DO ESTUDO COM OU SEM EMPREGO
Os pais só podem deixar aos filhos e filhas um bem inalienável: a oportunidade de estudo. Claro que em um sistema educacional público tão falho como o nosso, onde os professores, aí vai a nossa homenagem pelo seu dia, como os alunos, são verdadeiros heróis, não é fácil cumprir essa missão, principalmente quando se está desempregado ou com um salário que não cobre os custos de educação. Aliás, estudar não é só obter diploma, é aprender a estudar, é continuar estudando e se aperfeiçoando a vida toda. Imagine que há vinte anos não existia o computador de bolso chamado celular, e, para usá-lo hoje, você tem que simplesmente aprender, tem que estudar para poder usar.
Como o mundo evolui através de tecnologias, assim evolui também a grade profissional. Um bom exemplo desse questionamento começou esta semana na Grã Bretanha, país com um número invejável de melhores universidades do mundo. Pesquisadores chegaram à surpreendente conclusão que forçar através de políticas educacionais os jovens para concluirem a universidade, provocou um desastre profissional. Em outras palavras, pessoas com cursos universitários exercem funções que não exigem curso universitário e tomam o lugar dos formados em cursos técnicos. Cria-se um espaço de frustração profissional e o pior: o exercício inadequado das profissões.
No Brasil, estamos vivendo uma situação muito parecida, mas sem adequados estudos que comprovem a tese de excesso de estudantes sem possibilidade de emprego. Em todas as oportunidades, os empresários reclamam da falta de mão de obra qualificada. Ou seja mão de obra preparada para desempenhar as funções de acordo com as suas necessidades. Mas aí nos tratamos mais de treinamento para o trabalho do que de educação. O fato, por outro lado é que o mercado não absorve no Brasil tantos formandos nas universidades, e endividados, quando frequentam universidades privadas, quantos formamos. É claro que sempre temos um desequilíbrio: uns anos formamos mais engenheiros do que precisamos, e nos anos seguintes não formamos o número suficiente de que precisamos. Além do mais, começamos a fatiar as profissões em tal nível de especialização (turismo logo é um exemplo), que os formandos simplesmente reduzem suas chances de emprego a um universo muito pequeno de oportunidades.
Urge rever, a reforma do ensino médio está na mesa como um primeiro passo, o sistema educacional como um todo. Dessa reforma ninguém fala porque as prioridade são fiscal, previdenciária, política, e a mãe de todas: educação, ficou onde sempre esteve: na boca de políticos durante as eleições, num jogo brutal de interesses entre as entidades de ensino privadas (um dos negócios mais lucrativos no Brasil) e públicas cada vez mais pobres, e jovens sem rumo e possibilidade de emprego, porque quem cria emprego não participa desta discussão.
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