Do minuto após as eleições
O mundo está onde sempre esteve, mesmo que durante a campanha eleitoral olhemos pouco para ele. Mas, ao contrário de nós, o mundo inteiro olhou para as eleições presidenciais brasileiras com uma atenção ímpar, não só por curiosidade mas por interesse. O nosso tamanho, independentemente de certos comentários ocasionais salientando a nossa grandeza, é de um país importante e onde o jogo de interesses ainda é maior. Não há empresa importante no mundo, seja industrial, seja banco ou de serviços, que não esteja presente no Brasil. E mais, um resfriado econômico aqui pode levar muita empresa para a UTI, sem pensar que alguns acham que nós também podemos estar lá.
Enquanto o boato comia terra no Brasil, a União Européia teve confirmada a nova Comissão sob liderança do conservador luxemburguês Juncker. Os conflitos na Ucrânia, que também teve eleição parlamentar hoje, continuam, e sem perspectiva de terminar. Na Indonésia assumiu um novo presidente, mas na vizinha Bolívia foi re-eleito o amigo fraternal do Brasil, Evo Morales. E as eleições no vizinho Uruguai, também sócio do Mercosul, que não consegue fazer acordo com a União Européia, não estão mostrando um resultado muito promissor para as relações entre os dois países. A Argentina continua quebrada e sem pagar as contas e se junta à Venezuela, que caminha a passo largo rumo a uma democracia falida em todos os sentidos.
O Ebola, que era coisa dos africanos, está batendo na porta da Europa e dos Estados Unidos, sendo que, segundo o New York Times, é Cuba que está dando um exemplo que merece elogio no combate a essa terrível doença. A volatilidade do mercado financeiro supera a volatilidade política no Oriente Médio, onde o Estado Islâmico está expandindo seus territórios e onde o combate a eles está mais desorganizado do que jogo de futebol na várzea. E mais, daqui a pouco teremos eleições parlamentares nos Estados Unidos, onde tudo indica que os republicanos ganharão a maioria no Congresso e Senado, criando mais dificuldades para o governo democrata do presidente Obama.
A queda de preços das commmodities, que já atingiu em média 14 % neste ano e reduziu nossas exportações em 11 bilhões de dólares, é um fato grave nas nossas relações com o mundo. Nossas reservas estão sendo afetadas com a redução de exportações e a receita dos investimentos estrangeiros no país não nos dá a segurança do aumento de empregos de que vamos precisar. Não haverá tempo para estourar a champanhe após a eleição. O trabalho de inserção de uma forma responsável na política internacional nos será exigido pelos acontecimentos mundiais e pelos nossos parceiros. E mais, pela nossa situação cambial e financeira.
No nível regional, teremos que achar soluções autônomas para ativar a economia mineira dependente de matérias primas e capital estrangeiro, que no momento levou mais do que trouxe.É absolutamente mentira dizer que no caso de vitória de um ou outro deixarão de vir ou não bilhões de dólares. Dólar não tem ideologia, tem interesse.E quem não tem interesse em um mercado de 200 milhões de pessoas em crescimento? Mas, tem que ter crescimento. E ele pode ser regional ou setorial, mesmo que não seja de todo nacional.
Stefan B. Salej
24.10.2014.
politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Friday, 24 October 2014
Sunday, 19 October 2014
De São Petersburgo com arte e temor
De São Petersburgo com arte e temor
A segunda maior cidade da Rússia, com 5 milhões de habitantes e que há 97 anos se chamava, durante o Outubro Vermelho, Petrograd, quando explodiu a revolução bolchevique, é um misto de história e atualidade. Depois de passar a se chamar Leningrado, em homenagem ao líder bolchevique, voltou ao nome antigo de São Petersburgo. Enormes palácios, cópias de europeus, dourados quanto podiam e não podiam, mostram a opulência da época dos czares russos. Poderosos e guerreiros, ricos e ostentatórios, competindo por um espaço na Europa moderna, não querendo ficar para trás nem em mostrar poder nem luxo. Tudo refeito, especialmente após a destruição provocada pelos nazistas, que chegaram a 30 km da cidade na Segunda Guerra Mundial.
Os palácios refeitos tem o seu ponto alto no Museu Hermitage, com milhares das obras mais importantes da cultura européia em seu acervo. Como chegaram lá esses milhares de pinturas dos últimos seis séculos é outra história. Umas compradas, outras pertencentes a famílias que fugiram do novo regime, em especial judeus, e outras vindas com as conquistas durante a segunda guerra mundial. O fato é que alguém pode ficar semanas no museu e não vai ver tudo. Mas, é imperdível uma visita focada nas principais obras, seja de mestres holandeses, italianos, franceses ou até de Picasso.
A cidade, extensa, tem prédios ainda da época dos czares, depois muito poucas construções da época soviética e inúmeras construções, em especial nas áreas comerciais, de épocas mais recentes. E tanto que tem marcas da época dos czares, mas muito pouco de lembranças de ser o berço de um dos mais importantes eventos do século passado, a Revolução de Outubro. Parece que o orgulho de uma pujança aparente das épocas dos czares algozes quer substituir o papel que a cidade teve na construção de uma ordem diferente, ordem nova. Quanto mais se valoriza o czarismo, tanto mais se quer desvalorizar a época soviética. Ainda não o chegou tempo de uma análise equilibrada da história.
