Do Nelson Mandela um ano depois
Há exatamente um ano, faleceu na África do Sul o ex-Presidente daquele país que faz parte do grupo dos países BRICS, junto com Brasil, Rússia, China e Índia. Por 67 anos Nelson Mandela, que ganhou junto com seu adversário político, Frederik De Klerk, o Prêmio Nobel da Paz, lutou contra a opressão dos brancos contra os negros, contra a injustiça social e, ao sair da prisão após 27 anos, promoveu uma transição pacífica para um país democrático e socialmente menos injusto. Mandela, que casou após a saída de prisão com a viúva do ex-Presidente do Moçambique Samorá Machel, Graça, que esteve recentemente no Brasil, deixou um legado incomparável para a humanidade. Apesar de que muitos poucos lembraram nestes dias do aniversário da morte dele, o seu exemplo é seguido pelo mundo afora e os valores que ele preconizava são mencionados por milhares de pessoas diariamente.
A primeira pergunta é, como está África do Sul hoje, comparando com o que Mandela imaginava, e o que país se tornou. Essa discussão está hoje em pauta em toda África do Sul e as opiniões variam em muito. Claro que as análises levam em conta principalmente os interesses políticos e econômicos de diversos grupos. Mas, o fato inegável é que a África do Sul, sobre a qual caíram todas as mazelas do mundo, desde Aids até crise financeira, é um país em transição democrática normal. Ou seja, não virou um feudo como alguns de seus vizinhos, onde os líderes da resistência ao colonialismo se perpetuaram no poder com todos os benefícios financeiros, ou então as lutas tribais ou os interesses econômicos criaram estados em constante estado de matanças e guerras internas, além de golpes militares. A África do Sul não é nada disso e é um exemplo de exercício democrático, não só no continente como no mundo.Mas, isso não exclui as dificuldades, ajustes e desacertos e acertos nas políticas públicas e na condução do país.
A transição sul-africana também deixa algumas outras questões, como o que acontece quando um grupo revolucionário assume o poder e, como os sonhos, as suas lutas se tornam projeto do governo. Veja o que acontece em Cuba, Angola, Zimbábue e outros. A luta armada se esgota em um projeto político, e começa uma nova era. E fazer essa transição, mesmo para Congresso Nacional Africano, o partido centenário que, por intermédio do Madiba, como os Sul africanos chamam carinhosamente Mandela, chegou ao poder, não é fácil.
O fato é que muitos dos valores que Mandela pregava tornaram-se valores universais e exemplos de governança. E aí que entra também a questão de aliança brasileira com a África do Sul. Os dois países não só colaboram junto com a Índia dentro de uma aliança chamada IBSA, que tem ótima cooperação na área militar, especialmente naval, mas também na área de investimentos, comércio, ciência e tecnologia, educação, entre outros.E em tudo isso, nesse enorme potencial, Minas está mais ausente do que água em São Paulo. Perdendo oportunidades.
Stefan Salej
5.12.2014.
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