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Wednesday, 30 December 2015

DO 2016

Do 2016
Olhar para ano de 2015 é uma maravilha. Tudo já aconteceu, tudo já passou. Duro mesmo é olhar para a frente, para 2016, onde tudo ainda pode acontecer. Mas, algumas certezas são mais certezas do que outras.
Para começar, está  no fim a era Obama nos Estados Unidos. As eleições presidenciais no final do ano serão fortemente marcadas pelo debate não só de temas econômicos como também de segurança internacional e do papel dos Estados Unidos no mundo. Parece que a economia vai bem, mas os imbróglios em que estão metidos os Estados Unidos e a ameaça do terrorismo islâmico não deixam dormir ninguém nem lá e nem nas outras partes do mundo.
Alias, essa expansão do terrorismo está deixando o mundo inteiro, e em especial a Europa, em pânico. E não sem razão, já que os países se mostraram incapazes de conter uma organização religiosa que não tem nem limites territoriais e nem morais. Quanto tempo vai demorar para o mundo civilizado ocidental conter essa ameaça e como será resolvido, está praticamente impossível de saber.
Outra certeza é o fenômeno climático chamado El Niño. Está uma loucura o clima este ano, afetando tanto a vida de pessoas como também a produção agrícola. Com tornados, chuvas, secas, Europa sem neve, e tudo mais, mesmo com a nova Convenção sobre  clima, o tempo mudou.
Esse fenômeno climático não escolhe país ou continente. Ele é universal e assim afeta também a China. A forca motriz de desenvolvimento mundial reduziu a sua velocidade, está  se reorganizando e com isso obrigando todos a se organizarem. E, nesse capítulo, cabe bem a pergunta se matérias as primas e os produtos agrícolas, inclusive o petróleo, vão subir de preço. Há previsões de todo tipo, mas a maioria diz que o mundo se adaptou aos  preços baixos das matérias primas e do petróleo. Portanto, os ajustes das economias dependentes desses  produtos continuarão fortes ou haverá ainda muita quebra.
Mesmo com a União Europeia tendo já recebido neste ano mais de 1 milhão de refugiados, o fluxo devido os conflitos no Oriente Médio não deve diminuir muito por lá. Seja como for, a velha Europa terá que se perguntar como andam as sua integração, tanto entre os países, como com o mundo. E nisso não escapa a relação com a Rússia, cujo conflito com a Ucrânia nunca termina.
Nossa vizinhança está mudando. A Argentina tem novo presidente, a Bolívia vai ré-eleger o velho pela terceira vez e na Venezuela continuam as inexplicáveis travessuras do bolivarismo, levando o país  para um caos econômico e politico inacreditável.
Com crise interna maior ou menor, o Brasil tem seus atrativos para parceiros estrangeiros. E continua sendo um país grande, uno e em transição.
Stefan Salej

Sunday, 27 December 2015

DEVER DE MEMORIA,POR J.D.VITAL


Dever da memória


Sexta-feira santa em Jerusalém evidencia as contradições de uma terra dividida pela ação dos homens. Museu do Holocausto é hoje o guardião mais verdadeiro do sentido da Paixão
J. D. Vital
Publicação: 17/05/2014 04:00
Description: No Memorial do Holocausto, o Yad Vashem, a denúncia do horror se mantém viva e alerta as consciências para o risco da contemporização histórica  (Braz Ratner/Ruters)
No Memorial do Holocausto, o Yad Vashem, a denúncia do horror se mantém viva e alerta as consciências para o risco da contemporização histórica

A Via Dolorosa, por onde Jesus teria carregado a cruz a caminho do calvário, pode não ser o local mais piedoso para uma sexta-feira santa em Jerusalém. Pelo menos para quem conhece as cerimônias da Paixão em Minas Gerais. Com 600 metros de trajeto e placas indicativas nas paredes, a primeira das 14 estações da via-sacra começa onde existia um posto militar romano e hoje funciona uma escola muçulmana. Ela termina na Igreja do Santo Sepulcro e da Ressurreição de Jesus.