Do outro lado do Golfo, fica a Finlândia que perdeu uma parte de seu território na guerra com a Rússia em 1939, o qual ninguém pensa em devolver. Aliás, a Finlândia, membro da União Européia, é grande beneficiária das sanções européias.O comércio fronteiriço cresce e os russos se abastecem por lá, a uns 200 km de São Petersburgo, como se fosse na esquina. A convivência da Finlândia com a Rússia é um exemplo que muitos russos mencionam quando falam das relações hoje complicadas com a Ucrânia.
Uma visita a Saint Petersburgo é obrigatória, indo à Rússia. O trem super veloz, confortável e organizado vem de Moscou para a estação Moscovsqui e, por exemplo, o próprio Museu Hermitage tem um hotel com qualidade difícil de ser vista no Brasil. A desgraça são os táxis as vezes mancomunados com a polícia, que roubam dos passageiros e ameaçam se não se pagar tarifa absurda. Para a Copa de 2018 estão construindo o maior estádio de futebol da Europa e provavelmente até lá vão enquadrar os taxistas ladrões de turistas.
Stefan B. Salej
13.10.2014.
A segunda maior cidade da Rússia, com 5 milhões de habitantes e que há 97 anos se chamava, durante o Outubro Vermelho, Petrograd, quando explodiu a revolução bolchevique, é um misto de história e atualidade. Depois de passar a se chamar Leningrado, em homenagem ao líder bolchevique, voltou ao nome antigo de São Petersburgo. Enormes palácios, cópias de europeus, dourados quanto podiam e não podiam, mostram a opulência da época dos czares russos. Poderosos e guerreiros, ricos e ostentatórios, competindo por um espaço na Europa moderna, não querendo ficar para trás nem em mostrar poder nem luxo. Tudo refeito, especialmente após a destruição provocada pelos nazistas, que chegaram a 30 km da cidade na Segunda Guerra Mundial.
Os palácios refeitos tem o seu ponto alto no Museu Hermitage, com milhares das obras mais importantes da cultura européia em seu acervo. Como chegaram lá esses milhares de pinturas dos últimos seis séculos é outra história. Umas compradas, outras pertencentes a famílias que fugiram do novo regime, em especial judeus, e outras vindas com as conquistas durante a segunda guerra mundial. O fato é que alguém pode ficar semanas no museu e não vai ver tudo. Mas, é imperdível uma visita focada nas principais obras, seja de mestres holandeses, italianos, franceses ou até de Picasso.
A cidade, extensa, tem prédios ainda da época dos czares, depois muito poucas construções da época soviética e inúmeras construções, em especial nas áreas comerciais, de épocas mais recentes. E tanto que tem marcas da época dos czares, mas muito pouco de lembranças de ser o berço de um dos mais importantes eventos do século passado, a Revolução de Outubro. Parece que o orgulho de uma pujança aparente das épocas dos czares algozes quer substituir o papel que a cidade teve na construção de uma ordem diferente, ordem nova. Quanto mais se valoriza o czarismo, tanto mais se quer desvalorizar a época soviética. Ainda não o chegou tempo de uma análise equilibrada da história.
Do outro lado do Golfo, fica a Finlândia que perdeu uma parte de seu território na guerra com a Rússia em 1939, o qual ninguém pensa em devolver. Aliás, a Finlândia, membro da União Européia, é grande beneficiária das sanções européias.O comércio fronteiriço cresce e os russos se abastecem por lá, a uns 200 km de São Petersburgo, como se fosse na esquina. A convivência da Finlândia com a Rússia é um exemplo que muitos russos mencionam quando falam das relações hoje complicadas com a Ucrânia.
Uma visita a Saint Petersburgo é obrigatória, indo à Rússia. O trem super veloz, confortável e organizado vem de Moscou para a estação Moscovsqui e, por exemplo, o próprio Museu Hermitage tem um hotel com qualidade difícil de ser vista no Brasil. A desgraça são os táxis as vezes mancomunados com a polícia, que roubam dos passageiros e ameaçam se não se pagar tarifa absurda. Para a Copa de 2018 estão construindo o maior estádio de futebol da Europa e provavelmente até lá vão enquadrar os taxistas ladrões de turistas.
Stefan B. Salej
13.10.2014.
Friday, 10 October 2014
DA RÚSSIA, COM AMOR
De Moscou com amor
Passear à meia noite, com agradável temperatura de outono, após assistir a uma ópera de Tchaikovsky no Teatro Bolshoi, pela Praça Vermelha iluminada, com o túmulo do legendário Lenine em frente ao restaurante dentro do shopping Gum, em segurança, é um pouco da Moscou que um turista percebe. Apesar do trânsito infernal, a gente não vê Lada, que foram os carros russos importados no Brasil na época das carroças do Collor, mas só carros modernos. A cidade, uma das grandes capitais do mundo, oferece uma tranqüilidade ímpar. Não tem marca famosa, seja de carro, de roupa, de restaurantes ou do que for, que não esteja presente nas ruas com prédios antigos, mas todos bem arrumados, na área central da capital russa. E além dos restaurantes, é impressionante o número de farmácias e bancos. E o internet gratuito por todo lugar.
