DOS MISSEIS, BUNKERS E BH PROTEGIDA
Conta a lenda que entre as cidades mais bem protegidas do mundo contra nuvem radioativa no caso de guerra nuclear está a querida BH. Muitos europeus que emigraram para Brasil após a Segunda Guerra escolheram BH por causa desse medo. Isso não impediu um conterrâneo meu de construir no bairro de Floresta uma casa com bunker anti-nuclear. Aliás, a casa virou depois a sede do Sindicato de Professores. E a UFMG também teve um dos mais importantes centros de pesquisas nucleares no Brasil, o IPR. Mas, nada disso se compara à vivência do atual alcalde da capital mineira e mais alguns companheiros, que vivem com sons e em cores como é uma guerra, visitando a Terra Santa. Deve ser uma experiência ímpar, mas esperando que não seja traduzida em querer preparar Belô para construir bunkers.
Entrar em uma guerra, é fácil, sair dela, eis a questão. Não tenho nenhuma dúvida de que a construção da capacidade bélica nuclear do Irã é uma ameaça direta a Israel e à sua existência. O regime dos xiitas que assumiu após a derrocada do Xá Reza Pahlevi, apoiado pelos Estados Unidos, é radical (lembramos da invasão daEmbaixada norte-americana na época de Carter) e anti-ocidente. Armado até os dentes, como se diz no popular, exerce uma influência anti-ocidental em todo o Oriente Médio. Perdeu, através da derrota de seus aliados do Hezbolah no Líbano, bastante espaço. Mas, continua sendo forte e alimentando os Houtis no Iemen, que continuam enviando mísseis para Israel.
Os logros militares de Israel, incluindo aí os da inteligência, ainda não foram suficientes, mesmo destruído 15 mil centrífugas para o enriquecimento de urânio para produzir bombas atômicas, para o conflito terminar. É bom relembrar 8 anos de guerra entre Iraque e Irã, sem vencedor. Estamos nos primeiros dez dias, onde os apelos à paz e sem engajamento maior das grandes potências, pelo menos não publicamente, estão em alta. A Rússia tem seu próprio conflito na Ucrânia, a China exerce sua diplomacia silenciosa esperando ganhar, e os europeus estão se rearmando com receio de Rússia. E Estados Unidos? Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega. Mas, deixar Israel enfrentar Irã, não podem.
No encontro do G7, grupo dos países mais ricos, no Canadá, a declaração final pediu o fim do conflito. O Brasil estava presente e preside os BRICS, dos quais o Irã agora faz parte. No Lula 1 tentou fazer um acordo com os iranianos, impedindo armas nucleares. Foi rechaçado pelos EUA. E agora só nos cabe rezar para que o estreito de Hormuz não esteja fechado, e com isso o comércio internacional e o fluxo de petróleo não sejam prejudicados. No final é o petróleo que vai definir o desarranjo da economia mundial neste conflito.
No comments:
Post a Comment