Em todo seu percurso, a Via Dolorosa – demarcada no século 8 por romeiros bizantinos – é um barulhento bazar oriental, desde os dias de Pilatos. Em alguns trechos, as lojas, de um lado e do outro, expõem mais bugigangas que a galeria do Mercado Central de Belo Horizonte localizada no piso superior que dá para a Rua Goitacazes. Difícil emocionar-se. Principalmente se o caminhãozinho de lixo fizer piruetas para manobrar naqueles becos, sob as metalhadoras de Israel em permanente conflito com os palestinos.

Construída no ano 326 por Helena, mãe do imperador romano Constantino, a Igreja do Santo Sepulcro causa arrepios. Na entrada, cristãos etíopes e russos choram debruçados sobre a pedra em que José de Arimateia teria depositado o corpo de Jesus descido da cruz. Helena mandou erguer a igreja após escavações em que foram encontradas a tumba de Arimateia e três cruzes.

O clima de devoção fica prejudicado pela truculência de religiosos ortodoxos. Eles organizam a visita à gruta onde o corpo de Jesus teria sido enterrado quase ao pôr do sol da sexta-feira, quando começa o shabbat. Os barbudos de veste preta expulsam os furões de fila, aos gritos e empurrões.

Apesar do alarido, a via-crucis é palco para a reflexão sobre a capacidade humana de odiar, flagelar, torturar e matar. Em Jerusalém, há outro endereço para uma visita guiada a um drama da Paixão contemporâneo. Um lugar de perplexidade frente à maldade que a intolerância religiosa e racial faz brotar no coração do homem. É o Yad Vashem – o Memorial do Holocausto. Inaugurado em 2005, ele recorda, segundo a estatística local, 6 milhões de judeus assassinados no século 20 pelo ódio antissemita sugado com o leite materno em sociedades cristãs ao longo de dois milênios.

Ao contrário dos museus da escravidão e de parte da mídia, que a cada 13 de maio se dedica a glamourizar a herança gastronômica do negro no Brasil, o Yad Vashem é um soco no fígado. Não alivia. Esfrega a realidade na cara da humanidade. Os depoimentos de sobreviventes em vídeo, as fotos de vítimas do nazismo alemão e a exposição dos uniformes listrados dos campos de concentração derrubam qualquer tentativa de contemporização histórica. A cada passo, uma verdade: cartas, joias saqueadas, álbuns de família, filmes, etc.

Em nove galerias, o museu mantém a denúncia em riste. A vida nos guetos; o menino de mãos ao alto diante de fuzis alemães; bispos alemães levantando a mão direita no gesto de saudação a Hitler. O horror de um vagão de trem para transporte dos judeus aos campos de concentração. Na vitrine, uma coleção de sapatos confiscados dos prisioneiros a caminho dos fornos de cremação. Dói ver os sapatinhos infantis.

Adversário da canonização de Pio XII, o Yad Vashem castiga o silêncio e a “complacência” do pontífice com o regime alemão. Antes de eleito papa, o arcebispo italiano Eugenio Pacelli fora núncio apostólico na Alemanha hitlerista e tornou-se conhecido por seu filogermanismo. Mas o memorial glorifica cardeais, bispos, padres e freiras que arriscaram suas vidas para salvar judeus.

A Avenida dos Justos entre as Nações tem 2 mil árvores plantadas em honra às pessoas que afrontaram os nazistas. Dois brasileiros constam da lista que inclui o industrial alemão Oskar Schindler: Luis Martins de Sousa Dantas e Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa.
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Embaixador em Paris, Sousa Dantas (1876-1954) emitiu mais de 500 vistos a judeus em 1940, apesar da proibição do governo de Getúlio Vargas. Aracy (1908-2011) trabalhava no consulado de Hamburgo, na Alemanha, onde conheceu o diplomata e escritor João Guimarães Rosa, com quem se casou mais tarde no México – os dois eram divorciados. Em 1938, Aracy ignorou a circular secreta 1.127, que dificultava a entrada de judeus no Brasil, e emitiu muitos vistos.

