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Sunday 9 June 2019

DA LAGOSTA IMORAL

De 210 milhões de brasileiros, quantos já comeram a lagosta e beberam vinho francês? Provavelmente 99,99 % nunca comeram lagosta e nem beberam vinho francês. A lagosta, crustáceo, pescado nas costas do Nordeste, já provocou nos idos de 70 a Guerra da Lagosta com a França e provocou o então Presidente francês, General Charles de Gaulle, que disse que o Brasil não é um país sério. A lagosta voltou nestes dias ao cardápio político quando os ilustres Ministros do Supremo Tribunal Federal encomendaram lagostas e finos vinhos franceses para as refeições destinadas a ilustres visitantes estrangeiros. Tudo dentro da ordem e da lei. Eles têm esse direito, de escolher o que querem, desejam, e daí transformar isso em necessidades. Em seguida o órgão fiscalizador da ordem jurídica executiva nacional, a Advocacia Geral da União, disse que está tudo perfeito e legal. E que sim, precisam desse tipo de comida,  nunca presente na mesa de 99.99 % dos brasileiros, para receber com dignidade as autoridades estrangeiras que visitam a mais alta corte de justiça do país.

Para começar, quem recebe os visitantes estrangeiros em nome do país, no primeiro lugar, é o nosso Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, que nunca serviu nem vinhos franceses e nem lagosta. Serve sim com dignidade comida típica brasileira e vinhos brasileiros.

Segundo, nenhum visitante estrangeiro sério se impressiona, quando em visita, se é servido de comida e bebida de padrão acima do normal para o país. Ao contrário, vai perceber que somos um país do Couraçado Potemkin ou Theresien Stadt, os dois representantes da ilusão e mascaramento da realidade de dois regimes odiáveis, o soviético e o nazista. Vendemos uma imagem que nada tem que ver com a realidade do país. E é com a realidade do país em todas as suas variáveis que o visitante estrangeiro tem que lidar. Vendendo a ele a imagem de país onde se come lagosta e se bebe vinho francês às custas do erário público, você pode fazer isso se quiser com dinheiro próprio, como Presidente de banco que ganha 44 milhões por ano, você o chamou de idiota. Um idiota que você tentou enganar, escondendo os 30 milhões de desempregados, uma desordem jurídica fenomenal, uma população carcerária em condições sub-humanas, uma criminalidade das mais altas do mundo e, na continuidade, membros do judiciário que ganham, como foi noticiado nesta semana, dentro da lei, 700 salários mínimos num mês.

E mais: você não foi capaz de lhe mostrar uma realidade do país que sim pode ser uma grande potência, socialmente mais justo e igual, se esses atos e outros, baseados numa moralidade do sistema legal, não nos levarem para o buraco, mas para um desenvolvimento para todos. O fato é que nossos legisladores criaram condições de desequilíbrio moral e ético, transformado em comportamento jurídico de lagosta e vinho francês, e agora, pendurados nas poucas leis que ainda mantém alguma decência no país, não têm, junto com alguns  membros do executivo, a coragem, a  visão e o patriotismo para consertar isso. 

Antigamente diziam que tudo acaba em pizza, mas agora nem isso. Atualmente está acabando em lagosta com vinho francês. E já que estamos na área  da pesca, devemos lembrar que peixe fede pela cabeça. E os que encomendam lagosta com dinheiro público são a cabeça do peixe. Ou doutos sábios que querem repetir a Catarina, tzarina russa, dizendo que se o povo reclama e  está com fome,  que coma caviar. Ou no nosso caso, democraticamente, que todos comam lagosta com dinheiro público. Mas, ainda não podemos esquecer: se eles lá em cima podem, todos abaixo deles também podem. E aí, não há país e nem povo que aguentem.

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