DO QUINTAL DOS EUA E OPORTUNIDADES
Se algum incauto ainda tinha dúvida quanto ao que os EUA querem no Hemisfério Ocidental, do qual o Brasil faz parte, acabou. Em sua Estratégia Nacional de Segurança, publicada pela Casa Branca há exatamente uma semana, ficou explicitamente escrito que os EUA estão voltando a aplicar a doutrina Monroe do ano de 1823, reafirmada pelo governo de Theodore Roosevelt em 1902, a doutrina do grande porrete, aplicada em várias ocasiões no continente, com intervenções militares ou ações subversivas, como apoio a golpes militares. Resumo: este é o quintal dos EUA, onde eles têm interesses estratégicos, e vão exercer esses interesses com todos os meios. Visíveis e invisíveis.
A Doutrina Trump não deixa mais dúvidas, aliás o que tem demonstrado desde início do seu governo, de que vão querer reconquistar a América Latina para seus interesses, sobretudo econômicos. Isso que dizer também que vão frear a expansão dos concorrentes, sobretudo chineses e europeus. Especificamente como o Brasil vai equilibrar essas relações, com o maior comprador e investidor sendo a China,com os interesses norte-americanos, é a pergunta de um milhão de dólares. E comoos EUA vão impedir a implementação do acordo Mercosul-UE. Não faltam no Itamaraty diplomatas para achar soluções, mas a decisão é do Palácio do Planalto. Os EUA não olham a cor do gato desde que ele cace para eles. Toleram a esquerda, desde que seja a favor dos EUA.
Do ponto de vista dos negócios, as empresas norte-americanas vão ser mais agressivas nas áreas de energia, concessões de infraestrutura, portos e aeroportos, telecomunicações, tecnologia e propriedade intelectual e na área de cooperação militar. Nas próximas concessões na área de energia, onde hoje dominam chineses e espanhóis, o governo terá participantes norte-americanos e será pressionado a não ceder mais espaço para os chineses. É bom lembrar o episódio da participação da Southern Electric e AES na CEMIG e a pressão que os governos sofreram quando resistiram ao avanço dessas empresas. As negociações serão duras, vão incluir todos os campos e se não tivermos uma estratégia, inclusive sabendo quando perdemos os dedos para não perder a mão, e isso num ano eleitoral, vai ser muito complexo e difícil.
Na área militar, onde os norte-americanos não transferem tecnologias e o Brasil coopera mais com a Europa, haverá outro campo de batalha. Vamos lembrar como foi o processo de compra do sistema de vigilância da Amazônia, SIVAM. Etambém a escuta da Presidente Dilma pelos norte-americanos no governo democrata de Obama. Veja como foi a recente compra de aviões F16 pela Argentina. Uma maior integração para combater o terrorismo e o narcotráfico também estará na agenda, incluindo operações conjuntas.
Tempos também para aproveitar as oportunidades. Copo meio cheio, meio vazio.

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