No dia em que o Presidente Putin festejou 62 anos longe da capital, nas taigas da Sibéria, e por outro lado a imprensa mundial escrevia muito sobre a eleição brasileira, os jornais daqui se preocupavam mais com a queda do rublo, o plano do governo para incrementar a produção de alimentos em vista de boicote da importação de alimentos europeus, e a televisão falava bastante dos acontecimentos na Ucrânia. A eleição brasileira, mesmo sendo a Rússia parte dos países BRICS, não era assunto de muita importância. Aliás, no oceano de produtos importados e marcas mundiais que predominam em todas as esquinas, você só ouve música brasileira no bar do hotel, mas a marca Brasil está mais escondida do que a história da União Soviética.
Aliás, é ilusão achar que todos os russos, e aí se inclui o governo, detestam e escondem o que aconteceu no tempo de União Soviética. No programa do Bolshoi são mencionados não só artistas que receberam honrosos prêmios durante URSS, como também o conferencista Volkov, ex-conselheiro econômico do Comitê Central. Não há conversa com os russos em que eles disfarcem seu orgulho de terem vencidas três grandes guerras, sendo a última a derrota do nazismo, que ceifou quase trinta milhões de vidas, ou seja 15 % de população brasileira de hoje. E nos fantásticos museus de Moskva, você vê crianças de todas as idades aprendendo história.
Os ocidentais aproveitaram a queda da União Soviética para colocar todos os seus produtos, bens e serviços aos russos, que os receberam de braços abertos. Assim, as sanções que querem impor por causa do conflito na Ucrânia vão afetar sim o consumidor russo, mas vão bater forte no bolso das empresas e bancos ocidentais.Os russos estão unidos com Putin mais do que os ocidentais percebem e são patriotas que não se assustam com ameaças. Ou seja, Putin tem apoio popular para reerguer o Império russo. A queda de preço do petróleo e as sanções podem levar a um isolamento em que Rússia continuará Rússia.
E 2018, com a Copa? Moscou, como cidade, será um bom lugar para se torcer. Talvez um pouco cara, mas mesmo assim um lugar com transporte público e segurança acima da expectativa. E vale a pena visitar já. Principalmente pelas oportunidades e cultura.
( O colunista está de viagem na Rússia)
Stefan B. Salej
9. de outubro 2014.
Passear à meia noite, com agradável temperatura de outono, após assistir a uma ópera de Tchaikovsky no Teatro Bolshoi, pela Praça Vermelha iluminada, com o túmulo do legendário Lenine em frente ao restaurante dentro do shopping Gum, em segurança, é um pouco da Moscou que um turista percebe. Apesar do trânsito infernal, a gente não vê Lada, que foram os carros russos importados no Brasil na época das carroças do Collor, mas só carros modernos. A cidade, uma das grandes capitais do mundo, oferece uma tranqüilidade ímpar. Não tem marca famosa, seja de carro, de roupa, de restaurantes ou do que for, que não esteja presente nas ruas com prédios antigos, mas todos bem arrumados, na área central da capital russa. E além dos restaurantes, é impressionante o número de farmácias e bancos. E o internet gratuito por todo lugar.
No dia em que o Presidente Putin festejou 62 anos longe da capital, nas taigas da Sibéria, e por outro lado a imprensa mundial escrevia muito sobre a eleição brasileira, os jornais daqui se preocupavam mais com a queda do rublo, o plano do governo para incrementar a produção de alimentos em vista de boicote da importação de alimentos europeus, e a televisão falava bastante dos acontecimentos na Ucrânia. A eleição brasileira, mesmo sendo a Rússia parte dos países BRICS, não era assunto de muita importância. Aliás, no oceano de produtos importados e marcas mundiais que predominam em todas as esquinas, você só ouve música brasileira no bar do hotel, mas a marca Brasil está mais escondida do que a história da União Soviética.
Aliás, é ilusão achar que todos os russos, e aí se inclui o governo, detestam e escondem o que aconteceu no tempo de União Soviética. No programa do Bolshoi são mencionados não só artistas que receberam honrosos prêmios durante URSS, como também o conferencista Volkov, ex-conselheiro econômico do Comitê Central. Não há conversa com os russos em que eles disfarcem seu orgulho de terem vencidas três grandes guerras, sendo a última a derrota do nazismo, que ceifou quase trinta milhões de vidas, ou seja 15 % de população brasileira de hoje. E nos fantásticos museus de Moskva, você vê crianças de todas as idades aprendendo história.
