DO MADURO QUE CAI OU NAO CAI
Vizinho não se escolhe, você convive. Com os países também é assim. Um vizinho que há doze anos tinha dinheiro, pagava as importações bem, em especial serviços e equipamentos, e nos deixava no balanço comercial um saldo de 4 bilhões de dólares, era, apesar das discordâncias sobre democracia, um bom vizinho. Assim era a Venezuela. Mas, depois da morte do então presidente Chavez, impertinente arqui-inimigo dos Estados Unidos e que se manteve no poder após um golpe com a ajuda dos Amigos da Venezuela, grupo fundado pela diplomacia brasileira, veio um sucessor em 2013 , Nicolas Maduro e o que sobrou daquela Venezuela foi um outro país.
A inflação em 2022 atingiu 305 % ao ano. Com a queda do consumo e medidas restritivas de toda natureza, a inflação agora está em 85 %. Em 2022, 190 mil alunos abandonaram as escolas. A produção de petróleo, o país tem maiores reservas do mundo, caiu em 12 anos de 2.49 milhões de barris/dia para, em 2021,527 mil barris/dia. E do total de 28 milhões de habitantes , um quarto, 7 milhões,saíram. Você deve se lembrar das cenas da vinda de venezuelanos para Roraima.
As liberdades políticas foram restringidas, a oposição esmagada no melhor estilo soviético, o sistema eleitoral corroído e feito para só ganhar sempre o partido do Maduro. Prisões, exílio e eliminação de adversários políticos, assim como a fome ea miséria, se tornaram rotina. E o narcotráfico organizado tomou conta do país. Bandidos tomaram conta de rotas de tráfico em cooperação com o ELN, ex-guerrilheiros colombianos, transformando-se em organização criminosa internacional mandando no país.
A renda per capita, segundo o FMI, caiu de, em 2015, 10.568 dólares, para, no ano passado, 3.459 dólares. E completando, Maduro resolveu, no final do ano passado,anexar Esquibo, com reservas de petróleo enormes, mas do lado da Guiana. Por um triz e a sabedoria militar e diplomática brasileira, foi evitado um conflito armado na nossa fronteira norte.
Nesse retrato tem que inserir a dívida de um bilhão de dólares e nossa dependência de fornecimento de energia elétrica para Roraima. Então, é mais do que legítimo que nos preocupemos com o resultado das eleições venezuelanas. O comentário do Presidente Lula de que Maduro deve aceitar o resultado das eleições é legítimo, oportuno e cabe ao Brasil sim exercer seu papel de democracia líder na região.
Agora, pesquisas a parte, a única previsão das eleições é que o grupelho do Maduro dificilmente vai aceitar derrota. E com apoio da Rússia e China. E ninguém sabe como vão reagir forças armadas. E Maduro permanecendo, teremos um êxodo que vai afetar as eleições americanas, porque os venezuelanos vão primeiro para Estados Unidos, mas também vão emigrar para Brasil e mais, se perder, quem sabe se não inventa um ação militar. A oposição ofereceu todas as alternativas para ele sair bem, mas os ditadores só saem mortos. O cenário é absolutamente incerto e muito complexo.
No fundo o povo venezuelano está diante uma escolha de Sofia. Os últimos dias da campanha ainda acentuaram ainda mais a prepotência do Maduro e sua clique. O atentado a líder da oposição Corina Machado é gota d’água no oceano de maldades que Maduro está produzindo para impedir eleições honestas. E definitivamente a declaração dele referindo se ao Lula que expressou a preocupação com respeito ao resultado de urnas, dizendo para ele tomar chá de camomila e duvidando das urnas mostram que Brasil perdeu a vez em influenciar Maduro. Ele não precisa mais do Lula e Brasil para se manter no poder. Aliás, repudiou, e para quem sabe ler, o pingo é letra, qualquer interferência ou conselho do Lula,
Na análise de situação venezuelana não devemos esquecer como Maduro acabou com todos os opositores e como foi o episódio Guaido, consagrado como vencedor de eleições e como presidente paralelo do país. União Europeia, Estados Unidos e na época Brasil do Bolsonaro, praticamente romperam com Venezuela do Maduro ( Brasil fechou embaixada), mas no final de contas hoje em dia acho que só Maduro sabe onde está Guaido no meio de 4.5 milhões de exilados venezuelanos que nem podem votar. Do bilhão de dólares que Venezuela deve ao Brasil, está tudo escrito no gelo e assim será.
Se oposição ganhar terá que ter apoio financeiro maciço para ré erguer país. E se perder, vai tudo ladeira abaixo.E enquanto isso aguardar urnas e forças armadas, que mudas hoje, podem mudar amanhã tudo.Ou nada.
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