DA BRIGA COM SÃO PEDRO
Uma briga perdida é a briga com São Pedro. Nós não cuidamos nos últimos séculos da natureza, continuamos não cuidando, e aí está o resultado: mudanças climáticas mudando o nosso cotidiano, a nossa vida e nós persistindo que isso não é importante. Especificamente no Brasil, nos 11 meses do ano passado o desmatamento diminui somente 7%, atingindo um território de 3.654 quilômetros quadrados, mas a degradação florestal no mesmo período foi 7 vezes maior do que em 2023 e atingiu 35750 quilômetros quadrados. Secas prolongadas, tempestades e enchentes, ar poluído e incêndios são sentidos por todos, mas já se tornaram uma espécie de castigo divino que devemos aceitar. O custo total dos desastres climáticos para o Brasil foi estimado nos últimos anos em 547 bilhões de reais.
Não é São Pedro que faz isso, nós mesmos somos os autores dos desastres que nos afligem. É interessante observar o papel dos políticos nesse quesito. Um exemplo interessante foi descrito pelo Thomas Friedman no jornal New York Times a respeito do recém falecido presidente dos EUA Jimmy Carter. Em 1979, ele instalou painéis solares na Casa Branca, como exemplo de transição energética. O sucessor dele, Reagan, tirou-os em 1986, e enquanto isso a China dominou a produção e domina hoje 80% do mercado mundial de painéis solares. Na França também chegaram à conclusão de que as metas que deveriam atingir não só não foram alcançadas, mas que a situação está cada vez pior.
A perspectiva de transição energética no mundo e do cumprimento das metas de acordos climáticos como o de Paris é desanimadora. De um lado temos a utilização do clima como pressão política no comércio internacional e de outro, a pressão econômica dos setores de combustíveis fósseis para não mudar nada. A Europa depende do gás russo, a Rússia depende da exportação de gás e petróleo, a China depende de carvão para suas usinas térmicas e siderurgia, e o Brasil continua investindo na ampliação de sua produção de petróleo, um item importante de exportação. Ainda bem que estão crescendo as usinas solares e eólicas, mas o gás para indústria, mesmo com a perspectiva do gasoduto da Argentina, está cinco vezes mais caro do que nos EUA.
Agora com Trump, que acha que tudo isso é bobagem, podemos nos preparar para uma piora significativa nesse capítulo. Nós simplesmente não estamos aceitandoum modelo econômico sustentável e a humanidade anda com passos largos para um desastre. E o Brasil, que vai sediar a COP 30 em Belém, junto. Então cada um tem que pensar como salvar seu negócio porque dependendo dos políticos, onde anda mesmo a Marina Silva, as ações não convencem. Será que faltam emendas parlamentares climáticas?
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