DAS POLÍTICAS EXTERNAS E COMERCIAIS
Com a posse do Senador José Serra no Itamaraty, e o seu enfático discurso com dez pontos sobre como será a política externa do Brasil neste governo, iniciou-se não só um debate novo sobre política externa, como também um novo ciclo na posição brasileira no mundo. Em resumo, vamos ter uma política de estado que privilegia os interesses nacionais e não particulares, seja de grupos ideológicos ou econômicos. E, na sequência dessa política externa, uma política econômica internacional e uma política comercial.
Alias, dizer que o Itamaraty nunca foi preocupado com políticas econômicas internacionais é distorcer a história. O próprio fundador da nossa diplomacia, o Barão do Rio Branco, ajudava na exportações de café, inclusive abrindo mercados novos, como o da Rússia, que não era consumidora do café na época. E, recentemente, comemoraram 50 anos da fundação do DPR-Departamento de Promoção Comercial, que entre seus mais ativos chefes teve o Embaixador Paulo Tarso Flexa de Lima, mineiro de Belo Horizonte.
Mas, com 123 cursos de relações internacionais no país, e um número incontável de especialistas na área, inclusive em Minas, o debate sobre as funções ampliadas do nosso Ministério de Relações Exteriores ou Itamaraty para a área do comercio exterior será intenso. A anexação de APEX, agência de promoção de exportações, ao Itamaraty, deve ser vista como uma necessária racionalização de recursos humanos e financeiros na área. A APEX ganha com o Itamaraty uma estrutura externa da melhor qualidade, experiente e extensa. E as ações de comércio internacional no capítulo de política externa ganham mais flexibilidade e também recursos financeiros que hoje não possuem. A fusão, que não pode provocar muita confusão, devera ser eficaz e eficiente ao mesmo tempo.
Nessa fórmula de agitar mais a política comercial e a promoção comercial, só falta um ingrediente, mas que é fundamental: produtos para exportar em qualidade e quantidade, com preços aceitáveis para o mercado mundial. Em primeiro lugar, não há nada no horizonte que nos diga que o chamado custo Brasil vai diminuir radicalmente. Nada, nada. Em segundo lugar, nossa competitividade só tem piorado. Níveis baixos de inovação e de uso de tecnologias, mesmo no campo em que é mais competitivo. E não por último, a total predominância de empresas de capital externo nas nossas exportações. Mais do que só incentivar promoção de exportação, temos que ter uma indústria e uma agricultura capazes de competir. Aliás, algo que o novo Chanceler José Serra também enfatizou no seu discurso de posse.