DO PRESTÍGIO EXTERNO E DA POLÍTICA INTERNA
É sem duvida uma maravilha andar pelo mundo, receber títulos de doutor
honoris causa, tapete vermelho, falar dos problemas que estão longe de cada
minuto da política nacional, fazer brindes, nem que seja com suco de
laranja, e insistir com a imprensa brasileira para deixá-lo em paz. Deixem
os problemas do Brasil no Brasil, aqui estamos tratando de política
internacional!
Daí a imprensa nacional levanta a bola, elogia como o mundo gosta do Brasil
e de como somos importantes neste planeta e diz que a política externa
brasileira reforça a política interna. Em outras palavras, os índices de
popularidade presidencial vão subir porque fizemos um bom papel no exterior.
Me engane, que eu gosto. A política externa brasileira, que de fato afeta a
vida de cada cidadão, é totalmente dissociada do ritmo da política ou
politicagem interna. Ainda bem, porque, caso contrário, nos teríamos mais um
problema a enfrentar. A política externa brasileira está em mãos dos
diplomatas do Itamaraty que são funcionários do Estado e que seguem a
orientação da Presidência da República. Ninguém em bom estado de saúde
acredita que as ações de polícia externa vão salvar alguns casos notórios de
erros na política interna.
Toda moeda tem dois lados. Sem dúvida alguma, para ajudar a resolver os
problemas internos, em especial na área econômica e financeira, precisamos
entender bem o que acontece no mundo e participar ativamente. Sermos atores
e não coadjuvantes. Para começar, saber exatamente o que os movimentos
financeiros significam para a nossa economia. Seja as desvalorizações de
moedas, seja o crescimento ou não dos nosso principais parceiros, seja o
fluxo de investimentos e em especial o comércio internacional.
Mas, nada disso que afeta profundamente a nossa vida e o crescimento do
pais, interessa aos nossos políticos. Interessa só para dizer que os
cenários internacionais prejudicam o Brasil e são culpados pelas crises
internas. Nem na ultima eleição os temas de política externa foram sequer
citados e muito menos debatidos. Aos nosso deputados só interessa ter
passaporte vermelho para terem privilégios para fazer compras em Nova
Iorque.
Então a conclusão está clara: boas relações internacionais podem ajudar na
solução dos problemas internos, mas não os resolvem.