De Davos a Havana
Nos últimos dias, estava fervendo na gelada Suíça. Em Davos, misturaram-se no Fórum Econômico Mundial mais de 40 chefes de governos, entre eles Dilma Roussef, com mais de 3000 empresários, políticos, formadores de opinião pública, contestadores da Ucrânia e Síria. Em mais de 300 eventos, foi debatido de tudo o que alguém possa imaginar. E muitos dos chefes de governos ou ministros, como o indiano das finanças, apresentaram argumentos fortes para convencer os banqueiros a investir mais nos seus países. Alias,
o que o Brasil também fez. Com a cabeça erguida e argumentos fortes e espírito soberano, disse-se com todas as letras que o Brasil está no caminho certo. Mesmo que espionado pelos americanos, que ainda nos castigam com a valorização da sua moeda, o Brasil vai para a frente. Algo no estilo os cães ladram e a caravana passa. Se convenceu ou não, só saberemos no futuro. Mais prático e pé no chão foi o Governador Antonio Anastasia, que sabia o seu papel. E só manteve contatos para trazer investidores para Minas, que ficou muito mal no retrato com o episódio da Anglo American, tratada mais como inimiga do que como amiga ( a estrada pela qual deram 200 milhões para uma entidade governamental ainda não viu a cor de asfalto ). Contatos reais do mais alto nível.
Mas a efervescência continuou com os encontros no Comitê Olímpico Internacional e na FIFA. O Ministro dos Esportes deixou a própria Presidente tratar diretamente dos nossos
probleminhas. Para que temos ministro nessa área se ele, em vez de proteger a Presidente, a expõe, perguntaram uma vez já na antigüidade. Os presidentes das duas entidades são recebidos pelos chefes dos governos porque, independentemente de toda a retórica, as duas organizações cuidam mais de ganhar dinheiro do que de esporte. Que o digam os sul-africanos, que organizaram última Copa, e os russos que gastaram 51 bilhões para os jogos olímpicos de inverno, que começam em fevereiro.
E a outra reunião foi a sobre Síria. Quarenta chefes de diplomacia, entre os quais um representante brasileiro, tentarão mais uma vez encontrar uma solução para a tragédia que passa ao vivo e a cores todo dia perante nossos olhos e nossa indiferença. Dois milhões de refugiados, mais de 200 mil mortos, crianças e mulheres, com famílias inteiras destruídas. Pela história e valores que Brasil representou no mundo e com a comunidade Síria no País que tanto contribui para o seu desenvolvimento, essa reunião não podia ser nada mais do que de importância primordial.
A numerosa delegação brasileira seguiu da gelada Suíça para Havana. Do lugar onde o Brasil era um dos "convenci os outros" para o lugar onde é venerado e querido. E pudera, com créditos a longo prazo, Cuba deve aos países da União Européia há mais de 20 anos e não paga, enquanto médicos cubanos trabalhando no Brasil trazem divisas para o Pais. Do gelo para alegria tropical.
Stefan B. Salej
22.1.2014.
politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Thursday, 19 June 2014
Da Malacacheta e Davos
Os eleitores do deputado Fabio Ramalho em Malacacheta, no norte de Minas, provavelmente não sabem nem onde fica a aldeia de Davos, na Suíça, e muito menos o que os visitantes fazem naquela cidade. E estes, com certeza absoluta, não tem nenhuma idéia de onde fica essa cidade mineira e de que vivem os seus habitantes. Mas a Presidente Dilma sabe e conhece uns e outros. E vai a Davos ver os seus visitantes, que parecem marcianos aos mineiros do Norte, de tão distantes, para falar do Brasil de Malacacheta. Simples assim, no inverno gelado, com temperatura de dez graus abaixo de zero em Davos e 35 graus acima de zero em Minas.
Lá na Suíça estão o que o Ministro da Fazenda do Brasil chamou de nervosinhos, ou seja, banqueiros que estão ansiosamente esperando bons números sobre a economia brasileira para investir mais. Os investidores estrangeiros precisam acreditar que o Brasil está indo bem, para colocar mais dinheiro. E Dilma, com sua corte, tentará fazer isso, dar confiança aos mercados. O Fórum Econômico Mundial, um centro de debates e estudos, para o qual a Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte prepara estudos sobre Brasil, é uma instituição respeitada pela capacidade de trazer para os seus quase 300 eventos em três dias, no final de cada janeiro, líderes políticos, pensadores e até artistas, para debater o mundo e suas mazelas e alegrias.
