Powered By Blogger

Sunday, 9 June 2019

DA INDÚSTRIA COM E SEM FUTURO

Nesta semana as associações da indústria no Brasil comemoram o seu dia. As comemorações devem incluir um minuto de silêncio pelas 300 vitimas do estouro da barragem de Brumadinho, ou melhor, o Córrego do Feijão. E com esse minuto deve vir a reflexão sobre que indústria ainda temos e queremos como sociedade e qual será a cara da indústria nos próximos 20 anos. Provavelmente os discursos não vão abordar esses temas, mas os desafios, aos tin-tins da champanhe e do whisky, cachaça não entra, de como manter o sistema empresarial com financiamento obrigatório, e em especial, os das reformas da previdência, da desburocratização e da reforma nunca chegada, a tributária.

A indústria, mesmo atingindo hoje magros 11 % versus mais de 30 % do PIB há 25 anos, não vai fechar. Os modelos econômicos mudam com o avanço da história e nada é igual ao dia anterior. Os movimentos tecnológicos são mais profundos neste início de século, os paradigmas mudaram, e com eles mudam as matrizes econômicas. A indústria de ontem não é  mesma de hoje e nem será a de amanhã. Porque também o consumidor não é o mesmo, então o mercado também muda e a indústria tem que mudar para se adaptar ao mercado.

No Brasil, especificamente, além de todos os desafios que a indústria enfrenta nos outros lugares, estamos no momento em fase de incertezas que seguram os investimentos e levam as empresas a procurarem não  expansão, mas, essencialmente, sobrevivência. É um momento bem nocivo e difícil, mas por outro lado um dia tem que passar.

E talvez aqui podemos também olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Sem dúvida, o momento de incerteza e crise pode levar os ousados para um novo patamar. Uma dessas ousadias é a expansão para o exterior. Há inúmeros exemplos, bem descritos pela Fundação Dom Cabral, de sucesso. Outra vertente é procurar mercados novos no imenso mercado chamado Brasil. E também surgem oportunidades de fusões mesmo entre as empresas de pequeno porte. Aliás, no Brasil faltam empresas medias que no mundo inteiro são sustentáculo de desenvolvimento e de geração de empregos.

Na área de mudanças tecnológicas, a indústria 4.0 não requer que o Senai instale um laboratório, mas que a sociedades toda mude para um patamar tecnológico diferente. Nesse capítulo as mudanças na área de infra-estrutura, leia-se energia, e de telecomunicações, são cruciais. E sem dúvida a grande mudança deve ser na área de educação, seja ela tecnológica ou não.

Quantas de nossas indústrias estão hoje prontas para esses desafios, entre os quais, como no caso do acidente de  Córrego de Feijão, se inclui a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável. A falta desses dois mata e destrói a sociedade e a própria indústria. E não é substituída por nenhum indicador financeiro ou tecnológico.

A indústria, hoje mais e mais integrada com serviços e outras atividades clássicas, como o agronegócio e o  comércio,  tem um espaço para sair da sobrevivência para o crescimento, especialmente se houver um ambiente  político que facilite ou pelos menos não atrapalhe a transformação industrial e seu desenvolvimento.

Para os desafios também há respostas, como as  start ups, um alto grau de empreendedorismo existente no país e um mercado cheio de oportunidades.

DA LAGOSTA IMORAL

De 210 milhões de brasileiros, quantos já comeram a lagosta e beberam vinho francês? Provavelmente 99,99 % nunca comeram lagosta e nem beberam vinho francês. A lagosta, crustáceo, pescado nas costas do Nordeste, já provocou nos idos de 70 a Guerra da Lagosta com a França e provocou o então Presidente francês, General Charles de Gaulle, que disse que o Brasil não é um país sério. A lagosta voltou nestes dias ao cardápio político quando os ilustres Ministros do Supremo Tribunal Federal encomendaram lagostas e finos vinhos franceses para as refeições destinadas a ilustres visitantes estrangeiros. Tudo dentro da ordem e da lei. Eles têm esse direito, de escolher o que querem, desejam, e daí transformar isso em necessidades. Em seguida o órgão fiscalizador da ordem jurídica executiva nacional, a Advocacia Geral da União, disse que está tudo perfeito e legal. E que sim, precisam desse tipo de comida,  nunca presente na mesa de 99.99 % dos brasileiros, para receber com dignidade as autoridades estrangeiras que visitam a mais alta corte de justiça do país.

