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Thursday, 27 February 2025

DA PORTEIRA ABERTA, A CORRUPÇÃO LIBERADA

 DA PORTEIRA ABERTA, A CORRUPÇÃO LIBERADA

 

No meio de centenas de decretos executivos do novo governo americano, há um que, depois dos comentários iniciais, passou despercebido: o que suspende a vigência de lei que proíbe as práticas de corrupção no exterior. Essa lei de 1977 proibia as empresas norte-americanas de subornarem funcionários públicos de terceiros países. Desde 2010, o Departamento de Justiça norte-americano processou empresas por ato de corrupção no valor de 30 bilhões de dólares. E entre os campeões estão a Petrobras e a Odebrecht. Aliás, segundo estudo da Universidade de Stanford sobre a corrupção no mundo, entre 2015 e 2024, o Brasil ganhou a medalha de prata.

Os países membros da OCDE, que reúne 45 países que representam 70 % de riqueza produtiva do planeta, e que fez suas regras anticorrupção em 1997, seguem bem essa cartilha. De 1999 a 2023 foram penalizados 1300 indivíduos e 400 empresas. Mesmo assim, no país da liberdade, igualdade e fraternidade, a França, demoraram 20 anos para processar uma empresa. Na Alemanha, a centenária Siemens teve um escândalo das proporções da sua própria história. E no Brasil, lembrar da Lava Jato, é recordar.

A decisão do governo Trump, que sempre implicou com essa lei, não só gera uma insegurança jurídica com os processos em curso, mas também com o futuro de práticas e ética no mundo dos negócios. Em resumo, se as empresas norte-americanas estão livres para pagar propinas com a desculpa de que isso as faz mais competitivas, então todo mundo pode fazer. Não pode fazer em casa, mas pode fazer no vizinho. E não há dúvida de que os corruptos estão em festa, prontos para receber de braços abertos os corruptores. Virou festa.

Vamos ver como vai reagir OCDE, da qual o Brasil não faz parte, e que ainda não sofreu flexadas do Trump. Essa libertinagem norte-americana fere o que há de mais sagrado nessa organização. Fere também o princípio de confiança no mundo dos negócios, além de enfraquecer a governança tanto empresarial como dos próprios países. E há um custo econômico, porque quem vai pagar o aumento de custos, a propina é  custo, é o consumidor, o país na infra-estrutura. Em resumo, os custos dos investimentos vão aumentar. Nos já vimos esses exemplos no Brasil quando um diretor de uma concessionária de energia elétrica justificou o aumento de custo de uma usina em 400 % pela inflação em dólar. Para roubar justificam tudo.

Começou o caos com a porteira aberta e com a fragilidade dos sistemas políticos e em especial os jurídicos, vamos regredir não só na luta contra a corrupção, mas em estabelecer uma sociedade de valores em negócios que solidificam o sistema democrático ao invés de corroer a estabilidade do país. E o que vamos ensinar às próximas gerações: honestidade, trabalho, competência ou como fazer negócios corruptos?MBA em operações estruturadas.

 

Stefan Bogdan BARENBOIM ŠALEJ

www.salejcomment.blogspot.com

25.2.2025.

 

 

 

 


Sunday, 23 February 2025

 FROM EUROPE WAR-THRUNG


80 years ago ended World War II, which followed the Great War, World War I, started in 1914 and ended in 1918. That is, less than 20 years between the end of the first and the beginning of the second war. And this week marks three years since Russia invaded Ukraine, making the world tremble and sowing terror and fear in Europe, deaths and injuries on both sides, displacement of millions of people, disruption of supply of agricultural products and industries around the world, in addition to high prices and billions of dollars spent on weapons. Suddenly the world was redesigned and lived the fear of a new war, including nuclear.


The United States and European countries felt threatened and reacted to the Russian aggression. They would ring militarily, using the most modern military equipment and declared economic sanctions against Russia. It has allied itself with China, the sanctions have no effects, and even allocating 43% of its budget to the war effort, the Russian economy survived the conflict well. Putin's regime has strengthened internally, China too, and the end result is that Trump thought it was time to end the conflict, making the most of the United States.


Without North American support, Europeans, after the Paris conference of the most important European countries, express doubts, but also recognize that they alone cannot defeat Russia. It was like that in the two world wars and it was like that in the Balkan conflict. The GIs, American soldiers in their various forms, saved Europe and imposed peace. And this time it was no different: Trump and Putin understood each other, sent their chancellors to sit at the table and gave orders to find a solution. Neither the Europeans nor Ukraine were invited.


