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Sunday, 23 February 2025

DA PAULADA ESPERADA E INESPERADA

 DA PAULADA ESPERADA E INESPERADA

 

Nenhuma discriminação contra o Brasil por parte do governo Trump em elevar as tarifas de importação de produtos siderúrgicos e de alumínio em 25 %. Vale para o mundo inteiro.E nem contra Minas Gerais, o maior produtor de aço e alumínio do Brasil.  Todos estavam esperando alguma medida assim, mas a questão é se estavam preparados para ela. As análises se baseiam muito no ano de 2018, no Trump1, quando de tarifas de 10 % passou-se a quotas, mantidas no governo Biden. Agora os tempos são outros. Para começar, naquela época os governos dos dois países eram da mesma linhagem política e com isso tinham um diálogo que poderia resolver a questão.

Num mundo onde há excesso de oferta de aço, em especial chinês, e há crise do setor automobilístico, a atitude norte-americana tem reflexos muito maiores do que percebemos. O Brasil exporta aproximadamente 35 % de sua produção, diz a entidade do setor AçoBrasil, para 100 países, mas o maior comprador são os Estados Unidos. Ou seja, a queda nas exportações para lá vai afetar o balanço de pagamentos, os balanços da empresas siderúrgicas e, claro, o emprego. Com exceção da Gerdau, que tem usinas nos Estados Unidos e gera 40 % de sua receita com negócios por lá, as demais, como a Usiminas, Arcelor Mittal e CSN, serão afetadas. No caso das primeiras duas, elas fazem parte de operações globais e aí a direção das empresas decide onde tem mais lucro. E aí vai um aplauso para aGerdau, genuinamente nacional, que implementou a estratégia de produzir nos Estados Unidos e colhe resultados.

A siderurgia brasileira vive uma crise de competitividade há muito tempo. Os investimentos necessários e as atualizações tecnológicas dependem do retorno de capital, que é baixo, em função dos altos custos da energia, do mercado interno imundado com aço chinês e sem a proteção da indústria brasileira, e do alto custo do capital.

A paulada de Trump vai só agravar a crise e, se serve de alguma coisa, o exemplo de como o governo resolveu a questão da importação de aço não é exatamente animador. Brasil não tem meios de retalhar os Estados Unidos e a única esperança é que velho e tradicional Itamaraty  resolva a questão na área diplomática. E que, por outro lado, o governo reforce a competitividade da indústria siderúrgica e de alumínio para que ela sobreviva no momento, seja com políticas de aumento de consumo interno, que é baixo, com proteção  contra dumping chinês, apoiado pela indústria automobilística e de linha branca, grandes consumidores, e com juros compatíveis para que o custo dos investimentos refaça a competitividade industrial e tecnológica.

Um estado como Minas pode levar um baque irrecuperável se o governo do estado,a indústria e governo federal não se aliarem na solução. O receio é que estão caídos na lona do boxe do comércio internacional e ainda não acordaram para agravidade da situação, aliás prevista e cantada em prosa e verso por Trump.

Friday, 7 February 2025

DO CAOS A CAOS

 DO CAOS A  CAOS

 

O recém empossado  presidente dos Estados Unidos está com a faca e o queijo na mão. Ameaça cada minuto alguém, semeia uma tremenda insegurança e incerteza no mundo, e por enquanto está ganhando todas. Colômbia, Canadá, México, Panamá, todos baixaram o tom e aceitaram de uma ou outra maneira suas exigências. Bom, ficou a China, que reagiu com cautela à ameaça de elevação dastarifas de importação. A União Europeia rugiu como um gato, mas na prática nada aconteceu. E Brasil disse que disse que vai retalhar, mas em Washington ninguém deu a mínima para o que Lula disse. Essa briga ainda está para acontecer. 

