Dos camaradas Xi e Li
O jogo de xadrez eleitoral mundial neste ano,
com os lances de vitoria de Hollande na França, Chavez na Venezuela,
Putin na Rússia e Obama nos Estados
Unidos, entre outros, não terminou. Na próxima semana, será concluído o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, e, com ele, a escolha dos novos dirigentes da
maior nação do planeta. 2325
delegados do Congresso vão escolher o Comitê Central e Politburo e em seguida será escolhido, por voto secreto, o novo Líder do Partido Comunista chinês, que virá a ser Presidente da República Popular da China.
O escolhido será o Camarada Xi, que substituí Camarada Hu. E ele será acompanhado pelo Camarada Li, como Primeiro-Ministro. Começa a era de dez anos de uma nova geração dos líderes políticos de uma China cada vez
mais poderosa, maior e, quem sabe, mais perigosa. Neste momento, os chineses
estão em conflito aberto em torno de ilhas menores no Pacífico, com o Japão, Filipinas e Vietnã. É só exercício de poder militar e
diplomático de um país que sempre foi grande, mas que ruma a ser potência mundial.
Os chineses têm seis mil anos de história. Não é um país uniforme, e a prosperidade das cidades litorâneas não é a mesma do interior. O modelo de economia socialista de mercado
cria desenvolvimento, cria diferenças sociais enormes e sua
orientação como fábrica do mundo, exportando mais e mais, cria também situações complicadas na própria China. Ela tem um modelo peculiar de organização política, em que o Exército Popular de Libertação é o que une país. Como disse um soldado
chinês: eu tenho o fuzil, mas quem o dispara é o Partido. E por isso, a constante modernização das Forças Armadas e a Presidência da Comissão militar determinam o verdadeiro rumo e a estabilidade política da China. E o Camarada Hu só deixará a presidência dessa comissão para Li daqui a dois anos. Aí é que começa a verdadeira troca de
comando.
A China e os Estados Unidos
concorrem mas não são inimigas. Na área econômica, estão encontrando uma cooperação competitiva, que obviamente tem problemas, como a desvalorização da moeda yuan e a manutenção de mil bilhões de dólares em reservas chinesas
dos papéis americanos. No campo político, estão se acomodando para
dividir o mundo economicamente e politicamente.
A política econômica chinesa terá que se dirigir também para o mercado interno,
como força motriz de seu
desenvolvimento, que hoje é a exportação. E se os chineses passarem para um modelo misto, o seu
crescimento beneficiará a outros, inclusive o
Brasil. A China hoje também sofre devido à crise na Europa e Estados Unidos, porque produz essencialmente
para a exportação. Mas se mudar de modelo,
vai se fortalecer internamente e externamente. Agora é pagar para ver o que vai acontecer.
Stefan B. Salej
7.11.2012.
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