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Thursday, 25 December 2014

DO MUNDO QUE NOS ESPERA EM 2015

A percepção do que aconteceu de mais importante no ano 2014 varia de país para país, de pessoa para pessoa. Podemos concordar porém que alguns eventos atingiram o mundo inteiro. Mas, antes disso não há dúvida alguma, em termos internacionais, a realização da Copa no Brasil e a nossa vexaminosa derrota para Alemanha é para cada um dos brasileiros um fato inesquecível e marcante. Por outro lado, o aumento de desastres naturais, mudança de clima e de temperaturas afetaram o mundo como um todo. E o Ebola, que provocou a morte de mais de dez mil pessoas e está longe de ser dominado. Os terroristas islâmicos, a guerra interminável na Síria, com milhões de refugiados e os ataques de grupos palestinos a Israel também marcaram a presença no cenário mundial. A guerra no Afeganistão que não acaba, e o conflito na Ucrânia que começou, teve lances trágicos de derrubada de avião civil e continua. A isso tudo e muito mais pode-se adicionar o descongelamento de relações entre Estados Unidos e Cuba, a perversa situação política na Venezuela, onde a situação econômica está se deteriorando e as dificuldades sempre presentes na vizinha Argentina. E mais, a queda vertiginosa do preço das matérias primas, onde só o café se salvou. A China diminuindo o seu ritmo, a Europa engatinhando e Estados Unidos dominando novamente o desenvolvimento mundial. O que passou, alguns dizem que é um ano para esquecer, passou e nos deixou algumas lições para 2015. O novo ano traz mais incertezas do que tranqüilidade. Está porém claro que as políticas de baixar os preços de petróleo e aproveitar o conflito entre Rússia e Ucrânia para castigar o urso russo estão desenhando um mundo novo, diferente daquele que vimos 25 anos após a queda do muro. As potências mundiais estão redesenhando o mapa, mas com a presença da China, que se tornou número dois no cenário econômico. Os conflitos regionais, como do Oriente Médio, e o crescimento do poderio nuclear do Irã ainda dominado pelos clérigos muçulmanos radicais, provavelmente vão continuar. O da Ucrânia, também e nada mostra o fim do conflito da Síria ou a derrota dos radicais islâmicos. O terrorismo islâmico radical continuará sendo um dos nossos inimigos globais mais perigosos e que vai afetar a vida de cada um de nós. Mudanças climáticas, mesmo com alguns acordos pífios conseguidos nós últimos tempos, são desprezados em função de interesses individuais de grandes jogadores no tabuleiro mundial.O mesmo vale para os acordos comerciais patrocinados pela Organização Mundial do Comércio.Prevalecem os interesse de grandes países em total detrimento da maioria do mundo. Na base simples: manda que pode e obedece quem tem juízo. Onde fica o Brasil, com o cambaleante Mercosul e outras alianças na América Latina, cabe a cada um de nós avaliar e ao governo determinar o rumo do país no mundo. Stefan Salej 25.12.2014.

Friday, 19 December 2014

DA CUBA VIVA ou VIVA CUBA

De Cuba viva ou viva Cuba Foi o adorado Presidente Kennedy que, em 1962, rompeu as relações diplomáticas dos Estados Unidos com Cuba. De um lado enfrentou Fidel Castro, com mísseis russos virados para os Estados Unidos, e de outro lado tentou invadir Cuba através da Baia dos Porcos, em um dos maiores fracassos militares norte-americanos. E agora, 52 anos depois, outro democrata na presidência norte-americana declara que todo esse bloqueio foi em vão, os cubanos não mudaram, continuam comunistas e os Estados Unidos só perderam. Realmente um jogo perde-perde no lugar de ganha -ganha. Um ano e meio de negociações, com a ajuda do Canadá e da Santa Sé, resultaram em uma abertura entre os dois países, que veio seis anos após a eliminação das sanções européias contra Cuba, processo que aconteceu durante a Presidência da Eslovênia do Conselho Europeu. Troca de espiões, estabelecimento de embaixadas nos dois países, novas medidas para a remessa de dinheiro e mais uma série de outras são importantes, mas ainda há um caminho longo a ser percorrido. E as razões do lado dos norte-americanos são claras: Cuba estava estreitando cada vez mais suas relações com a China, estavam perdendo mercado e os latino-americanos estavam se afastando deles por causa dessa situação perversa. E mais: dois milhões de cubanos na Florida, um dos colégios eleitorais que pode decidir as próximas eleições, almejavam uma mudança dessa política que só prejudicava a todos e não mudava nada. Agora o processo de mudança começou e as negociações para resolver tudo vão ser difíceis e demoradas. Mas, a principal mudança, que é que os Estados Unidos aceitam o modelo chinês em Cuba, ou seja o regime comunista com liberdade de mercado, começou. E com isso as empresas norte-americanas terão um novo lugar de investimentos, verdadeiro maná a 150 km de Miami, não só para grandes corporações mas também para as pequenas e médias empresas. E em especial as dos descendentes de imigrantes cubanos, hoje já cidadãos americanos, que têm conhecimento da cultura e da língua e têm capital. Cuba será invadida pelo capital cubano-americano. Na ilha tem espaço para a expansão, mão de obra qualificada e de baixo custo e não tem nem CUT para promover greve. Muda também toda a relação dos Estados Unidos com os países da América Latina. Como vai ficar agora Organização dos Estados Americanos, da qual Cuba não participava? E os outros novos organismos regionais como UNASUL e CELAC? E como fica o Brasil nessa história? Talvez com a nova prosperidade ficaremos mais tranqüilos de que os cubanos vão ter dinheiro para pagar os empréstimos do BNDES. Mas, vamos enfrentar uma concorrência das empresas do Tio Sam para as quais não temos cacife. Nem capital, nem agilidade empresarial e agora os cubanos tem novos amigos velhos. Ainda temos um pouco de tempo para ganharmos espaço, mas não muito. Senão, perdemos tudo o que já investimos e não aproveitamos bem a oportunidade. Tempos novos.Viva Cuba.Viva os Estados Unidos. Stefan Salej 18.12.2014.

Saturday, 13 December 2014

DOS HUMANOS E SERVIÇOS

Dos humanos e serviços

Quem é o mais importante num negócio: o cliente ou o empresário? O ovo ou a galinha? Esta discussão nunca terminou e nunca vai terminar. Sem empresário não há oferta de serviços ou produtos e sem cliente não há quem compre. Mas, vamos ver primeiro como é ser cliente no Brasil, claro que sempre com exceções que confirmam a regra. Ser cliente no Brasil é ter enorme paciência com os serviços que lhe são oferecidos. Seja de grande empresas, seja de serviços mais simples como reparos domésticos. Você ser rejeitado na recepção de um banco porque estamos com clientes demais e não podemos, atendê-lo, é brincadeira. Os serviços de telefonia, a não ser de telemarketing, onde lhe despejam aos ouvidos centenas de palavras com rapidez de serra elétrica para lhe vender algo mais caro, são piores do que no pior país do continente africano. E qualquer comunicação que você faz com os fornecedores é o tal de apertar um, depois cinco, depois três e depois esperar para que alguém na Bahia atender alguém do Rio Grande do Sul, de uma coisa chamada call center, sem saber de que se trata e lhe ameaçar que está gravando tudo para lhe processar se você perder paciência e reclamar mais.

Reclamar na loja ou diretamente, este pão de queijo está frio e salgado demais, é uma ofensa pessoal.Imagina, reclamar de mim que trabalho dez horas por dias, viajo duas horas para chegar e voltar do serviço e ganho salário mínimo e tenho chefe me enervando o tempo todo e agora vem você o cliente chato? Qual é! Eu também sou humano, ora bolas!

Essa relação tem que mudar e é a grande chance de pequenos empresários e novos empreendedores a mudarem. E com isso ganharem um espaço econômico-financeiro. O contato do proprietário da empresa, que cuida diretamente do cliente, pode ser um adicional importante nos ganhos da empresa. Mas, para atingir esse objetivo, o empresário precisa de treinamento específico. Deve  entender que essa percepção da qualidade lhe trará dados importantes sobre os produtos e serviços que oferece. Alguém que se aventura a ser empresário e acha que o cliente é a coisa mais chata do negócio tem mais é que procurar outra coisa a fazer. O cliente pode não ter sempre razão, mas com certeza é ele que paga pelos produtos e serviços.

E mais, essa mentalidade deve ser transmitida através de orientação, treinamento e boas condições de trabalho a todos os funcionários. Mas,  fato é que se o dono não pensa assim, você não pode esperar que os funcionários ajam diferentemente.

Nas grandes empresas, onde os executivos e mesmo os donos se afastam cada vez mais dos clientes, deixando tudo por conta do marketing, vendas e outras engenhocas, o problema ainda é mais sério. Duvido que o Presidente da uma telefônica brasileira tentou alguma vez reclamar dos serviços da própria empresa. Ou que os executivos dos grandes mercados enfrentem filas. Ou os diretores de bancos entrem sequer nas agências mal enjambradas e conversem com clientes e funcionários.

Então, vamos mudar isso. Para simpatia com sorriso e jeitinho, para simpatia da eficiência e respeito. Os dois ganham, o cliente e fornecedor, seja quem for.



Stefan SALEJ
12.12.2014.

Thursday, 11 December 2014

DAS TORTURAS LÁ E CÁ

Das torturas lá e cá

Três  eventos históricos marcaram a semana: a divulgação do relatório da Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos sobre o uso de tortura pela CIA, principal agência de espionagem norte-americana, a divulgação do relatório final da Comissão da Verdade no Brasil, sobre os crimes cometidos pelos governos militares, e a chegada ao Uruguai de quatro prisioneiros terroristas islâmicos da prisão de segurança máxima Guantanamo, em Cuba.

Onde os três eventos se cruzam e que eles têm de comum? Primeiro, os quatro terroristas que foram ao Uruguay fazem parte integrante do que está descrito nas 6000 páginas do relatório norte-americano. A equipe sob presidência da senadora democrata da Califórnia, Dianne Feinstein, descreve com base em milhares de documentos  os detalhes  sórdidos do que acontecia  com os presos deslocados para 54 países que colaboraram com as prisões secretas. E os quatro passaram por isso tudo e mais alguma coisa não descrita. Acontece que quem os acolhe é o antigo prisioneiro político hoje Presidente do Uruguay José Mujica, que vai entregar o governo ao igual antigo opositor ao regime militarTabaré Vasquez, cujo Vice-Presidente é Raul Sendic, nada mais e nada menos que líder dos Tupamaros, guerrilheiros uruguaios que seqüestravam, roubavam bancos e eram exemplo para os Montoneros argentinos e grupos armados de oposição no Brasil.

E aí, o relatório da Comissão da Verdade, presidida pelo professor Pedro Dallari, divulga também os detalhes de como funcionava a ditadura militar no Brasil, identificando 377 torturadores e 434 mortos. O relatório brasileiro também descreve os métodos de tortura usados na repressão brasileira. Mas, onde está linha que liga os torturados no Uruguai, terroristas islâmicos da Al Qaida e similares, e os brasileiros mencionados no relatório da Comissão da Verdade? Simples: em Belo Horizonte existia uma rua com nome de Dan Mitrione, que, na década de 60, assessorava os policiais mineiros em como obter as confissões dos presos políticos através de tortura. E ele era funcionário de quem? Da CIA que, junto com os militares brasileiros e uruguaios, sem falar nos chilenos e argentinos, promovia, com uso intenso de tortura e outros métodos, o combate ao chamado terrorismo de esquerda. A bem da verdade, não foi só Mitrione, foi todo um processo com escola no Panamá e mais vinda de policiais ingleses, que trouxeram as tecnologias experimentadas na Irlanda de Norte.

A questão básica dos relatórios em questão, não é só a discussão do uso de tortura, se é ou não permitido e em que grau, é como funcionam as comunidades de informações ou espionagem nos regimes democráticos. O relatório da Senadora Feinsten, disponível na internet, mostra que a CIA fazia o que bem entendia em nome da segurança dos cidadãos americanos. O mesmo diziam os militares brasileiros. Os sistemas de repressão ou de tortura funcionam à margem do governos, se internacionalizam e são poder acima de poder. E a democracia se torna assim mesmo com seus defeitos o único sistema que ainda controla um pouco isso. Na ditaduras, nem isso.

Stefan Salej
11.12.2014.

Saturday, 6 December 2014

DO FINAL DO ANO E PREVISÕES PARA O PRÓXIMO!