 

Nesse caos semeado por Trump, é bom lembrar que os Estados Unidos sempre usaram esses instrumentos de pressão. Não é a primeira vez que o Brasil está sendo ameaçado e nem a primeira vez que serão aplicadas sanções ou tarifas extras para as exportações brasileiras. E isso também ocorria quando dominavam os democratas. Quando se discutia a ALCA, associação da América Latina e Caribe com os Estados Unidos, uma das reuniões foi em Belo Horizonte, então secretário do comércio dos EUA me explicou com clareza porque eles querem essa união: não termos restrições para exportar para continente, queremos exportar cem bilhões de dólares e criar com isso 2 milhões de empregos. Simples assim. 

deputado democrata de Minessota Joe Oberstar me contou que fez tudo para barrar um empréstimo de 350 milhões de dólares do Banco Mundial para a Vale, oprojeto Carajás, porque a produção de minério de ferro lá seria tão competitiva que acabaria com as minas de ferro no distrito eleitoral dele. Ele estava certo. Hoje oBrasil exporta mais de 10 bilhões de dólares de mineiro de ferro para lá e as minas no Minessota fecharam.

A diferença entre seus antecessores e Trump é a violência verbal, uma prepotência que está um pouco para o Rei está nu. Não tem nenhum sutileza para tratar com seja quem for. A grosseria se tornou a expressão da verdade na política norte-americana e é adotada fielmente por seus seguidores em todos os níveis do governo. Não tem meio termo, não tem solução a não ser subjugar ao que se entende que é o interesse americano. Não tem mais açúcar e cacete, só tem cacete.

Brasil está vulnerável em todos os sentidos. Temos bilhões de investimentos deles aqui, e o comércio bilateral é importante. E por outro lado somos muito, mas muito mais do que percebemos, dependentes da China. O desarranjo do mundo que está sendo provocado por Trump exige, para responder à altura, uma economia sólida e em crescimento. Como vamos equilibrar as finanças públicas, manter inflação sob controle e a competitividade das nossas exportações, para termos resiliência nos tempos trumpianos, me parece, no estado atual da política brasileira, a pergunta com centenas de respostas e nenhumà altura do desafio que estamos enfrentando.

 

Friday, 31 January 2025

DO PRESENTE DO ANO NOVO CHINÊS

Tentei escrever um ensaio sobre um livro recém editado na Eslovênia a respeito da imigração eslovena no Brasil, que começou há 140 anos. E acordado pelo estrondo da bomba do lançamento da ferramenta de inteligência artificial Deep Seek chinesa, fiz um teste. Recebi em segundos um texto guia em inglês sobre como escrever com inúmeros links de subsídio e um texto em esloveno (língua falada por 2 milhões de pessoas, eslava, com dual e cujo primeiro documento foi escrito há mais de mil anos). O texto em esloveno é tão bem escrito que faria inveja a qualquer escritor.

Ai vieram as notícias sobre essa nova ferramenta. Que investimento foi de 6 milhões de dólares, enquanto os big tech americanos anunciavam investimentos de centenas de bilhões, e Trump se gabando que eles vão liderar o desenvolvimento de inteligência artificial no mundo. O choque foi de tal tamanho que as bolsas caíram, todo mundo se perguntando se os bilionários investimentos não foram para o brejo. Além dos aspectos econômicos, os analistas de IA começaram estudar o que é esse pacote do Ano Novo chinês, ano da cobra. E ainda vai se passar um tempo para termos uma resposta mais exata sobre essa cobra chinesa.

Insistimos em ignorar a capacidade chinesa de inovar. E não achamos um diálogo de cooperação, mas insisitmos, principalmente os Estados Unidos, em confronto. O fato é que, na área específica de IAEuropa está atrasada em relação aos Estados Unidos, e o choque do Deep Seek está questionando todo o modelo de desenvolvimento norte-americano na área. Isso inclui investimentos em pesquisa,para o que precisam dos melhores do mundo. E a política de imigração do governo Trump está anunciando que não vai permitir mais a vinda de estrangeiros sob regime especial.Não é só o visto, o ambiente de trabalho com discurso racista é agressivo, está contaminado. Os investidores estão descobrindo que os chineses conseguem melhores resultados com muito, mas muito menos dinheiro. E agora Trump?

