Goste ou não, foram os argentinos que criaram empregos na indústria brasileira este ano. E em especial na indústria automobilística. A Argentina está crescendo, comprando mais automóveis, mais máquinas, mais equipamentos do Brasil e criando emprego no Brasil. Sem as compras argentinas, que causaram no país portenho um déficit comercial com o Brasil de 5 bilhões de dólares (aliás o déficit correspondente ao total do déficit da balança comercial argentina neste ano), a indústria brasileira estaria patinando e suas exportações de manufaturados não avançariam muito.
O fato é que enquanto avançamos lentamente, o ex-Presidente do Boca Juniors e prefeito de Buenos Aires, hoje Presidente de la Nacion (como o chamam na república vizinha), está colocando o país em ordem. Ganhou as últimas eleições intermediarias para o Senado e a Câmara dos deputados contra o kirchnerismo que dominou a política argentina últimos 12 anos (o seu símbolo populista é a ex-Presidente Cristina Kirchner) e apresenta dados econômicos que mostram ao mundo que parceiro confiável hoje é a Argentina.
Para começar, resolveu uma briga de dezenas de anos com os fundos de investimentos que, com o default da dívida externa, iam perder o dinheiro investido na Argentina. Deu segurança jurídica aos investimentos estrangeiros e locais (ao contrário do que está acontecendo especificamente em Minas com investidores suíços no caso do aeroporto de Confins). Essa confiança criou não só um fluxo enorme de capitais estrangeiros de várias fontes, mas também trouxe de volta 117 bilhões de dólares dos argentinos (repatriação de capital), correspondentes a 20 % do Produto Interno Bruto.
A confiança nos rumos do governo também é notada pelos novos investidores na área da economia digital e de start up. Apesar do enorme esforço no Brasil, foi Buenos Aires se tornou, segundo a Bloomberg, a capital latino-americana de inovação, com maciços investimentos dos investidores norte-americanos, entre eles a volta do George Soros depois de duas décadas de ausência nos investimentos na Argentina. O país portenho sempre teve educação primorosa e excelentes cientistas. E com a estabilidade política está colhendo os frutos com uma nova onda de empreendedores.
A ligação aérea de Confins para Buenos Aires (enquanto algum interessado em transferir isso para Pampulha não queimar o filme) deve significar uma ponte que vai além de indústria automobilística. Nossos empresários, financiados pelas entidades empresariais, gostam de passear pela Europa, o prefeito de Contagem vai à China, mas estamos desprezando um mercado com facilidades e um crescimento enorme na nossa porta. Aliás, isso vale também par o Uruguai e o Paraguai. Acusamos os argentinos, que por sinal estão mostrando na Usiminas o que entendem da siderurgia, de arrogantes, enquanto nos somos míopes, desprezando o potencial de negócios que temos nesta nova era da Argentina.
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