DA PAZ
Sou filho da Segunda Guerra Mundial. Nasci em 1943, no meio de ocupação italiana e depois alemã da minha cidade natal. Com todo o cardápio oferecido pelos fascistas e nazistas, pai preso e falta de comidaque enfraqueceu o corpo até hoje e medo de violência nunca esquecido. E o pós-guerra, quando vivíamos com pessoas sem braço, sem olho, sem pernas, confusas na convivência, granadas e minas, casa destruídas e continua falta de comida e vivendo um regime imposto na divisão do mundo, socialismo, em que a professora no primário perguntava, quando morreu Stálin, arqui-inimigo do Tito, o que diziam nas nossas casas, para anotar e avisar a polícia política para prender quem elogiava o facínora.
Guerra não é só o ato de guerrear, suas consequências, em especial nas crianças, nós só sabíamos brincar de matar nazistas, nada de futebol ou outros jogos, e as próximas gerações. A guerra nunca acaba, como não acabam os pogroms. A violência fica na alma, mesmo que a tatuagem que os nazistas impunham aos judeus nos campos de concentração fiqueescondida pela manga longa da camisa.
No Brasil, apesar de ímpar violência criminal e de outros tipos, somos imunes a guerras, neutros em conflitos, às vezes economicamente até nosaproveitamos deles, mas vivemos num mundo hoje e provavelmente nos próximos anos de conflitos armados regionais. Falamos de Gaza, Líbano, Síria, de Hezbolah, de Hamas, do grupo Islâmico, de terrorismo, daSomália, da Tailândia e do Camboja, do Paquistão e da Índia, do Sahel, da Ucrânia e mais. No total 59 guerras em curso, 180 conflitos entre grupos antagônicos em várias partes, e 2.44 trilhões de dólares de gastos, em 2024, em guerras. O mundo está se rearmando, China, Rússia, EUA, com novos navios, Argentina, e a motriz do desenvolvimento virou a indústria bélica.
O Papa, líder de bilhões de católicos, pede na missa que rezem pela paz. O apelo dele ultrapassa a igreja que ele lidera. Não só devemos desejar que tenhamos paz, que os conflitos acabem, mas temos que trabalhar pela paz. Não estarmos no meio do conflito também por graça divina não quer dizer que a desgraça das guerras em outros países é boa para nós. Inclusive porque se avizinha um conflito na nossa fronteira, na Venezuela, que da última vez nos trouxe 1.7 milhões de refugiados. Pela paz se luta tanto com diplomacia como com preparo para a guerra. Estamos lutando de fato pela paz e estamos preparados para nos defender?
Se houver conflito armado a Venezuela, vamos testar os dois preceitos. Bismarck disse que quando termina a diplomacia, começa a guerra.

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