Este ano vão falar muito da Síria, Ucrânia, sempre dos Estados Unidos, China, Índia, África do Sul, América Latina, do meio ambiente, de tecnologias e inclusive da espionagem norte-americana. A quantidade de opiniões emitidas e de conselhos a terceiros é de tal proporção que resolveria os problemas do mundo para no mínimo dois séculos. Mas, no programa oficial na data de hoje, a nossa Presidenta não terá uma sessão especial e exclusiva, como os representantes dos outros países. Claro que isso pode mudar.
O Brasil, que fundou também o ante-Davos, o Fórum social de Porto Alegre, apesar dos dados econômicos nada alvissareiros, é um país importante no cenário mundial. Em Davos, não entra pela porta do fundo. Mas, entrando pela porta de frente, tem que mostrar com seriedade e profissionalismo que merece seu lugar de respeito. O público que estará lá não vota como o de Malacacheta, mas decide eleição. E enquanto uns estão satisfeitos com a Bolsa família, outros querem a Bolsa tubarão. Como convencê-los de que, mesmo não conseguindo os resultados que todos desejamos, podemos conseguir melhores resultados. Pode ser que a verdade, e não a criatividade contábil pública, seja um bom caminho. Nem em Malacacheta e nem em Davos há bobos!
Stefan B. Salej
10.1.2013.
Os eleitores do deputado Fabio Ramalho em Malacacheta, no norte de Minas, provavelmente não sabem nem onde fica a aldeia de Davos, na Suíça, e muito menos o que os visitantes fazem naquela cidade. E estes, com certeza absoluta, não tem nenhuma idéia de onde fica essa cidade mineira e de que vivem os seus habitantes. Mas a Presidente Dilma sabe e conhece uns e outros. E vai a Davos ver os seus visitantes, que parecem marcianos aos mineiros do Norte, de tão distantes, para falar do Brasil de Malacacheta. Simples assim, no inverno gelado, com temperatura de dez graus abaixo de zero em Davos e 35 graus acima de zero em Minas.
Lá na Suíça estão o que o Ministro da Fazenda do Brasil chamou de nervosinhos, ou seja, banqueiros que estão ansiosamente esperando bons números sobre a economia brasileira para investir mais. Os investidores estrangeiros precisam acreditar que o Brasil está indo bem, para colocar mais dinheiro. E Dilma, com sua corte, tentará fazer isso, dar confiança aos mercados. O Fórum Econômico Mundial, um centro de debates e estudos, para o qual a Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte prepara estudos sobre Brasil, é uma instituição respeitada pela capacidade de trazer para os seus quase 300 eventos em três dias, no final de cada janeiro, líderes políticos, pensadores e até artistas, para debater o mundo e suas mazelas e alegrias.
Este ano vão falar muito da Síria, Ucrânia, sempre dos Estados Unidos, China, Índia, África do Sul, América Latina, do meio ambiente, de tecnologias e inclusive da espionagem norte-americana. A quantidade de opiniões emitidas e de conselhos a terceiros é de tal proporção que resolveria os problemas do mundo para no mínimo dois séculos. Mas, no programa oficial na data de hoje, a nossa Presidenta não terá uma sessão especial e exclusiva, como os representantes dos outros países. Claro que isso pode mudar.
O Brasil, que fundou também o ante-Davos, o Fórum social de Porto Alegre, apesar dos dados econômicos nada alvissareiros, é um país importante no cenário mundial. Em Davos, não entra pela porta do fundo. Mas, entrando pela porta de frente, tem que mostrar com seriedade e profissionalismo que merece seu lugar de respeito. O público que estará lá não vota como o de Malacacheta, mas decide eleição. E enquanto uns estão satisfeitos com a Bolsa família, outros querem a Bolsa tubarão. Como convencê-los de que, mesmo não conseguindo os resultados que todos desejamos, podemos conseguir melhores resultados. Pode ser que a verdade, e não a criatividade contábil pública, seja um bom caminho. Nem em Malacacheta e nem em Davos há bobos!
Stefan B. Salej
10.1.2013.