Nesse episódio vale perguntar, como fica Brasil. Dúzias de pesquisadores de excelente qualidade podem produzir algo disruptivo? O caso chinês mostrou àprimeira vista que não é só o dinheiro que produz inovação e rompe fronteiras tecnológicas. Será que alguém vai se debruçar sobre a questão e procurar essa resposta ou temos um melhor futuro se continuarmos sendo grandes consumidores de inovações, agora também chinesas.Neste caso, não seria inútil nos prepararmos para usar IA de forma mais eficiente? E o que está sendo feito mesmo? Comece você mesmo, como pessoa física e na sua empresa. Mas cuidado com os aspectos éticos: vou ler o texto, mencionando que foi a cobra chinesa que fez.

 

Saturday, 18 January 2025

 OF THE WORLD AS IT IS AND NOT AS IT WILL BE


To understand the future of the business world, that is, the markets, the experience of the past and the reality of today are fundamental values. The entrepreneur's understanding of the macro-political environment, both internally and internationally, is fundamental, but it is also essential to understand specifically his market. I'm not talking about the financial market, but the market for its products and services.


The news that China reached a trade surplus of almost 1 trillion dollars last year, that is, 15 times more than Brazil, and filled the cash register, while the United States has a deficit of trillions, simply says that the war against China, which future President Trump announces, changes its figure. The Chinese have cash and achieved this result by absolute technological and commercial competence. We are continuously despising the managerial and technological advancement of Chinese companies. They use the most advanced management techniques, using all the wisdom of Confuncius and his rich history. The Chinese have not advanced now, they were already advanced in the 15th century, when Marco Polo discovered them.


But the biggest concern today is with the Trump 2 government. The expectation is that you comply with what you say. No popular proverb applies to him, neither that of a dog that barks does not bite, nor that of which the caravan passes and the dogs bark. The unpredictability is great, but there is a new element in his mandate. The influence of billionaires led by the richest man in the world, Musk. Trump's inauguration costs 1 billion reais, financed by businessmen. North American policies will be guided essentially by a group of billionaires. Ideological or state interests will be subjugated to the interests and ideas of individuals and their companies.


We've already seen this movie. In Central America with United Fruits, in Chile, with ITT, etc. But this time with different shapes and with even greater strength. This game has already begun in Europe, with Musk directly interfering in German and British politics. And with the dollar strengthened, another instrument of pressure, the situation gets complicated.


Brazil is not vulnerable because the co-occupant of the Alvorada Palace treated Musk, who even has a position in the Trump government, with a swear word. It is vulnerable because there are cracks in democratic institutions. Also its political governance system does not offer security and monetary stability, but an uncontrolled spending. And the economic base depends on the commodity market.


The policies of the Trump administration will greatly affect the most economically vulnerable and the fragile in their political bases. The Lula government lasts another 2 years, Trump's, four. And Xi's, until his death.

DO MUNDO COMO É E NÃO COMO SERÁ

 DO MUNDO COMO É E NÃO COMO SERÁ 

 

Para entender o futuro do mundo dos negócios, ou seja, os mercados, a experiência do passado e a realidade de hoje são valores fundamentais. A compreensão do empresário da ambiência macro-política, seja no plano interno como no internacional, é fundamental, mas também é fundamental entender especificamente o seu mercado. Não estou falando do mercado financeiro, mas do mercado de seus produtos e serviços.

A notícia de que a China alcançou no ano passado um superávit comercial de quase 1 trilhão de dólares, ou seja, 15 vezes mais do que o Brasil, e encheu o caixa, enquanto os Estados Unidos têm um déficit de trilhões, diz simplesmente que a guerra contra a China, que o futuro Presidente Trump anuncia, muda de figura. Oschineses têm caixa e conseguiram esse resultado por absoluta competência tecnológica e comercial. Estamos desprezando continuamente o avanço gerencial e tecnológico das empresas chinesas. Usam as mais avançadas técnicas de gestão,utilizando toda a sabedoria de Confuncius e sua rica história. Os chineses não avançaram agora, eles já eram avançados no século 15, quando Marco Polo os descobriu.

Mas, a maior preocupação hoje está com o governo Trump 2. A expectativa é de que cumpra o que diz. Não se aplica a ele nenhum provérbio popular, nem de cão que ladra não morde e nem o de que a caravana passa e os cães ladram. A imprevisibilidade é grande, mas há um elemento novo neste mandato dele. Ainfluência de bilionários liderados pelo homem mais rico do mundo, Musk. Aposse de Trump custa 1 bilhão de reais, financiados pelos empresáriosAs políticasnorte americanas serão guiadas essencialmente por um grupo de bilionários. Os interesses ideológicos ou do estado serão subjugados aos interesses e ideias de indivíduos e suas empresas.

