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Friday, 8 August 2014
DA ÁFRICA QUE QUERO
Da África que quero
Em Washington, capital mundial do Ocidente, esta semana, no sexto ano do governo Obama, apesar dos problemas no Iraque e no Oriente Médio, o assassinato de um general no Afeganistão, e a Ucrânia, foi da África. A cúpula Estados Unidos-África reuniu 50 chefes de estados africanos, empresários e outros líderes políticos do continente com Presidente Obama, seus ministros e demais interessados no continente, cujo crescimento vai superar em média 6.5 % neste ano e que tem seis entre as dez economias que mais crescem no mundo. Os Estados Unidos, que perderam a liderança em comércio com o continente para China, querem, mesmo em uma semana em que a propagação do Ebola no Continente assusta todo mundo, reassumir o seu lugar.
Mas, a cúpula, durante a qual Obama não manteve conversações bilaterais, algo de que os africanos reclamaram muito, chega atrasada. Antes disso, os africanos tiveram cúpula com a China, com os árabes, indianos, europeus, franceses e, não por último, com os sul-americanos. Em cada uma, foi discutida ajuda ao continente, novos negócios, novos investimentos, novas concessões por parte dos africanos aos estrangeiros. Os números são bilionários. A União Européia foi a maior contribuinte, com 187 bilhões de dólares em recursos de cooperação nos últimos cinco anos. E tem um comércio bilateral invejável, que ainda não é superado por China.
Enquanto os norte-americanos juntaram 33 bilhões de dólares para a cooperação com 55 países da África e seus mais de 1 bilhão de habitantes, o Banco Mundial prometeu mais 5 bilhões para projetos energéticos. A maior parte dos investimentos vêm do setor privado e não do governo. A General Electric vai investir dois bilhões de dólares, o que é infinitamente mais do que vai investir na América Latina. E mais: os americanos estão se associando nos grandes projetos com os chineses.
A África tem problemas de segurança, terrorismo e corrupção, mas nada disso assusta os investidores. Todos querem ser parceiros de desenvolvimento e lucros em um continente que deixaram à mercê da China no passado recente. Interessante é o acordo entre os Estados Unidos e 35 países africanos sobre desenvolvimento e comércio, chamado AGOA em inglês. Ele foi assinado há 14 anos pelo Presidente Clinton e permite que 6000 produtos africanos entrem no mercado norte-americano livremente. Isso elevou o comércio em dez anos de 8 para 27 bilhões de dólares anuais. Os africanos querem agora a prorrogação do acordo.
Nessa disputa pelo território econômico da África, não fica fora a aliança militar para assegurar os investimentos e a luta contra terrorismo. O Brasil não está fora dessa briga de cachorro grande e inclusive foi um dos poucos que cancelou os débitos dos países africanos. As oportunidades de crescimento, em especial de exportação dos produtos manufaturados, vão depender de mais investimentos e alianças com parceiros mais fortes. Como fizeram agora os norte-americanos com os chineses.
Stefan B. Salej
8.8.2014.
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