Dos trilhos do Sudão do Sul
O Sudão do Sul tem para a maioria nome de um dos quase seis mil municípios brasileiros. Como há nomes de pessoas os mais diferentes do mundo, também pode haver nomes de municípios os mais diferentes neste Brasil. E por que não esse? Porque esse é um país da África, recente, separado do Sudão, que tinha existido junto ao Egito, do qual se separou com um algodão da qualidade de fazer inveja nas fábricas do falecido José Alencar. E a separação dos dois países foi violenta, principalmente porque a luta não foi de independência por independência, mas porque as grandes petroleiras acharam que podem ter mais lucros no Sudão do Sul do que em um Sudão unido e maior.
É nesse Sudão do Sul, rico em petróleo, que esta jorrando à vontade, que neste final de ano surgiram conflitos armados de grandes proporções. A luta fratricida entre diversas etnias está deslocando milhares de pessoas, provocando milhares de mortes e uma fome que assustou o mundo. As Nações Unidas vão enviar mais de seis mil soldados para a região e mais alimentos. Todas as potências mundiais estão pedindo que as partes em conflito cessem de lutar e iniciem conversações de paz. Tudo em vão, já que nem governo nem rebeldes foram suficientemente derrotados para iniciar negociações.
Mas, o susto que o mundo levou por se iniciar um conflito tão vigoroso em tão pouco tempo, com uma violência que beira o desastre humanitário, não deve ser menor do que o que levaram no Brasil os que estavam engajados em construir uma ferrovia naquele país. Uma empreiteira das alterosas, AG, conseguiu um empréstimo do nosso super banco de desenvolvimento nacional e social para construir mais de 500 km da ferrovia. Um empréstimo que a imprensa avalia em aproximadamente 1 bilhão de dólares ou mais de 2.3 bilhões de reais. E como o Brasil não fábrica nem trilho, segundo Jorge Gerdau porque o mercado não compensa, montamos locomotivas na fábrica da GE em Contagem que está ociosa, e os vagões têm mais partes importadas do que os carros de luxo, acrescentando que não temos mão de obra qualificada, essa obra seria boa para quem?
Estourando a guerra, pode se que os responsáveis revejam os investimentos. Ou não, já que acabamos de cancelar dívidas de alguns países africanos no valor total de mais de dois bilhões de reais. A pergunta é se os nossos investidores, quando vão para exterior pendurados nas garantias e risco do BNDES, realmente analisam qual é a real chance de receber. Parece que as lições mais recentes de penúria venezuelana pouco nos ensinaram. Enquanto a viúva estiver pagando as contas, por que se preocupar?
Stefan B. Salej
26.12.2013.
O Sudão do Sul tem para a maioria nome de um dos quase seis mil municípios brasileiros. Como há nomes de pessoas os mais diferentes do mundo, também pode haver nomes de municípios os mais diferentes neste Brasil. E por que não esse? Porque esse é um país da África, recente, separado do Sudão, que tinha existido junto ao Egito, do qual se separou com um algodão da qualidade de fazer inveja nas fábricas do falecido José Alencar. E a separação dos dois países foi violenta, principalmente porque a luta não foi de independência por independência, mas porque as grandes petroleiras acharam que podem ter mais lucros no Sudão do Sul do que em um Sudão unido e maior.
É nesse Sudão do Sul, rico em petróleo, que esta jorrando à vontade, que neste final de ano surgiram conflitos armados de grandes proporções. A luta fratricida entre diversas etnias está deslocando milhares de pessoas, provocando milhares de mortes e uma fome que assustou o mundo. As Nações Unidas vão enviar mais de seis mil soldados para a região e mais alimentos. Todas as potências mundiais estão pedindo que as partes em conflito cessem de lutar e iniciem conversações de paz. Tudo em vão, já que nem governo nem rebeldes foram suficientemente derrotados para iniciar negociações.
Mas, o susto que o mundo levou por se iniciar um conflito tão vigoroso em tão pouco tempo, com uma violência que beira o desastre humanitário, não deve ser menor do que o que levaram no Brasil os que estavam engajados em construir uma ferrovia naquele país. Uma empreiteira das alterosas, AG, conseguiu um empréstimo do nosso super banco de desenvolvimento nacional e social para construir mais de 500 km da ferrovia. Um empréstimo que a imprensa avalia em aproximadamente 1 bilhão de dólares ou mais de 2.3 bilhões de reais. E como o Brasil não fábrica nem trilho, segundo Jorge Gerdau porque o mercado não compensa, montamos locomotivas na fábrica da GE em Contagem que está ociosa, e os vagões têm mais partes importadas do que os carros de luxo, acrescentando que não temos mão de obra qualificada, essa obra seria boa para quem?
