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Monday, 7 December 2015

DA POLITICA EMPRESARIAL

DA POLÍTICA EMPRESARIAL

Em um  recente episódio de rusgas no meio de entidades empresariais, um político envolvido disse que sabia que o meio em que ele convive era sujo, mas que a política empresarial era tão suja assim, não sabia.

Bem, talvez a declaração fosse uma decepção da esperança de que a política nas entidades empresariais fosse vamos dizer mais transparente , menos pessoal e mais dedicada ao bem público.  Pode ser que a percepção pública de entidades empresariais serem menos abertas, aos olhos de população, sejam assim. Mas, como na política, também na área empresarial não dá para generalizar.

As mais recentes polêmicas sobre a gestão da Federação do Comércio de Minas Gerais de Minas, mostram que a justiça está atenta ao que acontece com os fundos arrecadadas pelas estas entidades que compõem o sistema chamado S, do qual faz parte também a área de agricultura e transportes, além do SEBRAE. Essas entidades vivem de recursos fiscais obrigatórios pagos pelas empresas. Ou seja, abatidas na folha de pagamento. Portanto, quanto mais funcionários, maior a arrecadação.  Esse sistema deve ter um orçamento conjunto em Minas superior a dois  bilhões de reais. Mas, ele sustenta com esses recursos também a rede de educação profissional, como o SENAR, SENAI , SENAT e SENAC, e serviços sociais como o SESI e o SESC.

Parte desse dinheiro arrecadado vai para as federações como de indústria, comércio, agricultura, transportes,  o que as faz fortes. E elas estão compostas por sindicatos dos empresários, dos quais a rede mais forte e maior é a de sindicatos rurais. É desse sistema que o governo quer reduzir 30%. É nesse sistema que a luta por cargos é a maior, porque é está o    dinheiro.

Do outro  lado, existe um sistema voluntário, centenário, independente do governo e da política, que é o das associações comerciais, empresariais, clube dos diretores lojistas e outro grêmios. Nas verdade, estes têm maior número de empresários e empresas associadas, maior ressonância de seus problemas, mas menos poder político porque têm menos recursos. E aí, como no caso de Federativas, que reúnem milhares de empresas, inclusive a centenária Associação Comercial de Belo Horizonte, onde o empresário participa porque quer e é ouvido porque participa.

Como o mundo, o Brasil estão mudando e também as entidades empresariais terão que se adaptar a essa mudança.  Devem passar a ser a voz da esperança e desejo de transformar o país em vez de cuidarem de seus dirigentes e de seus interesses. Claro que há exceções que confirmam a regra. Em especial, em Minas.


Saturday, 5 December 2015

DO OFFSIDE E DO IMPEACHMENT

DO OFFSIDE E DO IMPEACHMENT

As duas palavras em inglês definem bem a nossa situação, para que os estrangeiros entendam  melhor  o país. Offside, ou hoje em dia chamado de impedimento, é relacionado ao futebol. E quem determina o fato é o bandeirinha, confirmado pelo juiz principal do match ou jogo. E em geral o jogador nessa posição, crente de que pode fazer gol, levanta as mãos em desespero, mostra algum dedo extra e xinga os dois juízes. Mas, nunca vi um juiz anular essa decisão. Portanto, de nada vale o xingatório, o decidido está decidido.

Assim ficou nesta semana de impedimentos, a história dos dirigentes brasileiros indiciados pela justiça dos Estados Unidos. Agora são três que estão processados por lá. Engraçado que ninguém foi processado por aqui, como se eles fizessem as travessuras deles em Marte e não no Brasil. Precisa a justiça do exterior mostrar a podridão que eles levaram até a FIFA e ajudaram fazer dela a grande lavanderia do esporte mais popular do mundo. E se não fosse a justiça  norte-americana, a situação continuaria como está ou não? Você decide.

O outro impedimento ou impeachment se refere à Presidente do Brasil. Como explicar o processo e suas consequências para os investidores estrangeiros e também para o público  global em geral. Não se trata de offside, mas de um processo difícil de entender e principalmente com consequências econômicas difíceis de prever. No final do ano, quando  as empresas estão fazendo suas previsões para os próximos anos, um processo político de mudança de governo em um regime presidencialista tem tudo para levar qualquer um a uma só previsão: pessimista.  Retranca. Ninguém na área empresarial, mesmo com consultores e especialistas cobrando milhões pelas previsões, pode prever o que vai acontecer. Pode acontecer tudo ou nada.

O pior disso tudo é a incerteza. Ou seja, quanto tempo vai durar a situação política e quanto tempo vai demorar a solução que possa levar a uma clareza econômica. Também ninguém sabe.