Do balanço  e das previsões do final de ano


No final do ano corremos para fechar todos os balanços. Fiscais, dos impostos, das empresas e entidades, balanço de felicidades, de experiências, das formaturas, sejam das crianças ou dos universitários. Em resumo, puxamos a linha mais próxima do que aconteceu. O balanço da experiência que passou, às vezes comemorada com cachaça ou vinho. Mas, o relógio de tempo continua batendo as horas e o mundo continua girando. Efetivamente, final do ano é para fazer balanço, mas principalmente repensar o que nos espera nos próximos anos, não só no próximo ano.

Começamos pelo mundo que anda às turras com o terrorismo islâmico, os preços baixos do petróleo, o que não quer dizer no Brasil gasolina mais barata, desastres naturais e guerras violentas, como da Síria e, em grau nada menor da Ucrânia. Os Estados Unidos saindo da crise, a Europa se  recuperando muito devagar, e a África e a Ásia, crescendo. E na América Latina, uns, como o Peru, Chile, Colômbia e até Bolívia e Ecuador crescendo, o México  com problemas de criminalidade, e, na América Central, uns melhores e outros piores.

Como estão o Brasil e Minas, o leitor conhece melhor do que o comentarista. Não há dúvida de que, com o ano Novo, renovam-se as esperanças, sempre pensando que algo deve mudar para melhor. Almejamos que os novos governantes, ou os velhos re-eleitos, mudem as situações e, pelo menos por uns tempos, viveremos aguardando que as coisas melhorem, para quem sabe chegarmos à conclusão de que mudaram mesmo ou  que tudo continua como  d'antes no quartel de Abranches. E, nesse cenário de muito mais notícias ruins do que boas, como enfrentar o próximo ano após as festas, férias e carnaval?

Primeiro, enquanto você está festejando, comemorando, dançando e de férias, seus concorrentes não estão! Perder três meses de negócios, por mais que aleguemos que é preciso, não dá! Então tem que fazer um planejamento para reduzir os prejuízos nesse período. Em seguida, há que rever o que aprendemos no ano que passou e como vamos fazer no próximo ano. Pode chamar de planejamento estratégico, ir para um SPA em Ouro Fino, frequentar os cursos e workshop que quiser, mas se você, seus sócios e seus funcionários não souberem o que querem, nada disso vai ajudar muito. E nisso se inclui o planejamento familiar. O  filho mais novo entra no jardim da infância ou está saindo da faculdade e vai trabalhar onde? Tem casamento à vista? Reforma da casa?E mais e mais. Folha de papel, lápis (pode ser tablet) e começar com seus sonhos, objetivos e custos.Seja na empresa, seja na família.

E em qualquer situação, e muito mais em época de crise, o negócio requer ainda mais dedicação ao cliente, produtos e serviços melhores e mão firme no caixa. Prumo e rumo e você chegará lá.

Stefan SALEJ
5.12.2014.








DO NELSON MANDELA UM ANO DEPOIS

Do Nelson Mandela um ano depois

Há exatamente um ano, faleceu na África do Sul o ex-Presidente daquele país que faz  parte do grupo dos países BRICS, junto com  Brasil, Rússia, China e Índia. Por 67 anos Nelson Mandela, que ganhou junto com seu adversário político, Frederik De Klerk, o Prêmio Nobel da Paz, lutou contra a opressão dos brancos contra os negros, contra a injustiça social e, ao sair da prisão após 27 anos, promoveu uma transição pacífica para um país democrático e socialmente menos injusto. Mandela, que casou após a saída de prisão com a viúva do ex-Presidente do Moçambique Samorá Machel, Graça, que esteve recentemente no Brasil, deixou um legado incomparável para a humanidade. Apesar de que muitos poucos lembraram nestes dias do aniversário da morte dele, o seu exemplo é seguido pelo mundo afora e os valores que ele preconizava são mencionados por milhares de pessoas diariamente.

A primeira pergunta é, como está África do Sul hoje, comparando com o que Mandela imaginava, e  o que país se tornou. Essa discussão está hoje em pauta em toda África do Sul e as opiniões variam em muito. Claro que as análises levam em conta principalmente os interesses políticos e econômicos de diversos grupos. Mas, o fato inegável é que a África do Sul, sobre a qual caíram todas as mazelas do mundo, desde Aids até crise financeira, é um país em transição democrática normal. Ou seja, não virou um feudo como alguns de seus vizinhos, onde os líderes da resistência ao colonialismo se perpetuaram no poder com todos os benefícios financeiros, ou então as lutas tribais ou os interesses econômicos criaram estados em constante estado de matanças e guerras internas, além de golpes militares. A África do Sul não é nada disso e é um exemplo de exercício democrático, não só no continente como no mundo.Mas, isso não exclui as dificuldades, ajustes e desacertos e acertos nas políticas públicas e na condução do país.

A transição sul-africana também deixa algumas outras questões, como o que acontece quando um grupo revolucionário assume o poder e, como os sonhos, as suas lutas se tornam projeto do governo. Veja o que acontece em Cuba, Angola, Zimbábue e outros. A luta armada se esgota em um projeto político, e começa uma nova era. E fazer essa transição, mesmo para Congresso Nacional Africano, o partido centenário que, por intermédio do Madiba, como os Sul africanos chamam carinhosamente Mandela, chegou ao poder, não é fácil.

O fato é que muitos dos valores que Mandela pregava tornaram-se valores universais e exemplos de governança. E aí que entra também a questão de aliança brasileira com a África do Sul. Os dois países não só colaboram junto com a Índia dentro de uma aliança chamada IBSA, que tem ótima cooperação na área militar, especialmente naval, mas  também na área de investimentos, comércio, ciência e tecnologia, educação, entre outros.E em tudo isso, nesse enorme potencial, Minas está mais ausente do que água em São Paulo. Perdendo oportunidades.

Stefan Salej
5.12.2014.

Saturday, 29 November 2014

DA DONA SINHA DE ELETRÔNICA

Da Dona Sinha da eletrônica

Em um vale cheio de fazendas de café, no Sul de Minas, nasceu uma jovem que, por destino, viajou, casada com um diplomata, pelo mundo. E em 1959, trouxe, depois de viver no Japão, onde o país se re-erguia, após a Segunda Guerra Mundial, a idéia de fazer uma escola técnica de eletrônica. A primeira da América Latina, em um  lugar chamado Santa Rita de Sapucaí. E após a escola técnica que leva o nome do pai da jovem e passou a se chamar Dona Sinhá Moreira, nasceu a escola de engenharia INATEL, a faculdade de administração de empresas e um polo tecnológico de eletrônica que se chama Vale de Eletrônica. E veio o SENAI, com equipamentos de última geração e mais e mais.

As 154 empresas do Vale da Eletrônica, no meio desse nada para os teóricos do desenvolvimento e os agentes governamentais, aumentaram o faturamento, as exportações e número de empregados. Aliás, o prêmio com nome da Dona Sinhá, oferecido pelo eficiente Sindicato da Indústria Eletro-Eletrônica do Vale, SINDIVEL, é dado às empresas que mais aumentaram o número de funcionários e que alcançaram o mais alto nível de inovação. A disputa é ferrenha, porque todo mundo no Vale da Eletrônica é competitivo e quer progredir. Mas, também é unido, oficialmente no cluster eletro-eletrônico, mas extra-oficialmente em um projeto imaginário de cooperação, competitividade e alianças pelo bem-estar da sociedade. O prefeito eleito já quatro vezes é um prefeito de toda a cidade e não só dos industriais. O INATEL, instituição de educação tecnológica que hoje já atua em São Paulo e no exterior, é junto com o super moderno laboratório de protótipos do SENAI, fornecedora de tecnologia, pesquisa e educação da mais alta qualidade. Não há desemprego, não há negativa rivalidade. As empresas, que possuem nos seus quadros inúmeros doutores em ciência, são também empresas onde toda a família está empregada e colaborando.

O Vale da Eletrônica parece uma ilha no meio de um oceano revolto em escândalos, dificuldades, políticas e não sei mais o quê. Mas, deixa lições importantes, que estão sendo pouco aproveitadas. Ninguém lhe traz desenvolvimento. Você, como Dona Sinhá Moreira e seus descendentes diretos e indiretos, tem que trabalhar, ter visão, ser ousado e o mundo é o  seu mercado. Não precisa perder raízes, mas deixar a porta aberta para que a inovação, em todos os sentidos e e  em todas as áreas que permeiam a sociedade, domine seu futuro.

No meio dos cafezais, mesmo lutando contra a invasão do narco-tráfico na região e outras mazelas (como a estrada que liga o Vale da Eletrônica com a Fernão Dias já asfaltada, mas não sinalizada e muito menos iluminada, como deveria ser), o pessoal pensa estrategicamente, com apoio do SEBRAE Minas, nos próximos 20 anos. Em um negócio super competitivo, como ser líder e não sobrevivente.

Se a estória de que a felicidade do mineiro é a vaca morta do vizinho, que assim os dois não tem vaca ou um tem uma a mais, precisa ser desmentida, ela o foi por Dona Sinhá Moreira e os seus sucessores no Vale da Eletrônica. O fracasso de um é insucesso de todos, e o sucesso de todos, é de cada um.

Stefan SALEJ
28.11.2014.  

Friday, 28 November 2014

DA BAIXA DO PETRÓLEO

Da baixa do petróleo e minério de ferro

O preço do barril de petróleo está no nível mais baixo dos últimos dez anos, beirando 70 dólares norte-americanos. No início deste ano, estava em torno de 110 dólares. E o cartel dos produtores, reunido em uma organização chamada OPEC, com sede na Áustria, ainda decidiu reduzir a produção atual, o que levou a uma nova baixa do preço do barril. E com o preço do petróleo baixaram, sem correlação direta, também o preço do mineiro de ferro, igualmente em torno de 70 dólares a tonelada, milho, soja, o café esta ainda com preço bom e mais as carnes, sem falar no frango. Em resumo, os preços das matérias primas estão baixando. Até quando e quais níveis vão atingir, ninguém sabe.

Voltando ao petróleo, vale a pena lembrar que os Estados Unidos estão beirando a independência na área de energia. O preço baixo vai acelerar o crescimento norte-americano, vai evitar uma crise maior nos países europeus, em especial durante o inverno, quando o consumo de gás aumenta, mas vai prejudicar em grande escala a Rússia, grande exportadora de petróleo e gás, os países árabes e a nossa querida Venezuela. A entrada menor de divisas oriundas de petróleo  vai afetar os investimentos  em todos esses países. Na vizinha Venezuela, tecnicamente quebrada já com o preço do barril a 120 dólares, o desastre não tem hora para acontecer, porque já aconteceu. E esses países de petrodólares, que eram bons clientes para os produtos brasileiros, vão ter dificuldades em aumentar as compras e pagar as contas. Esse é também o caso de Bolívia, onde o preço do gás não trará mais a abonança dos últimos anos.

Com o preço do petróleo mais  baixo, o preço de gasolina baixa. Aliás, isto já está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa. Como nós fazemos parte deste mundo desenvolvido e somos produtores de jabuticaba, aqui as coisas são diferentes. Os valores de nossos negócios com petróleo, do qual o Brasil, é  exportador, vão realmente sofrer viés de baixa. Vamos pagar menos pelas importações e receber menos pelas exportações. Mas, como vão ficar os nossos investimentos para a exploração de petróleo em águas profundas ou no pré-sal? Todos os cálculos de investimentos foram feitos com o barril acima de 100 dólares ou até muito mais. Com a tendência de baixa do preço do petróleo, os investimentos não vão cobrir os custos.

E aí sobrou de novo para o consumidor. Como sobraram os altos custos dos demais investimentos na área no Brasil, a eles se adiciona  a conjuntura do preço baixo, e temos  mais uma razão para o aumento da gasolina e derivados no Brasil.Ou seja, estamos presos a um modelo de negócio na área econômica onde as decisões na área energética e a dependência de exportações de matérias primas nos levam sim, a um beco sem saída. E aí que podemos falar de crise que vem de fora, mas que a administração interna não sabe gerir. A baixa do petróleo, que nos deveria beneficiar, parece mais uma corda no pescoço do que o lenço da salvação.

Stefan Salej
27.11.2014.