Estourando a guerra, pode se que os responsáveis revejam os investimentos. Ou não, já que acabamos de cancelar dívidas de alguns países africanos no valor total de mais de dois bilhões de reais. A pergunta é se os nossos investidores, quando vão para exterior pendurados nas garantias e risco do BNDES, realmente analisam qual é a real chance de receber. Parece que as lições mais recentes de penúria venezuelana pouco nos ensinaram. Enquanto a viúva estiver pagando as contas, por que se preocupar?
Stefan B. Salej
26.12.2013.
Das caças e das bruxas
Simplesmente parabéns aos atores que decidiram cortar o nó górdico da compra de aviões de caça. Resolveram comprar na Suécia, que ganhou o contrato de 4.5 bilhões de dólares, não por causa do financiamento de 15 anos, nem pela superioridade técnica, mas por causa da inépcia dos competidores, inábeis e prepotentes. A dos franceses, porque o avião oferecido, que o ganhou o título de "não vendável" do venerado diário francês Le Monde e que, com o escândalo de propina da Alstom no Brasil, ficou vulnerável em excesso. A dos americanos que, com a Boeing, usaram o lobby da ex embaixadora norte americana no Brasil D. Hrinak, e ficaram vulneráveis com o escândalo das escutas. E mais: porque não deram garantia suficiente de transferência de tecnologia. E não podiam dar, porque a legislação deles proíbe. E ninguém estava disposto a mudar lei no Congresso norte-americano.
Os suecos ficaram sozinhos, se excluirmos os russos, que têm tecnologia muito mais avançada, mas são russos e comprar deles ainda significa uma virada ideológica inexistente num mundo múltipolar de potências grandes. A Suécia não é grande compradora de nossos produtos, portanto a nossa compra não aumenta as nossas exportações, o que seria o caso com os outros países. Os suecos, que ganharam o apelido de neutros, nem tão neutros são como se apresentam. O fabricante de fósforos, que foram inventados lá, financiou os governos nazistas e fascistas e a dinamite foi inventada lá. E os livros do jornalista falecido Stieg Larsson, descrevendo as tramas de espionagem e o desumano tratamento de mulheres, que foram best sellers, não são ficção, mas a dura realidade sueca, que nem Rainha Silvia, de origem brasileira, pode esconder. E os sul-africanos, que compraram os aviões Gripen, transação sob investigação, podem contar às quantas anda a satisfação com as caças.
Em resumo, não tinha para onde correr e um dia teve que resolver o caso. O Brasil anda demasiado desprotegido e o atraso nos investimentos em infra-estrutura de defesa, para um país de dimensões continentais, são garantia de vulnerabilidade. O mundo é um lugar perigoso e Brasil terá que investir mais também nessa área. A compra dos suecos prevê a fabricação das partes no Brasil, o que gera uma boa oportunidade para solidificar o crescimento de industria de defesa. O sucesso da EMBRAER e o cluster da indústria de defesa em Sao José dos Campos demonstram que podemos vencer essa batalha. Na área naval também há avanços. E Minas, onde fica? No clássico, onde sempre esteve. Mas isso não será suficiente para criar empregos. E o trem passa.
Stefan B. Salej
18.12.2013.
Simplesmente parabéns aos atores que decidiram cortar o nó górdico da compra de aviões de caça. Resolveram comprar na Suécia, que ganhou o contrato de 4.5 bilhões de dólares, não por causa do financiamento de 15 anos, nem pela superioridade técnica, mas por causa da inépcia dos competidores, inábeis e prepotentes. A dos franceses, porque o avião oferecido, que o ganhou o título de "não vendável" do venerado diário francês Le Monde e que, com o escândalo de propina da Alstom no Brasil, ficou vulnerável em excesso. A dos americanos que, com a Boeing, usaram o lobby da ex embaixadora norte americana no Brasil D. Hrinak, e ficaram vulneráveis com o escândalo das escutas. E mais: porque não deram garantia suficiente de transferência de tecnologia. E não podiam dar, porque a legislação deles proíbe. E ninguém estava disposto a mudar lei no Congresso norte-americano.