Os ocidentais aproveitaram a queda da União Soviética para colocar todos os seus produtos, bens e serviços aos russos, que os receberam de braços abertos. Assim, as sanções que querem impor por causa do conflito na Ucrânia vão afetar sim o consumidor russo, mas vão bater forte no bolso das empresas e bancos ocidentais.Os russos estão unidos com Putin mais do que os ocidentais percebem e são patriotas que não se assustam com ameaças. Ou seja, Putin tem apoio popular para reerguer o Império russo. A queda de preço do petróleo e as sanções podem levar a um isolamento em que Rússia continuará Rússia.
E 2018, com a Copa? Moscou, como cidade, será um bom lugar para se torcer. Talvez um pouco cara, mas mesmo assim um lugar com transporte público e segurança acima da expectativa. E vale a pena visitar já. Principalmente pelas oportunidades e cultura.
( O colunista está de viagem na Rússia)
Stefan B. Salej
9. de outubro 2014.
Sunday, 5 October 2014
DA DEMOCRACIA DE GUARDA CHUVA
Da democracia de guarda chuva
No mundo cheio de conflitos armados, a notícia de protestos pacíficos pela democracia em Hong Kong na China, parece um alívio. Hong Kong (HK))que esteve desde primeira guerra de ópio que os chineses perderam parados britânicos em 1841 sob domínio da coroa inglesa ate 1997 quando passou ser parte da China continental ou como preferem alguns China Comunista. E foi feito um acordo entre as partes que dava autonomia a cidade de 7 milhões de habitantes que importa 70 % de sua água e 90% de sua comida do continente que o resto da China não tem. HK é uma ilha de relativa democracia no continente chinês. Além de ser um centro financeiro fundamental para China, 40 milhões de visitantes vem anualmente a HK fazer compras e ver como funciona tal autonomia.
E agora mais uma vez explodiu a panela de pessoa democrática. A razão é que governo chinês anunciou que em 2017 haverá eleições para a escolha do governo local e que os candidatos serão escolhidos por um conselho de 1200 pessoas. E aí veio a revolta: os candidatos apontados por este conselho serão todos de agrado de Beijing, portanto as eleições não serão democráticas.E a revolta que sob guardas chuvas reuniu mais de 200 mil pessoas tem um líder. Jovem estudante secundário de 17 anos, Joshua Wong é segundo imprensa internacional Whiz kid deste evento para o qual o governo americano já disse que sufrágio universal é a base de democracia. Portanto, Estados Unidos apóiam o movimento. Europeus estão calados, e os japoneses querem China com problemas enquanto os britânicos não dizem nada.
Na memória de todos estão ainda os acontecimentos de Praça Celestial de Beijing em 1989 quando os estudantes fora esmagados pelos tanques.O falecido político Jose Alencar dizia com voz clara que o governo chinês estava certo. Num país grande como China, alegava ele, tem que prevalecer ordem. E agora José? O governo chinês está procurando limitar o caso de Hong Kong a seus limites geográficos. Está cidade e sua situação é muito peculiar e nada tem que ver com a situação no resto da China. Claro como toda regra também esta tem exceções: Tibet e a minoria Uighur. O caso de Tibet com Dalai Lama é mais conhecido mas os Uighur que são muçulmanos e seus membros participam ativamente dos movimentos radicais pelo mundo adora, é mais complexo. Aliás, eles também tem promovido os atentados na própria China. A solução que será dada aos manifestos em Hong Kong vai marcar a posição do governo em relação a todas as dissidências.
Conflito desta natureza não beneficia nenhuma parte. Hong Kong é importante para China e é importante apesar de crescimento de outros centros, para todos que fazem negócios com este país. Se afetar crescimento chinês, afeta ainda mais Brasil de cujas exportações para la depende em muito o nosso bem estar diário. Meu, seu e de todos.
Stefan B. Salej
2.10.2014.
No mundo cheio de conflitos armados, a notícia de protestos pacíficos pela democracia em Hong Kong na China, parece um alívio. Hong Kong (HK))que esteve desde primeira guerra de ópio que os chineses perderam parados britânicos em 1841 sob domínio da coroa inglesa ate 1997 quando passou ser parte da China continental ou como preferem alguns China Comunista. E foi feito um acordo entre as partes que dava autonomia a cidade de 7 milhões de habitantes que importa 70 % de sua água e 90% de sua comida do continente que o resto da China não tem. HK é uma ilha de relativa democracia no continente chinês. Além de ser um centro financeiro fundamental para China, 40 milhões de visitantes vem anualmente a HK fazer compras e ver como funciona tal autonomia.
E agora mais uma vez explodiu a panela de pessoa democrática. A razão é que governo chinês anunciou que em 2017 haverá eleições para a escolha do governo local e que os candidatos serão escolhidos por um conselho de 1200 pessoas. E aí veio a revolta: os candidatos apontados por este conselho serão todos de agrado de Beijing, portanto as eleições não serão democráticas.E a revolta que sob guardas chuvas reuniu mais de 200 mil pessoas tem um líder. Jovem estudante secundário de 17 anos, Joshua Wong é segundo imprensa internacional Whiz kid deste evento para o qual o governo americano já disse que sufrágio universal é a base de democracia. Portanto, Estados Unidos apóiam o movimento. Europeus estão calados, e os japoneses querem China com problemas enquanto os britânicos não dizem nada.
