DE BELÉM E DO ORIENTE MEDIO
Quem já visitou Jerusalém foi tocado por um espirito místico inexplicável. Há um misticismo que se confunde com a história, que nenhum lugar no mundo, e em especial para os católicos, tem. Foi assim que o jornalista J.D.Vital descreveu sua experiência de visitar a Terra Santa. Mas descreveu também a visão que teve de como convivem, ou não, árabes e judeus, no único estado democrático da região. Israel, cercado por 33 estados árabes e mais com uma população árabe significativa, é o retrato do próprio Oriente Médio. Por todos os lados paira a história da humanidade, com os tesouros da nossa existência, na verdade, a história da humanidade.
Mas foi o Oriente Médio que moldou neste ano a política internacional. De um lado, a reorganização da política egípcia, onde morreu de forma mais visível a chamada Primavera árabe e o processo de queda de ditadores para o estabelecimento de democracias representativas na região, de outro a consolidação da democracia tunisiana, e em especial, o acordo nuclear que fizeram os cinco gigantes da política internacional com o Irã, mesmo com isso colocando a espada nuclear de Demóstenes acima da cabeça de Israel.
Seja como for, os maiores conflitos do mundo hoje processam-se naquela região. O caos que domina por exemplo na Líbia, sem falar no Iraque, Iêmen, é para nós ocidentais, simplesmente incompreensível. Houve por outro lado um avanço, segundo os nossos olhos, na Arábia Saudita, com um novo rei, onde mulheres votaram e foram votadas primeira vez na história. Mas, em termos gerais, além da queda dos preços do petróleo, que abalou algumas economias da região de forma bem forte, podemos dizer que o Oriente Médio é caótico e difícil para entendermos o que se passa por lá.
A face mais visível da violência é o conflito na Síria. Milhões de refugiados que entraram na Europa, mais de um milhão neste ano, fugindo da guerra da qual participam hoje não só os países europeus mas ainda os Estados Unidos e a Rússia. Mas, a solução não está á vista, como também não está no Afeganistão, após 15 anos de intervenção norte-americana.
Nada disso se compara à expansão do chamado Estado Islâmico. A brutalidade de um lado, e de outro lado o uso das mais avançadas tecnologias para conquistar territórios e expandir as fronteiras de terror, é um exemplo de como o ocidente não sabe lidar com o Oriente Médio, e de que o conflito de lá nada tem de regional. Afeta o mundo inteiro. E muito mais do que estamos percebendo. Lá, as convicções religiosas e as lutas pelos territórios duram séculos e nada indica que terminaram. E qualquer arma, como o esfaqueamento dos judeus em Jerusalém, é usada. Não precisa de bomba nuclear para matar. Se quisermos ter paz no mundo, vamos ter que celebrar primeiro a paz no Oriente Médio.
Stefan Salej
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