Das minas e minerações
Da terra não vêm só alimentos. Dependendo do clima, há mais de uma safra.
Dependendo de como se trata a terra, ela sempre produz para a nossa sobrevivência. Mas a terra também tem minérios, cuja transformação é outra base de sobrevivência humana e de progresso.
E o negócio de mineração no mundo inteiro esta vivendo uma fase de reflexão ou crise.
Em primeiro lugar, a exploração desenfreada, que gera
desenvolvimento desigual, seja dentro de um país minerador, seja em termos
regionais, não terminou. Criaram-se
grandes empresas mineradoras que dominam a exploração mineral no mundo.Quatro ou cinco, entre as quais esta incluída a brasileira Vale. Projetos gigantescos, investimentos também gigantescos, lucros
enormes, e problemas ambientais e sociais também. Os chineses sempre
tiveram noção exata da importância das materiais primas, pois foi com a exploração de tungstênio que Mao financiou a
revolução. Hoje exploram bem o
mundo inteiro para que sua industria progrida: exploram trabalhadores, terras,
meio ambiente e em nada diferem dos exploradores que dominavam o negócios há séculos.
A África está infestada de investimentos
que na maioria das vezes são a consequência de uma relação política incestuosa. Os escândalos das empresas
brasileiras nas terras africanas, relatadas pela imprensa brasileira, são a ponta do iceberg de um
setor que precisa ter um modelo de negócio do século 21 e não do século 19, como disse a
ex-diretora do Banco Mundial, a sul-africana dr. Ramphele. Na África do Sul, com greves constantes e violentas nas minerações, a questão ainda se torna mais difícil de ser resolvida. E o paradoxo das minas de platina paradas é que, com greves, a produção para, e a falta de
produto eleva o preço.
O mundo está cada vez mais dividido entre fornecedores de matérias primas e processadores. O fosso entre esses setores é cada vez maior. Para as regiões mineradoras, urge rever
suas políticas de desenvolvimento,
seja no Brasil, na África ou na América Latina. O papel do estado como concessionário de riquezas minerais e
as suas compensações devem ser revistos. E as
relações sociais, entre quais o fato de que as regiões mineradoras, segundo os
dados de Banco Mundial, apresentam sempre o menor índice de desenvolvimento, devem ser revistas.
Não custa nada lembrar o velho refrão: o minério não dá duas safras.
Stefan B. Salej
15.11.2012.
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