Do Chavismo sem Chavez
Morreu foi Hugo Chavez,
Presidente eleito da República Boliviriana da Venezuela. Amado por milhões e detestado pela direita
mundial, manteve-se no poder por 14 anos, resistindo a todos os tipos de
ataques, inclusive ao famoso "Cala-te"
do Rey da Espanha, como inventor de Socialismo do século XXI. Não faltaram tentativas de
tirá-lo do poder. Não faltaram discursos
inflamados contra seus inimigos e principalmente contra o governo Bush dos
Estados Unidos.
O legado histórico da liderança do Hugo Chavez vai
demorar a ser absorvido após a sua morte. As contradições que produzia na política internacional são difíceis de serem entendidas
fora do contexto venezuelano. No campo interno, combateu a pobreza e deu uma
esperança nunca alcançada pelos menos favorecidos naquele país. Mas, não conseguiu a estabilidade
econômica, nem dominar o simples abastecimento ou pior, a inflação. A riqueza do petróleo não foi suficiente para criar uma base sólida de desenvolvimento.
Paradoxalmente, no campo externo,
Chavez criou alianças impossíveis como com o Irã e a Bielorussia, continuou
fornecendo petróleo para o seu principal
cliente e arqui-inimigo, os Estados Unidos, para onde mandava gasolina mais
barata para os pobres, fez uma aliança com Cuba que deu sobrevida ao regime cubano, e conseguiu que seu
país entrasse para Mercosul. Articulou a Aliança Bolivariana, ajudou a formar a UNASUL e outros organismos
regionais políticos e financeiros. Foi
uma figura ativa da política internacional e, em
especial, latino-americana. Mais do que o "Socialismo o muerte"
declamado pela guarda presidencial aos visitantes estrangeiros, ele trouxe de
volta ideais do libertador das Américas, Bolívar.
A eleição para o próximo Presidente de
Venezuela, em que o atual Vice-Presidente Maduro será um forte candidato, não garante a estabilidade
política e muito menos econômica ao quinto produtor de
petróleo do mundo. A Venezuela terá que enfrentar uma remodelação econômica para dar sustento ao
seu modelo político, seja ele socialismo
ou bolivarismo. E a sua eventual instabilidade não afeta só o mercado de petróleo, mas principalmente as
exportações brasileiras de serviços e equipamentos para aquele país. O Brasil tem, além da amizade, um interesse econômico impar com a Venezuela,
que pode afetar profundamente a nossa economia. E o vácuo político, nem que seja mínimo, será aproveitado após o enterro do Chavez por todos os que não tiveram espaço durante o governo dele.
Em jogo está mais do que só a felicidade do povo venezuelano ou a ideologia.
Stefan B. Salej
7.3.2013.
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