E nessa situação só se joga na retranca. Não chega sequer a offside, que é quando se chega perto do gol do adversário. E nem há tempo para terminar o match. É um jogo que o investidor não consegue entender e nem é jabuticaba. Só nós o temos.

Não custa nada lembrar que as duas personalidades envolvidas no offside e impeachment nasceram e cursaram escolas de Minas.

Sunday, 29 November 2015

DA POLITICA E EMPRESARIOS

DA POLÍTICA E DOS EMPRESÁRIOS

Uma pergunta muito ouvida em andanças pelo interior de Minas e até na Capital é se o empresário deve ou não participar da vida política. Em resumo: o empresário deve se candidatar a cargos políticos? A pergunta é  muito pertinente em função não só da crise política que vivemos, mas principalmente em função das eleições municipais no próximo ano.

Os empresários sempre participaram e participam hoje da vida partidária e política do país. Não são só os casos mais famosos de Magalhaes Pinto, na época dono do Banco Nacional, do José Alencar, dono da Coteminas, ou hoje em dia Marcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte, investidor após a venda de suas empresas. Muitos dos prefeitos são empresários, e tanto a Assembleia Legislativa de Minas como a sua representação no Congresso está permeada de empresários. Tem sempre a bancada dos  ruralistas, da educação, dos transporte e mais e mais. Dos três senadores mineiros até  recentemente, dois eram líderes empresarias.

A experiência mostra que o primeiro entendimento que o empresário tem que ter quando entra para a política é que administração pública é  diferente da gestão empresarial. Empresa é empresa e governo é governo. E para ganhar a eleição é preciso mais do que entendimento de gestão empresarial, precisa saber que mudou de ramo. Pode ser que muitos conhecimentos serão úteis e validos na gestão pública, mas antes precisa ganhar a eleição. E ganhar só pode com o sistema partidário e político em vigor. Precisa de votos, ou em Minas mais especificamente precisa do voto de cada eleitor.

Na construção das alianças, em especial para as prefeituras, é fundamental também ter a maioria na Câmara dos vereadores. E na mudança de empresário para politico, tem que fazer a devida sucessão na empresa. Misturar o exercício de política com gestão empresarial e esperar benefícios próprios é uma mistura explosiva que não dá certo nem a curto e nem a longo prazo.

Mas, não é só com a ocupação de cargos políticos, seja por eleição ou indicação, que os empresários podem exercer a política. Essencialmente, fazendo proposições e colaborando com os políticos eleitos, seja por cobrança ou por sugestões,  pode-se participar muito. Em geral, os empresários financiam os políticos, reclamam da atuação, mas não cobram a sua atuação porque às vezes não tem nem propostas para eles. Quem sabe o caminho de uma maior participação comece aí.

Friday, 27 November 2015

DO MUNDO MUDANDO

DO MUNDO MUDANDO

Acontecimentos pontuais mostram com clareza as mudanças em curso no nosso planeta. Pode ser que o resultado da eleição presidencial na Argentina neste domingo não mude  o mundo, mas efetivamente muda em muito a América do Sul e o Brasil. O tornado no Paraná  e em Santa Catarina quebra o paradigma de que este país é tão abençoado que não tem os desastres naturais que assolam o resto do planeta. Pode ter sido verdade no passado, mas especificamente este ano, com o fenômeno El Niño sendo um capeta imprevisível, e o pior dos que já passaram, a nossa percepção muda. Ou então o tornado pode ser encomendado por alguma bruxaria dos que estão sendo julgados no processo de corrupção e similares em Curitiba, conhecido como Lava Jato. Que ninguém acredita em bruxas, não ha dúvida, mas que existem, existem.

Na Cidade Luz, Paris, vai começar na outra semana a Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, conhecida  pela sigla Cope. Nessa conferência, onde certamente haverá muita teoria e compromissos a não serem cumpridos, o Brasil estará representado pelo mais recente caso de negligencia na área de meio ambiente, a lama de Mariana. E com a cereja no bolo, como declarações de um diretor da Samarco, que insiste em não pedir desculpas à população pelo que aconteceu, e como o  acordo vexaminoso que o  estado fez com a mineradora para cobrir os prejuízos, dando sinal claro de que a mineração é quem manda, desde que encha o cofre sempre vazio do Estado de Minas, independentemente  do que fizer. E em  especial, para a população. 

Mas, de fato esse não é o assunto mais importante na pauta parisiense. Ao massacre da semana passada, feito pelos militantes do Estado Islâmico,   soma-se a até agora  pouco comentada queda do avião russo no Egito, que teve mais vítimas do que o de Paris, mudando a geopolítica mundial, que será explicada no Brasil pelo próprio Chanceler francês em visita a Brasília.