Esse filme já vimos. Na América Central com United Fruits, no Chile, com a ITT, etc. Mas desta vez com formas diferentes e com força até maior. Esse jogo já começou na Europa, com Musk interferindo diretamente na política alemã e britânica. E com dólar fortalecido, outro instrumento de pressão, a situação secomplica.

Brasil não está vulnerável porque a co-ocupante do Palácio da Alvorada tratou Musk, que tem até um cargo no governo Trump, com palavrão. Está vulnerável porque há rachaduras nas instituições democráticas. Também seu sistema de governança política não oferece segurança e estabilidade monetária, mas um gasto descontrolado. E a base econômica depende do mercado de commodities.

As políticas do governo Trump vão atingir em muito os mais vulneráveis economicamente e os frágeis nas suas bases políticas. Governo Lula dura mais 2 anos, o de Trump, quatro. do Xi, até a morte dele.

 

Friday, 10 January 2025

DE SAMBA, TANGO, MERENGUE E SALSA NA POLÍTICA LATINO-AMERICANA

 

America Latina e Caribe são compostos por 33 países e mais alguns territórios coloniais, como as Antilhas Holandesas, as Ilhas Malvinas ou Falkland e a Guiana Francesa. De comum,têm somente a geografia, porque racialmente, politicamente esocialmentemas em especial politicamente, nada têm em comum. Nem sequer têm um inimigo em comum, muito menos um amigo.

O continente, que poderia ser nosso maior mercado e não é, não vive mais as clássicas crises de inflação e default financeiro, mas também não experimenta nem bonança econômica e nem muito menos estabilidade democrática. Na Bolívia, que está comemorando 200 anos de independência, o antigo presidente Evo Morales quer voltar, mas não lhe permitem, porque é acusado de crimes sexuais. Aí os caminhoneiros fecham oacesso à cidade onde ele se encontra e o país está um caos. No Equador, Naboa, quer se reeleger, numa confusão com a sua vice-presidente, no que parecemesmo sendo um país que tem odólar como sua moeda há 25 anos e 9 bilhões de dólares de reservas cambiais (3 % das brasileiras)uma república de bananas. Na Venezuela, com pompa que o assunto merece,Maduro, que frauda eleições, prende e arrebenta, assume a presidência. Seu adversário Gonzalez visita a Casa Branca, a Argentina e mais alguns países como vencedor das eleições, Maduro sequestra seu genro, e nada muda. Cuba está às escuras porque o sistema elétrico falhou e nem é a ENEL que cuida deles. Millei continua com motoserra cortando gastos e devendo 45 bilhões ao FMI, sem se preocupar com como vai pagar, porque devo mas não pago. Peru? Tem governo, mas às vezes não tem. Chile, estável e aproveitando bem a onda de preços altos do cobre. há ainda outros países, como El Salvador, onde, como na Nicarágua, um de extrema direita e outro de esquerda, as palavras direitos humanonão existem. OMéxico está às voltas com um novo governo e uma reforma do judiciário em curso e reorganização econômica.

E como os Estados Unidos nos consideram seu quintal, não tem nenhuma novidade sobre como o continente será tratado. Os homens que comandam a política externa são anticastristas, secretário de estado Marco Rubio e enviado especial para continente, ex-presidente do BID Mauricio Claver, expulso por escândalo sexual, são hiper conservadores e ferrenhos anti-esquerdistas. Se a isso adicionamos a ameaça de Trump de invadir o Panamá, manter o dólar forte e expulsar os imigrantes, além da ameaça de altas tarifas, que afetamprincipalmente o México e Brasil, temos um caos perfeito.

Os países latino americanos vão resistir ou dialogar melhor com governo norte-americano na medida em que fortalecem suas instituições democráticas e sua economia. esses a fazê-lo são poucos no continente.

