DOS SINOS DE PAZ E TAMBORES DE GUERRA
Ultimamente não tem dia que num lugar da terra não explodam mísseis, ataquemdrones e de vez enquanto lembremos que pessoas morrem. No último conflito entre Israel e Irã, morreram em Israel 28 pessoas e houve 3000 feridos, o Irã acionou 550 mísseis e 1000 drones, e morreram 610 iranianos. E agora teoricamente as partes vão sentar-se à mesa e acertar suas diferenças. O colunista do New York Times Thomas Friedman prevê que após os conflitos armados como os mencionados,além da Ucrânia, Gaza, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen, Somália, Eritreia, Mali, Paquistão e Índia etc., os estados se organizam e venham novos governos que promovam a paz e o desenvolvimento. Os belicistas perdem para a paz.
Nesse dia a dia de ameaças bélicas, os preços do petróleo viraram uma preocupação constante. E alguns lugares críticos, como o estreito de Ormuz, por onde passa 30 % do petróleo mundial, ficaram em evidência. Paradoxalmente, os preços do petróleo baixaram, e as ações no mundo inteiro subiram. Quase podemos dizer que os conflitos armados são bons para os negócios. E nesse particular, a reunião da OTAN na Holanda esta semana, onde 32 países membros, sob pressão de Trump, decidem aumentar suas despesas militares para 5 % do PIB, muda o paradigma da próxima década de desenvolvimento. Enquanto até recentemente o motor de desenvolvimento eram os produtos e serviços de consumo, como smartphones, tecnologias de informação, novos automóveis, equipamentos médicos, smartTV etc., agora passam a ser tanques, fuzis, munições. O setor militar é infelizmente a vanguarda da tecnologia, mas para fins bélicos, e depois sobra alguma coisa para os sobreviventes, como foi o GPS, a internet e até o Pilates. É assustador, porque a decisão dos políticos de estarmos preparados para nos matarmos é mais importante do que o bem-estar da população, como disse oPrimeiro-ministro da Espanha, e é assustadora e preocupante para as novas gerações.
Provavelmente o rearmamento e os altos gastos militares gerarão crescimento doPIB. Onde está o ponto de inflexão quando os resultados desses investimentos são usados em destruição, ninguém fala. As empresas envolvidas neste esforço vão crescer, e o resto, como fica?
É interessante observar nesse paradoxo, como age a China, sem se envolver diretamente em conflitos, mas sem deixar de estar preocupada com a guerra de tarifas e sua competição com os EUA. Nem uma nem outra coisa desapareceu do mapa. Os mísseis nos céus do Oriente Médio não apagaram outros problemas,inclusive de mudanças climáticas, por sinal tocando a pele dos europeus e norte-americanos com altas temperaturas e incêndios.
E o Brasil? Com os desarranjos políticos e as contas públicas em estado de calamidade, ameaçando a própria democracia, só cabe repetir a crença popular: Deus é brasileiro.
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