Os suecos ficaram sozinhos, se excluirmos os russos, que têm tecnologia muito mais avançada, mas são russos e comprar deles ainda significa uma virada ideológica inexistente num mundo múltipolar de potências grandes. A Suécia não é grande compradora de nossos produtos, portanto a nossa compra não aumenta as nossas exportações, o que seria o caso com os outros países. Os suecos, que ganharam o apelido de neutros, nem tão neutros são como se apresentam. O fabricante de fósforos, que foram inventados lá, financiou os governos nazistas e fascistas e a dinamite foi inventada lá. E os livros do jornalista falecido Stieg Larsson, descrevendo as tramas de espionagem e o desumano tratamento de mulheres, que foram best sellers, não são ficção, mas a dura realidade sueca, que nem Rainha Silvia, de origem brasileira, pode esconder. E os sul-africanos, que compraram os aviões Gripen, transação sob investigação, podem contar às quantas anda a satisfação com as caças.
Em resumo, não tinha para onde correr e um dia teve que resolver o caso. O Brasil anda demasiado desprotegido e o atraso nos investimentos em infra-estrutura de defesa, para um país de dimensões continentais, são garantia de vulnerabilidade. O mundo é um lugar perigoso e Brasil terá que investir mais também nessa área. A compra dos suecos prevê a fabricação das partes no Brasil, o que gera uma boa oportunidade para solidificar o crescimento de industria de defesa. O sucesso da EMBRAER e o cluster da indústria de defesa em Sao José dos Campos demonstram que podemos vencer essa batalha. Na área naval também há avanços. E Minas, onde fica? No clássico, onde sempre esteve. Mas isso não será suficiente para criar empregos. E o trem passa.
Stefan B. Salej
18.12.2013.
Da Oropa revivida
A Europa, com a sua União Européia e a sua união monetária, chamada zona do euro, está envelhecida, talvez até cansada, mas continua firme, lá onde sempre esteve. Bem, com os últimos acontecimentos, um pouco mais adiante do que em tempos recentes. A Europa está se movendo de forma dinâmica e quem está apostando na sua decadência total pode perder.
Na área econômica e financeira, há avanços visíveis nas economias européias. Talvez nem tão rápidas como desejável, mas parece que o setor financeiro está sob controle, e o mais importante: o dinamismo competitivo das empresas líderes européias é visível. É o caso da Fiat, que ultrapassou as dificuldades domésticas e se firmou como um dos líderes da indústria, nada menos do que nos Estados Unidos, com a compra da Chrysler. E isso vale para outras indústrias, inclusive para as espanholas que, apesar da crise doméstica, aumentaram em muito suas exportações. Grécia e Chipre são histórias de ajuste do passado e agora devem ganhar competitividade para o futuro.
A União Européia, que finalmente aprovou seu super bilionário orçamento na semana passada, também mostrou as suas garras no acordo com o Irã. A pálida representante européia para política exterior, Lady Ashton, apareceu como a grande articuladora do acordo entre o Irã e as potências mundiais sobre a redução de atividades nucleares daquele país. Um acordo sem dúvida interessante para a Europa, que se abastece com petróleo do Irã e que, devido às sanções impostas àquele país, perdia um mercado interessante. Uma vitória do Pirro, já que o Irã ganha tempo e dinheiro para continuar o seu programa nuclear. O que o Brasil e a Turquia propuseram há alguns anos era muito melhor para o mundo do que o assinaram agora com tanta pompa.
Em outro front, a Ucrânia, grande celeiro de alimentos na porta da Europa, decidiu não se associar à União Européia. Sob protestos ou não, aquele país de 60 milhões de habitantes está na órbita da Rússia. E os russos, que na mesma semana assinaram 28 acordos de cooperação com a Itália na cidade de Trieste, deixaram claro que a União Soviética pode ter acabado, mas a Rússia continua firme e ativa. O urso não está dormindo.
E no campo político ficam algumas lições importantes. Após a queda do teto de um supermercado e lamentáveis mortes, o primeiro ministro da Latvia renunciou. O Parlamento italiano cassou seu ex-primeiro ministro Berlusconi. E os alemães, dois meses após as eleições fizeram a grande coalizão, para o bem do país e o mundo. As lições destes últimos anos reforçam a democracia e a chance de desenvolvimento europeu.