Friday, 21 November 2014

DA ESCOLA TÉCNICA DE FORMAÇÃO GERENCIAL

Da Escola Técnica de Formação Gerencial

Há vinte anos começou em Belo Horizonte, pelo SEBRAE Minas, um projeto ousado e inovador: uma escola de nível médio para gerentes. A necessidade de educar quadros gerenciais para as empresas em crescimento e dar também oportunidade a jovens que queriam ser empresários é que moveu os fundadores para estabelecerem esse projeto. Buscou-se um exemplo no mundo que poderia ser adaptado às condições sócio-econômicas e culturais do Brasil. Após uma minuciosa pesquisa, optou-se pelo modelo austríaco, já em atividade desde 1852, e com enorme sucesso, em especial quanto à longevidade das empresas.

O projeto recebeu entusiástico apoio do então Secretário de Educação de Minas, Walfrido dos Mares Guia, e das lideranças empresariais que faziam parte do Conselho Deliberativo do SEBRAE Minas. De minucioso planejamento passou-se à execução, e então o projeto recebeu apoio técnico inestimável da equipe pedagógica do Colégio Pitágoras, de onde também vieram seus primeiros diretores: professor Clemenceau e professora Dayse. Os austríacos colaboraram, o pessoal do SEBRAE nacional olhava com desconfiança, mas após quatro anos formou-se a primeira turma.

Começaram escolas em vários outros lugares de Minas, formou-se uma metodologia própria e adotou-se a metodologia de empresas simuladas de forma pioneira na América Latina. Nestes vinte anos, as ETFG's em Minas formaram mais de 8.000 alunos, dos quais a absoluta maioria continuou a sua carreira acadêmica na universidade e muitos, mas muitos deles, não só exercem cargos executivos nas empresas como se tornaram empresários. E o modelo de tutores e outros instrumentos que foram introduzidos no projeto pedagógico garantiram uma relação proveitosa entre a realidade empresarial e o ensino.

O projeto foi adaptado aos novos tempos, não só de uso de tecnologias, mas também de inovações na  área  de gestão de empresas e também de empreendedorismo. De um lado, educar  gerentes inovadores e com visão, e de outro lado, empresários ou empreendedores com bons conhecimentos de técnicas de gerência. Duas faces de uma moeda só: sucesso da empresa mineira, seja do ponto de vista do mercado financeiro, seja do ponto de vista social.

Novos cursos, como o Projeto Plug, destinado em especial aos alunos das escolas públicas, cursos noturnos, ampla divulgação de matérias ligadas a gerência e empreendedorismo nas escolas públicas, projeto Vitrine e mais e mais, firmaram um projeto de sonho daquela época em uma realidade que provocou efetivamente melhoria de desempenho das empresas mineiras e aumentou a sua vida. E mais: trouxe para o mercado uma leva de profissionais-empreendedores de qualidade internacional, que estão mudando a face da economia mineira.

Exemplos disso não faltam. É só olhar e ver empresas novas bem sucedidas e seus profissionais oriundos das hoje chamadas Escolas de Formação Gerencial. Mudou o nome, mas agora cabe preservar o conceito bem sucedido e que faz de Minas um lugar especial.

Stefan B. Salej
20.11.2014.

DA IMIGRAÇÃO E DOS IMIGRANTES

Da imigração e dos imigrantes O Presidente dos Estados Unidos comunicou nesta semana que, usando seus poderes presidências e sem submeter o assunto ao Congresso, vai permitir a regularização dos imigrantes ilegais naquele país. São 5 milhões que, segundo a legislação atual norte americana, deveriam ser expulsos dos Estados Unidos. Estão incluídos inclusive filhos deles já nascidos nos Estados Unidos, e, como disse o Presidente Obama no seu discurso, podem ser amigos e colegas das suas filhas, crianças que nasceram nos Estados Unidos, não são cidadãos estadunidenses, mas vivem lá e são como os demais cidadãos daquele país. A primeira pergunta vem daquele que sofre para obter visto norte-americano: como isso foi sequer possível em um país tão controlado, exigente e de certa maneira militarizado, onde tantas pessoas vivem na ilegalidade. O pessoal de Governador Valadares, onde existia a melhor falsificação dos vistos para os Estados Unidos que o diga! O que às vezes vimos nos filmes quanto à perseguição dos imigrantes ilegais, em especial vindos via fronteira mexicana, não é ficção, é a triste e cruel realidade dessas pessoas. A perseguição a essa ilegalidade nos Estados Unidos é tão forte que até uma candidata a Ministra da Justiça teve que renunciar, porque tinha uma empregada morando ilegalmente no país. O fato é que essa medida vai resolver um enorme problema para os próprios Estados Unidos, sem falar em milhares de brasileiros que se encontram na situação de ilegais. O Presidente Obama teve uma coragem política ímpar para cortar o nó górdico de uma pendência que se arrastava há décadas. Mas, isso lhe custou a ira dos republicanos, que usam essa questão na política, para promover um americanismo irracional e conservador. Obama usou as palavras do ex-Presidente Bush, aquele da guerra do Iraque, que disse que os Estados Unidos são um país de imigrantes e portanto todos são imigrantes. Os novos e os velhos. Mas, isso não adiantou em nada. Os republicanos, que terão a maioria no congresso a partir de janeiro, vão tentar derrubar essa decisão unilateral do Obama e fazer a vida dele um inferno. Mas, assim é a política nos Estados Unidos, Na volta do crescimento, os Estados Unidos precisam de sangue novo para trabalhar para os atuais nativos. Aceitam bem os formados nas universidades, e não tem nenhum escrúpulo em empregar a mão de obra ilegal nas fazendas. Essa mão de obra é mais barata, mas também não contribuí com os impostos e nem com o sistema de saúde. A solução que Obama deu também vai ajudar a economia americana tanto com mão de obra legalizada como também com o caixa do governo. Para os brasileiros que moram lá ilegalmente pode ser um alívio. Mas também levanta a questão dos imigrantes ilegais no Brasil. Estamos fechando os olhos, como se não os tivéssemos. Às vezes surgem alguns haitianos ou bolivianos, mas não temos uma política de imigração consensual e nem clareza do que está acontecendo. E, com a nossa população envelhecendo e mudando de patamar educacional, cabe bem a pergunta, o que vamos fazer. No final de contas só os índios são nativos. Todos os demais somos imigrantes. Stefan Salej 20.11.2014.

Friday, 14 November 2014

DO MUNDO QUE MUDOU PARA ASIA

Do mundo que mudou para a Ásia O mundo se mudou esta semana para a Ásia. Primeiro aconteceu a reunião dos países do Pacífico, entre os quais México, Peru e Chile, nossos parceiros latino-americanos, em Beijing. A ridícula exibição de galantearia do Presidente Putin da Rússia, cobrindo a primeira dama chinesa com um manto por causa do frio, não ofuscou a visita de Estado, o mais alto nível de visita de um chefe de Estado, do Obama à China. E muito menos ofuscou um acordo importantíssimo na área de mudanças climáticas, que os dois maiores poluidores do mundo, China e Estados Unidos, fizeram. E mais: os apertos de mão dos dirigentes da China e Japão, que estão brigando pelas ilhas no mar do Sul da China, além das ainda não esquecidas atrocidades japonesas na China na segunda guerra mundial. Em resumo: além do espetáculo de organização chinesa, muitas conversas à parte e nos bastidores, mas os principais atores eram Obama, Putin e Xi. Vale a pena lembrar que ainda os russos confirmaram o fornecimento de gás para a China, o que ajuda a economia russa, muito dependente dos fornecimentos à Europa, e a China, que com isso ganha segurança energética. Os dirigentes andaram nas nuvens, esquecendo os problemas domésticos, como o mexicano Peña Nieto, o assassinato de 43 estudantes pelos narco-traficantes, Obama, as guerras no Oriente Médio e os inimigos islâmicos, além de seu partido democrata ter perdido as eleições, e Putin, a guerra na Ucrânia. E de Beijing, a maioria deles, mas não todos, foram a Brisbane, na Austrália, para a reunião do G-20. Neste grupo está o Brasil, Alemanha, e outros do grupo G-7 ( antes G-8 e agora, com a exclusão da Rússia, G-7) e todos os membros dos BRICS. Aí o jogo terá ou segundo tempo ou prorrogação. Sob liderança dos australianos, esse grupo pretende dar uma nova esperança ao mundo, propondo um plano global de desenvolvimento, em especial da sua infraestrutura. Ou seja, um PAC mundial, que aliás terá a apresentação de projetos brasileiros em curso e desejados como parte desse esforço. Portanto, a prioridade dos 20 países mais importantes do planeta será infraestrutura, não fome, não educação, não saúde. E isso com a Ebola andando junto com a dengue e a malária solta pelo mundo. Houve também, sob presidência brasileira, uma reunião dos dirigentes dos BRICS, onde a implementação do Novo Banco de Desenvolvimento, com sede na China, e com bloqueio aparente da OECD, a organização econômica dos países mais ricos, da qual os países BRICS não fazem parte, foi o tema principal. As reuniões como a da nossa Presidente com Obama e Angela Merkel foram de uma importância fundamental para a expansão de nossas exportações e vinda de investimentos. E o show da diplomacia norte-americana, que escolheu a Ásia como a sua prioridade, teve o seu ponto alto no entendimento com a Índia. Os americanos convenceram o Primeiro-Ministro indiano Modi a destravar as negociações na OMC e, com isso, deram um novo impulso à Organização Mundial do Comércio e ao seu diretor brasileiro. Em resumo, o show foi do Obama, Xi e Modi. A Ásia como um todo é a prioridade. Stefan Salej 14.11.2014.

Thursday, 13 November 2014

DA CAPOEIRA e MUSICA

Da Capoeira e música Bem lá na ponta da África, na Cidade do Cabo, você assiste, na melhor universidade africana e uma das melhores do mundo - cinco prêmios Nobel ( Brasil não possui nenhum), a Universidade da Cidade do Cabo, uma apresentação de capoeira. Ano após ano, a apresentação dos capoeiristas, este ano com a presença do lendário Mestre Suassuna, mostra um número maior não só dos participantes mas a firmeza de ensino de capoeira no meio universitário. Os sons e os movimentos se misturam aos sons africanos e seus instrumentos, e os não brasileiros cantam em português brasileiro para encontrarem melhor a harmonia entre o som, o movimento e a letra. Aliás, o português que vai ganhar seu leitorado na mesma universidade, em breve. Por onde andei e passei pelo mundo, o espetáculo se repete. Os mestres baianos de capoeira, entre eles há muitos mineiros, promovem uma arte com cultura brasileira, de forma incrível. Sempre há bandeira brasileira, canções em português e os mestres são brasileiros. Aliás, para ser mestre em capoeira precisa ter experiência e idade, algo que os gringos ainda não adquiriram. O Cordão de Ouro do Mestre Suassuna está presente em 50 países. Estados Unidos, França, Itália Rússia, Japão e muitos outros. Há outros grupos e pode se dizer que a capoeira é um dos "produtos" mais exportados pelo Brasil. E provavelmente, como envolve menos ganância financeira e disputa que o futebol, é mais marcante na presença a longo prazo da cultura brasileira no exterior. Mas, como foi proibido por muitos anos, ainda não venceu todas as barreiras de ser algo de baianos e africanos. E aí vem a pergunta: e no Brasil? Capoeira é acessível nas escolas, aos estudantes universitários, às pessoas de todas as idades e classes sociais? Já consideramos capoeira como algo bom para corpo e espírito, para o desenvolvimento de jovens em sentido amplo? Quais escolas e comunidades praticam capoeira? Já que você está olhando nessa direção, e a educação musical nas escolas? Em 2008, o Presidente Lula sancionou a lei que obriga a implementar o ensino musical nas escolas públicas e privadas. Aliás, essa norma existia antigamente no Brasil e, durante a ditadura militar, acabaram com isso. Deve ter sido por causa do medo de aparecerem outros Chicos Buarques, por sinal arquiteto, ou Geraldos Vandré, conhecido por sua música "Pra não dizer que não falei das flores". Mas, você olhou se na escola dos seus filhos, netos, estão ensinando música? A absoluta maioria das escolas ainda não começou. Você pode imaginar como as atividades de capoeira e música poderiam dar novas oportunidades, junto com a prática de esportes, aos nossos jovens? Não só preencheriam o seu tempo ocioso mas apreenderiam a viver e trabalhar em equipe, ser mais criativos. E como me disse uma vez um jovem músico: quem aprende a tocar, quem gosta de música, aprende tudo! Quiças. Stefan B. SALEJ 12.11.2014.

