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Thursday 19 June 2014

Dos jogos e sangue

Enquanto na bucólica Sochi, no Mar Negro, Federação Russa, estão ocorrendo até agora às mil maravilhas os Jogos Olímpicos de Inverno, inclusive com a participação de atletas brasileiros em número nunca antes visto, o mundo continua com seus problemas, seus malogros e suas tristezas. Os críticos que vêem na organização russa dos jogos tudo errado, acharam também que os russos exageraram nos investimentos nos jogos : 120 bilhões de reais. Eles pelo menos são felizes em saber quanto gastaram e como pagaram. Nós até agora não vimos nenhuma contabilidade transparente nem da Copa e nem dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro daqui a dois anos!

Mas, a notícia internacional  importante vem de outra parte. Na verdade, vem da avenida que leva os torcedores para o Mineirão, onde está situado o Clube Sírio de Belo Horizonte. Tudo indica que milhares de torcedores na Copa vão passar em frente dessa  casa modesta, sem terem em mente o banho de sangue que esta acontecendo na Síria. Após dois anos de massacre, com mais de dos milhões de pessoas refugiadas, mais de duzentos mil mortos, cidades destruídas, um pequeno comboio das Nações Unidas conseguiu entrar na cidade Síria de Homs, terra de origem de inúmeros brasileiros,  para trazer água, remédio, comida e tirar as crianças de lá.

Uma vitória da impotência, do bem versus o mal. Como um refugiado declarou na televisão: Genebra ( onde estão mantendo as conversações de paz) para cá e para lá, e nós morrendo enquanto isso. A guerra na Síria, onde cada décimo combatente é  europeu e onde cada vez mais combatentes são de outros países islâmicos, já é um conflito internacional há muito tempo. A ele se juntam os conflitos na África, como do Sudão do Sul, República Centro Africana, Mali, e os já tradicionais conflitos no Egito. Sem falar no Iraque e Afeganistão, cujo presidente assistiu à inauguração dos Jogos Olímpicos em Sochi como se no seu país reinasse a paz celestial.

A lista não termina aqui. Na Tailândia, que há alguns anos sofreu um desastre natural, tzunami, de grandes proporções, as ruas gritam por mudanças. O conflito na gelada Ucrânia, onde há semanas os protestos não param, deixa claro que a divisão do mundo entre grandes potências não terminou. E entrou de novo na lista a Bósnia. Aquele país dos Bálcãs, onde começou a Primeira Guerra Mundial, teve combates memoráveis na Segunda Guerra contra nazistas e foi o palco de conflitos sangrentos na divisão da Iugoslávia na década de 90. A Bósnia esta em revolta, algo nada bom.

Parece que temos dinheiro para jogos, mas não para combater a fome (o Haiti ainda existe), para educação e bem estar. Somos uma humanidade, que, mesmo com democracia, preferimos sangue e jogos do que bem estar. E muitos sírios no Brasil dizem : que bom que saí de lá  e estou nesta paz aqui. Ganhando dinheiro.

Stefan B.Salej

12.2.2014.

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