DO QUE DIZER SOBRE O
DESASTRE DE MARIANA
Estes
dias faz dois anos que as águas enlameadas
rolaram da
barragem da Samarco pelo lugarejo chamado São Bento, pela minha Barra Longa e
por Mariana. Tiraram vidas, empregos, esperanças e enlamearam os rios até o
mar. Sujaram a alma mineira por dezenas de anos, alma de quem oferecia suas
terras ricas de minérios para serem
exploradas para o bem dos homens. E como inúmeras vezes nesse negócio,
onde o ganho de alguns, em detrimento do prejuízo de todos, prevalece, assim
aconteceu também no rompimento da
barragem de Mariana.
Se não fosse a imprensa, e em
especial a TV Globo, que mostrou que depois de dois anos muito foi feito e nada
aconteceu, que o desastre ainda povoa a memória e a vida das pessoas atingidas,
provavelmente ninguém lembraria. As entidades
de mineração, como seu sindicato e sua
entidade federativa, não foram capazes de organizar uma análise critica do que
aconteceu e como está sendo resolvida a questão. A Secretaria de Meio Ambiente do Estado
de Minas continua mais preocupada com a fiscalização das empresas dos adversários políticos dos amigos dos seus
dirigentes do que com a questão da barragem de Mariana. Os acionistas da empresa, Vale e
BHP, já estabeleceram que foi um desastre
e, com uma solução mais de relações públicas do que de consertar o que esta difícil de ser consertado, criaram uma fundação Renova e
encheram de dinheiro para resolver o problema da empresa e não da população atingida.
Não é que Renova não faz um bom trabalho, faz. Mas o objetivo
tanto da Renova como dos políticos mineiros e da própria Samarco, é colocar a empresa para funcionar. Assim vai gerar emprego
e impostos e tudo vai cair no esquecimento. A Justiça estadual, com alguns jovens e
dedicados procuradores, tenta reparar o dano, mas
como sempre anda devagar e sem perspectivas de solução. Em resumo, segundo
jornal Folha de São Paulo, a empresa se salva e o cidadão prejudicado fica
prejudicado.
Nessa tragédia toda ainda há aproveitadores como os prefeitos de
algumas cidades atingidas, o exemplo mais gritante é onde Barra Longa (que de fato virou um barra de lama longa), que prometeram mundos e fundos para os
eleitores por conta das indenizações do desastre. E aí o dinheiro até pode ir para as Prefeituras, mas não chega à população.
Em
resumo, como Minas ainda tem muitas barragens como a de Mariana, e ninguém está fazendo nada para que o modelo de exploração mude, a única esperança que resta é que a exploração
mineral cresça mais na Amazonia, porque assim ninguém em Minas fica preocupado com o que vai acontecer.
Porque pelo andar da solução desse desastre,
só rezando para que não aconteça o próximo,
visto que, dependendo do governo e das mineradoras, dos seus líderes, do judiciário e dos políticos, nada de bom vai acontecer.
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