Thursday, 6 November 2014

DA EBOLA NA NOSSA CASA

Da Ebola em nossa casa O mundo inteiro só fala em Ebola, doença ainda incurável que assola parte da África e esteve na origem da morte de mais de dez mil pessoas. Tanto a Europa como os Estados Unidos só começaram a se preocupar com ela quando apareceram os primeiros doentes nos seus próprios países e não eram negros africanos. E também aí descobriram, mais uma vez, que ainda não desenvolveram remédios para essa doença terrível e mortífera. As medidas de prevenção, que incluem o envio de tropas militares norte-americanas à África, isolamento de passageiros vindos daquele continente e mais isolamento de pacientes suspeitos, são o único disponível. A cura, que depende de pesquisa e fabricação, ainda demora e esperamos que a doença seja pelo menos limitada, se não isolada, para não se tornar uma epidemia como foi a peste negra há um século atrás, que dizimou gente tanto na Europa como nos Estados Unidos. No Brasil, não é preciso ter muito receio dessa doença. Se vier algum doente a ser descoberto, as autoridades sanitárias têm condições de fazer o necessário isolamento e provavelmente estancar a propagação da doença. Nesta hora, ajuda a crença de que deus é brasileiro. Mas, a principal razão de reduzir a nossa preocupação com a ebola é que a ocorrência na área de doenças e epidemias no Brasil é muito forte. Entrando o calor e as chuvas, mesmo com a seca que temos em algumas regiões, o dengue agora com um novo companheiro, com nome esquisito, dominam e mantêm as nossas populações bem ocupadas. Quem não teve e não conhece alguém que já teve dengue? As cidades estão hoje ocupadas por mosquitos e, mesmo após a campanha eleitoral, onde a saúde poderia ter sido um dos mais importantes itens da nova agenda, continuam vulneráveis, com suas populações. Dengue, doença de Chagas, tuberculose, da qual poucos se gabam e que está presente em grande escala na população brasileira, são só algumas doenças que estão, junto com a AIDS, fazendo parte da condição de saúde do brasileiro. E aí vem a pergunta, porque? É questão do biotipo de população ou do desenvolvimento econômico que gera essas doenças, o clima do país, ou que diabo é isso que temos, por exemplo, a doença de Chagas já há séculos e não a eliminamos e que não damos conta da dengue. E vale a pena lembrar aqui que conseguimos eliminar a terrível pólio. Entre as inúmeras respostas, está a questão da prioridade política para combater essas doenças. Não do pessoal em Brasília, mas na sua comunidade. Esgoto, canalização, água, tudo o que vem por baixo da terra não interessa aos políticos fazer porque o investimento é alto e dizem que não aparece. Trocar esgoto por iluminação é iluminar a desgraça, mesmo que isso gere certo conforto e segurança. A água, que está faltando para quem a tem, falta muito mais para quem não a tem e não vai ter tão cedo. E se não se resolver esses problemas, dificilmente vão se resolver os problemas das doenças. A isso se deve também acrescentar a prioridade da pesquisa médica para a saúde pública. Custa dinheiro, é demorada e é dever público. Mas, é dever do cidadão cobrar do seu político, vereador, prefeito, deputado e outros as soluções e prioridades. Dengue é com você, companheiro! Stefan Salej 6.11.2014.

DA DIFICULDADE EM TER EMPRESA

Da dificuldade em ter empresa No campeonato mundial de dificuldades para gerir uma empresa, o Brasil ocupa entre 189 países o desonroso 120° lugar. Ou seja, nós estamos entre os piores do mundo na área de facilitar os negócios. Mas isso qualquer um que trabalha na área empresarial no Brasil sabe. Do padeiro ao industrial, do biscate ao comerciante. Mas, os dados sobre essa situação insustentável foram publicados mais uma vez pelo Banco Mundial, do qual o Brasil faz parte. Um dos dados mais impressionantes é, que entre os dez países mais importantes do mundo, o Brasil no último ano foi o único que não fez nenhuma reforma para reduzir os custos de gestão dos negócios. No Brasil alguns chamam isso do custo Brasil, onde incluem também a questão dos impostos. A vergonhosa situação que se repete há anos é por demais conhecida por todos e, enquanto há um programa governamental e empresarial claro em outros países para reduzir isso, nos não temos simplesmente um agenda de desburocratização na área empresarial. Para abrir uma empresa no Brasil, segundo o estudo do Banco Mundial, precisa de 120 dias, e estamos em 167° lugar do mundo. Bem, nesta área, o governo federal, com adaptações do Simples, fez alguns avanços que regularizam a situação, em especial dos empreendedores individuais. E para fechar uma empresa, é um verdadeiro inferno, que dura às vezes mais do que a própria vida do empresário. A esses custos todos, deve-se somar um custo não só dos aborrecimentos que o empresário tem, mas a desfocalização das suas atividades. Em vez de focar na sua principal atividade empresarial, tem que estar atento a uma quantidade enorme de procedimentos burocráticos em todos os níveis, que levam não só ao aumento dos custos, mas principalmente à redução da produtividade empresarial. Simples, o padeiro, em vez de cuidar bem do cliente e fazer um pãozinho melhor e mais barato, tem que dar atenção aos inúmeros fiscais e procedimentos contábeis que infernizam a vida dele e consequentemente prejudicam o seu cliente. Para as grandes empresas, essa situação é administrado através de departamentos jurídicos e contábeis, mas a maior parte do setor empresarial no Brasil é constituído por pequenas empresas. E a tudo isso devemos adicionar que a complexidade da burocracia exige também uma qualificação melhor dos profissionais da área. E eles se chamam contadores. Agora, chique é estudar administração, não contabilidade. E então, de cursos médios de contabilidade e gerência, como escolas do SEBRAE, nem podemos falar, porque praticamente não existem. Um grande ilusão é que estas soluções só dependem de Brasília. Os municípios e estados são grandes responsáveis pela maior parte das dificuldades. As licenças de construção, por exemplo, são de responsabilidade dos municípios. Sem falar os impostos e controles municipais na área de serviços e saúde. Os estados são responsáveis pelos cartórios e juntas comerciais, como outro exemplo do que pode melhorar. Em Minas, nós últimos 12 anos, o atraso nessa área reduziu os níveis de competitividade das empresas de forma assustadora, tempo a ser recuperado rápido, antes que seja tarde. Stefan B. Salej 31.10.2014.

DO MURO QUE CAIU E NÃO CAIU

Do muro que caiu e não caiu A queda do muro de Berlim, há exatos 25 anos, foi só um momento de um longo processo de mudança do mundo. Os Estados Unidos quebraram a União Soviética e, com o apoio do então Chanceler alemão ocidental Helmut Khol, não só reuniram as duas Alemanhas como mudaram os regimes políticos em toda a Europa do Leste, inclusive na própria Rússia. O mapa geopolítico do mundo mudou. Além de apareceram novos países como a Alemanha reunificada, a Rússia esfacelada e a Iugoslávia desaparecida, e seis novos países, desapareceu da Europa o sistema de governo chamado comunismo. Os Estados Unidos, como campeões da democracia, ganharam novos aliados e enfraqueceram o seu ex-aliado na luta contra o nazismo, a União Soviética, para transformá-la na menor Rússia, inicialmente enfraquecida e empobrecida até os ossos. O período de transição nesses novos países, sem tradição de economia de mercado e de práticas democráticas, provocou inicialmente uma abertura dos mercados para produtos de consumo, seja dos Estados Unidos ou dos outros países da Europa Ocidental, que incentivou o crescimento europeu. E mais: os processos de privatização transformaram-se em uma oportunidade de ouro, já que as empresas com boa base industrial estavam à venda a preços, como se diz no popular, de banana. É o caso do avanço alemão na base industrial da República Tcheca (que se separou da Eslováquia ). Desta vez não precisaram de usar os tanques, como fizeram os nazistas em 1938: compraram por pouco a indústria, a tecnologia e a mão de obra barata. A Europa ganhou mercado e mais tudo isso. E com a democratização criaram-se as elites empresariais aliadas aos políticos que depenaram os países e suas economias e criaram alianças corruptas de fazer vergonha a qualquer corrupto latino-americano. Os modelos econômicos implantados, que aliás se espalharam pelo mundo, geraram, mesmo com a adesão da maioria desses países, a crise mais recente e mais profunda da própria União Européia. Não há dúvida nenhuma de que você tem hoje uma Europa com países mais democráticos, mas de duas velocidades na economia e no seu conceito de democracia. Avançaram, como é o caso mais específico da Hungria, os governos democraticamente eleitos de uma direita muito parecida com a aquela que levou à segunda guerra mundial. A hegemonia dos Estados Unidos ficou mais patente, ao mesmo tempo que a Alemanha ganhou para a maioria dos países do Leste Europeu uma importância fundamental. A Chanceller alemã Merkel é quem dá as cartas na Europa hoje. E os interesses alemães e a visão deles do mundo são os que predominam. Pesam desde a nomeação do ex-Primeiro ministro polonês Tusk para a Presidência do Conselho da União Européia até as privatizações na minúscula Eslovénia. E aí não se pode passar à margem o crescimento e consolidação da Rússia. Talvez quem mais se consolidou como país independente nesse processo, além da própria Alemanha, foi a Rússia. O Brasil, que reconheceu esse novo mapa rapidamente, ganhou novos mercados e novos espaços de alianças políticas. Há clara consciência de que o muro caiu, mas que os países ainda não foram reconstruídos, o que leva a concluir que o processo de destruição do muro continua, como continua o de construção de uma Europa unida, em paz e em desenvolvimento. Stefan Salej 6.11.2014.

Saturday, 25 October 2014

DE CHURRASCO NUMA FABRICA de TECIDOS

Do churrasco na fábrica de tecidos

A situação é extremamente simples: um operário na fábrica de tecidos organiza durante o expediente de trabalho um churrasco para ele e os demais colegas. E ao lado de produtos químicos, entre uma folguinha e outra, e sem cerveja. A empresa demite-o por justa causa, o Tribunal Regional do Trabalho anula a decisão da empresa e o Tribunal Superior do Trabalho, confirma: demita-se, mas com todos os direitos. E dá um pito na empresa que exagerou na dose de punição. O caso aconteceu na centenária fábrica de tecidos Santanense em Itaúna.

Bem, se você for empregado, vê isso com alegria. Aliás, você vê com alegria toda a proteção que a nossa legislação trabalhista lhe oferece junto com delegacias do Ministério do Trabalho e seus  fiscais e mais a Justiça do Trabalho, que na absoluta maioria das vezes está a favor do funcionário, seja ele com curso superior ou então simples faxineiro. Alguém tem que proteger o explorado trabalhador.

Mas, se você for empregador, nem que seja de uma empregada doméstica, está sujeito à Consolidação das leis de trabalho baseada na lei italiana da época do Mussollini, com seus apetrechos e adendos, com ação dos fiscais de trabalho e da justiça, que acham em princípio que você decidiu ser empresário somente para ter a alegria de explorar o próximo.

Claro que nem todos os funcionários fazem churrasco durante o expediente, e claro que nem todos os empresários acham que ao não cumprir a lei pode progredir mais do que os que cumprem a lei. O fato é que está situação das relações trabalhistas torna com certeza as empresas menos competitivas e os operários, mais vulneráveis. É uma situação em que as duas partes perdem muito e sem dúvida alguma leva a um aumento dos custos de mão de obra que limita  a expansão das empresas no aumento de suas vagas. Os nossos salários são baixos em termos internacionais, mas o custo de mão de obra é alto. Sem falar nos imprevisíveis, como as sentenças da Justiça do Trabalho, e outras vulnerabilidades que aparecem por pressão ou dos sindicatos ou lideranças mal intencionadas.

Estamos numa situação que não é boa para ninguém e, como a corda arrebenta do lado mais fraco, é certamente pior para o trabalhador. Com a perspectiva de redução das atividades econômicas, esse problema se torna ainda mais agudo. E tem mais outro elemento: nossos competidores internacionais, notadamente a China, não têm esse problema. E o consumidor quer produto bom e barato, não se importando de onde vem. E a essa  situação ainda devemos somar os altos custos dos conselhos profissionais, sem retorno para o trabalhador ou as empresas, e de acidentes de trabalho onde estamos bem mal colocados no nível mundial.

A solução é simples: que os sindicatos de empresários e empregados, os dois também cobram taxas, sentem juntos e acham a solução. Que chamem os competentes juízes do trabalho, o Ministro do Trabalho  e mais os deputados e façam a reforma. Muitos privilégios vão se perder neste projeto, mas ficarão as mãos limpas para poder trabalhar e criar mais empregos. Do jeito,que está, todos perdem. Aliás, provavelmente não se faz uma reforma, porque uns devem estar ganhando com a situação.

