DO TANGO ARGENTINO
As eleições presidências e a eleição de metade do parlamento no país vizinho são muito mais emblemáticas do que parecem à primeira vista. O resultado inesperado das urnas, que levou os dois principais candidatos, Scioli, governista, e Macri, (pelos nomes parece que só tem candidato de origem italiana no páreo), da oposição, ao inédito segundo turno em 22 de novembro próximo, tem muita emoção para a frente. A diferença entre os dois primeiros colocados foi de aproximadamente dois por cento. E o terceiro, também de origem italiana, Massa, teve 22 % dos votos. E agora começa a disputa dos 5 milhões de votos dele pelos dois primeiros colocados.
Além da votação para presidente, ainda houve escolha de governadores, onde o governo ganhou em 12 das 21 províncias, e a escolha de metade da Câmara dos Deputados, onde o governo manteve maioria, mas com menos deputados do que tinha até então. E a cunhada da atual ocupante da Casa Rosada, Cristina Kirchner, foi eleita governadora da Província de Santa Cruz, onde o clã domina a política local, e também elegeu seu filho para a Câmara.
As discussões que vêm depois do fechamento das urnas são comuns e procuram-se culpados e elogiam-se vencedores. O fato é que Scioli carrega o peso de um desgoverno kirschnerista de 12 anos, que levou a Argentina a mais crises do que no passado. Manteve-se no poder o clã Kirchner, democraticamente eleito, mas a Argentina está numa situação econômica e social insustentável. Se Scioli ganhar, terá mais dificuldade de governar, porque os peronistas, aglutinados nesse clã complicado e complexo que governa hoje, limitarão em muito sua ação saneadora da economia e da política argentinas.
As pesquisas indicam que a disputa será difícil e Macri ganhará com pequena margem. Ou, como dizem os especialistas, neste momento tem empate técnico. Até as eleições, muita água vai passar pelo Rio de la Plata e vamos ter que esperar o resultado. O famoso mercado financeiro está apostando alto em Macri, a bolsa subiu 4 % no dia seguinte à eleição, por considerar que ele tem chances de ganhar, mas Kirchner não vai entregar fácil a chave da Casa Rosada, sede do governo em Buenos Aires.
Para o Brasil, o que é efetivamente verdade é que a situação na qual se encontra nosso principal parceiro econômico na América Latina não nos beneficia. País instável, quebrado, sem crédito internacional e vendido aos pedaços aos chineses, reduzindo intercâmbio, e empatando as decisões de Mercosul, não interessa ao Brasil. Mas, agora não cabe nadas mais do que esperar e torcer para que o novo presidente mude a política para fortalecer seu próprio país, a Argentina.
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