Na memória de todos estão ainda os acontecimentos de Praça Celestial de Beijing em 1989 quando os estudantes fora esmagados pelos tanques.O falecido político Jose Alencar dizia com voz clara que o governo chinês estava certo. Num país grande como China, alegava ele, tem que prevalecer ordem. E agora José? O governo chinês está procurando limitar o caso de Hong Kong a seus limites geográficos. Está cidade e sua situação é muito peculiar e nada tem que ver com a situação no resto da China. Claro como toda regra também esta tem exceções: Tibet e a minoria Uighur. O caso de Tibet com Dalai Lama é mais conhecido mas os Uighur que são muçulmanos e seus membros participam ativamente dos movimentos radicais pelo mundo adora, é mais complexo. Aliás, eles também tem promovido os atentados na própria China. A solução que será dada aos manifestos em Hong Kong vai marcar a posição do governo em relação a todas as dissidências.
Conflito desta natureza não beneficia nenhuma parte. Hong Kong é importante para China e é importante apesar de crescimento de outros centros, para todos que fazem negócios com este país. Se afetar crescimento chinês, afeta ainda mais Brasil de cujas exportações para la depende em muito o nosso bem estar diário. Meu, seu e de todos.
Stefan B. Salej
2.10.2014.
Friday, 26 September 2014
DOS comoditties incômodas
Das comoditties incomodas
Não há mais nenhuma dúvida, pelos últimos dados divulgados tanto pelo Banco Central brasileiro como pelas autoridades norte-americanas, que o nosso maior problema no próximo ano será no front externo. De certa maneira, com muita variação, a economia mundial se recupera, mas essa recuperação também está gerando um fenômeno conhecido: a superprodução de commodities, sejam elas agrícolas ou minerais. Em resumo, a super-safra de grãos nos Estados Unidos, que são de longe os maiores produtores mundiais de grãos, está provocando uma oferta maior, com a respectiva queda de preços. E o Brasil, que está só aumentando a sua fronteira agrícola, também produziu mais do que o mundo pode absorver.
A composição das exportações brasileiras é absolutamente desastrosa para um cenário mundial em saída de recessão global. As matérias primas e suas poucas melhoras, como cafés especiais, açúcar refinado e similares, representam 75 % da nossas exportações. O minério de ferro teve queda de 40 % neste ano, o que afetou profundamente a receita de exportações. E claro, o resultado das empresas exportadoras. E com exceção do café e do cacau, não há nenhuma matéria prima que indique que haverá recuperação de preços a curto prazo. E a longo prazo, como disse o consagrado economista do século passado Lord Keynes, todos estaremos mortos.
Com a queda de preços, a alegria de curto prazo de vendermos mais carnes para Rússia, e com a contabilidade criativa e as vendas de petróleo, a diminuição de importação devido à queda de atividades econômicas, conseguiremos este ano um superávit comercial de 3 bilhões de dólares. Miserável. Não dá para pagar a conta de turismo dos brasileiros de um mês, quiçá de um ano, quando passará de 20 bilhões de dólares. E mais 25 bilhões de dólares de remessa de lucros e mais as importações e mais e mais. A diferença entre a saída de dólares e a entrada no seu total vai provocar este ano um deficit de 80 bilhões de dólares.
A entrada de investimentos estrangeiros na sua maioria é financeira, ações e papéis. Leia se especulação. Novos investimentos para gerar empregos, são poucos. E, mesmo assim, bem acolchoados com gordos incentivos. Portanto, com esse cenário, ao qual devemos ainda adicionar as dificuldades dos nossos parceiros quebrados do Mercosul, a absoluta prioridade no próximo ano será a recomposição do balanço de pagamentos externos. Não pela restrição, como a Argentina está fazendo, agora controlando a saída dos passageiros com ridículas 32 informações, sem falar nas restrições de importação, mas com um vigoroso plano de aumento de competitividade da indústria brasileira no nível mundial. E aí, soma-se um esforço hercúleo para aumento de exportações e diversificação da pauta e dos mercados.
Minas não precisa só esperar as medidas do governo federal, mas com a sua dependência total de matérias primas na sua matriz econômica, vai passar seus apertos, dos quais vai ter que sair sozinha. É o tempo de oportunidade, como dizem nossos maiores parceiros, os chineses.
Stefan B. Salej
26.9.2014.
Não há mais nenhuma dúvida, pelos últimos dados divulgados tanto pelo Banco Central brasileiro como pelas autoridades norte-americanas, que o nosso maior problema no próximo ano será no front externo. De certa maneira, com muita variação, a economia mundial se recupera, mas essa recuperação também está gerando um fenômeno conhecido: a superprodução de commodities, sejam elas agrícolas ou minerais. Em resumo, a super-safra de grãos nos Estados Unidos, que são de longe os maiores produtores mundiais de grãos, está provocando uma oferta maior, com a respectiva queda de preços. E o Brasil, que está só aumentando a sua fronteira agrícola, também produziu mais do que o mundo pode absorver.