Russia was not at the negotiating table as defeated, even if some do not consider it a winner. She militarily dominates a good piece of Ukrainian territory and now begins the discussion on how to contain Russian advances not only in Ukraine but also in Europe. The Russians will hardly accept Ukraine in the European Union, but they have already warned that in NATO, a military alliance that Trump hates, under no circumstances. Ukraine became, as in other times in history, a pawn in the game of powers. The unfolding of the conflict today is very reminiscent of the invasion of Nazi Germany from Czechoslovakia, which was accepted by Westerners without reacting and allowed Hitler to do what he did next.


The European Union and Great Britain will have to build a defense against Russia, knowing that the transatlantic military alliance no longer protects them. It changed the concept of defense in the Trump administration, which allies itself with Putin and also Xi, marginalizing Europe. So much more than peace in Ukraine is at stake. It's peace in the world.

DA EUROPA CANÇADA DE GUERRA

 DA EUROPA CANÇADA DE GUERRA

Há 80 anos terminou a Segunda Guerra Mundial, que seguiu Grande Guerra, Primeira Guerra Mundialiniciada em 1914 e terminada em 1918. Ou seja, menos de 20 anos entre o fim da primeira e início da segunda guerra. nesta semana completam-se três anos que a Rússia invadiu a Ucrânia, fazendo o mundo tremer e semeando terror e medo na Europa, mortes e feridos dos dois lados, deslocamento de milhões de pessoas, ruptura de fornecimento de produtos agrícolas e indústrias pelo mundo afora, além da alta de preços e dos bilhões de dólares gastos em armas. De repente o mundo foi redesenhado e viveu medo de uma nova guerra, inclusive nuclear.

Os Estados Unidos e os países europeus se sentiram ameaçadose reagiram à agressão russa. Regariam militarmente, usando os equipamentos militares mais modernos e declararam sanções econômicas contra Rússia. Está se aliou à China, as sanções não surgiram efeitos, e, mesmo destinando 43 % do seu orçamento ao esforço de guerra, a economia russa sobreviveu bem ao conflito.O regime de Putin se fortaleceu internamente, aChina também, e o resultado final é que Trump achou que está na hora de acabar com conflito, tirando o máximo proveito paraos Estados Unidos.

Sem o apoio norte americano, os europeus, depois daconferência de Paris dos mais importantes países europeus,expressam dúvidas, mas também reconhecem que eles sozinhos não conseguem derrotar Rússia. Foi assim nas duas guerras mundiais e foi assim no conflito dos Bálcãs. Os GI, soldados norte-americanos em suas várias formas, salvaram Europa e impuseram a paz. E desta vez não foi diferente: Trump e Putin se entenderammandaram seus chanceleres sentarem à mesa e deram ordem para achar uma solução. Nem os europeus, nem Ucrânia foram convidados.

Rússia não estava na mesa de negociação como derrotada, mesmo que alguns não a consideram vencedora. Ela domina militarmente um bom pedaço de território ucraniano e agora começa a discussão sobre como conter os avanços russos não só na Ucrânia mas também na Europa. Os russos dificilmente vão aceitar a Ucrânia na União Europeia, mas já avisaram que na OTAN, aliança militar que Trump detesta, sob hipótese nenhuma. Ucrânia virou como em outras vezes na história um peão no jogo das potências. O desenrolar do conflito hoje lembra muito a invasão da Alemanha nazista da Checoslováquia, que foi aceita pelos ocidentais sem reagir e permitiu a Hitler fazer o que fez em seguida.

União Europeia e Grã Bretanha terão que construir uma defesa contra a Rússia, sabendo que aliança militar transatlântica não os protege mais. Mudou o conceito de defesano governo Trumpque se alia a Putin e também a Xi,marginalizando a Europa. Então está em jogo muito mais do quea paz na Ucrânia. É a paz no mundo. 

 

DA PAULADA ESPERADA E INESPERADA

 DA PAULADA ESPERADA E INESPERADA

 

Nenhuma discriminação contra o Brasil por parte do governo Trump em elevar as tarifas de importação de produtos siderúrgicos e de alumínio em 25 %. Vale para o mundo inteiro.E nem contra Minas Gerais, o maior produtor de aço e alumínio do Brasil.  Todos estavam esperando alguma medida assim, mas a questão é se estavam preparados para ela. As análises se baseiam muito no ano de 2018, no Trump1, quando de tarifas de 10 % passou-se a quotas, mantidas no governo Biden. Agora os tempos são outros. Para começar, naquela época os governos dos dois países eram da mesma linhagem política e com isso tinham um diálogo que poderia resolver a questão.

