Da moral e da Síria
O conflito armado na Síria, durando dois anos, com mais de cem mil mortos e mais de um milhão de refugiados, não está, com os últimos acontecimentos,
sem perspectiva de terminar. Ao contrário, com as afirmações de que o governo do Assad
usou armas químicas, ultrapassando a
linha vermelha que Presidente Obama disse ser aceitável, os Estados Unidos e seus aliados vão reagir. Em nome dos limites morais de uma guerra, que foram
ultrapassados por Assad, não haverá limites a se contrapor. Portanto, o que se fez até agora, podia, o que fez com as armas químicas, não pode mais. E chegam
cinicamente à conclusão, após dois anos de massacres,
que agora basta e o basta é matar mais e aumentar a escalada da guerra.
É muito difícil para um cidadão comum entender o imbróglio da Síria, uma civilização milenar e uma ditadura familiar de um país formado artificialmente após a queda do império otomano. Mas, quem esta
em guerra lá não é só o Ocidente versus a Rússia e a China, que junto com o Irã apóiam Assad. Estão em curso também as divergências entre vários grupos religiosos islâmicos, como sunitas e
xiitas. O que aliás também está acontecendo no Iraque. E
apesar de que muitas vezes não está claro quem apóia quem, quem esta ao lado de quem, fica patente que os
todos envolvidos cuidam principalmente de seus próprios interesses. E se a
esta situação adicionamos que a Líbia continua em polvorosa, que o Egito saiu das primeiras páginas, mas a situação lá continua sem solução, e portanto ainda muito
sangue pode correr, que o Iraque
não esta tranquilo e que no Afeganistão estão cem mil soldados americanos custando cem bilhões de dólares por ano, a situação está longe de ser tranqüila.
A escalada do conflito sírio, sem apoio das Nações Unidas ou até com o seu apoio, vai abrir
um novo front militar extensivo, sem limites de início e nem fim. E como as bolsas reagiram aos primeiros anúncios com alta de preços, isso vai afetar a
recuperação econômica frágil. E mais: coloca em
risco qualquer possibilidade de paz entre Israel e os palestinos, ao mesmo
tempo em que torna Israel ainda mais vulnerável.
O Brasil já declarou que só vai atuar na solução do conflito através da ONU. É interessante observar que, com uma comunidade Síria tão expressiva no Brasil, o país, que quer ser um ator político internacional
importante, não desempenha um papel mais
incisivo. E não se tem ouvido dos sírios no Brasil nada a não ser do hospital em São Paulo. Nem para dar ajuda e trazer refugiados para cá.
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