Brasil que se juntaram no Clube Alemão da Cidade do Cabo com direito a cozinha,quibe e caipirinha original com cachaça Germana na quinta-feira para torcer para Brasil, deixaram claro que não importam três bilhões de pessoas que viram jogo inaugural da Copa no mundo inteiro, mas importa cada brasileiro em cada canto longe da Brasil que está agora em evidência porque a Copa está no Brasil.
A vista da Copa do mundo é bem interessante. E vista da África do Sul onde após o jogo de quinta-feira no horário local já passando de meia noite passa na Cidade do Cabo por um estádio lindo, iluminado por lua cheia, começa a pensar como vai ser após a Copa. A bola está rolando no campo, na grama de futebol, mas na verdade a bola rola mais fora do campo. Críticas a organização fazem parte do jogo e a FIFA com seu modelo de negócios de hoje foi concebida por um ilustre brasileiro, João Havelange, e executada por esta turma que está aí. E mais, esta 20 Copa caiu não só no meio de eleições no Brasil, mas também no meio das eleições da própria FIFA. Portanto, desmoralizar atuais dirigentes para que não tentem ganhar a eleição, é outra faceta do jogo.
Se Brasil aproveitou bem os 35 bilhões de reais de investimentos na Copa do ponto de vista econômico e de seu desenvolvimento, é uma questão ainda sem resposta. Os patrocínios esportivos somaram mais de 3 bilhões de reais. Houve adoção de inúmeras tecnologias tanto na área de segurança, como avião não pilotado no Rio de Janeiro, como nas outras áreas. Quantas das empresas brasileiras melhoraram a sua competitividade com o conhecimento que adquiriram na Copa e poderão exportar estes conhecimentos, é também uma pergunta sem resposta.
Muitos dos patrocinadores aproveitaram junto com alguns exportadores a imagem de futebol e da Copa para aumentar as suas exportações. Guaraná Antártica nas prateleiras do supermercado na Cidade do Cabo, é um exemplo disso! E mais os produtos artesanais levados pelos donos de Pão de Açúcar para França, é outro exemplo. Teoricamente muito exportadores aproveitaram a Copa para colocar seus produtos no exterior.
Os estrangeiros vêem Brasil como Brasil é, diferente e por isso mesmo interessante. A vinda de muitos dignitários estrangeiros para Copa também dá a chance de avançar nas relações com esses países. Claro que para isso precisa ter a pauta para dar resultado. A Copa é gol, seja no campo, seja nas relações econômicas internacionais, seja na exportação ou tecnologia. É gol que conta!
Stefan B. Salej
13.6.2014.
Estar alguns milhares de quilômetros da Pátria amada, de outro lado do Oceano Atlântico, onde há quatro anos atrás também tinha Copa, é uma sensação única de ver as coisas de longe e de uma forma teoricamente mais objetiva. Teoricamente porque os últimos tempos ninguém se dirigia a um brasileiro na África do Sul, e provavelmente também nos outros lugares, sem perguntar : e a Copa? E mais: os mil brasileiros e amigos do Brasil que se juntaram no Clube Alemão da Cidade do Cabo com direito a cozinha,quibe e caipirinha original com cachaça Germana na quinta-feira para torcer para Brasil, deixaram claro que não importam três bilhões de pessoas que viram jogo inaugural da Copa no mundo inteiro, mas importa cada brasileiro em cada canto longe da Brasil que está agora em evidência porque a Copa está no Brasil.
A vista da Copa do mundo é bem interessante. E vista da África do Sul onde após o jogo de quinta-feira no horário local já passando de meia noite passa na Cidade do Cabo por um estádio lindo, iluminado por lua cheia, começa a pensar como vai ser após a Copa. A bola está rolando no campo, na grama de futebol, mas na verdade a bola rola mais fora do campo. Críticas a organização fazem parte do jogo e a FIFA com seu modelo de negócios de hoje foi concebida por um ilustre brasileiro, João Havelange, e executada por esta turma que está aí. E mais, esta 20 Copa caiu não só no meio de eleições no Brasil, mas também no meio das eleições da própria FIFA. Portanto, desmoralizar atuais dirigentes para que não tentem ganhar a eleição, é outra faceta do jogo.
Se Brasil aproveitou bem os 35 bilhões de reais de investimentos na Copa do ponto de vista econômico e de seu desenvolvimento, é uma questão ainda sem resposta. Os patrocínios esportivos somaram mais de 3 bilhões de reais. Houve adoção de inúmeras tecnologias tanto na área de segurança, como avião não pilotado no Rio de Janeiro, como nas outras áreas. Quantas das empresas brasileiras melhoraram a sua competitividade com o conhecimento que adquiriram na Copa e poderão exportar estes conhecimentos, é também uma pergunta sem resposta.
Muitos dos patrocinadores aproveitaram junto com alguns exportadores a imagem de futebol e da Copa para aumentar as suas exportações. Guaraná Antártica nas prateleiras do supermercado na Cidade do Cabo, é um exemplo disso! E mais os produtos artesanais levados pelos donos de Pão de Açúcar para França, é outro exemplo. Teoricamente muito exportadores aproveitaram a Copa para colocar seus produtos no exterior.
Os estrangeiros vêem Brasil como Brasil é, diferente e por isso mesmo interessante. A vinda de muitos dignitários estrangeiros para Copa também dá a chance de avançar nas relações com esses países. Claro que para isso precisa ter a pauta para dar resultado. A Copa é gol, seja no campo, seja nas relações econômicas internacionais, seja na exportação ou tecnologia. É gol que conta!
Stefan B. Salej
13.6.2014.
Da Argentina fora do campo e da Colômbia goleando
A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.
A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.
Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.
Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.
Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!
Stefan B. Salej
19.6.2014.
A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.
A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.
Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.
Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.
Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!
Stefan B. Salej
19.6.2014.
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