DO EMPREGO, TRABALHO E EDUCAÇÃO
Está difícil de aceitar, mas o fato é que os empregos que se perderam nos últimos anos não voltam. As mudanças nos modelos de negócios e tecnológicos requerem novas habilidades . Os tempos são outros, e não são só as novas habilidades, mas também quem fica fora do trabalho perde a habilidade de assumir um novo emprego. É simples, você dirigia um carro com marcha mecânica, por exemplo uma Kombi há anos. Depois você não dirigiu esse veículo por um ano. Aí tem vaga para motorista de van escolar modelo 2019. Toda automática, com GPS, sensores, ABS etc. Você simplesmente não sabe dirigir a nova van.
Nessa situação estão milhões de brasileiros que perderam o emprego e não estão aptos para trabalhos bem diferentes do que os que exerciam no passado. Ou seja, a formação profissional e a experiência não serão suficientes para assumir novas funções em qualquer escala hierárquica e em qualquer profissão daqui por diante. Os desafios no exercício profissional, a partir de agora, por mais simples que seja a profissão, são diferentes e temos que nos adaptar a eles.
Como? De um lado o sistema educacional brasileiro não é orientado para o mercado. Não estou dizendo o mercado de trabalho. Estou dizendo para o mercado mesmo. Ou seja, como não sabemos para onde vamos, fora umas declarações bombásticas sobre a economia liberal e sua clareza quanto a falta de limites, não sabemos se a economia brasileira ainda terá indústria, que está minguando, que tipo de serviços, agro e comércio vão dominar. Como não temos rumo de desenvolvimento, não podemos ter um sistema educacional orientado para o mercado e então não sabemos qual será o mercado de trabalho.
Claro que não faltam conjunturas sobre a aceitação de novas tecnologias, em especial robótica e inteligência artificial, mas são casos esporádicos que não tem fundamento nenhum na área empresarial, como diretriz estratégica. Veja o caso da indústria 4.0, cuja adaptação não depende só de capital, mas de uma direção estratégica do país, de que vamos ter menos mão de obra de baixo custo e de produtividade baixa versus sistemas inteligentes de produção com mão de obra de custo mais alto e produtividade bem mais alta.
Nesses cenários de novos desafios, é fundamental a sociedade transmitir a ideia de permanente aperfeiçoamento profissional. Incutir no sistema educacional, ou seja em alunos e estudantes, que nunca podemos parar de estudar. O que era ontem apreender inglês, terá que ser estudar mandarim. E junto com o mandarim, novas tecnologias como blockchain, AI, IOT etc.etc. Isso hoje, mas e amanhã?
Nesse desafio praticamente de vida ou morte para cidadão, ou seja se não estiver preparado para um novo desafio de trabalho e emprego (que também não é mais estruturado como no passado), a pergunta é se estamos preparados.
Não, não estamos. Os conselhos profissionais e a justiça de trabalho nos protegem para morrermos orgulhosos na praia do mar de competitividade no qual navegamos.
O sistema educacional público está falido, sob a égide de uma gestão pública confusa e absolutamente dissociada da realidade econômica do país, com poucas exceções que confirmam a regra. O sistema privado de ensino, inclusive de religiosos, cuida do lucro como primazia do seu objetivo.
Vamos ter que pensar em reforçar o sistema que atualiza e prepara, no ciclo de vida do cidadão, um sistema mais ágil, mais voltado para futuro e também socialmente responsável. Não é só educar quem tem dinheiro, os MBA por exemplo, mas também as pessoas que não têm recursos, querem trabalhar e não têm oportunidade. Talvez essa seja a grande chance do sistema S, desde que transparente, mostrar-se ágil e integrado com o mercado e com os sistemas educacionais.
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