Stefan B. Salej
28.11.2013.
A Europa, com a sua União Européia e a sua união monetária, chamada zona do euro, está envelhecida, talvez até cansada, mas continua firme, lá onde sempre esteve. Bem, com os últimos acontecimentos, um pouco mais adiante do que em tempos recentes. A Europa está se movendo de forma dinâmica e quem está apostando na sua decadência total pode perder.
Na área econômica e financeira, há avanços visíveis nas economias européias. Talvez nem tão rápidas como desejável, mas parece que o setor financeiro está sob controle, e o mais importante: o dinamismo competitivo das empresas líderes européias é visível. É o caso da Fiat, que ultrapassou as dificuldades domésticas e se firmou como um dos líderes da indústria, nada menos do que nos Estados Unidos, com a compra da Chrysler. E isso vale para outras indústrias, inclusive para as espanholas que, apesar da crise doméstica, aumentaram em muito suas exportações. Grécia e Chipre são histórias de ajuste do passado e agora devem ganhar competitividade para o futuro.
A União Européia, que finalmente aprovou seu super bilionário orçamento na semana passada, também mostrou as suas garras no acordo com o Irã. A pálida representante européia para política exterior, Lady Ashton, apareceu como a grande articuladora do acordo entre o Irã e as potências mundiais sobre a redução de atividades nucleares daquele país. Um acordo sem dúvida interessante para a Europa, que se abastece com petróleo do Irã e que, devido às sanções impostas àquele país, perdia um mercado interessante. Uma vitória do Pirro, já que o Irã ganha tempo e dinheiro para continuar o seu programa nuclear. O que o Brasil e a Turquia propuseram há alguns anos era muito melhor para o mundo do que o assinaram agora com tanta pompa.
Em outro front, a Ucrânia, grande celeiro de alimentos na porta da Europa, decidiu não se associar à União Européia. Sob protestos ou não, aquele país de 60 milhões de habitantes está na órbita da Rússia. E os russos, que na mesma semana assinaram 28 acordos de cooperação com a Itália na cidade de Trieste, deixaram claro que a União Soviética pode ter acabado, mas a Rússia continua firme e ativa. O urso não está dormindo.
E no campo político ficam algumas lições importantes. Após a queda do teto de um supermercado e lamentáveis mortes, o primeiro ministro da Latvia renunciou. O Parlamento italiano cassou seu ex-primeiro ministro Berlusconi. E os alemães, dois meses após as eleições fizeram a grande coalizão, para o bem do país e o mundo. As lições destes últimos anos reforçam a democracia e a chance de desenvolvimento europeu.
Stefan B. Salej
28.11.2013.
Da Cristina argentina
Um político saindo de uma operação e se recuperando é um perigo público. No Brasil tivemos a experiência do Presidente Figueiredo, com o nosso Vice Aureliano Chaves. Em geral, pensam que foram traídos durante a sua ausência e que Deus os salvou para governarem ainda pior do que antes. É quase clássico que, depois de um período de recuperação, que lhes dá tempo suficiente para pensar de tudo e sobre tudo, voltem com novas idéias, uma revisão do passado e a firme convicção de que o futuro não pertence ao Deus, mas a eles.
A volta triunfal de Cristina Kirchner, a Presidente da República Argentina, após 47 dias de licença médica e, no meio, eleições parlamentares, à Casa Rosada, sede do governo portenho,, é um caso assim. Perdeu as eleições para o opositor Massi, não confundir com o argentino mas famoso do momento, o jogador de futebol Messi, em campanha para derrubar o kirchnerismo no poder,mas mesmo assim voltou exibindo uma alegria e força ímpares. Fez reforma ministerial com a mão na cintura e mexeu onde mais dói em cada cidadão, e também no argentino: no bolso, na economia.
Mandou o bode expiatório dos últimos desastres econômicos, G.Moreno, para um exílio dourado em Roma e nomeou para seu lugar um jovem declarado marxista, que tomou posse no Ministério da economia em uma Argentina ainda tradicional e engravatada, Axel Kicillof. O cenário da substituição do truculento, grosseiro, falsificador de estatísticas e vendedor de licenças de importação Moreno, por um jovem marxista mais próximo à realidade internacional, é o pior para os exportadores brasileiros. A política econômica, confusa e que não produz crescimento no país vizinho, continua. E, com essa política, é difícil fazer uma parceria que leve os dois países a crescerem mais.
