DA AFRICA PERTO E LONGE
Metade de população brasileira se declara afrodescendente. O continente africano,com seus 54 países e 1.5 bilhão de habitantes, já foi um parceiro político e comercial importante. De 7 % de em 2007, o nosso comércio exterior caiu para 3.5 % em 2023. Exportamos 13.2 bilhões de dólares, importamos 9, e nossos investimentos lá, 2.1 bilhões, são menores do que os dos africanos aqui.
Um continente que não se livrou de suas amarras coloniais, dividido em tribos, só na África do Sul são faladas 11 línguas, e com seus dirigentes se mantendo na maioria dos países longo tempo no poder, veja a família Bongo no Gabão, e cujas práticas democráticas têm cada vez mais participação de militares. No último ano foram oito golpes de estado, fora dos conflitos na região do Sahel, Sudão, Eritreia e Somália. Importantes rotas marítimas são ameaçadas por grupos terroristasislâmicos como El Shabab. A crise humanitária, que com a seca atinge o continente, leva a Namíbia, ex-Colonia alemã, a declarar que matará elefantes para que a população tenha carne para comer. As estruturas de poder têm alto nível de corrupção, elites ricas e um nível de miséria incomparável.
A África em 2050 passará a ter 35 % de população mundial, ou seja 1 em quatro habitantes do planeta será africano. A América Latina passará de 8.6% para 6.9 %. O envelhecimento que atinge todos os demais continentes não passa por lá.
Ainda tem o fenômeno chinês: ofereceram tudo aos países pobres de infraestrutura e ricos em minérios. A África deve num total 1.1 trilhões de dólares, e em seuspaíses 900 milhões de habitantesde um total de 1,5 bilhões, despendem mais com o pagamento de juros do que com saúde e educação. Na Nigéria, com 40 bilhões de dívida externa, 40 % de população vive em extrema pobreza. E a China está implacável na cobrança de sua dívida.Não negocia, quer o seu.
O Brasil já foi um parceiro importante. Treinamos diplomatas no Gabão, participamos da descolonização de Angola e Moçambique, tivemos investimentos pesados na área de mineração e petróleo, treinamos militares, trouxemos a África do Sul para os BRICS, fizemos obras na Mauritânia, vendemos Tucanos e Lula, no seus dois primeiros governos, visitou a África, onde temos representação diplomática em 31 países com 87 diplomatas (número igual ao de Paris), oito vezes.
O continente está lá, com suas mazelas, mas também suas oportunidades.Politicamente é importante para o Brasil, mas o seu potencial de crescimento, mesmo com a invasão chinesa que está se esgotando, oferece uma enorme oportunidade para negócios. O Brasil é bem visto e quisto, mas a política brasileira para o continente não pode andar na gangorra de uma visão de curto prazo e frases de efeito. Precisa de uma estratégia, que já existiu anteriormente e foi muito lucrativa, consistente.
E nisso o governo e suas instituições, como o Banco do Brasil e o BNDES,exercem um papel crucial para que os empresários, em especial médios, voltempara o continente.