Algo de novo nisso? Não! Os alemães fizeram isso, criaram um grupo de trabalho de 15 representantes dos sindicatos, empresas e governo, e as conclusões foram transformadas em leis que permitiram o país  estar onde está hoje. O único perdedor foi chefe do governo que perdeu as eleições, mas ficou na história.

Stefan SALEJ
sbsalej@iCloud.com
www.salejcommment.blogspot.com

24.10.2014.

Friday, 24 October 2014

DO UM MINUTO APÓS AS ELEIÇÕES

Do minuto após as eleições

O mundo está onde sempre esteve, mesmo que durante a campanha eleitoral olhemos pouco para ele. Mas, ao contrário de nós, o mundo inteiro olhou para as eleições presidenciais brasileiras com uma atenção ímpar, não só por curiosidade mas por interesse. O nosso tamanho, independentemente de certos comentários ocasionais salientando a nossa grandeza, é de um país importante e onde o jogo de interesses ainda é maior. Não há empresa importante no mundo, seja industrial, seja banco ou de serviços, que não esteja presente no Brasil. E mais, um resfriado econômico aqui pode levar muita empresa para a UTI, sem pensar que alguns acham que nós também podemos estar lá.

Enquanto o boato comia terra no Brasil, a União Européia teve confirmada a nova Comissão sob liderança do conservador luxemburguês Juncker. Os conflitos na Ucrânia, que também teve eleição parlamentar hoje, continuam,  e sem perspectiva de terminar. Na Indonésia assumiu um novo presidente, mas na vizinha Bolívia foi re-eleito o amigo fraternal do Brasil, Evo Morales. E as eleições no vizinho Uruguai, também sócio do Mercosul, que não consegue fazer acordo com a União Européia, não estão mostrando um resultado muito promissor para as relações entre os dois países. A Argentina continua quebrada e sem pagar as contas e se junta à Venezuela, que caminha a passo largo rumo a uma democracia falida em todos os sentidos.

O Ebola, que era coisa dos africanos, está batendo na porta da Europa e dos Estados Unidos, sendo que, segundo o New York Times, é Cuba que está dando um exemplo que merece elogio no combate a essa terrível doença. A volatilidade do mercado financeiro supera a volatilidade política no Oriente Médio, onde o Estado Islâmico está expandindo seus territórios e onde o combate a eles está mais desorganizado do que jogo de futebol na várzea. E mais, daqui a pouco teremos eleições parlamentares nos Estados Unidos, onde tudo indica que os republicanos ganharão a maioria no Congresso e Senado, criando mais dificuldades para o governo democrata do presidente Obama.

A queda de preços das commmodities, que já atingiu em média 14 % neste ano e reduziu nossas exportações em 11 bilhões de dólares, é um fato grave nas nossas relações com o mundo. Nossas reservas estão sendo afetadas com a redução de exportações e a receita dos investimentos estrangeiros no país não nos dá a segurança do aumento de empregos de que vamos precisar. Não haverá tempo para estourar a champanhe após a eleição. O trabalho de inserção de uma forma responsável na política internacional nos será exigido pelos acontecimentos mundiais e pelos nossos parceiros. E mais, pela nossa situação cambial e financeira.

No nível regional, teremos que achar soluções autônomas para ativar a economia mineira dependente de matérias primas e capital estrangeiro, que no momento levou mais do que trouxe.É absolutamente mentira dizer que  no caso de vitória de um ou outro deixarão de vir ou não bilhões de dólares. Dólar não tem ideologia, tem interesse.E quem não tem interesse em um mercado de 200 milhões de pessoas em crescimento? Mas, tem que ter crescimento. E ele pode ser regional ou setorial, mesmo que não seja de todo nacional.

Stefan B. Salej
24.10.2014.

Sunday, 19 October 2014

De São Petersburgo com arte e temor

De São Petersburgo com arte e temor

A segunda maior cidade da Rússia, com 5 milhões de habitantes e que há 97 anos se chamava, durante o Outubro Vermelho, Petrograd, quando explodiu a revolução bolchevique,  é um misto de história e atualidade. Depois de passar a se chamar Leningrado, em homenagem ao líder bolchevique, voltou ao nome antigo de São Petersburgo. Enormes palácios, cópias de europeus, dourados quanto podiam e não podiam, mostram a opulência da época dos czares russos. Poderosos e guerreiros, ricos e ostentatórios, competindo por um espaço na Europa moderna, não querendo ficar para trás nem em mostrar poder nem luxo. Tudo refeito, especialmente após a destruição provocada pelos nazistas, que chegaram a 30 km da cidade na Segunda Guerra Mundial.

Os palácios refeitos tem o seu ponto alto no Museu Hermitage, com milhares das obras mais importantes da cultura européia em seu acervo. Como chegaram lá esses milhares de pinturas dos últimos  seis séculos é outra história. Umas compradas, outras  pertencentes a famílias que fugiram do novo regime, em especial judeus, e outras vindas com as conquistas durante a segunda guerra mundial. O fato é que alguém pode ficar semanas no museu e não vai ver tudo. Mas, é imperdível uma visita focada nas principais obras, seja de mestres holandeses, italianos, franceses ou até de Picasso.

A cidade, extensa, tem prédios ainda da época dos czares, depois muito poucas construções da época soviética e inúmeras construções, em especial nas áreas comerciais, de épocas mais recentes. E tanto que tem marcas da época dos czares, mas muito pouco de lembranças de ser o berço  de um dos mais importantes eventos do século passado, a Revolução de Outubro. Parece que o orgulho de uma pujança aparente das épocas dos czares algozes quer substituir o papel que a cidade teve na construção de uma ordem diferente, ordem nova. Quanto mais se valoriza o czarismo, tanto mais se quer desvalorizar a época soviética. Ainda não o chegou tempo de uma análise equilibrada da história.

Do outro lado do Golfo, fica a Finlândia que perdeu uma parte de seu território na guerra com a Rússia em 1939, o qual  ninguém pensa em devolver. Aliás, a Finlândia, membro da União Européia, é grande beneficiária das sanções européias.O comércio fronteiriço cresce e os russos se abastecem por lá, a uns 200 km de São Petersburgo, como se fosse na esquina. A convivência da Finlândia com a Rússia é um exemplo que muitos russos mencionam quando falam das relações hoje complicadas com a Ucrânia.

Uma visita a Saint Petersburgo é obrigatória, indo à Rússia. O trem  super veloz, confortável e organizado vem de Moscou para a estação Moscovsqui e, por exemplo, o próprio Museu Hermitage tem um hotel com qualidade difícil de ser vista no Brasil. A desgraça são os táxis as vezes mancomunados  com a polícia, que roubam dos passageiros e ameaçam se não se pagar tarifa absurda. Para a Copa de 2018 estão construindo o maior estádio de futebol da Europa e provavelmente até lá vão enquadrar os taxistas ladrões de turistas.

Stefan B. Salej
13.10.2014.


Friday, 10 October 2014

DA RÚSSIA, COM AMOR

De Moscou com amor

Passear à meia noite, com agradável temperatura de outono, após assistir a uma ópera de Tchaikovsky no Teatro Bolshoi, pela Praça Vermelha iluminada, com o túmulo do legendário Lenine em frente ao restaurante dentro do shopping Gum, em segurança, é um pouco da Moscou que um turista percebe. Apesar do trânsito infernal, a gente não vê Lada, que foram os carros russos importados no Brasil na época das carroças do Collor, mas só carros modernos. A cidade, uma das grandes capitais do mundo, oferece uma tranqüilidade ímpar. Não tem marca famosa, seja de carro, de roupa, de restaurantes ou do que for, que não esteja presente nas ruas com prédios antigos, mas todos bem arrumados, na área central da capital russa. E além dos  restaurantes, é impressionante o número de farmácias e bancos. E o internet gratuito por todo lugar.

No dia em que o Presidente Putin festejou 62 anos longe da capital, nas taigas da Sibéria, e por outro lado a imprensa mundial escrevia muito sobre a eleição brasileira, os jornais daqui se preocupavam mais com a queda do rublo, o plano do governo para incrementar a produção de alimentos em vista de boicote da importação de alimentos europeus, e a televisão falava bastante dos acontecimentos na Ucrânia. A eleição brasileira, mesmo sendo a Rússia parte dos países BRICS, não era assunto de muita importância. Aliás, no oceano de produtos importados e marcas mundiais que predominam em todas as esquinas, você só ouve música brasileira no bar do hotel, mas a marca Brasil está mais escondida do que a história da União Soviética.

Aliás, é ilusão achar que todos os russos, e aí se inclui o governo, detestam e escondem o que aconteceu no tempo de União Soviética. No programa do Bolshoi são mencionados não só artistas que receberam honrosos prêmios durante URSS, como também o conferencista Volkov, ex-conselheiro econômico do Comitê Central. Não há conversa com os russos em que eles disfarcem seu orgulho de terem vencidas três grandes guerras, sendo a última a derrota do nazismo, que ceifou quase trinta milhões de vidas, ou seja 15 % de população brasileira de hoje. E nos fantásticos museus de  Moskva, você vê crianças de todas as idades aprendendo história.

Os ocidentais aproveitaram a queda da União Soviética para colocar todos os seus produtos, bens e serviços aos russos, que os receberam de braços abertos. Assim, as sanções que querem impor por causa do conflito na Ucrânia vão afetar sim o consumidor russo, mas vão bater forte no bolso das empresas e bancos ocidentais.Os russos estão unidos com Putin mais do que os ocidentais percebem e são patriotas que não se assustam com ameaças. Ou seja, Putin tem apoio popular para reerguer o Império russo. A queda de preço do petróleo e as sanções  podem levar a um isolamento em que Rússia continuará Rússia.

E 2018, com a Copa? Moscou, como cidade, será um bom lugar para se torcer. Talvez um pouco cara, mas mesmo assim um lugar com transporte público e segurança acima da expectativa. E vale a pena visitar já. Principalmente pelas oportunidades e cultura.
( O colunista está de viagem na Rússia)
Stefan B. Salej
9. de outubro 2014.


 

Sunday, 5 October 2014

DA DEMOCRACIA DE GUARDA CHUVA

Da democracia de guarda chuva

No mundo cheio de conflitos armados, a notícia de protestos pacíficos pela democracia em Hong Kong na China, parece um alívio. Hong Kong  (HK))que esteve desde primeira guerra de ópio que os chineses perderam parados britânicos em 1841 sob domínio da coroa inglesa ate 1997 quando passou ser parte da China continental ou como preferem alguns China Comunista. E foi feito um acordo entre as partes que dava autonomia a cidade de 7 milhões de habitantes que importa 70 % de sua água e 90% de sua comida do continente que  o resto da China não tem. HK é uma ilha de relativa democracia no continente chinês. Além de ser um centro financeiro fundamental para China, 40 milhões de visitantes vem anualmente a HK fazer compras e ver como funciona tal autonomia.

E agora mais uma vez explodiu a panela de pessoa democrática. A razão é que governo chinês anunciou que em 2017 haverá eleições para a escolha do governo local e que os candidatos serão escolhidos por um conselho de 1200 pessoas. E aí veio a revolta: os candidatos apontados por este conselho serão todos de agrado de Beijing, portanto as eleições não serão democráticas.E a revolta que sob guardas chuvas reuniu mais de 200 mil pessoas tem um líder. Jovem  estudante secundário de 17 anos, Joshua Wong é segundo imprensa internacional Whiz  kid deste evento para o qual o governo americano já disse que sufrágio universal é a base de democracia. Portanto, Estados Unidos apóiam o movimento. Europeus estão calados, e os japoneses querem China com problemas enquanto os britânicos não dizem nada.

Na memória de todos estão ainda os acontecimentos de Praça Celestial de Beijing  em 1989 quando os estudantes fora  esmagados pelos tanques.O falecido político Jose Alencar dizia com voz clara que o governo chinês estava certo. Num país grande como China, alegava ele, tem que prevalecer ordem. E agora José? O governo chinês está procurando limitar o caso de Hong Kong a seus limites geográficos. Está cidade e sua situação é muito peculiar e nada tem que ver com a situação no resto da China. Claro como toda regra também esta tem exceções: Tibet e a minoria Uighur. O caso de Tibet com Dalai Lama é mais conhecido  mas os Uighur que são muçulmanos e seus membros participam ativamente dos movimentos radicais pelo mundo adora, é mais complexo. Aliás, eles também tem promovido os atentados na própria China. A solução que será dada aos manifestos em Hong Kong vai marcar a posição do governo em relação a todas as dissidências.

