DO PÃO DE QUEIJO FRANCÊS
Impossível! Pão de queijo é algo tão peculiar, tão mineiro, ligado às montanhas e ao povo mineiro, que francês, que faz maravilhas com pães (que o digam os padeiros mineiros que foram lá aprender em um programa chamado Companheiros do Dever, organizado pela FIEMG, em cooperação com a Embaixada do Brasil em Paris, nos anos 2000), não deve fazer pão de queijo. Mas, nos supermercados dos franceses, hoje, no Brasil, como o Pão de Açúcar, você encontra maravilhas das padarias francesas, como croissant, fresquinhas. Vem congeladas de avião e, esquentadas na hora, nada perdem em gosto para as que são servidas na França.
Você também tem os queijos mineiros, que francês não faz. Ou os franceses, que mineiro na faz. E vinhos, como o Malbec, o mais famoso vinho argentino, que os franceses já fazem. Malbec francês, tão bom como o argentino e, nas lojas em São Paulo, mais barato. E a cachaça mineira, hoje em media mais cara do que whisky escocês? Nas verdade, a melhoria significativa de qualidade, que abriu os caminhos do mundo, foi feita com os franceses. Mas, a história não acaba aí: daqui a alguns anos, você vai comprar automóvel europeu fabricado na Europa sem pagar taxa de importação, e portanto terá na mesa e na estrada produtos europeus da melhor qualidade por preços bem menores.
E o verso da medalha também é verdade: os europeus poderão comprar lá nossos produtos sem pagar taxas de importação, que segundo eles oneram os produtos deles nos mercados do Mercosul, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em quase 24 bilhões de reais por ano. E tudo isso será possível se for assinado até o final do ano um acordo de livre comércio, cooperação e político, entre o Mercosul e a União Europeia.
Na semana passada, os negociadores se reuniram e discutiram vários itens do acordo. De fato, nas regras de origem geográfica que protegem nossos produtos, como pão de queijo e cachaça, além dos queijos mineiros, como exemplo, faltam aos nossos negociadores dados, informações e indicação do interesse dos exportadores brasileiros. Na reunião, acompanhada por um grande número de empresários de São Paulo, só tinha de Minas o lendário representante da Magnesita, Engenheiro Renato Tavares, que sempre foi globalizada e sabe o que é mercado internacional.
O acordo, a ser concluído ate o final do ano, anda bem segundo os negociadores brasileiros. Mas, as empresas e a economia como um todo precisam se preparar para uma nova fase, mais competitiva, com novas oportunidades de mercado, mas também novos desafios. O acordo deve criar mais empregos, melhores empregos, mas tudo será diferente.
E agora temos que ficar bem atentos às negociações e às mudanças que elas vão trazer. Senão, os franceses vão nos mandar queijos, vinhos, máquinas, e pão de queijo. E nós só vamos mandar para Europa o que mesmo?