Num mundo onde há excesso de oferta de aço, em especial chinês, e há crise do setor automobilístico, a atitude norte-americana tem reflexos muito maiores do que percebemos. O Brasil exporta aproximadamente 35 % de sua produção, diz a entidade do setor AçoBrasil, para 100 países, mas o maior comprador são os Estados Unidos. Ou seja, a queda nas exportações para lá vai afetar o balanço de pagamentos, os balanços da empresas siderúrgicas e, claro, o emprego. Com exceção da Gerdau, que tem usinas nos Estados Unidos e gera 40 % de sua receita com negócios por lá, as demais, como a Usiminas, Arcelor Mittal e CSN, serão afetadas. No caso das primeiras duas, elas fazem parte de operações globais e aí a direção das empresas decide onde tem mais lucro. E aí vai um aplauso para aGerdau, genuinamente nacional, que implementou a estratégia de produzir nos Estados Unidos e colhe resultados.

A siderurgia brasileira vive uma crise de competitividade há muito tempo. Os investimentos necessários e as atualizações tecnológicas dependem do retorno de capital, que é baixo, em função dos altos custos da energia, do mercado interno imundado com aço chinês e sem a proteção da indústria brasileira, e do alto custo do capital.

A paulada de Trump vai só agravar a crise e, se serve de alguma coisa, o exemplo de como o governo resolveu a questão da importação de aço não é exatamente animador. Brasil não tem meios de retalhar os Estados Unidos e a única esperança é que velho e tradicional Itamaraty  resolva a questão na área diplomática. E que, por outro lado, o governo reforce a competitividade da indústria siderúrgica e de alumínio para que ela sobreviva no momento, seja com políticas de aumento de consumo interno, que é baixo, com proteção  contra dumping chinês, apoiado pela indústria automobilística e de linha branca, grandes consumidores, e com juros compatíveis para que o custo dos investimentos refaça a competitividade industrial e tecnológica.

Um estado como Minas pode levar um baque irrecuperável se o governo do estado,a indústria e governo federal não se aliarem na solução. O receio é que estão caídos na lona do boxe do comércio internacional e ainda não acordaram para agravidade da situação, aliás prevista e cantada em prosa e verso por Trump.

Friday, 7 February 2025

DO CAOS A CAOS

 DO CAOS A  CAOS

 

O recém empossado  presidente dos Estados Unidos está com a faca e o queijo na mão. Ameaça cada minuto alguém, semeia uma tremenda insegurança e incerteza no mundo, e por enquanto está ganhando todas. Colômbia, Canadá, México, Panamá, todos baixaram o tom e aceitaram de uma ou outra maneira suas exigências. Bom, ficou a China, que reagiu com cautela à ameaça de elevação dastarifas de importação. A União Europeia rugiu como um gato, mas na prática nada aconteceu. E Brasil disse que disse que vai retalhar, mas em Washington ninguém deu a mínima para o que Lula disse. Essa briga ainda está para acontecer. 

 

Nesse caos semeado por Trump, é bom lembrar que os Estados Unidos sempre usaram esses instrumentos de pressão. Não é a primeira vez que o Brasil está sendo ameaçado e nem a primeira vez que serão aplicadas sanções ou tarifas extras para as exportações brasileiras. E isso também ocorria quando dominavam os democratas. Quando se discutia a ALCA, associação da América Latina e Caribe com os Estados Unidos, uma das reuniões foi em Belo Horizonte, então secretário do comércio dos EUA me explicou com clareza porque eles querem essa união: não termos restrições para exportar para continente, queremos exportar cem bilhões de dólares e criar com isso 2 milhões de empregos. Simples assim. 

deputado democrata de Minessota Joe Oberstar me contou que fez tudo para barrar um empréstimo de 350 milhões de dólares do Banco Mundial para a Vale, oprojeto Carajás, porque a produção de minério de ferro lá seria tão competitiva que acabaria com as minas de ferro no distrito eleitoral dele. Ele estava certo. Hoje oBrasil exporta mais de 10 bilhões de dólares de mineiro de ferro para lá e as minas no Minessota fecharam.

A diferença entre seus antecessores e Trump é a violência verbal, uma prepotência que está um pouco para o Rei está nu. Não tem nenhum sutileza para tratar com seja quem for. A grosseria se tornou a expressão da verdade na política norte-americana e é adotada fielmente por seus seguidores em todos os níveis do governo. Não tem meio termo, não tem solução a não ser subjugar ao que se entende que é o interesse americano. Não tem mais açúcar e cacete, só tem cacete.

Brasil está vulnerável em todos os sentidos. Temos bilhões de investimentos deles aqui, e o comércio bilateral é importante. E por outro lado somos muito, mas muito mais do que percebemos, dependentes da China. O desarranjo do mundo que está sendo provocado por Trump exige, para responder à altura, uma economia sólida e em crescimento. Como vamos equilibrar as finanças públicas, manter inflação sob controle e a competitividade das nossas exportações, para termos resiliência nos tempos trumpianos, me parece, no estado atual da política brasileira, a pergunta com centenas de respostas e nenhumà altura do desafio que estamos enfrentando.