Conflito desta natureza não beneficia nenhuma parte. Hong Kong é importante para China e é importante apesar de crescimento de outros centros, para todos que fazem negócios com este país. Se afetar crescimento chinês, afeta ainda mais Brasil de cujas exportações para la depende em muito o nosso bem estar diário. Meu, seu e de todos.


Stefan B. Salej
2.10.2014.

Friday, 26 September 2014

DOS comoditties incômodas

Das comoditties incomodas

Não há mais nenhuma dúvida, pelos últimos dados divulgados tanto pelo Banco Central brasileiro como pelas autoridades norte-americanas, que o nosso maior problema no próximo ano será no front externo. De certa maneira, com muita variação, a economia mundial se recupera, mas essa recuperação também está gerando um fenômeno conhecido: a superprodução de commodities, sejam elas agrícolas ou minerais. Em resumo, a super-safra de grãos nos Estados Unidos, que são de longe os maiores produtores mundiais de grãos, está provocando uma oferta maior, com a respectiva queda de preços. E o Brasil, que está só aumentando a sua fronteira agrícola, também produziu mais do que o mundo pode absorver.

A composição das exportações brasileiras é absolutamente desastrosa para um cenário mundial em saída de recessão global. As matérias primas e suas poucas melhoras, como cafés especiais, açúcar refinado e similares, representam 75 % da nossas exportações. O minério de ferro teve queda de 40 % neste ano, o que afetou profundamente a receita de exportações. E claro, o resultado das empresas exportadoras. E com exceção do café e do cacau, não há  nenhuma matéria prima que indique que haverá recuperação de preços a curto prazo. E a longo prazo, como disse o consagrado economista do século passado Lord Keynes, todos estaremos mortos.

Com a queda de preços, a alegria de curto prazo de vendermos mais carnes para Rússia, e com a contabilidade criativa e as vendas de petróleo, a diminuição de importação devido à queda de atividades econômicas, conseguiremos este ano um superávit comercial de 3 bilhões de dólares. Miserável. Não dá para pagar a conta de turismo dos brasileiros de um mês, quiçá de um ano, quando passará de 20 bilhões de dólares. E mais 25 bilhões de dólares de remessa de lucros e mais as importações e mais e mais. A diferença entre a saída de dólares e a entrada no seu total vai provocar este ano um deficit de 80 bilhões de dólares.

A entrada de investimentos estrangeiros na sua maioria é financeira, ações e papéis. Leia se especulação. Novos investimentos para gerar empregos, são poucos. E, mesmo assim, bem acolchoados com gordos incentivos. Portanto, com esse cenário, ao qual devemos ainda adicionar as dificuldades dos nossos parceiros quebrados do Mercosul, a absoluta prioridade no próximo ano será a recomposição do balanço de pagamentos externos. Não pela restrição, como a Argentina está fazendo, agora controlando a saída dos passageiros com ridículas 32 informações, sem falar nas restrições de importação, mas com um vigoroso plano de aumento de competitividade da indústria brasileira no nível mundial. E aí,  soma-se um esforço hercúleo para aumento de exportações e  diversificação da pauta e dos mercados.

Minas não precisa só esperar as medidas do governo federal, mas com a sua dependência total de matérias primas na sua matriz econômica, vai passar seus apertos, dos quais vai ter que sair sozinha. É o tempo de oportunidade, como dizem nossos maiores parceiros, os chineses.

Stefan B. Salej
26.9.2014.

Saturday, 20 September 2014

O separatismo escocês e europeu

Do casa, descasa, casa....


A Europa amanheceu na sexta-feira passada aliviada. Londres e sua rainha, sem falar no Primeiro-Ministro britânico, muito mais. A Escócia votou, sob pesada artilharia britânica  e ameaças da União Européia de que não reconheceria o novo país chamado Escócia, pela permanência no Reino Unido. Passou o medo de que a Grã Bretanha passaria a ser chamada de Pequena e o Reino Unido perderia mais um pedaço do seu território e se chamaria simplesmente Reino, sem unir ninguém. Os conservadores britânicos, que ficariam na história como quem conseguiu separar a Escócia do Reino Unido, aliviados, continuam no poder, caçando os islâmicos na ilha e no Oriente Médio.

Assim, após 307 anos que a Escócia faz parte do Reino Unido, tudo continua como antes no quartel do Abrantes. É mesmo, nada mudou? Mudou sim e esse processo de separação da Escócia não terminou, só começou. A parte rica da ilha, com petróleo e identidade própria, Escócia, também é o caso mais gritante de imperialismo inglês que domina a coroa britânica. Foi na Escócia que o neo-liberalismo sanguinário dos conservadores bateu mais e empobreceu mais a região do que em qualquer outra parte da ilha britânica. Então, o desejo de separação não era só por razões de uso de saia pelos homens e direito de tocar gaita escocesa ou produzir o melhor whisky do mundo, mas porque, com 33 % de território e 4 milhões de habitantes, os escoceses foram mais prejudicados que o resto da população. A luta não foi só para separar os territórios, mas para separar as políticas prejudiciais à população impostas por Londres à Escócia.

As consequências desse referendum e os seus questionamentos colocam a unidade da Europa em cheque. Acalmam a Inglaterra, mas não diminuem o ímpeto dos catalães, que acompanharam o referendum com muita atenção, de se separarem da Espanha. A situação lá é bem diferente da situação na ilha britânica. As diferenças culturais, inclusive a língua, geram um nacionalismo que pede na região mais desenvolvida da Espanha a separação. E a União Européia, que já enfrentou, com a última guerra balcânica, sangrenta como ela só, o surgimento de novos países, tem, com todo o ímpeto de união dos países europeus para uma união estável, perante si um quadro instável de nacionalismo em várias regiões do velho continente.

Para o Brasil, esses movimentos possuem um  aspecto interessante, que reforça a grandeza do país, uno e indivisível, com suas fronteiras firmes, e por outro lado cria desafios ao seu papel no cenário internacional. Os conflitos na Ucrânia e o referendum escocês mostram que as  fronteiras na Europa, como aliás também na Ásia, ainda não estão definidas. Há um ajustamento geopolítico  que, como agora no Leste Europeu, nos beneficia com a venda de nossos produtos à Rússia, mas que cria uma ilusão de vantagens a curto prazo, sem sabermos o fazer a longo prazo. Talvez nada, mirar bem o que está acontecendo e manter Brasil firmemente indivisível.

Stefan B. Salej
19.9.2014.

Sunday, 14 September 2014

O novo governo europeu

Da nova direção européia

Após as eleições para o Parlamento europeu em maio, está se formando está semana a Comissão Européia, uma espécie de ministério europeu. O primeiro nomeado foi o Presidente do Conselho, que representa os dirigentes dos países europeus. O escolhido foi o Primeiro-Ministro da Polônia, Donald Tusk, tendo como madrinha Angela Merkel, Primeira-Ministra da Alemanha. Ela também, apesar da forte oposição dos britânicos, ajudou o ex-Primeiro-Ministro de Luxemburgo, Jean Paul Juncker, a tornar-se Presidente da Comissão Européia, que é uma espécie de governo da UE. E ainda tem o importante cargo da Representante para Assuntos Exteriores, Chanceler da UE, mas com muita independência, que foi para a jovem Ministra do Exterior da Itália, Federica Mongherini.

Juncker apresentou estes dias os comissários e disse que foram escolhas pessoais e que ele assume a responsabilidade sobre os candidatos que terão que ser aprovados ainda pelo Parlamento europeu. A grande novidade na equipe que substituirá o time de fracasso do português Barroso é a grande presença de mulheres, a idade média de 53 anos e  que entre eles estão 18 ex-primeiros ministros e ministros dos governos membros  da UE. E criaram 7 cargos  de Vice-presidentes que serão responsáveis por diversos setores. O sistema prevê que cada país indica um candidato a cargo de comissário e, na verdade, Juncker tinha pouco espaço político para recusar os candidatos. E assim, não estão lá o que a Europa tem de melhor, mas políticos que  não fazem mais carreira no seu próprio país e ganham de prêmio um posto de prestígio em Bruxelas, com vantagens e salários que nunca tiveram.

A composição da Comissão européia tem poucos nomes mundialmente conhecidos ou reconhecidos. Por exemplo, a Alemanha ganhou a agenda digital, a França mandou para Bruxelas o ex-Ministro da Economia, após um tremendo fracasso no seu próprio país, a Eslovênia  ganhou, com sua ex-Primeira-Ministra, o portfólio de energia e o Reino Unido, o de estabilidade financeira. Os espanhóis, cujo candidato é um íntimo do lobby energético ibérico, ganharam o setor de meio ambiente e o mercado de energia. A raposa cuidando do galinheiro, segundo alguns deputados europeus.

As escolhas dos comissários pelo experiente Juncker não dizem muito o que o Brasil pode esperar. Se essa comissão conseguir aumentar o emprego e diminuir a crise, o Brasil se beneficia. Fora do próprio Juncker, ninguém conhece o Brasil na comissão como ele. Ele também conhece bem Minas Gerais, porque foi na época dele como Ministro das Finanças e depois Primeiro-Ministro de Luxemburgo, que os luxemburgueses venderam a ARBED, que era dona da Belgo-Mineira.

Diz a imprensa européia que essa é uma comissão de políticos e não burocratas. Mas quem manda na União Européia são os burocratas. As esperanças de que a crise européia acabe são esperanças e não é só armar, como fez Barroso, ou desarmar, como terá que fazer Juncker, o conflito com a Ucrânia, que é um problema. É como fazer uma união dos 28 países à véspera de alguns, como os escoceses e catalães, saírem dessa união. Portanto, é visão que falta, não gerencia.

Stefan B. Salej

11.9.2014.

Thursday, 28 August 2014

DO MUNDO BRASILEIRO

Do mundo brasileiro

Os países grandes e importantes no cenário internacional, e entre eles sem dúvida figura o Brasil, são intrinsecamente interligados, não só pelo seus laços comerciais mas e principalmente  pelas suas interconexões políticas. Os eventos no leste de Ucrânia, onde os rebeldes pró-Rússia estão lutando contra as forças ucranianas, provocaram sanções da União Européia e dos Estados Unidos contra a Rússia. E os donos do Kremlin, sede do governo russo, responderam com sanções contra os mesmos países. E o primeiro beneficiado foi o Brasil, que com isso passou a exportar mais alimentos para a Rússia. E isso traduzido, quer dizer mais dólares entrando para comprar máquinas e passear em Miami ou importar produtos chineses baratos e às vezes de qualidade duvidosa, acessíveis a todos. Mas, também mais postos de trabalho abertos, mais riqueza sendo gerada.

Agora, imagine que Brasil se alinhe com a União Européia e os Estados Unidos e seja vítima da sanções da Rússia. Nada do que está gerando essa riqueza para o Brasil aconteceria.Esse é um dos exemplos de como as relações internacionais interferem na vida cotidiana do cidadão comum. Continuando, podemos ainda vislumbrar que uma das nossas maiores riquezas é o nosso mar  territorial. O petróleo é uma dessas riquezas. E aí, se os piratas da Somália resolverem atacar uma plataforma marítima e parar  a produção do petróleo. Ou explodir uma plataforma. Ou atacar um navio mercante nosso, como já aconteceu durante a segunda guerra mundial, quando os submarinos nazistas afundaram um navio brasileiro. E nesse cenário ainda tem a vulnerabilidade dos milhares de quilômetros  de fronteiras praticamente sem proteção, onde a situação só não piora porque os vizinhos são fracos.

Alguém ainda lembra das escutas da presidência pelos Estados Unidos? Ou ataques cibernéticos em diversos ministérios e importantes empresas brasileiras? Nenhum país de importância no cenário mundial como Brasil deixaria de aproveitar para discutir durante a campanha eleitoral seu comércio internacional e a sua defesa. Efetivamente, com os dois setores, relações exteriores e defesa, com orçamentos cada vez mais exprimidos (o Itamaraty com orçamento menor do que o Ministério dos Esportes, hoje na mãos do PC do B), a pergunta é qual será o papel do Brasil nessas áreas no futuro.

Por mais que se discutem todos os problemas domésticos, o Brasil faz parte de um grupo de países que têm peso no mundo. É claro que esse mundo também tem peso no Brasil. Nossas alianças militares e políticas serão com quem e com quais benefícios para o cidadão brasileiro? Nós queremos as nossas forças armadas equipadas para nos defender e garantir paz ou não? E nós vamos continuar financiando projetos em Cuba, algo tão criticado por uma parte da sociedade brasileira, mas sem nenhum indício de como isso será no novo governo? É nessas duas áreas que mora o perigo, muito maior do que em alguns assuntos que estão sendo discutidos. Pode até ser para não discutir esses dois, porque ninguém tem proposta.