Neste momento em que estamos apresentando a nossa oferta para negociações com a União Européia, a estabilidade política e a oportunidade de crescimento dos vizinhos são fundamentais. Enquanto o Brasil oferece parceria de desenvolvimento, o governo argentino oferece barreiras. Cristina Kirchner, no seu discurso ao voltar ao governo, falou das falidas Aerolineas Argentinas, da petrolífera estatizada, mas nada do MERCOSUL que esta desafinado e nem da crise social que o país vive. E nem das reservas cambiais de 31 bilhões de dólares e nem do dólar no cambio negro alcançando o céu.
Vizinho em permanentes dificuldades e sem perspectiva de solução, é um problema para o Brasil. Nossas exportações para lá são importantes. Mas, vamos ter que esperar mais do que a saída da Presidente do hospital. Esperar que o país como um todo saia do hospital ou hospício.
Stefan B. Salej
20.11.2013.
Um político saindo de uma operação e se recuperando é um perigo público. No Brasil tivemos a experiência do Presidente Figueiredo, com o nosso Vice Aureliano Chaves. Em geral, pensam que foram traídos durante a sua ausência e que Deus os salvou para governarem ainda pior do que antes. É quase clássico que, depois de um período de recuperação, que lhes dá tempo suficiente para pensar de tudo e sobre tudo, voltem com novas idéias, uma revisão do passado e a firme convicção de que o futuro não pertence ao Deus, mas a eles.
A volta triunfal de Cristina Kirchner, a Presidente da República Argentina, após 47 dias de licença médica e, no meio, eleições parlamentares, à Casa Rosada, sede do governo portenho,, é um caso assim. Perdeu as eleições para o opositor Massi, não confundir com o argentino mas famoso do momento, o jogador de futebol Messi, em campanha para derrubar o kirchnerismo no poder,mas mesmo assim voltou exibindo uma alegria e força ímpares. Fez reforma ministerial com a mão na cintura e mexeu onde mais dói em cada cidadão, e também no argentino: no bolso, na economia.
Mandou o bode expiatório dos últimos desastres econômicos, G.Moreno, para um exílio dourado em Roma e nomeou para seu lugar um jovem declarado marxista, que tomou posse no Ministério da economia em uma Argentina ainda tradicional e engravatada, Axel Kicillof. O cenário da substituição do truculento, grosseiro, falsificador de estatísticas e vendedor de licenças de importação Moreno, por um jovem marxista mais próximo à realidade internacional, é o pior para os exportadores brasileiros. A política econômica, confusa e que não produz crescimento no país vizinho, continua. E, com essa política, é difícil fazer uma parceria que leve os dois países a crescerem mais.
Neste momento em que estamos apresentando a nossa oferta para negociações com a União Européia, a estabilidade política e a oportunidade de crescimento dos vizinhos são fundamentais. Enquanto o Brasil oferece parceria de desenvolvimento, o governo argentino oferece barreiras. Cristina Kirchner, no seu discurso ao voltar ao governo, falou das falidas Aerolineas Argentinas, da petrolífera estatizada, mas nada do MERCOSUL que esta desafinado e nem da crise social que o país vive. E nem das reservas cambiais de 31 bilhões de dólares e nem do dólar no cambio negro alcançando o céu.
Vizinho em permanentes dificuldades e sem perspectiva de solução, é um problema para o Brasil. Nossas exportações para lá são importantes. Mas, vamos ter que esperar mais do que a saída da Presidente do hospital. Esperar que o país como um todo saia do hospital ou hospício.
Stefan B. Salej
20.11.2013.
Dos Andes
As atenções neste domingo estão em Santiago de Chile, linda capital chilena, às vezes exageradamente poluída, onde as eleições presidenciais devem, pelas pesquisas, consagrar pela segunda vez como Presidente a socialista Michele Bachelet. 40 anos após o assinado pelos militares do Presidente socialista Salvador Allende e de um dos períodos mais sombrios da história humana no século passado, volta ao poder o socialismo. O Chile é um caso curioso entre as democracias latino-americanas. Já na época do Allende se dizia, entre os jornalistas que cobriam os acontecimentos, que não existia perigo do golpe militar. As instituições democráticas eram sólidas e as forças armadas, profissionais e comprometidas com a democracia.