O memorial cita também o papa João XXIII. “Foi uma das pessoas mais sensíveis à tragédia judaica e fez muito para salvá-los.”

Ao fim da visita, as pessoas são convidadas a escrever uma mensagem no livro em que personalidades, como os papas João Paulo II e Bento XVI e o presidente americano Barack Obama, deixaram suas impressões. Externei minha tristeza. À noite, contemplando a cidade fundada por Davi mil anos antes de Cristo, dei conta que minha mensagem deveria ter se inspirado no salmo 137: infeliz serei por toda a vida, se me esquecer de ti, Jerusalém. Prenda-se minha língua ao céu da boca; fique seca minha mão direita, se eu não me lembrar do que vi no Yad Vashem; se ignorar ameaças de novos crimes contra a humanidade.
Description: Vendilhões modernos fazem de lugares sagrados seus corredores de comércio (Emás Vital/Divulgação)
Vendilhões modernos fazem de lugares sagrados seus corredores de comércio


À espera de um gesto

No primeiro mês do ano de 5.775 do calendário judaico, à primeira luz do dia 18 de abril de 2014, abro as cortinas de meu quarto de hotel localizado na estrada para Hebron. É primavera na terra de Israel, mês de Nissan. As muralhas cor de palha de Jerusalém irrompem pela janela.

À esquerda, a torre de Davi; à direita, a cúpula dourada da mesquita Domo da Rocha, de onde a rapaziada palestina lançou pedras sobre os soldados israelenses naqueles dias; e no centro, ao alto, o Monte das Oliveiras, muito frequentado por Jesus de Nazaré.

Dois mil anos atrás, vindo de Jericó, Jesus estava a caminho de Jerusalém para a Páscoa. Seu grupo encontrava-se no lado oposto de meu hotel. Ele vinha montado em um jumentinho. Descia o Monte das Oliveiras. O povo estendia mantos para ele passar. Gritavam “hosana ao filho de Davi”.

Lucas, no capítulo 19, conta o episódio: “Quando se aproximou e viu a cidade, Jesus chorou sobre ela” – na época com 40 mil habitantes, hoje, com 800 mil. Chorou porque previu o que os romanos fariam com a cidade tão linda: “Virão dias em que os seus inimigos construirão trincheiras contra ti, te rodearão e cercarão de todos os lados... Não deixarão pedra sobre pedra”. No ano 70 d.C., as tropas do general Tito arrasaram Jerusalém, após reprimir uma revolta dos judeus. Restou apenas um pedaço da muralha de sustentação do Templo de Salomão, o atual Muro das Lamentações.

Segundo a lei de Moisés, o feriado da Páscoa judaica, o Pessach, dura sete dias, relembrando a saída do Egito. Ao pôr do sol da sexta-feira, quando cristãos ainda percorrem a Via Dolorosa na Cidade Velha, os judeus recolhem-se em casa para o shabbat, o sábado. Exceto a tensão e o desfile de metralhadoras, tudo para em Israel: comércio, transporte público e até o elevador nos hotéis entra no modo automático, parando em todos os andares. Nem a omelete do café da manhã pode ser preparada pelos cozinheiros.

Em Belém, na Cisjordânia, a 10 quilômetros de Jerusalém, tudo funciona apesar das condições de isolamento impostas por Israel aos palestinos. Alegando razões de segurança e sob protestos internacionais, o governo israelense levantou um muro de concreto que corre por 760 quilômetros na fronteira e impede o trânsito de palestinos.

Num gesto surpreendente, o presidente palestino Mahmoud Abbas afirmou no final de abril que o “holocausto foi o crime mais atroz da era moderna”. Em sua tese de doutorado, ele negara o holocausto. Espera-se agora um gesto de Israel.