 

Friday, 31 January 2025

DO PRESENTE DO ANO NOVO CHINÊS

Tentei escrever um ensaio sobre um livro recém editado na Eslovênia a respeito da imigração eslovena no Brasil, que começou há 140 anos. E acordado pelo estrondo da bomba do lançamento da ferramenta de inteligência artificial Deep Seek chinesa, fiz um teste. Recebi em segundos um texto guia em inglês sobre como escrever com inúmeros links de subsídio e um texto em esloveno (língua falada por 2 milhões de pessoas, eslava, com dual e cujo primeiro documento foi escrito há mais de mil anos). O texto em esloveno é tão bem escrito que faria inveja a qualquer escritor.

Ai vieram as notícias sobre essa nova ferramenta. Que investimento foi de 6 milhões de dólares, enquanto os big tech americanos anunciavam investimentos de centenas de bilhões, e Trump se gabando que eles vão liderar o desenvolvimento de inteligência artificial no mundo. O choque foi de tal tamanho que as bolsas caíram, todo mundo se perguntando se os bilionários investimentos não foram para o brejo. Além dos aspectos econômicos, os analistas de IA começaram estudar o que é esse pacote do Ano Novo chinês, ano da cobra. E ainda vai se passar um tempo para termos uma resposta mais exata sobre essa cobra chinesa.

Insistimos em ignorar a capacidade chinesa de inovar. E não achamos um diálogo de cooperação, mas insisitmos, principalmente os Estados Unidos, em confronto. O fato é que, na área específica de IAEuropa está atrasada em relação aos Estados Unidos, e o choque do Deep Seek está questionando todo o modelo de desenvolvimento norte-americano na área. Isso inclui investimentos em pesquisa,para o que precisam dos melhores do mundo. E a política de imigração do governo Trump está anunciando que não vai permitir mais a vinda de estrangeiros sob regime especial.Não é só o visto, o ambiente de trabalho com discurso racista é agressivo, está contaminado. Os investidores estão descobrindo que os chineses conseguem melhores resultados com muito, mas muito menos dinheiro. E agora Trump?

Nesse episódio vale perguntar, como fica Brasil. Dúzias de pesquisadores de excelente qualidade podem produzir algo disruptivo? O caso chinês mostrou àprimeira vista que não é só o dinheiro que produz inovação e rompe fronteiras tecnológicas. Será que alguém vai se debruçar sobre a questão e procurar essa resposta ou temos um melhor futuro se continuarmos sendo grandes consumidores de inovações, agora também chinesas.Neste caso, não seria inútil nos prepararmos para usar IA de forma mais eficiente? E o que está sendo feito mesmo? Comece você mesmo, como pessoa física e na sua empresa. Mas cuidado com os aspectos éticos: vou ler o texto, mencionando que foi a cobra chinesa que fez.

 

Saturday, 18 January 2025

 OF THE WORLD AS IT IS AND NOT AS IT WILL BE


To understand the future of the business world, that is, the markets, the experience of the past and the reality of today are fundamental values. The entrepreneur's understanding of the macro-political environment, both internally and internationally, is fundamental, but it is also essential to understand specifically his market. I'm not talking about the financial market, but the market for its products and services.


The news that China reached a trade surplus of almost 1 trillion dollars last year, that is, 15 times more than Brazil, and filled the cash register, while the United States has a deficit of trillions, simply says that the war against China, which future President Trump announces, changes its figure. The Chinese have cash and achieved this result by absolute technological and commercial competence. We are continuously despising the managerial and technological advancement of Chinese companies. They use the most advanced management techniques, using all the wisdom of Confuncius and his rich history. The Chinese have not advanced now, they were already advanced in the 15th century, when Marco Polo discovered them.


But the biggest concern today is with the Trump 2 government. The expectation is that you comply with what you say. No popular proverb applies to him, neither that of a dog that barks does not bite, nor that of which the caravan passes and the dogs bark. The unpredictability is great, but there is a new element in his mandate. The influence of billionaires led by the richest man in the world, Musk. Trump's inauguration costs 1 billion reais, financed by businessmen. North American policies will be guided essentially by a group of billionaires. Ideological or state interests will be subjugated to the interests and ideas of individuals and their companies.


We've already seen this movie. In Central America with United Fruits, in Chile, with ITT, etc. But this time with different shapes and with even greater strength. This game has already begun in Europe, with Musk directly interfering in German and British politics. And with the dollar strengthened, another instrument of pressure, the situation gets complicated.


Brazil is not vulnerable because the co-occupant of the Alvorada Palace treated Musk, who even has a position in the Trump government, with a swear word. It is vulnerable because there are cracks in democratic institutions. Also its political governance system does not offer security and monetary stability, but an uncontrolled spending. And the economic base depends on the commodity market.


The policies of the Trump administration will greatly affect the most economically vulnerable and the fragile in their political bases. The Lula government lasts another 2 years, Trump's, four. And Xi's, until his death.