Um dos maiores enganos da história. Com comprovada interferência dos Estados Unidos, caiu a democracia e começou a ditadura. E com ela, um dos regimes neo-liberais mais engajados que o mundo conheceu. No processo democrático que se seguiu, foi implementada a democracia representativa, as representações políticas clássicas de direita e da esquerda estão se alternando no poder, mas a economia, ainda altamente dependente de matérias primas, leia-se cobre, formou uma base capitalista de fazer inveja a qualquer um. O Chile, falando-se empresarialmente, é uma ilha de exceção na América do Sul. A economia é aberta, com acordos de livre comércio com a União Européia e outros países e empresas altamente competitivas e capitalizadas.
As empresas chilenas estão investindo no mundo inteiro. Compram supermercados em Minas Gerais e indústrias farmacêuticas na África do Sul. Os seus vinhos estão hoje nas melhores mesas em todo o planeta, mesmo se ninguém conhecia suas vinhas há trinta anos. Estão na área energética, bancos e tecnologia. Mas, a maior e mais importante empresa deles, chamada empresa de desenvolvimento e não de mineração ou exploração de cobre, a CODELCO, a PETROBRAS deles, continua estatal. Um modelo estranho para alguns, um misto de forte capitalismo doméstico, uma economia de mercado bem liberal, mas mão forte do Estado na área de desenvolvimento e interesses estratégicos.
Mas, tudo isso, mesmo com vários socialistas no governo, não foi suficiente para melhorar de forma significativa a qualidade de vida dos chilenos. O desemprego continua alto, a educação ainda não está ao alcance de todos e o novo governo da Bachelet terá que investir nisso. A economia de mercado sozinha não foi suficiente para fazer todos os chilenos felizes.
Stefan B. Salej
14.11.2013.
As atenções neste domingo estão em Santiago de Chile, linda capital chilena, às vezes exageradamente poluída, onde as eleições presidenciais devem, pelas pesquisas, consagrar pela segunda vez como Presidente a socialista Michele Bachelet. 40 anos após o assinado pelos militares do Presidente socialista Salvador Allende e de um dos períodos mais sombrios da história humana no século passado, volta ao poder o socialismo. O Chile é um caso curioso entre as democracias latino-americanas. Já na época do Allende se dizia, entre os jornalistas que cobriam os acontecimentos, que não existia perigo do golpe militar. As instituições democráticas eram sólidas e as forças armadas, profissionais e comprometidas com a democracia.
Um dos maiores enganos da história. Com comprovada interferência dos Estados Unidos, caiu a democracia e começou a ditadura. E com ela, um dos regimes neo-liberais mais engajados que o mundo conheceu. No processo democrático que se seguiu, foi implementada a democracia representativa, as representações políticas clássicas de direita e da esquerda estão se alternando no poder, mas a economia, ainda altamente dependente de matérias primas, leia-se cobre, formou uma base capitalista de fazer inveja a qualquer um. O Chile, falando-se empresarialmente, é uma ilha de exceção na América do Sul. A economia é aberta, com acordos de livre comércio com a União Européia e outros países e empresas altamente competitivas e capitalizadas.
As empresas chilenas estão investindo no mundo inteiro. Compram supermercados em Minas Gerais e indústrias farmacêuticas na África do Sul. Os seus vinhos estão hoje nas melhores mesas em todo o planeta, mesmo se ninguém conhecia suas vinhas há trinta anos. Estão na área energética, bancos e tecnologia. Mas, a maior e mais importante empresa deles, chamada empresa de desenvolvimento e não de mineração ou exploração de cobre, a CODELCO, a PETROBRAS deles, continua estatal. Um modelo estranho para alguns, um misto de forte capitalismo doméstico, uma economia de mercado bem liberal, mas mão forte do Estado na área de desenvolvimento e interesses estratégicos.
Mas, tudo isso, mesmo com vários socialistas no governo, não foi suficiente para melhorar de forma significativa a qualidade de vida dos chilenos. O desemprego continua alto, a educação ainda não está ao alcance de todos e o novo governo da Bachelet terá que investir nisso. A economia de mercado sozinha não foi suficiente para fazer todos os chilenos felizes.
Stefan B. Salej
14.11.2013.
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