J. D. Vital é jornalista e autor de Como se faz um bispo segundo o alto e o baixo clero e Quem calçará as sandálias do pescador?


DE BELÉM E DO ORIENTE MEDIO

DE BELÉM  E DO ORIENTE MEDIO
Quem já visitou Jerusalém foi tocado por um espirito místico  inexplicável. Há um misticismo que se confunde com a história, que nenhum lugar no mundo, e em especial para os católicos, tem. Foi assim que o jornalista J.D.Vital descreveu sua experiência de visitar a Terra Santa. Mas descreveu também a visão que teve de como convivem, ou não, árabes e judeus, no único estado democrático da região. Israel, cercado por 33 estados árabes e mais com uma população árabe significativa, é o retrato do próprio Oriente Médio. Por todos os lados paira a história da humanidade, com os tesouros da nossa existência, na verdade, a história da humanidade.
Mas foi o Oriente Médio que moldou neste ano a política internacional. De um lado, a reorganização da política egípcia, onde morreu de forma mais visível a chamada Primavera árabe e o processo de queda de ditadores para o estabelecimento de democracias representativas na região, de outro a consolidação da democracia tunisiana, e em especial, o acordo nuclear que fizeram os cinco gigantes da política internacional com o Irã, mesmo com isso colocando a espada nuclear de Demóstenes acima da cabeça de Israel.
Seja como for, os maiores conflitos do mundo hoje processam-se naquela região. O caos que domina por exemplo na Líbia, sem falar no Iraque, Iêmen, é para nós ocidentais, simplesmente incompreensível. Houve por outro lado um avanço, segundo os nossos olhos, na Arábia Saudita, com um novo rei, onde mulheres votaram e foram votadas primeira vez na história. Mas, em termos gerais, além da queda dos preços do petróleo, que abalou algumas economias da região de forma bem forte, podemos dizer que o Oriente Médio  é  caótico e difícil para entendermos o que se passa por lá.
A face mais visível da violência é o conflito na Síria. Milhões de refugiados que entraram na Europa, mais de um milhão neste ano, fugindo da guerra da qual participam hoje não só os países europeus mas ainda os Estados Unidos e a Rússia. Mas, a solução não está  á vista, como também não está  no Afeganistão, após 15 anos de intervenção norte-americana.
Nada disso se compara à expansão do chamado Estado Islâmico.  A brutalidade de um lado, e de outro lado o uso das mais avançadas tecnologias para conquistar territórios e expandir as fronteiras de terror, é um exemplo de como o ocidente não sabe lidar com o Oriente Médio, e de que o conflito de lá nada tem de regional. Afeta o mundo inteiro. E muito mais do que estamos percebendo. Lá, as convicções religiosas e as lutas pelos territórios duram séculos e nada indica que terminaram. E qualquer arma, como o esfaqueamento dos judeus  em Jerusalém, é usada. Não precisa de bomba nuclear para matar. Se quisermos ter paz no mundo, vamos ter que celebrar primeiro a paz no Oriente Médio.
Stefan Salej