A nova política norte americana não é composta só dos agentes do governo. O bilionário Musk, que está se intrometendo na política europeia de forma descarada, não vai largar um continente frágil como a América Latin sem tirar proveito. E com ele todos os demais interessados em tirar o máximo daqui.

Foi assinado acordo entre a UE e o MERCOSUL. Mas, certamente os EUA vão usar a força do seu aliado Millei para, ou impedir o funcionamento do acordo, ou forçar um acordo entre Mercosul e os EUA.

O continente, que hoje depende muito da China, também vai experimentar as consequências do conflito do país asiático comos Estados Unidos. Será uma guerra surda mas estrondosa nos seus resultados. Não  no México, onde muitas empresas chinesas se instalaram , nearshoring, para fornecer não só para opaís vizinho, mas para todos os lugares onde as empresas norte-americanas foram-se enfraqueceram. Um exemplo disso será a indústria automobilística. No Brasil, estão se expandindo as montadoras chinesas, e as norte-americanas mudaram para a Argentina. 

O domínio chinês nas minerações de terras raras no continente é outro item de futura disputa. O fato é que a China e também Rússia ocuparam o espaço que os EUA deixaram no continente e agora terão dificuldade para reconquistar. Provavelmente estamos mesmo em um século 21 com volta de políticos de Big Stick, porrete grande.

No campo político, o apoio aos extremistas de direita no continente será descarado. Tanto nas eleições como aos governos como o do Millei. Começa um ano bem diferente, com muitos desafios.

 

Friday, 3 January 2025

DA BRIGA COM SÁO PEDRO

 DA BRIGA COM SÃO PEDRO

Uma briga perdida é a briga com São Pedro. Nós não cuidamos nos últimos séculos da natureza, continuamos não cuidando, e aí está o resultado: mudanças climáticas mudando o nosso cotidiano, a nossa vida e nós persistindo que isso não é importante. Especificamente no Brasil, nos 11 meses do ano passado o desmatamento diminui somente 7%, atingindo um território de 3.654 quilômetros quadrados, mas a degradação florestal no mesmo período foi 7 vezes maior do que em 2023 e atingiu 35750 quilômetros quadrados. Secas prolongadas, tempestades e enchentes, ar poluído e incêndios são sentidos por todos, mas já se tornaram uma espécie de castigo divino que devemos aceitar. O custo total dos desastres climáticos para o Brasil foi estimado nos últimos anos em 547 bilhões de reais.

Não é São Pedro que faz isso, nós mesmos somos os autores dos desastres que nos afligem. É interessante observar o papel dos políticos nesse quesito. Um exemplo interessante foi descrito pelo Thomas Friedman no jornal New York Times a respeito do recém falecido presidente dos EUA Jimmy Carter. Em 1979, ele instalou painéis solares na Casa Branca, como exemplo de transição energética. O sucessor dele, Reagan, tirou-os em 1986, enquanto isso a China dominou a produção e domina hoje 80% do mercado mundial de painéis solares. Na França também chegaram à conclusão de que as metas que deveriam atingir não só não foram alcançadasmas que a situação está cada vez pior. 

A perspectiva de transição energética no mundo e do cumprimento das metas de acordos climáticos como o de Paris é desanimadora. De um lado temos a utilização do clima como pressão política no comércio internacional e de outro, a pressão econômica dos setores de combustíveis fósseis para não mudar nada. Europa depende do gás russo, Rússia depende da exportação de gás e petróleo, a China depende de carvão para suas usinas térmicas e siderurgia, e Brasil continua investindo na ampliação de sua produção de petróleo, um item importante de exportação. Ainda bem que estão crescendo as usinas solares e eólicas, mas o gás para indústriamesmo com a perspectiva do gasoduto da Argentina, está cinco vezes mais caro do que nos EUA.

Agora com Trump, que acha que tudo isso é bobagem, podemos nos preparar para uma piora significativa nesse capítulo. Nós simplesmente não estamos aceitandoum modelo econômico sustentável e a humanidade anda com passos largos para um desastre. E Brasil, que vai sediar COP 30 em Belém, junto. Então cada um tem que pensar como salvar seu negócio porque dependendo dos políticos, onde anda mesmo a Marina Silva, as ações não convencem. Será que faltam emendas parlamentares climáticas?