Essa mudança política, aliada à mudança radical que representa o acordo  dos países do Pacifico, liderado pelos Estados Unidos, alias países que se reuniram nesta semana, nos remetem à pergunta: onde fica Brasil? Mudança tecnológica, indústria 4.0, digitalização dos processos de serviços e da indústria, passam pelo Brasil como conto de fadas. Sem falar em Bio economia.

O atraso no qual estamos mergulhados é  infinitamente maior do que as pedaladas fiscais. A ausência de percepção de um mundo diferente em  mudanças de fluxos de comércio,  sistemas de produção e tecnologias, da qual nos afastamos cada vez mais, ou somos marginalizados cada vez, é uma pedalada muito maior. Sem falar que temos mais preocupação em caçar corruptos do que radicais islâmicos. Realmente, temos hoje mais corruptos, mas também não tínhamos tornados.

DOS 13000 QUEIJOS DA CANASTRA

DOS 13000 QUEIJOS DA CANASTRA

Seu Onésio, produtor de queijo artesanal  da Serra de Canastra, explicava com mineirice e tranquilidade como fazia esse queijo. Mostrou ao lado da filha, também fazendeira, como produz queijo, a mulher também ajuda, e como cuida das vacas para ter a qualidade de leite para produzir o queijo de que precisa. João Leite, Presidente da Associação dos Produtores de queijo Canastra, foi entusiasticamente  aplaudindo por mais de 300 pessoas no auditório em Piumhi, o conterrâneo de São Roque de Minas. Afinal das contas, conseguiram, com ajuda de técnicos de SEBRAE, não só o registro da marca Canastra, como também a certificação para vender o queijo fora de Minas . E mais: pela primeira vez na história, o queijo  brasileiro ganhou numa exposição na França o segundo lugar.  Mais uma medalha para brilhar junto  com o nosso orgulho nacional.

Mas, toda medalha tem duas faces.

Quase simultaneamente ao evento de Piumhi, os fiscais do  glorioso Estado de Minas, apoiados por forças policiais estaduais e federais, apreenderam na cidade de São Roque de Minas 13000 queijos. Os queijos foram apreendidos e enterrados. A apreensão foi feita, segundo o jornal o Estado de São Paulo, porque transportava o produto sem a correspondente Nota fiscal.
Esta é a outra face da  mesma medalha.

Feliz o estado que tem um governo preocupado com evasão fiscal, a qualidade de produtos e o bem-estar dos cidadãos que produzem. Esse é o Estado de Minas. Felicidade total para os órgãos do Estado. Aliás, ninguém deve ter contado todos os queijos tão rapidamente enterrados porque algum pode ter, mesmo sem a respectiva nota fiscal, escapado para a mesa dos seqüestradores de queijos.

Se tirarmos da próxima pergunta o SEBRAE, que é uma agência de desenvolvimento de pequenas empresas  financiada pelo setor privado, a pergunta que se pode fazer é o que os órgãos do estado fizeram para ajudar os 1300 produtores do queijo? Com muito orgulho os enquadraram em todas as regras que criaram, sejam elas federais ou estaduais, para que não sejam competitivos e muito menos que ganhem mercado. Ajudar mesmo, ninguém.

Em uma hora em que cai o emprego, o investimento, e a fé de que produzir vale a pena, um punhado de burocratas desalmados, em vez de dialogar com os produtores, que às vezes podem estar até errados, os castigam. O fato é que o estado não encontra meios para ajudar a quem batalha de sol a sol, labuta e inventa. Além do mais, se a principal preocupação dos fiscais do estado é  enquadrar os produtores de queijos, ficamos felizes porque imagine, enquanto enterravam os queijos, o que acontecia nas outras bandas. Imagine só.  Nada.

Da vizinha de roupa nova

Da vizinha de roupa nova

Você já viu uma dançarina de tango novinha, jovencita? Em geral os dançarinos de tango são pessoas de idade indistinta, com cara seríssima, sem sorriso, e com alma atrelada a cada movimento da música que gera o movimento do corpo. Com toda a perfeição, mas sem sorriso, até o final da música. Assim é também a Argentina, nossa vizinha poderosa, rica e dedicada a movimentos políticos precisos. Um longo período de justicialismo ou peronismo que acaba com país, depois a tentativa de conserto, que nem sempre melhora o vizinho do Rio de la Plata.

