DAS CHUVAS E TROVOADAS
Dezembro e, em especial, janeiro, são tempos de muitas chuvas e trovoadas. Os novos prefeitos, entre os quais há muitos sábios, já estão se preparando para as chuvas de verão, que fazem os rios crescerem, os barrancos descerem, os bueiros e as bocas de lobo entupirem, a luz desligar, os sinais de transito piscarem ou então apagarem, as estradas serem interrompidas, sem falar nas estradas de terra, que viram lamaçais intransponíveis e campos cheios d’água sem poder nem semear e nem colher. Pode ser que tenhamos um ano recorde de safra de grãos, mas, e os preços, e vender para quem? E todo mundo está torcendo para que o ano acabe, aliás este de 2016 não acaba nunca, como se o ano novo gregoriano de fato não tivesse nada a ver com o ano que passou. E nessa agonia com chuvas, desemprego, águas, quem mais sofre é o pobre do barraco, nem lembrado na desgraça, e cheio de promessas de políticos de que vão resolver os problemas que nunca são resolvidos.
Mas, é a meteorologia política que traz trovoadas incomparáveis neste verão. Em Minas, a incerteza da certeza de situação politico-jurídica do governo Pimentel, que está na corda bamba, com a situação financeira fazendo resolver na ponta de lápis a despesa de cada dia, nos leva a pergunta quem vai investir em um estado que se diz quebrado e não pode cumprir com os seus compromissos. E, justiça seja feita, Minas Gerais não quebrou nesta gestão, mas esta quebrado e não foi consertado há muito tempo. Os últimos três governos antes deste fizeram um choque de gestão, que resultou em que mesmo? Na quebradeira de hoje.
Se faltavam na literatura brasileira romances policiais com a qualidade de um Paulo Coelho, foi neste verão que essa lacuna foi preenchida: os documentos da delação premiada dos empreiteiros brasileiros. O best seller nessa coleção interminável é a delação da Odebrecht, a empresa baiana de engenharia, cujos tentáculos no tecido político brasileiro estão em câmaras de vereadores, partidos políticos, prefeituras, governos de estados, e no Congresso nacional.
Conforme o relato publicado neste fim da semana, a aliança empresarial, da qual participou, como está escrito na delação, a entidade máxima da indústria, Confederação Nacional da Indústria, com o Congresso, este, com exceções que confirmam a regra, se movia e legislava a favor dos interesses empresariais e seus lucros e não do povo. Era a casa de negócios e não a casa do povo. Aliás, provavelmente, isso acontecia na escala vertical até Brasília, em cada um dos quase seis mil municípios que temos no país .
Como se proteger, como não se indignar e em um ambiente meteorológico político desses, nunca antes visto no nosso país, ou sempre existente, e nós de avestruz, não querendo enxergar nada, é a grande questão. Não dá para não estar envolvido porque o governo que está aí pode prometer maiores bondades na economia, mas sempre ficará a pergunta: fizeram para beneficiar quem? E podem entregar, cumprir o prometido? E a dúvida mata, nos recolhe a uma atitude defensiva: proteger-se das chuvas e trovoadas até tempos melhores.
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