A composição das exportações brasileiras é absolutamente desastrosa para um cenário mundial em saída de recessão global. As matérias primas e suas poucas melhoras, como cafés especiais, açúcar refinado e similares, representam 75 % da nossas exportações. O minério de ferro teve queda de 40 % neste ano, o que afetou profundamente a receita de exportações. E claro, o resultado das empresas exportadoras. E com exceção do café e do cacau, não há nenhuma matéria prima que indique que haverá recuperação de preços a curto prazo. E a longo prazo, como disse o consagrado economista do século passado Lord Keynes, todos estaremos mortos.
Com a queda de preços, a alegria de curto prazo de vendermos mais carnes para Rússia, e com a contabilidade criativa e as vendas de petróleo, a diminuição de importação devido à queda de atividades econômicas, conseguiremos este ano um superávit comercial de 3 bilhões de dólares. Miserável. Não dá para pagar a conta de turismo dos brasileiros de um mês, quiçá de um ano, quando passará de 20 bilhões de dólares. E mais 25 bilhões de dólares de remessa de lucros e mais as importações e mais e mais. A diferença entre a saída de dólares e a entrada no seu total vai provocar este ano um deficit de 80 bilhões de dólares.
A entrada de investimentos estrangeiros na sua maioria é financeira, ações e papéis. Leia se especulação. Novos investimentos para gerar empregos, são poucos. E, mesmo assim, bem acolchoados com gordos incentivos. Portanto, com esse cenário, ao qual devemos ainda adicionar as dificuldades dos nossos parceiros quebrados do Mercosul, a absoluta prioridade no próximo ano será a recomposição do balanço de pagamentos externos. Não pela restrição, como a Argentina está fazendo, agora controlando a saída dos passageiros com ridículas 32 informações, sem falar nas restrições de importação, mas com um vigoroso plano de aumento de competitividade da indústria brasileira no nível mundial. E aí, soma-se um esforço hercúleo para aumento de exportações e diversificação da pauta e dos mercados.
Minas não precisa só esperar as medidas do governo federal, mas com a sua dependência total de matérias primas na sua matriz econômica, vai passar seus apertos, dos quais vai ter que sair sozinha. É o tempo de oportunidade, como dizem nossos maiores parceiros, os chineses.
Stefan B. Salej
26.9.2014.
Saturday, 20 September 2014
O separatismo escocês e europeu
Do casa, descasa, casa....
A Europa amanheceu na sexta-feira passada aliviada. Londres e sua rainha, sem falar no Primeiro-Ministro britânico, muito mais. A Escócia votou, sob pesada artilharia britânica e ameaças da União Européia de que não reconheceria o novo país chamado Escócia, pela permanência no Reino Unido. Passou o medo de que a Grã Bretanha passaria a ser chamada de Pequena e o Reino Unido perderia mais um pedaço do seu território e se chamaria simplesmente Reino, sem unir ninguém. Os conservadores britânicos, que ficariam na história como quem conseguiu separar a Escócia do Reino Unido, aliviados, continuam no poder, caçando os islâmicos na ilha e no Oriente Médio.
Assim, após 307 anos que a Escócia faz parte do Reino Unido, tudo continua como antes no quartel do Abrantes. É mesmo, nada mudou? Mudou sim e esse processo de separação da Escócia não terminou, só começou. A parte rica da ilha, com petróleo e identidade própria, Escócia, também é o caso mais gritante de imperialismo inglês que domina a coroa britânica. Foi na Escócia que o neo-liberalismo sanguinário dos conservadores bateu mais e empobreceu mais a região do que em qualquer outra parte da ilha britânica. Então, o desejo de separação não era só por razões de uso de saia pelos homens e direito de tocar gaita escocesa ou produzir o melhor whisky do mundo, mas porque, com 33 % de território e 4 milhões de habitantes, os escoceses foram mais prejudicados que o resto da população. A luta não foi só para separar os territórios, mas para separar as políticas prejudiciais à população impostas por Londres à Escócia.
As consequências desse referendum e os seus questionamentos colocam a unidade da Europa em cheque. Acalmam a Inglaterra, mas não diminuem o ímpeto dos catalães, que acompanharam o referendum com muita atenção, de se separarem da Espanha. A situação lá é bem diferente da situação na ilha britânica. As diferenças culturais, inclusive a língua, geram um nacionalismo que pede na região mais desenvolvida da Espanha a separação. E a União Européia, que já enfrentou, com a última guerra balcânica, sangrenta como ela só, o surgimento de novos países, tem, com todo o ímpeto de união dos países europeus para uma união estável, perante si um quadro instável de nacionalismo em várias regiões do velho continente.