Para começar, quem recebe os visitantes estrangeiros em nome do país, no primeiro lugar, é o nosso Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, que nunca serviu nem vinhos franceses e nem lagosta. Serve sim com dignidade comida típica brasileira e vinhos brasileiros.

Segundo, nenhum visitante estrangeiro sério se impressiona, quando em visita, se é servido de comida e bebida de padrão acima do normal para o país. Ao contrário, vai perceber que somos um país do Couraçado Potemkin ou Theresien Stadt, os dois representantes da ilusão e mascaramento da realidade de dois regimes odiáveis, o soviético e o nazista. Vendemos uma imagem que nada tem que ver com a realidade do país. E é com a realidade do país em todas as suas variáveis que o visitante estrangeiro tem que lidar. Vendendo a ele a imagem de país onde se come lagosta e se bebe vinho francês às custas do erário público, você pode fazer isso se quiser com dinheiro próprio, como Presidente de banco que ganha 44 milhões por ano, você o chamou de idiota. Um idiota que você tentou enganar, escondendo os 30 milhões de desempregados, uma desordem jurídica fenomenal, uma população carcerária em condições sub-humanas, uma criminalidade das mais altas do mundo e, na continuidade, membros do judiciário que ganham, como foi noticiado nesta semana, dentro da lei, 700 salários mínimos num mês.

E mais: você não foi capaz de lhe mostrar uma realidade do país que sim pode ser uma grande potência, socialmente mais justo e igual, se esses atos e outros, baseados numa moralidade do sistema legal, não nos levarem para o buraco, mas para um desenvolvimento para todos. O fato é que nossos legisladores criaram condições de desequilíbrio moral e ético, transformado em comportamento jurídico de lagosta e vinho francês, e agora, pendurados nas poucas leis que ainda mantém alguma decência no país, não têm, junto com alguns  membros do executivo, a coragem, a  visão e o patriotismo para consertar isso. 

Antigamente diziam que tudo acaba em pizza, mas agora nem isso. Atualmente está acabando em lagosta com vinho francês. E já que estamos na área  da pesca, devemos lembrar que peixe fede pela cabeça. E os que encomendam lagosta com dinheiro público são a cabeça do peixe. Ou doutos sábios que querem repetir a Catarina, tzarina russa, dizendo que se o povo reclama e  está com fome,  que coma caviar. Ou no nosso caso, democraticamente, que todos comam lagosta com dinheiro público. Mas, ainda não podemos esquecer: se eles lá em cima podem, todos abaixo deles também podem. E aí, não há país e nem povo que aguentem.

DO POSSÍVEL E IMPOSSÍVEL ACORDO COM UNIĀO EUROPEIA

DO POSSÍVEL E  IMPOSSÍVEL ACORDO COM UNIĀO EUROPEIA

Anúncios iguais a esses que rodam os jornais nestes dias, dizendo que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia será concluído nas próximas semanas ou meses, vimos nos últimos 25 anos de negociação tantos que já perdemos o seu número. Hoje em dia se alguém, seja quem for, tentar adivinhar quando fecha esse acordo, recomenda-se-lhe que compre um  bilhete de loteria onde tem mais chances de acertar do que quanto ao fechamento do acordo.

Se não fechou nestes 25 anos é porque há muitas razões de parte a parte para não concluírem o acordo. E o mundo mudou muito nesse período, inclusive os países que compõem os dois blocos econômicos em questão. 

