Onde estão meus espiões?
Em primeiro lugar, quero
saber onde estão e o que fazem os espiões no Brasil. Tom Clancy nos seu último livro Threat Vector
detalha como os chineses espionaram no Brasil para uma empresa estatal de petróleo obter contrato de oleoduto. Nesse mesmo livro, relata de forma
dramática os ataques cibernéticos da China contra os
Estados Unidos. Agora, saiu o relatório de uma empresa de
segurança que confirma o estado de
guerra cibernética que estamos vivendo,
cujo campo de batalha são os Estados Unidos. As
empresas americanas perderam, segundo relatório do Congresso
norte-americano, mais de 300 bilhões de dólares no ano passado, devido ao roubo de segredos tecnológicos e comerciais, principalmente pela China.
O roubo cinematográfico de diamantes na capital européia Bruxelas no valor de 100
milhões de reais é brincadeira perto do que
esta acontecendo hoje na área cibernética. Os hackers mais capazes trabalham hoje para os governos.
Mas, mesmo assim, sobram ainda muitos que perturbam a vida de cidadãos, com entradas em contas correntes, cartões de crédito e todas as outras
formas eletrônicas da vida. Quanto mais
progredimos, mais nos tornamos vulneráveis, tanto no nível individual como corporativo.
O Brasil é um país exposto nessa área. Temos exércitos poderosos de seguranças privadas, que superam em muito a segurança pública, possuímos uma legislação ainda leve para o tamanho do problema e muita, mas
muita gente aproveitando da situação com a falta de meios de
controle pelo poder público para fazer espionagem
particular.
De um lado, as empresas,
principalmente os grandes players, tanto na infra-estrutura como na área financeira, que já estão bem equipadas, precisam avançar mais na proteção cibernética e na contra espionagem
industrial. Isso também cria muita oportunidade
para os empresários inovadores e
principalmente para a indústria de software. Esses
programas devem ser feitos no Brasil e para isso precisamos de matemáticos e engenheiros.
Outra parte é o papel do estado. Achar que Brasil terá uma economia forte com serviços de inteligência fracos, é a ilusão de ótica errada. Sabemos
realmente o que fazem os espiões de terceiros no Brasil?
Se pensarmos só em termos militares ou de
narcotráfico, pode ser que tenhamos
uma resposta. Mas como fica a espionagem econômica e empresarial? Os
contratos no Brasil e a presença de nossas empresas são de interesses de nossos concorrentes. Nossas empresas estão protegidas? Sequer sabemos quanto perdemos por ano? Ou o Brasil é campo livre para essas atividades?
Uma democracia dinâmica e forte supõe um Estado forte nessa área. Tem que haver definições legais claras e meios
para o desempenho. Estamos num mundo diferente, mais competitivo, que vai
exigir novas funções e principalmente mais
coordenação entre todos os atores
envolvidos. Vai dos organismos
governamentais, tanto de segurança como de política externa, até as empresas, que são a primeira linha de
defesa. Esse desafio de guerra econômica e seu futuro na área de cibernética podem definir quanto
vamos crescer ou não.
Stefan B. Salej
21 .2.2013.
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