DO MUNDO GLOBAL MINEIRO
Minas Gerais nasceu globalizada: a invasão portuguesa só sentiu interesse pelas terras brasileiras não pela imensidão do seu território ainda desconhecida, nem pelas belas praias ou dóceis índios, mas quando os bandeirantes chegaram às minas de diamantes e ouro. Na época, e ainda por muitos séculos, eram essas riquezas trazidas pelo que hoje chamamos de Estrada Real (do projeto turístico inicial de cultura e história, transformado em projeto de marketing de ganhos fáceis para organizadores) ao porto de Parati, que sustentavam o governo português e depois, os brasileiros.
Hoje em dia não saem de Minas mais diamantes, mas sai muito ouro, cada vez menos pedras semi-preciosas, mas com minérios como de ferro e nióbio, produtos siderúrgicos e com a ajuda do café em grão, soja, milho, Minas é essencialmente um estado exportador e formador do maior superávit comercial do país. Com tranquilidade dos números, pode-se dizer que Minas sustenta o superávit da balança comercial brasileira, sendo que além dos produtos primários mencionados ainda há automóveis, auto-peças e alguns outros manufaturados, como têxteis.
Falamos de um estado cuja economia depende, de um lado, da conjuntura mundial para absorver suas matérias primas e, de outro lado, de sua capacidade de ser competitiva. O esforço de diversificação da economia mineira tem longa história mas conseguiu resultados pouco significativos. Minas deve adotar os modelos canadense e australiano, que são baseados na competitividade de seus recursos naturais e também na adoção da sustentabilidade como pilar do seu desenvolvimento, e ao mesmo tempo procurar um avanço tecnológico que lhe permita ser competitivo e diversificado. E olha que nem o Canadá, nem os Estados Unidos e nem a Austrália abandonaram o agronegócio como outro sustentáculo de suas economias.
E todo esse processo de globalização coloca a questão de quanto estamos de fato globalizados em Minas. Algumas escolas internacionais, como a excelente Fundação Torino, a Escola Americana, a Aliança Francesa, entre outras, os inúmeros cursos de relações internacionais, alguns consulados, o projeto da Associação Comercial de Minas de internacionalização de BH, não nos fazem globalizados. Muito menos missões empresariais aos exterior, que têm como objetivo agradar os eleitores sindicalistas e não trazem beneficio algum à economia. Há também o tímido HINDI, que tem poucas benesses para distribuir e o agressivo CODEMIG, que tem muito dinheiro mas está sem rumo.
Terminando a coluna, após cinco anos, que discorria essencialmente sobre o mundo e a economia mineira, fica a pergunta onde fica e ficará Minas neste mundo novo de indústria 4.0, de conflitos regionais religiosos ou não, de uma sociedade tecnológica, competitiva. Uma sociedade disruptiva em todos os sentidos. Alguém pensa e vai levar o estado e sua população a um novo patamar?
Se os 300 artigos escritos no Hoje em Dia, que abandona essa discussão hoje, fizeram alguns pensarem sobre isso, já valeu meu agradecimento a todos os meus leitores. Minas de futuro em um mundo diferente. E Minas diferente. Melhor para todos.
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