A União Europeia passou de 15 para 28 países, a Grã-Bretanha estaria saindo do bloco (outra incerteza), consolidou sua moeda, o Euro e consolidou-se como uma economia forte, com divergências politicas oriundas da história do próprio continente. E avançou na área de tecnologia, assim  como se tornou o mais importante investidor estrangeiro nos países do MERCOSUL.

O MERCOSUL teve seus avanços sim. Os quatro países que o compõem mantiveram seus sistemas democráticos funcionando e suas economias, tirando a Argentina, a exceção que confirma a regra, relativamente estáveis do ponto de vista financeiro. Mas, como bloco econômico, não se integraram mais e nem dentro do espirito de fundação. Efetivamente, as expectativas e esperanças de formação de um bloco econômico e quiçá político foram infinitamente inferiores às esperanças e até resultados dos primeiros anos.

O acordo entre os dois blocos tem todo sentido e seria uma mudança fundamental no desenvolvimento das economias dos países do MERCOSUL. Agora, não pode ser um acordo onde, como tudo indica, haverá um crescimento razoável de exportações europeias e um avanço muito pequeno de nossas exportações para a UE. Nenhum estudo recente aponta com clareza os números, inclusive na criação de empregos, nos países de MERCOSUL. Enquanto nós crescemos em competitividade do agronegócio, mas de forma alguma em produtos oriundos do agro mais sofisticados, como vinhos, embutidos, lácteos etc., a Europa cresceu em tecnologia, produtos industriais com alta tecnologia, serviços e produtos alimentares. Então as trocas serão, simplificando, de uma boiada por um quilo do presunto de Parma.

As negociações empacaram nas tarifas, algo atrasado na realidade do comércio internacional do futuro, nas trocas comerciais de baixa tecnologia e nos problemas regionais europeus que geram políticas de protecionismo de fazer inveja ao Trump. Não há visão de um projeto comum de desenvolvimento entre as duas regiões que poderia beneficiar as populações, com aumento de renda e emprego. E a Europa, sublime e gananciosa, se comporta como se nós não tivéssemos alternativas.

Quando começaram as negociações, a nossa parceria com China era nula. Hoje é o nosso parceiro principal, inclusive em capitais e tecnologias. Se fecharmos acordos com a Coréia do Sul, Japão, Canadá, Suíça, e com países do Pacífico, estaremos bem encaminhados para o nosso futuro, com uma relação até mais equilibrada do que com a UE.

E tem mais, fechar acordo é difícil, implementar ainda mais. E alguém está tendo plano de implementação? Até para aprovar os acordos já feitos, o Brasil leva anos na burocracia do executivo e do Congresso. Nesse meio tempo, arrumar a casa e fortalecer o próprio MERCOSUL seria muito útil para fechar um acordo, com seja quem for, e mais eficaz.

Monday, 13 May 2019

DA DANADA DA CACHAÇA: HAVANA

DA DANADA DA CACHAÇA: HAVANA


Um dos produtos mais conhecidos entre os duzentos milhões de brasileiros é a danada da cachaça mineira. E entre marcas de quase dez mil estabelecimentos que produzem cachaça artesanal com aproximadamente 200 mil pessoas (acrescidas de mais 400 mil dos chamados empregos indiretos) em  Minas Gerais, a campeã é a Havana de Salinas.  A cachaça que expõe sua qualidade de maturação de 12 anos em barris de bálsamo também tem o preço mais elevado entre todas as marcas oferecidas. Com 75  anos de produção contínua num lugar que pouca gente conhece, longe de tudo, é sem dúvida a marca mais conhecida ou brand, como dizem hoje, de Minas no Brasil. E mais respeitada.

Explicar essa história, descrita já tantas vezes, é nas verdade explicar o que realmente é um empreendedor mineiro. Anísio Santiago, que foi o fundador, e os filhos dele, assim como os netos, seguem princípios simples de gestão: sempre produzir com qualidade, sem ambição de ganhar muito dinheiro mas sem perder no negócio, e deixar todo mundo feliz. Começando com  apreciadores do produto, funcionários, comunidade. E não pode errar porque, como diz o filho do fundador, o Sr. Geraldo Santiago, se uma garrafa for de qualidade ruim você joga fora toda a história de 75 anos.