A eleição do novo presidente argentino, cujo pai fez negócios no Brasil com a falecida Chapecó e deve algumas centenas de milhões aos credores brasileiros, por uma margem de menos de 3 %, traz esperanças falsas de que de repente este vizinho dominado por um sistema de governo inepto e chamado pelos seus opositores de corrupto, vai mudar tudo. Que os peronistas liderados pela Cristina Kirchner, saindo do governo, não vão facilitar as coisas, está claro. A visita de cortesia do presidente eleito para à presidenta saliente, foi tudo menos cortes. Mas, não é na cortesia que está o problema. É na herança, deveras maldita, que o governo dela deixa para o povo argentino e o novo governo. Total descontrole de economia, relações com os credores externos em aberto, e conflito entre as classes, são só parte do retrato que será entregue ao novo governo. E ainda, cambio irreal, inflação em alta e falta de transparência total nos dados econômicos.

Para consertar esta situação, que não é única no continente, vai levar tempo e a história argentina mostra tentativas anteriores desastradas. O novo governo não tem maioria no Senado, e ainda não formou a maioria do Congresso, imprescindível para ter o mínimo de governabilidade. No plano externo, as declarações do presidente eleito sobre a Venezuela democrática no âmbito da MERCOSUL, criaram o primeiro atrito com o Brasil. Macri quer expulsar o governo de Maduro do MERCOSUL , e o empate será daqui a umas semanas, na próxima reunião de cúpula do MERCOSUL no Paraguai. Que a Venezuela hoje não é  democrática, ninguém tem dúvida. Mas, que a Argentina deve à Venezuela, e a Venezuela deve muito dinheiro ao Brasil, também ninguém tem dúvida.

Com a eleição de Macri, começa provavelmente um novo ciclo de governos de centro direita na América do Sul. É cedo para dizer que acabou o ciclo moribundo de governos populistas ineficientes e ineficazes, principalmente para as suas próprias populações. Mesmo com a roupa nova, a Argentina continua a mesma. Esperar para ver!

Sunday, 15 November 2015

DA LICAO DA LAMA DE MARIANA 1

DA LIÇĀO DE LAMA DE MARIANA

A tragédia do rompimento das barragens em  Mariana, cujas dimensões humanas ultrapassam qualquer dimensão econômica, ambiental ou financeira, não pode ser nem esquecida e nem relevada ao plano que um secretario do governo Pimentel disse, que a empresa fez tudo para evitar a tragédia. Vale a pena lembrar os versos de poeta Carlos Drummond de Andrade  que disse em Lira Itabiriana

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
............
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais
......
Quantas toneladas
Exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

Bem, nos fomos as minas gerais do Brasil. Estamos no limiar de um novo paradigma de desenvolvimento, meio atrasados, onde efetivamente temos que conciliar o respeito ao homem, às futuras gerações e ao meio ambiente. E conciliar tudo isso com desenvolvimento social e econômico. A ruptura em Mariana foi a de um modelo de desenvolvimento mineiro acelerado para o abismo, com preços altos de minérios no passado recente, e com queda dos mesmos nos dias de hoje. E principalmente por  falta de uma diálogo entre todos os envolvidos para estabelecer um novo modelo. E, nesse particular, por falta de lideranças políticas que soubessem liderar o estado para um desenvolvimento de fato sustentável. Os governos recentes só se interessam em arrecadação, aliás  o que também só interessa a certa classe mineradora.

Como no nível  local, da prefeitura, essas lições podem ser aprendidas para evitar perda total das cidades, como aconteceu em Mariana. Em primeiro lugar, vale a pena lembrar que em Mariana brigas políticas locais levaram a mudanças de prefeitos absolutamente inaceitáveis para a gestão de qualquer lugar no mundo. Certos ou não, sete prefeitos passaram em alguns anos, com direito inclusive a assassinatos. Ou seja, onde brigam os políticos,  o poder público perde a força regulatória e as empresas têm espaço livre para atuar.

Dois: quando você tem no município uma empresa grande, boa e eficiente, você depende dela. E especialmente se essa empresa tiver o comando fora do município. Sua cidade é peão num jogo que você não domina. Um exemplo interessante é que os prefeitos de onde a Gerdau tem usinas, na sua maioria não estiveram em Porto Alegre, onde é a sede da empresa e muito menos foram recebidos pelos principais executivos. Eles não têm valor, com todos os  programas que dizem que existem, para o diálogo construído de algumas empresas.

Três: fundamental será fortalecer empresas locais e fazer planejamento a longo prazo. E ter a capacidade intelectual para diversificar a economia local. E não se subjugar a um ator só ou a um setor só. É hora de mudar o modelo, no município e no estado, ex minas gerais.

STEFAN SALEJ

15.11.2015.