DOS REJEITOS DO MEIO AMBIENTE
A pouco de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas em Paris, Belo Horizonte sofre um calor infernal, o fenômeno climático Niño está no horizonte da agricultura, com efeitos devastadores que ainda não foram contabilizadas na crise econômica brasileira, e na primeira capital de Minas, Mariana, rompe-se uma barragem de uma mineradora australiano-brasileira (associação da BHP com Vale) que arrasa com seus rejeitos uma comunidade inteira. E no meio da destruição de carros, propriedades adquiridas com suor de trabalho, ruas alagadas por lama toxica, desaparecem vidas humanas que, diga-se de passagem, no ramo da mineração em Minas, nunca tiveram muito valor. Parece um episódio de Vale a Pena Ver de Novo do que aconteceu há alguns anos atrás em uma mineração perto de Belo Horizonte, onde morreram várias pessoas. O mesmo modelo de barragem de rejeitos.
No meio do espanto, das declarações desastrosas das autoridades e dos clichês de comunicação da empresa responsável pela mineração, aliás eleita várias vezes como a melhor empresa para se trabalhar no Brasil (talvez para morrer também), há também para os idiotas de plantão o consolo dito na surdina, já que o nome de Minas apareceu em letras garrafais nas imprensa mundial, "falem mal de mim, mas falem".
O episódio, repetitivo e com possibilidade de acontecer em centenas de barragem oficiais e carimbadas pelas autoridades e ainda em maior número de clandestinas, diz claramente que um estado minerador, de onde vem sua maior renda, está falido quanto à sua relação com o meio ambiente. De um lado a ganância, tanto de alguns empresários como do próprio governo, devido aos preços altos dos minérios, permitiu uma exploração desenfreada, desorganizada e até pode-se dizer irresponsável, o que levou também a um ativismo radical quase idiota de alguns ambientalistas que, no fundo quando acontece um acidente assim, ficam com razão sem estarem com razão. Os governos passados pararam Minas Gerais no quesito mineração devido à sua inércia de política ambiental. E este governo corre atrás de prejuízo. Em resumo, um caos onde, de um lado tem que produzir e, do outro lado o estado não cumpre com o seu papel de regulador. A isso junta-se a incapacidade daquele povo lá no Congresso de votar o novo código de mineração. Digo aquele povo porque o nome de deputado só merece quem, uma vez eleito, trabalha pelos eleitores.
Esses episódios não nos ensinaram muito no passado. Estamos, irresponsavelmente, às custas de vidas humanas caranguejando no desenvolvimento. A alegria idiota de pensar "falem mal de mim, mas falem" faz bem as pessoas. Neste caso, mata.
Stefan Salej
6.11.2015.
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