A produção e distribuição da cachaça artesanal mineira é uma verdadeira teimosia de alguns aficionados que criaram a AMPAQ, associação de produtores de aguardente de qualidade, que controla a marca e só fez parte de um projeto integrado de desenvolvimento de Minas no final do ano 2000, quando a FIEMG fez o projeto CRESCE MINAS. Esse projeto previa o desenvolvimento do estado através de clusters e precisava de, além daqueles de alta tecnologia, como eletrônica, metal mecânico, carne vermelha, também dos que criavam emprego e tinham raiz não no investimento fora do estado ou nos generosos incentivos estaduais, mas na cultura e empreendedorismo mineiro. Aí nasceu o cluster da cachaça e o do pão de queijo.

Nesta hora em que temos na nossa frente desafios de desenvolvimento e de criação emprego que grandes investimentos em mineração e indústria não estão criando, vale a pena ver o exemplo singelo da cachaça  mineira e da Havana. Como alguém tão distante do mundo chamado desenvolvido conseguiu sobreviver 75 anos e criar uma marca tão apreciada e respeitada.

Os novos planos de desenvolvimento com investimentos de 50 bilhões  de reais nos próximos anos nas área de infra-estrutura, saúde, habitação e saneamento são necessários, mas não vão criar os empregos que o cluster da cachaça cria hoje. Além de 50 % desse investimento vir do governo, os produtos  oriundos da cultura empreendedora mineira, em geral vindos da área rural e do interior do estado, criam empregos, solidez financeira, continuidade e não dependem de governo, quebrado ou não.

A admirável saga do Anísio Santiago e seu herdeiros deve servir para uma reflexão sobre o nosso desenvolvimento. Estamos obcecados em procurar soluções grandiosas fora e desprezamos lições valiosas que temos na nossa história. Menos grandeza, mais humildade, menos Torino e mais Salinas. Menos nomes bombásticos de planos e mais realidade.

Sunday, 5 May 2019

DO EMPREGO, TRABALHO E EDUCAÇÃO

DO EMPREGO, TRABALHO  E EDUCAÇÃO


Está difícil de aceitar, mas o fato é que os empregos que se perderam nos últimos anos não voltam. As mudanças nos modelos de negócios e tecnológicos requerem novas habilidades . Os tempos são outros, e não são só as novas habilidades, mas também quem fica fora do trabalho perde a habilidade de assumir um novo emprego. É simples, você dirigia um carro com marcha mecânica, por exemplo uma Kombi há anos. Depois você não dirigiu esse veículo por um ano. Aí tem vaga para motorista de van escolar modelo 2019. Toda automática, com GPS, sensores, ABS etc. Você simplesmente não sabe dirigir a nova van.

Nessa situação estão milhões de brasileiros que perderam o emprego e não estão aptos para trabalhos bem diferentes do que os que exerciam no passado. Ou seja, a formação profissional e a experiência não serão suficientes para assumir novas funções em qualquer escala hierárquica e em qualquer profissão daqui por diante. Os desafios no exercício profissional, a partir de agora, por mais simples que seja a profissão, são diferentes e temos que nos adaptar a eles.

Como? De um lado o sistema educacional brasileiro não é orientado para o mercado. Não estou dizendo o mercado de trabalho. Estou dizendo para o mercado mesmo. Ou seja, como não sabemos para onde vamos, fora umas  declarações  bombásticas sobre a economia liberal e sua clareza quanto a falta de limites, não sabemos se a economia brasileira ainda terá indústria, que está minguando, que tipo de serviços, agro e comércio vão dominar. Como não temos rumo de desenvolvimento, não podemos  ter um  sistema educacional orientado para o mercado e então não sabemos qual será o mercado de trabalho.