Para o Brasil, esses movimentos possuem um aspecto interessante, que reforça a grandeza do país, uno e indivisível, com suas fronteiras firmes, e por outro lado cria desafios ao seu papel no cenário internacional. Os conflitos na Ucrânia e o referendum escocês mostram que as fronteiras na Europa, como aliás também na Ásia, ainda não estão definidas. Há um ajustamento geopolítico que, como agora no Leste Europeu, nos beneficia com a venda de nossos produtos à Rússia, mas que cria uma ilusão de vantagens a curto prazo, sem sabermos o fazer a longo prazo. Talvez nada, mirar bem o que está acontecendo e manter Brasil firmemente indivisível.
Stefan B. Salej
19.9.2014.
A Europa amanheceu na sexta-feira passada aliviada. Londres e sua rainha, sem falar no Primeiro-Ministro britânico, muito mais. A Escócia votou, sob pesada artilharia britânica e ameaças da União Européia de que não reconheceria o novo país chamado Escócia, pela permanência no Reino Unido. Passou o medo de que a Grã Bretanha passaria a ser chamada de Pequena e o Reino Unido perderia mais um pedaço do seu território e se chamaria simplesmente Reino, sem unir ninguém. Os conservadores britânicos, que ficariam na história como quem conseguiu separar a Escócia do Reino Unido, aliviados, continuam no poder, caçando os islâmicos na ilha e no Oriente Médio.
Assim, após 307 anos que a Escócia faz parte do Reino Unido, tudo continua como antes no quartel do Abrantes. É mesmo, nada mudou? Mudou sim e esse processo de separação da Escócia não terminou, só começou. A parte rica da ilha, com petróleo e identidade própria, Escócia, também é o caso mais gritante de imperialismo inglês que domina a coroa britânica. Foi na Escócia que o neo-liberalismo sanguinário dos conservadores bateu mais e empobreceu mais a região do que em qualquer outra parte da ilha britânica. Então, o desejo de separação não era só por razões de uso de saia pelos homens e direito de tocar gaita escocesa ou produzir o melhor whisky do mundo, mas porque, com 33 % de território e 4 milhões de habitantes, os escoceses foram mais prejudicados que o resto da população. A luta não foi só para separar os territórios, mas para separar as políticas prejudiciais à população impostas por Londres à Escócia.
As consequências desse referendum e os seus questionamentos colocam a unidade da Europa em cheque. Acalmam a Inglaterra, mas não diminuem o ímpeto dos catalães, que acompanharam o referendum com muita atenção, de se separarem da Espanha. A situação lá é bem diferente da situação na ilha britânica. As diferenças culturais, inclusive a língua, geram um nacionalismo que pede na região mais desenvolvida da Espanha a separação. E a União Européia, que já enfrentou, com a última guerra balcânica, sangrenta como ela só, o surgimento de novos países, tem, com todo o ímpeto de união dos países europeus para uma união estável, perante si um quadro instável de nacionalismo em várias regiões do velho continente.
Para o Brasil, esses movimentos possuem um aspecto interessante, que reforça a grandeza do país, uno e indivisível, com suas fronteiras firmes, e por outro lado cria desafios ao seu papel no cenário internacional. Os conflitos na Ucrânia e o referendum escocês mostram que as fronteiras na Europa, como aliás também na Ásia, ainda não estão definidas. Há um ajustamento geopolítico que, como agora no Leste Europeu, nos beneficia com a venda de nossos produtos à Rússia, mas que cria uma ilusão de vantagens a curto prazo, sem sabermos o fazer a longo prazo. Talvez nada, mirar bem o que está acontecendo e manter Brasil firmemente indivisível.
Stefan B. Salej
19.9.2014.
Sunday, 14 September 2014
O novo governo europeu
Da nova direção européia
Após as eleições para o Parlamento europeu em maio, está se formando está semana a Comissão Européia, uma espécie de ministério europeu. O primeiro nomeado foi o Presidente do Conselho, que representa os dirigentes dos países europeus. O escolhido foi o Primeiro-Ministro da Polônia, Donald Tusk, tendo como madrinha Angela Merkel, Primeira-Ministra da Alemanha. Ela também, apesar da forte oposição dos britânicos, ajudou o ex-Primeiro-Ministro de Luxemburgo, Jean Paul Juncker, a tornar-se Presidente da Comissão Européia, que é uma espécie de governo da UE. E ainda tem o importante cargo da Representante para Assuntos Exteriores, Chanceler da UE, mas com muita independência, que foi para a jovem Ministra do Exterior da Itália, Federica Mongherini.
Juncker apresentou estes dias os comissários e disse que foram escolhas pessoais e que ele assume a responsabilidade sobre os candidatos que terão que ser aprovados ainda pelo Parlamento europeu. A grande novidade na equipe que substituirá o time de fracasso do português Barroso é a grande presença de mulheres, a idade média de 53 anos e que entre eles estão 18 ex-primeiros ministros e ministros dos governos membros da UE. E criaram 7 cargos de Vice-presidentes que serão responsáveis por diversos setores. O sistema prevê que cada país indica um candidato a cargo de comissário e, na verdade, Juncker tinha pouco espaço político para recusar os candidatos. E assim, não estão lá o que a Europa tem de melhor, mas políticos que não fazem mais carreira no seu próprio país e ganham de prêmio um posto de prestígio em Bruxelas, com vantagens e salários que nunca tiveram.