Stefan B. Salej
28.8.2014.  

Friday, 22 August 2014

Da democracia pretoriana e Ferguson

De Ferguson e a democracia pretoriana (1)

Inúmeras vezes pessoas em desespero em áreas de conflito pediram que os Estados Unidos interferissem e ajudassem. Há setenta anos liberaram Paris, invadindo a Europa e ajudando a Rússia, Inglaterra e resistentes locais para derrotarem o nazismo em seguida. Os retratos na parede dos alegres franceses saudando os soldados americanos, inclusive negros, são parte dessas lembranças. Mas depois veio a guerra da Coréia, Vietnam, ataque mal-sucedido a Cuba, golpes militares na América Latina, Tempestade do Deserto, Iraque, Afeganistão. E no meio, vil ataque às torres de Nova Iorque, que mudou a percepção de segurança dos Estados Unidos. E nesta semana, a decapitação de um jornalista americano pelos membros radicais islâmicos no Iraque.

Há um mundo permanentemente em ebulição, que exige dos Estados Unidos a defesa dos valores democráticos, ao mesmo tempo que a defesa da própria liderança dos Estados Unidos no mundo. Ou seja, os políticos americanos, além de cuidarem da política externa, têm constantemente que se preocupar com a ordem no mundo. E, definitivamente, após o ataque de 11 de setembro, o conceito norte-americano de segurança interna mudou. O país teve que achar um equilíbrio entre as instituições democráticas e seus valores e as ameaças mais ou menos reais  dos inimigos externos, ou seja, terroristas.

Ao mesmo tempo que se formou uma espécie de regime democrático muito obcecado com a segurança interna (apesar de que este fenômeno se deu através da caça aos comunistas na década de 50, de uma outra forma), com a crise econômica também apareceram problemas internos. E agora, à véspera de eleições parlamentares parciais, e com as comemorações dos 50 anos das liberdades civis, surge de novo a revolta civil numa cidade insignificante chamada Ferguson, em um estado também de menor importância, ou seja, Missouri. Com um presidente negro, a revolta da população negra desponta devido ao assassinato por um policial branco de um jovem negro desarmado.

O aparato de segurança dos Estados Unidos cresceu em todos os sentidos. A violência doméstica e a criminalidade  levaram quase 4 milhões de pessoas à  prisão. A violência nas prisões, inclusive na famosa Ryker, em Nova Iorque, onde segue um inquérito sobre abuso de jovens que nunca chega a conclusão, só tem um nome: inferno. E isso é uma das consequências dos problemas raciais e sociais não resolvidos que os Estados Unidos enfrentam.

A revolta de Ferguson tem raízes muito mais profundas do que o episódio que vemos na TV. E ela expõe com crueldade o sistema de democracia norte-americana, com suas fissuras sociais e raciais. Não só o Presidente Obama, mas também o Procurador Geral, Mjnistro da Justiça, que  também é negro, devem  dar atenção especial ao caso. Não por causa deles, mas porque só com guarda pretoriana a democracia não funciona. Precisa de mais. Precisa de democracia.

(1)Samuel Huntington usa esta expressão no caso de militarização da política, ou seja quando prevalecem os militares ou policiais, segurança, no comando das políticas públicas

Stefan B. Salej
21.8.2014.

Friday, 15 August 2014

DA GRIPE ESPANHOLA, SUÍNA e EBOLA

Da gripe espanhola, suína e Ebola

Não bastam as guerras que matam milhares de pessoas e provocam toda a desgraça para os sobreviventes. Assim como no caso de conflitos militares, também nas guerra de epidemias que estamos  experimentando desde a Idade Média, como a terrível peste negra, o homem comum está sempre sujeito a um ataque inesperado. Desde  terrorismo a acidentes naturais cada vez mais freqüentes, até epidemias como a última de Ebola na África. Esquecemos que a gripe espanhola, que começou em um acampamento militar francês no final da Primeira Guerra Mudial, que começou há cem anos atrás, onde se misturavam os 100 mil soldados com  porcos e total falta de higiene, matou 50 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, morreram 43 mil soldados em 3 meses, aguardado embarque para Europa.

Tivemos ainda a tuberculose, paralisia infantil, gripe suína, chamada no início mexicana, temos ainda malária, febre amarela, hepatite,doença de Chagas e entre outros também a dengue. Está é a mais conhecido no Brasil, mas  foi descoberta em 1779 e contamina em 110 países mais de 500 milhões de pessoas por ano. E agora o surto de Ebola, que  matou mais de 1000 pessoas desde dezembro do ano passado, e se alastrou por quatro países da África Ocidental. Este já  é o segundo surto desta terrível doença, para a qual estão fornecendo os primeiros remédios em fase experimental, mas para a qual ainda não há cura certa.

Muitas dessas doenças ainda existem, como a pólio e a tuberculose, mas elas foram quase que erradicadas. A descoberta da gotinha contra a pólio pelo Dr. Albert Sabin, nos Estados Unidos, mostra o caminho das pedras quando as autoridades querem enfrentar o problema. Foi o financiamento público que permitiu lá a pesquisa que levou à descoberta. Mas, foi também o desprendimento pessoal do Dr. Sabin, filho de judeus russos que emigraram para os Estados Unidos, que abriu mão de direito de patente, para que a "gotinha" se tornasse bem público.

No trato do Ebola está acontecendo justamente ao contrário: os cientistas descobriram o remédio que não foi todavia testado em humanos, mas que as empresas farmacêuticas não querem fabricar porque não é um negócio lucrativo. São poucos doentes, portanto o mercado é pequeno e não compensa! Ou seja tem que morrer mais gente para que as farmacêuticas comecem a fabricar os remédios!

No caso do Brasil, o Ebola está longe e perto ao mesmo tempo. Nos quatro países da África Ocidental há brasileiros trabalhando e há um fluxo do comércio, como no caso de Nigéria, considerável. Sem dúvida, o surto de Ebola, como também aconteceu com a Aids, coloca a África, que tem um crescimento econômico bom, à margem dos fluxos normais do comércio. E a África precisa de ajuda para resolver o problema que está se alastrando pelo mundo.

Esse caso também apresenta excelente motivo para um debate sobre saúde pública no Brasil e o papel da pesquisa na área. As soluções vêm não só pela melhoria de condições sanitárias da população, mas da liderança do poder público na área de saúde. É enorme a oportunidade para a área de biotecnologia, já em estágio avançado no país, mas não uma prioridade. Temo que fazer da ameaça uma oportunidade

Stefan B. Salej
15.8.2014.

Friday, 8 August 2014

DA ÁFRICA QUE QUERO

Da África que quero Em Washington, capital mundial do Ocidente, esta semana, no sexto ano do governo Obama, apesar dos problemas no Iraque e no Oriente Médio, o assassinato de um general no Afeganistão, e a Ucrânia, foi da África. A cúpula Estados Unidos-África reuniu 50 chefes de estados africanos, empresários e outros líderes políticos do continente com Presidente Obama, seus ministros e demais interessados no continente, cujo crescimento vai superar em média 6.5 % neste ano e que tem seis entre as dez economias que mais crescem no mundo. Os Estados Unidos, que perderam a liderança em comércio com o continente para China, querem, mesmo em uma semana em que a propagação do Ebola no Continente assusta todo mundo, reassumir o seu lugar. Mas, a cúpula, durante a qual Obama não manteve conversações bilaterais, algo de que os africanos reclamaram muito, chega atrasada. Antes disso, os africanos tiveram cúpula com a China, com os árabes, indianos, europeus, franceses e, não por último, com os sul-americanos. Em cada uma, foi discutida ajuda ao continente, novos negócios, novos investimentos, novas concessões por parte dos africanos aos estrangeiros. Os números são bilionários. A União Européia foi a maior contribuinte, com 187 bilhões de dólares em recursos de cooperação nos últimos cinco anos. E tem um comércio bilateral invejável, que ainda não é superado por China. Enquanto os norte-americanos juntaram 33 bilhões de dólares para a cooperação com 55 países da África e seus mais de 1 bilhão de habitantes, o Banco Mundial prometeu mais 5 bilhões para projetos energéticos. A maior parte dos investimentos vêm do setor privado e não do governo. A General Electric vai investir dois bilhões de dólares, o que é infinitamente mais do que vai investir na América Latina. E mais: os americanos estão se associando nos grandes projetos com os chineses. A África tem problemas de segurança, terrorismo e corrupção, mas nada disso assusta os investidores. Todos querem ser parceiros de desenvolvimento e lucros em um continente que deixaram à mercê da China no passado recente. Interessante é o acordo entre os Estados Unidos e 35 países africanos sobre desenvolvimento e comércio, chamado AGOA em inglês. Ele foi assinado há 14 anos pelo Presidente Clinton e permite que 6000 produtos africanos entrem no mercado norte-americano livremente. Isso elevou o comércio em dez anos de 8 para 27 bilhões de dólares anuais. Os africanos querem agora a prorrogação do acordo. Nessa disputa pelo território econômico da África, não fica fora a aliança militar para assegurar os investimentos e a luta contra terrorismo. O Brasil não está fora dessa briga de cachorro grande e inclusive foi um dos poucos que cancelou os débitos dos países africanos. As oportunidades de crescimento, em especial de exportação dos produtos manufaturados, vão depender de mais investimentos e alianças com parceiros mais fortes. Como fizeram agora os norte-americanos com os chineses. Stefan B. Salej 8.8.2014.

Sunday, 3 August 2014

Exame confirma

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=830734263603821&id=100000017645524
Revista Exame confirma a preocupação dos exportadores brasileiros com a situação da Argentina como expliquei já muito antes no meu blog.

Dos vizinhos incômodos

Dos vizinhos incômodos e perigosos

O mundo sempre foi complexo, mas a quantidade de conflitos complexos no mapa mundial nestes dias está ultrapassando a imaginação de qualquer diplomata. Na Ucrânia, os conflitos continuam, a Rússia está sendo sancionada pelo Ocidente em todas as formas de relações econômicas e políticas, como nunca visto após a queda da União Soviética, a Síria continua com a matança e com o Presidente Assad reeleito, no Afeganistão não conseguem contar os votos na eleição presidencial e continuam os atentados contra as forças da OTAN pelos talibães. A Líbia está pegando fogo e fora do controle, as crianças da América Central estão invadindo como emigrantes  ilegais os Estados Unidos, no Iraque continuam os conflitos entre várias facções islâmicas, e não por ultimo, agrava-se o conflito na faixa de Gaza entre os terroristas de Hamas e as forças de defesa de Israel. Segue a destruição aliada a alguns desastres naturais, como chuvas na Europa e na China. Sem falar nas quedas de aviões e o surgimento da terrível, incurável Ebola na África Ocidental.

Todos esses acontecimentos afetam o Brasil, como afeta também o crescimento da economia norte-americana e, em especial, o crescimento da China. Mas, nada nos afeta tanto quanto o que acontece na nossa vizinhança. Apesar de sermos o maior país da América Latina, somos muito mais vulneráveis à fragilidade dos nossos vizinhos do que parece. A nossa base industrial, não agrícola, foi feita para atender a esses mercados. Inúmeras empresas que se instalaram no Brasil até sustentam no seu nome  "Latino-Americana" ou "Sul-Americana". Temos sede e diretores responsáveis pelos negócios continentais, veja o exemplo da Fiat e do seu Presidente Bellini, que comandam os negócios do Brasil.

E como está esse cenário dentro do contexto mundial? Talvez do ponto de vista do terrorismo experimentado nas outras partes do planeta, estejamos aparentemente tranqüilos. Mas, dos acontecimentos e perspectivas econômico-financeiros, não. Em especial no caso argentino, esse país maravilhoso e lindo, que passa novamente por crise financeira em função do não cumprimento de suas obrigações internacionais. A principal notícia nos jornais de Buenos Aires nestes dias é a classificação do San Lorenzo para o final da Copa dos Libertadores (aquele que ganhou de um time mineiro), a morte do ex-todo poderoso presidente da AFA ( CBF deles) por 35 anos, Grondona e a falta de acordo com os credores internacionais.