Claro que não faltam conjunturas sobre a aceitação de novas tecnologias, em especial robótica e inteligência  artificial, mas são casos esporádicos que não tem fundamento nenhum na área empresarial, como diretriz estratégica. Veja o caso da indústria 4.0, cuja adaptação não depende só de capital, mas de uma direção estratégica  do país, de que vamos ter menos mão de obra de baixo custo e de produtividade baixa versus sistemas inteligentes de produção com mão de obra de custo mais alto e produtividade bem mais alta.
Nesses cenários de novos desafios,  é fundamental a sociedade transmitir a ideia de permanente aperfeiçoamento profissional. Incutir no sistema educacional, ou seja em alunos e estudantes, que nunca podemos parar de estudar. O que era ontem apreender inglês, terá que ser estudar mandarim. E junto com o mandarim, novas tecnologias como  blockchain, AI, IOT etc.etc. Isso hoje, mas e amanhã? 

Nesse desafio praticamente de vida ou morte para cidadão, ou seja se não estiver preparado para um novo desafio de trabalho e emprego (que também não é mais  estruturado como no passado), a pergunta é  se estamos preparados.

Não, não estamos. Os conselhos profissionais e a justiça de trabalho nos protegem para morrermos orgulhosos na praia do mar de competitividade no qual navegamos.

O sistema educacional público está falido, sob a égide de uma gestão pública confusa e absolutamente dissociada da realidade econômica do país, com poucas  exceções que confirmam a regra. O sistema privado de ensino, inclusive de religiosos, cuida do lucro como primazia do seu objetivo.

Vamos ter que pensar em reforçar o sistema que atualiza e prepara, no ciclo de vida do cidadão, um sistema  mais ágil, mais voltado para futuro e também socialmente responsável. Não é só educar quem tem dinheiro, os MBA por exemplo, mas também as pessoas que não têm recursos, querem trabalhar e não têm oportunidade. Talvez  essa seja a grande chance do sistema S, desde que transparente, mostrar-se ágil e integrado com o mercado e com os sistemas educacionais.

Sunday, 28 April 2019

DO RECLAME, PROPAGANDA E GESTÃO

DO RECLAME, PROPAGANDA E GESTÃO 

A velha discussão que não consegue ter fim e início é qual imagem o Brasil como país deve apresentar. Essa discussão passou todo o tempo do regime militar com o devido cuidado, inclusive com especialistas da área militar na área, naquela época só chamada de relações públicas. Os governos militares deram muita importância a isso, quem não lembra da marchinha da Copa de 70 milhões, mas não foi a publicidade governamental e das estatais que constituiu a forca motriz daquela moldagem da imagem do Brasil. Houve na época do hoje extinto Instituto Brasileiro de Café, IBC, uma campanha mundial de café brasileiro, liderada pelo pioneiro das feiras brasileiras Alcântara Machado.

A procura de uma marca, de uma imagem do país, e a utilização dos instrumentos de comunicação e publicidade por todos os governos e seus governantes ganhou seus contornos mais fortes na época do governo Lula. A publicidade governamental se tornou um poderoso instrumento de pressão sobre os meios de comunicação, sua grande fonte de receita, e ao mesmo tempo, em alguns casos específicos e em especial nas estatais, fonte promissora de desvio de recursos.

Esse período também produziu uma imagem própria do Brasil, que pelos últimos eventos, não serve mais. Ou seja, qual a imagem que vamos apresentar através da publicidade de atores governamentais, governos e seus órgãos e suas estatais ? Pela mensagem dada pelo Presidente da República, sugerindo a retirada de publicidade do Banco do Brasil, um banco sob controle do governo mas com ações negociadas nas Bolsa de valores, ficou claro que governo federal vai dar diretriz clara e definida a todos sobre o tipo de mensagem deve ser transmitida e por intermédio de quais veículos. E neste momento não tem nenhum maluco na praça que não entendeu a mensagem.