A composição da Comissão européia tem poucos nomes mundialmente conhecidos ou reconhecidos. Por exemplo, a Alemanha ganhou a agenda digital, a França mandou para Bruxelas o ex-Ministro da Economia, após um tremendo fracasso no seu próprio país, a Eslovênia ganhou, com sua ex-Primeira-Ministra, o portfólio de energia e o Reino Unido, o de estabilidade financeira. Os espanhóis, cujo candidato é um íntimo do lobby energético ibérico, ganharam o setor de meio ambiente e o mercado de energia. A raposa cuidando do galinheiro, segundo alguns deputados europeus.
As escolhas dos comissários pelo experiente Juncker não dizem muito o que o Brasil pode esperar. Se essa comissão conseguir aumentar o emprego e diminuir a crise, o Brasil se beneficia. Fora do próprio Juncker, ninguém conhece o Brasil na comissão como ele. Ele também conhece bem Minas Gerais, porque foi na época dele como Ministro das Finanças e depois Primeiro-Ministro de Luxemburgo, que os luxemburgueses venderam a ARBED, que era dona da Belgo-Mineira.
Diz a imprensa européia que essa é uma comissão de políticos e não burocratas. Mas quem manda na União Européia são os burocratas. As esperanças de que a crise européia acabe são esperanças e não é só armar, como fez Barroso, ou desarmar, como terá que fazer Juncker, o conflito com a Ucrânia, que é um problema. É como fazer uma união dos 28 países à véspera de alguns, como os escoceses e catalães, saírem dessa união. Portanto, é visão que falta, não gerencia.
Stefan B. Salej
11.9.2014.
Após as eleições para o Parlamento europeu em maio, está se formando está semana a Comissão Européia, uma espécie de ministério europeu. O primeiro nomeado foi o Presidente do Conselho, que representa os dirigentes dos países europeus. O escolhido foi o Primeiro-Ministro da Polônia, Donald Tusk, tendo como madrinha Angela Merkel, Primeira-Ministra da Alemanha. Ela também, apesar da forte oposição dos britânicos, ajudou o ex-Primeiro-Ministro de Luxemburgo, Jean Paul Juncker, a tornar-se Presidente da Comissão Européia, que é uma espécie de governo da UE. E ainda tem o importante cargo da Representante para Assuntos Exteriores, Chanceler da UE, mas com muita independência, que foi para a jovem Ministra do Exterior da Itália, Federica Mongherini.
Juncker apresentou estes dias os comissários e disse que foram escolhas pessoais e que ele assume a responsabilidade sobre os candidatos que terão que ser aprovados ainda pelo Parlamento europeu. A grande novidade na equipe que substituirá o time de fracasso do português Barroso é a grande presença de mulheres, a idade média de 53 anos e que entre eles estão 18 ex-primeiros ministros e ministros dos governos membros da UE. E criaram 7 cargos de Vice-presidentes que serão responsáveis por diversos setores. O sistema prevê que cada país indica um candidato a cargo de comissário e, na verdade, Juncker tinha pouco espaço político para recusar os candidatos. E assim, não estão lá o que a Europa tem de melhor, mas políticos que não fazem mais carreira no seu próprio país e ganham de prêmio um posto de prestígio em Bruxelas, com vantagens e salários que nunca tiveram.
A composição da Comissão européia tem poucos nomes mundialmente conhecidos ou reconhecidos. Por exemplo, a Alemanha ganhou a agenda digital, a França mandou para Bruxelas o ex-Ministro da Economia, após um tremendo fracasso no seu próprio país, a Eslovênia ganhou, com sua ex-Primeira-Ministra, o portfólio de energia e o Reino Unido, o de estabilidade financeira. Os espanhóis, cujo candidato é um íntimo do lobby energético ibérico, ganharam o setor de meio ambiente e o mercado de energia. A raposa cuidando do galinheiro, segundo alguns deputados europeus.
As escolhas dos comissários pelo experiente Juncker não dizem muito o que o Brasil pode esperar. Se essa comissão conseguir aumentar o emprego e diminuir a crise, o Brasil se beneficia. Fora do próprio Juncker, ninguém conhece o Brasil na comissão como ele. Ele também conhece bem Minas Gerais, porque foi na época dele como Ministro das Finanças e depois Primeiro-Ministro de Luxemburgo, que os luxemburgueses venderam a ARBED, que era dona da Belgo-Mineira.
Diz a imprensa européia que essa é uma comissão de políticos e não burocratas. Mas quem manda na União Européia são os burocratas. As esperanças de que a crise européia acabe são esperanças e não é só armar, como fez Barroso, ou desarmar, como terá que fazer Juncker, o conflito com a Ucrânia, que é um problema. É como fazer uma união dos 28 países à véspera de alguns, como os escoceses e catalães, saírem dessa união. Portanto, é visão que falta, não gerencia.
Stefan B. Salej
11.9.2014.
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