DE SER EMPRESÁRIO, EMPREENDEDOR, COMERCIANTE, FAZENDEIRO E OUTRAS
Uma reflexão sobre a missão de exercer uma das funções descritas no título cabe bem no final de um ano, ou de um período inteiro de vários anos, de tumulto, incerteza e volatilidade ímpar na economia e na política do país. Se levarmos em conta não as definições teóricas ou de Wikipédia o que é o exercício de uma dessas funções, mas o que os nossos contemporâneos, como José da Costa, Nansen Araújo, José de Alencar, Modesto Araújo, Alair Martins, Alexandrino Garcia, Beth Pimenta, Marcos Mares Guia, Ernesto Salvo e tantos outros, nos ensinaram, podemos tirar algumas conclusões que nos ajudem a entender melhor a situação em que vivemos e o modo de ultrapassar as dificuldades.
Creio que a primeira lição é que a função de uma empresa, fazenda, comércio ou prestadora de serviços, é não só produzir lucros, mas servir aos seus clientes. Ou modernamente dizendo, ao mercado. Entendendo bem o cliente, suas necessidades, e adaptando-se às mudanças por que ele está passando (não adianta vender hoje máquina de escrever se as pessoas usam tablet), você tem grande chance de, com dinamismo próprio, adaptar seu modelo de negócios e sobreviver.
Não se pode ignorar o fato de que, se você quiser ganhar dinheiro rápido e fácil, então é melhor escolher outro ramo de atividades, que não é ser empresário. Construir uma empresa, mantê-la no mercado, ou manter uma fazendo viva por muitos anos, não é trabalho de um dia e nem de uma semana. Requer persistência, objetivos claros, controles financeiros rigorosos e muita preocupação. É um trabalho de equipe, inclusive da família, dos sócios, com objetivos a longo prazo.
As mudanças tecnológicas não são novidades. Podem ser mais sentidas hoje, eventualmente são mais rápidas, mas sempre existiram. Então, você tem que ser capaz de liderar essas mudanças no seu negócio. Decidir se você segue os concorrentes ou lidera o mercado. Nem que seja padeiro no bairro, pode ter melhor atendimento, melhor pãozinho, melhor quibe. Nada de segunda, sempre tudo de primeira.
Volto ao que, aliás, todos os mencionados foram mestres no assunto, que é o relacionamento com as pessoas. Olhe para o seu negócio no dia em que está fechado e pergunte quanto vale. E quando as pessoas começarem a atuar, a trabalhar, quanto isso vale. O capital humano e a sua gestão são valores fundamentais na empresa. Quem não sabe administrá-lo pode até ganhar dinheiro, mas a empresa não sobreviverá a longo prazo.
Não se pode ignorar a firmeza no cumprimento dos valores éticos dos empresários bem sucedidos e cujas empresas sobreviveram às tempestades de políticas ou à falta delas no Brasil. Ninguém que colocou a corrupção como base de negócio pode sobreviver a longo prazo. Ganha dinheiro mas não resiste ao tempo.
Empresa, fazenda, indústria, comércio, serviços são mais do que máquinas de ganhar dinheiro, como nos ensinaram muitos dos nossos mestres, entre os quais incluiria, não como empresário mas como homem público, o engenheiro João Camilo Penna. São entidades que produzem felicidade, oportunidades, riqueza social e econômica. Entendidas assim são bem comum, respeitadas e cuidadas por todos, para crescer e sobreviver aos tempos difíceis.