Esse investimento ou despesa das estatais é minúsculo em relação a que as 148 empresas estatais geram de recursos, negócios, investimentos e lucros ou prejuízos. Preocupar-se com uma campanha publicitaria na semana em que a Petrobras informa que vai investir mais de 60 bilhões  de reais nos próximos sete meses e ninguém comenta nada, eis o problema. Onde e sob que critérios serão feitos os investimentos das estatais e criando quanto de empregos, impostos e benefícios para a população, eis o verdadeiro problema. 

Nossas estatais  federais, não falamos de estatais dos Estados, que são um caos, têm tudo para serem eficientes e cumprirem seus objetivos conforme a lei. Mas, elas só podem ser eficientes e produtivas se o dono souber administrar. E aí o governo precisa ter foco e a gestão que pode até incluir o cuidado com a publicidade e seu conteúdo. Mas, efetivamente a empresa é tão boa quanto os donos sabem o que querem e sabem administrar. E nisso fica claro também controlar.

Na gestão de empresas é muito comum que os gestores induzam os donos, conselhos, para os conflitos menores, enquanto as coisas importantes são  relegadas a um segundo plano. E aí, o resultado todo mundo sabe, porque especificamente, no caso brasileiro, já passamos por isso.

Tuesday, 23 April 2019

DA HISTÓRIA, LEU E NĀO COMPREENDEU

DA HISTÓRIA, LEU E NĀO COMPREENDEU

Os debates que vão afetar a nossa vida hoje e amanhã, e a de nossos filhos e netos, estão em curso. Para começar, o debate sobre a previdência. O projeto está sendo debatido no Congresso pelos ilustres deputados e os responsáveis pelo projeto na área econômica do governo, começando pelo próprio Ministro da Economia, debatem e debatem e explicam e explicam. Mas, você entendeu? Você sabe como isso vai afetar a vida da sua família, dos seus filhos, dos seus funcionários? Tem certeza que você entendeu a mudança?

Porque, que tem que fazer essa reforma, disso todos já estamos convencidos. Nos convenceram que se não fizer a reforma, não temos futuro. E que as distorções que existem não podem mais existir. Mas, que as que estão existindo no judiciário, em polícias militares  do estados e entre os parlamentares, essas sim continuam para os que as têm e só vão mudar no futuro. E esse trilhão que tem que economizar ? Quanto dele vai dos seu bolso ou do bolso daquele que tem uma aposentadoria hoje de 200 mil?

No fundo, o que estão propondo é uma mudança de modelo de contribuição, que não afeta só as aposentadorias, mas afeta todo o sistema econômico. Porque com o novo sistema os recursos arrecadados serão investidos pelos fundos de investimentos nas atividades produtivas. Ou seja, vão investir onde terá mais rendimento.

Aí, se a competitividade da economia como um todo, o chamado custo Brasil, não for estimulada, vai investir onde? Em especulação e não em produção, como tem acontecido até hoje como os grande fundos de  previdência privada. Veja como quebraram no governos do PT os fundos de previdência do Banco do Brasil e dos Correios. Então, saber nesta reforma como serão geridos esses recursos, por quem e sob que regras, é absolutamente fundamental.

Fazer reforma de previdência é um dos passos de reformar toda a economia, mas ela tem que ser acompanhada por outras reformas como a tributária, do judiciário e também a política. E claro, por um projeto de reestruturação da infraestrutura e educação do país.

O processo tem que ter início, meio e fim. E tem que estar claro onde chegamos e quando. Os próprios deputados debatem muito em Brasília, aliás como sempre concorrendo com o STF em espetáculos quase  que grotescos  na TV, mas pouco com seus eleitores. E está difícil de entender  o linguajar quase que debochado dos superministros e secretários dizendo que tudo está claro e quem não entendeu, lamento, não entendeu a sabedoria divina deles.

Se os deputados e senadores ficarem discutindo só em Brasília, em um debate sem plano de mudanças econômicas, e não basta dizer cinco slogans de credo liberal, as medidas, mesmo que aprovadas, não terão legitimidade  na implementação. E aí corremos o risco de mudanças mal feitas e não concluídas, que podem levar a um desastre argentino.