Thursday, 17 December 2015

DE REBAIXAMENTO E REBAIXAMENTO

DE REBAIXAMENTO  E REBAIXAMENTO
Quem se surpreendeu com a rebaixa da nota de avaliação da agência Fitsch não deve entender nada de finanças e de mercado. Absolutamente nenhuma surpresa para o chamado mercado. E também não deve ter sido para os funcionários de carreira do Ministério da Fazenda ou do Banco Central do Brasil. A apresentação da nota, que a absoluta maioria dos editores de economia não leu em detalhes, nada a ver com a expressão que estão usando, de que o Brasil passou a ser um mau pagador. A avaliação das agencias como S&P, Fitch, Moody ( está, a próxima que deve rebaixar a nota a ser dada ao desempenho econômico financeiro do Brasil) refere-se às  condições que economia está passando e ao seu futuro.
Essa avaliação  nada  tem que ver com os atrasos de pagamentos que Brasil tem nas agências internacionais, como Nações Unidas, dos alugueis das entidades públicas brasileiras no exterior e dos seus funcionários,  e nem com a eventual falta de pagamento das obrigações no exterior de empresas brasileiras por falta de boa gestão ou falta de caixa mesmo. Em resumo: está se vendendo na imprensa tupiniquim algo que ainda não existe, mas que pode ser que vá acontecer.  As agências chamam-se de avaliação de risco, e aí, que como se diz no interior que a porca torce o rabo
A deterioração das finanças públicas e da economia nacional está a olhos vista para todo lado. Não precisa ser especialista, é só ir à padaria na esquina e perguntar se vendeu este mês mais pão com manteiga do que no mês passado, e você vai ver o que acontece. A queda da produção industrial no país como um todo, e em Minas, em quase 16 %,  já diz tudo. É essa situação que está  levando ao receio de que o país pode vir a deixar de ter capacidade para cumprir seus compromissos externos no futuro, apesar de o tempo todo se vangloriar de uma invejável reserva em moeda estrangeira. Mas ela está como o dinheiro na poupança na Caixa, que existe , mas você não sabe onde e como foi aplicado. Por isso o Bernardo, filho de um amigo meu, foi lá e pediu para mostrarem o dinheiro para ele. Para ver se existe mesmo.
Na situação política atual,  com o desarranjo da economia e das finanças públicas, nos ainda vamos ter muita rebaixas. Dois anos de crise ainda não levaram  a solução alguma. E a queda do PIB neste ano apagou uns quatro estados do Nordeste do nosso ativo econômico. Lamentavelmente, a transição política, de um modelo que faliu para um modelo de sociedade cuja base é a inovação, produção e competitvidade, ainda vai ter muitas rebaixas, até voltar a crescer.

Monday, 14 December 2015

DE LIMĀO A LIMONADA: MEIO AMBIENTE

DE LIMĀO A LIMONADA: MEIO AMBIENTE
Provavelmente, se o seu prefeito não foi, como o de Mariana, a Paris nestas duas últimas semanas, para assistir à Conferencia das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, você não deve ter acompanhado muito o que aconteceu por lá. Mas, o fato é que a conclusão da Conferência, chamada COP 21, que superou as expectativas  e concluiu bem, inclusive com a fundamental cooperação brasileira, vai afeta-lo em muito e, em especial, as próximas gerações.
Além de grandes temas, como reduzir a emissão de gases  na atmosfera, reduzir o incontrolável crescimento da temperatura, que está afetando o clima de forma inesperada, e o financiamento para os países mais pobres se ajustarem aos novos paradigmas de meio ambiente, ou seja de mudanças climáticas, há também ações que são mais facilmente compreensíveis para o cidadão comum. E mais: as pessoas se beneficiam mais e mais depressa dessas ações.
Além dos 156 governos que participaram da COP 21, houve um encontro de  autoridades locais organizado pelo ex-prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg. É aí que se discutiu mais uma vez como fazer dos desafios do meio  ambiente oportunidades de desenvolvimento. Nada de novo, já que existia a Agenda 21, que muitos prefeitos adotaram e logo esqueceram. Se incluirmos o cuidado com a água e as florestas nesses programas de preservação do meio-ambiente, podemos  ter de fato uma área nova de desenvolvimento dentro dos municípios.
E quais são os capítulos que, no nível local, além de uma legislação municipal não restritiva mas progressista, podem ajudar a desenvolver mais em vez de atrasar mais. Primeiro, deve ser tomada uma decisão estratégica pelos políticos regionais que querem o desenvolvimento sustentável. Dois, já nas próximas eleições há que apresentar ações concretas para a área. Três, fazer dos órgãos da prefeitura um exemplo de economia sustentável. Não é só introduzir a coleta de lixo e fazer mudança de empreiteiro de iluminação pública, mas implementar um programa de tratamento de lixo, que comece com a separação, já nas casas, usinas de tratamento, que podem gerar energia. Na área de iluminação pública, que hoje é de responsabilidade das prefeituras, deve-se mudar o sistema, não só por questão econômica, mas por ser melhor para o meio ambiente. Assim, aparecem sinais claros de mudança. Faça da sua cidade a cidade mais sustentável do planeta, que assim vai atrair novos investidores, e melhorar a qualidade da vida e trazer desenvolvimento.
Faça do limão limonada. Você pode.

