De Los Angeles, Califórnia
O brasileiro de classe média alta, que em geral pensa que os Estados Unidos são igual a Miami, ou a Florida, porque lá todo mundo fala portunhol e podia comprar apartamento barato para pagar em 30 anos, apostando que o real sempre valeria mais e agora está engasgado para pagar a dívida que não devia ter assumido, não sabe muito da Costa Leste dos Estado Unidos. The Golden State of California, onde acabou o ouro há muitos anos, é uma das economias mais ricas e dinâmicas do planeta. A Califórnia é, quando separada da economia dos Estados Unidos, a nona maior economia do mundo. É o estado mais rico dos Estados Unidos, com a renda perto capita que passa dos 45 mil dólares anuais. E é pelo tamanho e população muito parecido com Minas.
O impressionante na economia da Califórnia é a sua composição. Maior produtor agrícola dos Estados Unidos, não só produz vinhos excelentes e laranjas, mas tudo o que a agricultura e a pecuária oferecem. Noventa mil fazendas produtivas! A indústria, além de Silicon Valley, cluster de indústria eletrônica e de software mundial, é outra parte de economia. Quem não conhece marcas famosas e não usa produtos concebidos e espalhados pelo mundo desde a Califórnia? A economia criativa (nome bonito que no Brasil de criativo tem mais é suporte do governo ) é outra área que produz resultados fantásticos para o estado. Cartazes na rua indicam que um filme que custa 70 milhões de dólares gera quase mil empregos diretos e mais de três mil indiretos. E muito dinheiro em impostos. Em resumo, uma economia diversificada de classe mundial.
Parte fundamental dessa economia é o sistema educacional. UCLA, Berkeley, Stanford, CALTEC, e mais e mais, são universidades excelentes e entre as melhores do mundo. Elas não são só centros de educação mas também de pesquisa, inseridos em um sistema de estreita ligação com a economia. Os professores ganham parte substancial do seu salário pelo que produzem junto com as empresas. Aliás, o sistema é válido em todo país. E os alunos começam as aulas às seis da manhã, estudam dia e noite e pagam caro pelo estudo. E o professor também é avaliado pelo sucesso dos alunos tanto em presença nas aulas como pelo desempenho. E aí, tem muito mais brasileiros participando, inclusive como professores bem sucedidos, como o diretor da faculdade de odontologia da UCLA em Los Angeles.
Os problemas, por outro lado, em especial de água, de rigor com o meio ambiente e na área política, onde há forte influxo de dinheiro de fora do estado para influir nas eleições, existem. É um estado em permanente desenvolvimento, onde todos andam nas seis pistas de estradas modernas mas há uma pista de alta velocidade, livre para os carros com mais de dois passageiros. E 50% de todos os carros elétricos dos Estados Unidos estão na Califórnia.
Muito se pode aprender aqui e aplicar em Minas. Mas, para se aprender é preciso ter conhecimento. E pelas andanças de nossos políticos pela Europa e da classe alta mineira por Miami, o nosso aprendizado ficará restrito ao nosso nível de poder aprender. E Califórnia está fora desses limites. Lamentavelmente. Mas, não para todos.
PS o colunista escreveu a coluna durante visita a Los Angeles
Stefan Salej
15.10.2015.
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