TARIFAÇO, A SOLUÇÃO NÃO É SÓ GOVERNO
As medidas que o governo editou para aliviar a situação, não das empresas e empresários, mas da economia como um todo, são complexas e, em vista dasituação das empresas, demoradas. É essencialmente baseadas na ação do estado, dependendo de regulamentação, e principalmente de endividamento, mesmo com juros menores, aliás menores dos altos que temos, e na sua execução baseadas na desconfiança de que os empresários vão burlar o estado. E para evitar isso precisa criar mais burocracia.
O governo, representando o estado brasileiro, fez o que sabe fazer e é politicamente capaz de fazer. Mas, no chão de fábrica ou nas empresas de todos os tipos, as decisões têm que ser feitas com a mão no caixa, com olho no futuro e já. Então há efetivamente um hiato entre como age o governo e como agem asempresas. E esse hiato vai criar desemprego, diminuição de negócios e efeitos colaterais ainda não medidos no seu todo. Inclusive porque ainda não se sabe o que vem, porque o que veio é a primeira trovoada de um tsunami econômico provocado pelos Estados Unidos no mundo.
A melhor defesa é o ataque. No campo interno, para o empresariado ter voz efetiva junto ao governo brasileiro, que é o negociador oficial e único junto aos Estados Unidos, precisa unir as divergências para construir convergência. Há muito tempo já devia ter um conselho de presidentes de entidades empresariais, onde todos os caciques, cheios de vaidades e também experiência e liderança, sentem numa mesa e coloquem os interesses do Brasil como interesse comum . Não é o governo que tem que mediar os interesses empresariais, porque sempre vai mediar a favor do ponto de vista do governo. Veja o Conselhão, que mais parece a reunião dos empresários na época de auto gestão do Marechal Tito na Iugoslávia do que uma entidade numa economia de mercado e democrática. E esse diálogo deve ser efetivo e produzir melhoria de competitividade da economia e portanto de todos os setores empresariais. O empresariado, antes do governo, deve ter um plano para sair da crise, um plano que inclui cooperação com governo. E neste plano usar seus 50 bilhões de reais que administra o sistema S. É emergência, fazer tudo para reduzir a crise e aproveitar o momento para dar um passo à frente.
O segundo passo é ampliar os mercados. Primeiro, induzir as empresas a serem mais ativas nos mercados regionais. Quantos empresários do Piauí têm acesso e conhecem os mercados de Minas Gerais e vice-versa. E os mercados doMERCOSUL, da América do Sul. Qual é efetivamente a utilização de nossos excelentes serviços de promoção comercial, que uma rede extensa do Itamaraty nos oferece. Alias, essa rede também deve ser agora pró-ativa. Os diplomatas devem ir atrás de empresas. Dinheiro não falta à APEX, o que falta é correremos atrás da procura com a oferta, mas também com oferta atrás de procura.
Ainda há uma aliança fundamental para ser feita, que é a de usar as emendas parlamentares na solução da crise. São 50 bilhões de reais, cujo efeito econômico é escasso, que com projetos feitos pelas entidades empresariais com parlamentares pode resolver muitos problemas e principalmente manter muitos empregos. Dinheiro não falta, falta uma visão diferente para a solução de uma situação grave, que não é temporária, mas uma mudança radical nas relações econômicas internacionais. Estamos enfrentando uma situação nova para cuja solução não podemos aplicar métodos do passado. Isso é só o começo.