Para o Brasil, que se empenhou em ajudar a Argentina a sair desse imbróglio com os credores, o default argentino será um desastre. Nossas expectativas já estão caindo com relação ao terceiro maior  mercado para nossos produtos industrializados e os exportadores não têm só dificuldade em exportar como para receber. E não se fecha acordo com a  União Européia, o Mercosul não evolui e estamos em um  beco com pouca saída. E isso vai afetar o Brasil muito mais do que o resto dos acontecimentos. E olha que a carga é pesada.

Stefan B. Salej
31.7.2014.

Friday, 25 July 2014

Portugal Telecom e Brasil

A trapalhada ou grande negócio da OI com Portugal Telecom da qual falei no blog anterior. A reportagem da Reuters confirma a estória. http://br.reuters.com/article/idBRKBN0FU25V20140725

DOS MÍSSEIS ASSASINOS

Dos mísseis assassinos O míssil é um artefato militar construído para matar. Mas ele só cumpre a sua missão quando acionado por um militar mandado por um outro militar mandado por um político. O assassinato dos 298 passageiros do avião malaio na Ucrânia não aconteceu nem por acaso e nem sem presença humana. Não foi um pássaro desconhecido, mas pessoas que fizeram isso. E por que tanta explicação sobre um assunto aparentemente claro? Porque a ninguém interessa neste momento a verdade, já que a verdade posta na mesa pode provocar mais conflitos e mais mortes. E dizer que, neste mundo tão sofisticado, onde por exemplo os Estados Unidos são capazes, e fazem isso com a mão na cintura, de ouvir as conversas da presidente brasileira, não se sabe quem disparou e de onde partiu o ataque, é nos chamar de idiotas. Uns e outros sabem, mas não convém divulgar. Mas, esse incidente coloca muitas perguntas sem resposta na mesa. A primeira é quantos armamentos não controlados e ameaçando a vida de civis ainda existem e onde. E nisso se enquadram os armamentos químicos e nucleares. E quem tem acesso a eles, já que tudo indica que o mercado das armas floresce mais do que as rosas na primavera. A outra pergunta é quem alimenta esses conflitos e por quê. A resposta parcial é que os Estados Unidos não ficaram satisfeitos apenas com a queda do muro de Berlin, acontecimento que faz este ano aniversário de 25 anos, mas querem o domínio econômico, militar e político daquela região. Definitivamente, essa é a batalha da Ucrânia! A batalha sobre quem vai dominar a Ucrânia está em curso desde a sua independência da União Soviética e, mais recentemente, só se agravou. O incidente com o avião malaio é um peão no tabuleiro dessa disputa. Aos Estados Unidos não convém o predomínio russo, com seu líder de 61 anos, sem carisma mas obcecado com a restituição da grandeza do seu país, em uma região rica em minerais, gás e petróleo. E a União Européia que, com a proverbial ignorância dos fatos pela sua diplomacia, queria, em nome do Ocidente (segundo o ex-guerrilheiro francês Registro Debray, o endereço deste conceito é o número de telefone da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos) trazer a Ucrânia para a órbita ocidental. E o resultado é visível e ainda está longe de terminar. No episódio do avião derrubado, com cenas horríveis de pilhagem (aliás muito comuns depois da segunda guerra mundial, por onde passaram vitoriosos soldados soviéticos que roubavam e estupravam com toda a aprovação dos seus superiores) há também a questão de por que as Nações Unidas não assumiram a investigação.Talvez a resposta seja que não interessa aos Estados Unidos uma investigação neutra. Quanto às sanções contra a Rússia e o seu isolamento, têm efeito bumerangue para Europa. Menos para Estados Unidos, mas ao diminuir a economia russa, os maiores perdedores são os europeus, que aumentaram em muito o seu comércio com a Rússia. E quem sabe sobra espaço para aumentar o nosso comércio com Rússia, mesmo sofrendo a pressão dos Estados Unidos e da União Européia para sancionar aquele país. Stefan B. Salej 25.de julho 2014.

Friday, 18 July 2014

DA ESTÓRIA DO PORTUGUÊS

Da estória do português Ao ensinar aos jovens sobre a sociedade nos negócios, sempre se ensina sobre a estória em que um sócio entra com o capital e o outro, com a experiência Após um tempo de empresa, a situação se inverte e, o que entrou com o capital fica com a experiência, e outro sócio, com o capital. Aliás, na linguagem popular esse fenômeno empresarial tem o nome de cerveja. E nesta semana, apesar do trágico acontecimento com a derrubada do avião da Malásia na Ucrânia ( pode ter sido até um erro humano em controle dos mísseis pelos ucranianos) e a intensificação do conflito em Gaza, vivemos no Brasil duas estórias no melhor estilo da cerveja escura, tão apreciada no passado. A bem organizada reunião dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Fortaleza (antigamente Belo Horizonte lutava por este tipo de reuniões como ALCA, BID e outras) e ainda reuniões bilaterais com a China e Rússia, em especial, mostraram que o pós-Copa diplomático foi, mesmo com o deslize dos empresários brasileiros, propondo, sem uma base técnica, o uso das moedas não conversíveis para as trocas comerciais, foi um gol de placa da diplomacia nacional. Como se diz nos círculos diplomáticos do mundo: Itamaraty no improvisa. Mas, na parte econômica, a fundação do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, com sede na China foi um negócio parecido com a descrição da sociedade. Nós temos o maior e mais antigo banco de desenvolvimento, o BNDES, além de bancos estaduais eficientes, como o BDMG, mas o novo banco será gerido mesmo por um presidente indiano e administrado pelos chineses. E quem já trabalhou com algum banco sabe bem quem manda são os técnicos! Essa perdemos e feio! A outra história é ainda mais explosiva e afeta diretamente todos os brasileiros. Uma das maiores operadoras de telefonia no Brasil, cujas origem remontam a Minas, a OI, juntou-se com a Portugal Telecom para formar um dos gigantes mundiais de telefonia. E, com dinheiro dos fundos de investimentos públicos brasileiros, promoveu aumento de capital. Nesse meio tempo, a direção da empresa portuguesa tirou do seu caixa mais de 3 bilhões de reais e emprestou a um dos seus sócios, o grupo Espírito Santo, que está em dificuldades financeiras e não pagou a conta. Escolher um sócio assim deve ter sido um ato de sabedoria dos diretores da OI, de cuja qualidade de serviços o usuário brasileiro é vítima diária. E agora está todo mundo correndo atrás do prejuízo. O fantástico é que os empresários portugueses de hoje insistem em achar os trouxas no mundo, no melhor estilo das raízes coloniais, e acham. Fazem privatizações e associações, claro que há exceções honrosas, com dinheiro alheio. Esta semana os aviões da TAP, cia. aérea portuguesa que não quiseram vender a um empresário brasileiro, como também a empresa de energia, que em vez de vender aos brasileiros venderam aos chineses, não voaram porque simplesmente não tinham aviões. Às vezes, países e seus empresários necessitam achar um tamanho adequado para agir. Mas, se acham alguém que entra com o capital e fica com experiência, o que podemos fazer. Só ajudar a pagar a conta, como será neste caso. Stefan B. Salej 18.7.2014.

Thursday, 17 July 2014

D a estupidez da guerra e mortes- a queda de avião na Ucrânia

Da estupidez da guerra e mortes A queda do avião civil da Malásia, atingido por um míssil de longo alcance na Ucrânia, mudou o rumo do conflito naquele país. A morte trágica de civis e a destruição da aeronave de uma empresa de um país muçulmano, mas que nada tem a ver com o conflito na região, chocou o mundo de tal maneira que todos devem repensar o que está acontecendo por lá e aonde vai levar essa confrontação. Para começar, as acusações iniciais de que o avião foi derrubado pelos rebeldes pró-russos, e a reação quase imediata das autoridades da Ucrânia sobre o acidente, colocam nas mãos dos investigadores a questão básica de quem derrubou o avião. Os dois lados em conflito negam e colocam na mesa argumentos que não convencem a ninguém. Mas a imediata conversa, após o incidente, entre o Presidente da Federação Russa, recém retornado de visita ao Brasil, e o Presidente Obama, dos Estados Unidos, mostra a seriedade do momento. A escalada do conflito parece não interessar a ninguém e a internacionalização que se produziu além da região das batalhas por lá, muito menos. Os dois lados têm interesse estratégico no status quo de paz ou então, se a escalada continuar, haverá uma guerra regional onde as duas potências mundiais, Russia e Estados Unidos, vão se confrontar de tal forma que a guerra do Afeganistão vai parecer jardim de infância dos sangrentos guerreiros. O surgimento do Califado no Oriente Médio, um estado islâmico terrorista, o conflito da Síria, as perturbações e conflitos na Líbia, o conflito de Gaza entre Israel e os ataques do Hamas, a guerra no Afeganistão e mais alguns outros conflitos, dão ao mundo bastante preocupação, junto com as eventuais bombas atômicas do Irã, sem precisar de mais um conflito. Nesse incidente lamentável vai se construir ou a paz ou a guerra, que pode ser pior do que foi cem anos depois da primeira guerra mundial. Lá também houve um só tiro que provocou a tragédia que foi aquela guerra. Aqui, pelo que parece, também foi um tiro, mas de um míssil. Na época, sabe-se que foi o nacionalista sérvio Gavrilo Príncip, e agora aqui, quem foi? E dizem que os estadistas da época reagiram errado ao tiro em Sarajevo. Será que os estadistas de hoje vão reagir certo? Stefan B. Salej 17.de julho 2014.

Friday, 11 July 2014

DA COPA DA DIPLOMACIA

Da Copa da diplomacia O esporte e seus eventos fazem parte da agenda diplomática há muito tempo. De um lado, para promover os países promotores e seus regimes, como foi o infame caso dos Jogos Olímpicos em Berlin em 1936, quando a Alemanha nazista surgia com toda a sua força e todo o seu racismo e o seu infame Chanceler não quis cumprimentar o atleta negro norte-americano Jesse Owens porque os arianos, mesmo sendo austríacos, não cumprimentavam negro! Ou nos tempos da União Soviética, quando os russos organizaram, com o ursinho Micha, os Jogos Olímpicos de verão, bloqueados com toda força pelos Estados Unidos e seus aliados. E a volta do diálogo entre a China comunista e a democracia conservadora dos Estados Unidos da época começou através dos jogos de tênis-de-mesa e passou a se chamar a diplomacia do Pingue Pongue, sob a regência do Professor Kissinger e do chinês Zhou Enlai. Assim, é absolutamente normal que o Brasil use ao máximo a oportunidade de hospedar a Copa para se promover. Claro que é mais agradável promover o Brasil com bons resultados dos atletas, mas o desastre da nossa seleção não deixa de ter sido uma formidável notícia pelo mundo afora. Em nenhum canto do mundo deixou de ser notado o fiasco. E aí a diplomacia brasileira teve formidável trabalho para dizer que sim, o futebol é importante, estamos tristes, mas o país continua firme, forte e democrático. E os "abutres" do mercado financeiro mundial começaram a produzir previsões sobre a influência dos sete gols alemães sobre as eleições e a gestão das empresas públicas brasileiras. E, especulando, conseguiram elevar o valor das suas ações e ganhar bilhões, como se alguém realmente soubesse o que vai acontecer no campo eleitoral antes de abrirem as urnas. Outra parte dessa ação foi feita pela Apex, Agência brasileira de promoção de exportações e investimentos. Não é só a sua marca que aparecia junto com inúmeras marcas de empresas brasileiras, até a Centauro mineira estava lá, nos estádios. Eles organizaram de forma meio atrapalhada a ida de inúmeros empresários aos jogos da Copa e em visitas a empresas exportadoras brasileiras. Enquanto o aumento do consumo do pão de queijo pelos torcedores e dos gastos no Brasil durante a Copa são visíveis, os resultados da promoção serão vistos a longo prazo, se acompanhados por ações pós-Copa. O trabalho classicamente chamado diplomático foi realmente árduo. Algumas informações dizem que 25 chefes de Estado e Governo terão estado no Brasil. Isso requer um trabalho monumental e mais uma agenda extraordinária. Desde o Vice-Presidente norte-americano e a Chanceler alemã até Primeiro Ministro croata e mais outros tantos. Mas, a Copa diplomática vai começar mesmo com a reunião dos países BRICS em Fortaleza, na próxima semana. Rússia, China, Índia, África do Sul e Brasil, em uma agenda interessante, que inclui o Banco de desenvolvimento e depois a reunião com os Presidentes sul-americanos. E aí não podemos levar nenhum gol. Nesse jogo não se improvisa. Stefan B. Salej 10. de julho 2014.