Friday, 11 December 2015

DAS ÁGUAS E FLORESTAS EM PARIS

DAS ÁGUAS E FLORESTAS EM PARIS

Apesar de os olhos do mundo estarem focados na declaração final da Conferencia de Nações Unidas para a Mudança de Clima, COP 21, não foi este o evento mais importante na Franca nesta semana. Foi a vitória da extrema direita nas eleições estaduais, que reforçou a candidatura da Presidente da Frente Nacional, Marie Le Pen, para as próximas eleições presidenciais francesas. Mas, esse fato doméstico, vamos dizer assim, em nada diminui a importância da declaração  final da conferencia sobre o clima, ou eventos paralelos à conferência.

Aliás, dos eventos paralelos, sendo que nos oficiais participaram 195 países, o mais importante foi o organizado pelo ex-prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, que reuniu prefeitos de cidades importantes do mundo. Inclusive vieram os  chineses, que nesta semana não conseguiram nem respirar na sua capital, Beijing, de tão ruim que estava a qualidade do ar. E Bloomberg insiste que as prefeituras têm seu papel a cumprir. Antigamente existia a Agenda 21, que muitas prefeituras adotavam junto com a comunidade empresarial. Mas, hoje os planos são confusos e há muita gente envolvida sem ações com resultados correspondentes.

Independentemente dos resultados diplomáticos da Conferência em Paris, há de fato um trabalho a ser feito na área de mudanças climáticas no nível das empresas, o caso clamoroso agora é o da Samarco, das entidades empresariais e dos gestores locais, ou seja das prefeituras. Não consta em lugar algum que alguma prefeitura em Minas se gabe de dizer que cumpre com todos os níveis de sustentabilidade e que as empresas no município são campeãs de sustentabilidade. O programa que a FIEMG fez para ajudar as empresas a elevarem seus níveis de sustentabilidade esbarra na burocracia governamental, que emperra em vez de acelerar o desenvolvimento sustentável. Os governos,  sejam estadual ou municipal, sem falar do federal, têm políticas  regulatórias dissociadas dos anseios de todos os segmentos da sociedade. Ninguém está satisfeito com o status quo.

O acordo de Paris tem  uma parte pouco discutida, que se refere à preservação de florestas tropicais. O mundo poluidor, liderado pela China e pelos Estados Unidos, prefere que nós preservemos as florestas para eles, em vez de eles diminuírem a poluição. Essa briga ainda vai ser longa.

Monday, 7 December 2015

DA POLITICA EMPRESARIAL

DA POLÍTICA EMPRESARIAL

Em um  recente episódio de rusgas no meio de entidades empresariais, um político envolvido disse que sabia que o meio em que ele convive era sujo, mas que a política empresarial era tão suja assim, não sabia.

Bem, talvez a declaração fosse uma decepção da esperança de que a política nas entidades empresariais fosse vamos dizer mais transparente , menos pessoal e mais dedicada ao bem público.  Pode ser que a percepção pública de entidades empresariais serem menos abertas, aos olhos de população, sejam assim. Mas, como na política, também na área empresarial não dá para generalizar.

As mais recentes polêmicas sobre a gestão da Federação do Comércio de Minas Gerais de Minas, mostram que a justiça está atenta ao que acontece com os fundos arrecadadas pelas estas entidades que compõem o sistema chamado S, do qual faz parte também a área de agricultura e transportes, além do SEBRAE. Essas entidades vivem de recursos fiscais obrigatórios pagos pelas empresas. Ou seja, abatidas na folha de pagamento. Portanto, quanto mais funcionários, maior a arrecadação.  Esse sistema deve ter um orçamento conjunto em Minas superior a dois  bilhões de reais. Mas, ele sustenta com esses recursos também a rede de educação profissional, como o SENAR, SENAI , SENAT e SENAC, e serviços sociais como o SESI e o SESC.

