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Thursday, 5 September 2013

DO MUNDO MUITO,MAS MUITO CONFUSO E PERIGOSO



Do mundo muito confuso

Os 20 países chamados do G 20, que representam 90 % de produção mundial, reunidos no belíssimo palácio na cidade natal do Presidente russo Putin, São Petersburgo, fizeram nesta semana uma das reuniões mais tensas e ao mesmo tempo mais difíceis desde o início deste século. O G 20, do qual o Brasil faz parte, discutiu os fundamentos da crise econômica e a sua saída, a desvalorização da moeda norte-americana, que prejudica em muito os países emergentes e, last but not last, a crise na Síria. Se alguma vez foi necessário o uso de todo o potencial que a diplomacia oferece, essa era a ocasião. Mas foi lamentavelmente perdida. E como disse um estadista alemão, quando fracassa a diplomacia, entra o exército. E quando fracassa o exército, entra a diplomacia. E no meio, entre duas passagens dos diplomatas, tem guerra, mortes, sangue e lágrimas.

O que se discutia publicamente na Rússia, onde os presidentes dos Estados Unidos e Rússia anunciaram há semanas que não querem se reunir em privado porque nada tem que tratar que melhorasse as relações entre os dois países, tem pouca importância. Importantes foram as reuniões e conversas em privado. Mas, o mais visível desse encontro foi a discussão sobre papel dos Estados Unidos em um mundo multipolar. A recuperação econômica depende dos Estados Unidos e das suas políticas monetárias. O ataque à Síria, banhada em sangue, é decisão solitária norte-americana, que teve oposição forte e ameaçadora da Rússia e China e apoio da França. E mais: os Estados Unidos foram expostos por espionar o mundo por um desertor libertário que fugiu via China e esta exilado na Rússia, com depósito de material explosivo em mãos de amigos dele no Brasil.Todos os países envolvidos estavam presentes em São Petersburgo.

A reunião, que era para conciliar as diferenças e encaminhar soluções, transformou-se em azedo, quase desagradável, conclave de divergências. O Brasil estava lá com a Presidente da República espionada até a medula pelos norte-americanos. Adicionalmente, vítima de guerra cambial, e frontalmente contra a intervenção  norte-americana na Síria, sem aval das Nações Unidas. E não termina aqui essa situação: no ar paira o provável cancelamento da visita presidencial a Washington, que ocorreria no mais alto nível diplomático, a visita de Estado.

A liderança mundial que se reuniu lá, aumentando as divergências em vez de aumentar as convergências, deixa o mundo apreensivo. Em princípio não é ruim que um país exerça forte liderança mundial, mas pelo bem de todos. Nunca foi tão verdadeira a frase do ex-Secretario do Estado norte americano Dulles,  dizendo que os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses. Mas, nos também !

Stefan B. Salej
5.9.2013.

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