Parte desse dinheiro arrecadado vai para as federações como de indústria, comércio, agricultura, transportes,  o que as faz fortes. E elas estão compostas por sindicatos dos empresários, dos quais a rede mais forte e maior é a de sindicatos rurais. É desse sistema que o governo quer reduzir 30%. É nesse sistema que a luta por cargos é a maior, porque é está o    dinheiro.

Do outro  lado, existe um sistema voluntário, centenário, independente do governo e da política, que é o das associações comerciais, empresariais, clube dos diretores lojistas e outro grêmios. Nas verdade, estes têm maior número de empresários e empresas associadas, maior ressonância de seus problemas, mas menos poder político porque têm menos recursos. E aí, como no caso de Federativas, que reúnem milhares de empresas, inclusive a centenária Associação Comercial de Belo Horizonte, onde o empresário participa porque quer e é ouvido porque participa.

Como o mundo, o Brasil estão mudando e também as entidades empresariais terão que se adaptar a essa mudança.  Devem passar a ser a voz da esperança e desejo de transformar o país em vez de cuidarem de seus dirigentes e de seus interesses. Claro que há exceções que confirmam a regra. Em especial, em Minas.


Saturday, 5 December 2015

DO OFFSIDE E DO IMPEACHMENT

DO OFFSIDE E DO IMPEACHMENT

As duas palavras em inglês definem bem a nossa situação, para que os estrangeiros entendam  melhor  o país. Offside, ou hoje em dia chamado de impedimento, é relacionado ao futebol. E quem determina o fato é o bandeirinha, confirmado pelo juiz principal do match ou jogo. E em geral o jogador nessa posição, crente de que pode fazer gol, levanta as mãos em desespero, mostra algum dedo extra e xinga os dois juízes. Mas, nunca vi um juiz anular essa decisão. Portanto, de nada vale o xingatório, o decidido está decidido.

Assim ficou nesta semana de impedimentos, a história dos dirigentes brasileiros indiciados pela justiça dos Estados Unidos. Agora são três que estão processados por lá. Engraçado que ninguém foi processado por aqui, como se eles fizessem as travessuras deles em Marte e não no Brasil. Precisa a justiça do exterior mostrar a podridão que eles levaram até a FIFA e ajudaram fazer dela a grande lavanderia do esporte mais popular do mundo. E se não fosse a justiça  norte-americana, a situação continuaria como está ou não? Você decide.

O outro impedimento ou impeachment se refere à Presidente do Brasil. Como explicar o processo e suas consequências para os investidores estrangeiros e também para o público  global em geral. Não se trata de offside, mas de um processo difícil de entender e principalmente com consequências econômicas difíceis de prever. No final do ano, quando  as empresas estão fazendo suas previsões para os próximos anos, um processo político de mudança de governo em um regime presidencialista tem tudo para levar qualquer um a uma só previsão: pessimista.  Retranca. Ninguém na área empresarial, mesmo com consultores e especialistas cobrando milhões pelas previsões, pode prever o que vai acontecer. Pode acontecer tudo ou nada.

O pior disso tudo é a incerteza. Ou seja, quanto tempo vai durar a situação política e quanto tempo vai demorar a solução que possa levar a uma clareza econômica. Também ninguém sabe.

E nessa situação só se joga na retranca. Não chega sequer a offside, que é quando se chega perto do gol do adversário. E nem há tempo para terminar o match. É um jogo que o investidor não consegue entender e nem é jabuticaba. Só nós o temos.

Não custa nada lembrar que as duas personalidades envolvidas no offside e impeachment nasceram e cursaram escolas de Minas.