Powered By Blogger

Wednesday, 30 November 2016

DE FIDEL CASTRO E MINAS

DE FIDEL CASTRO E MINAS

A morte aos 90 anos do líder revolucionário ou ditador cubano (depende do ponto de vista, mas provavelmente os dois), Fidel Castro, recolocou no mapa mundi a discussão sobre o seu papel na história mundial. Mas, para analisar esse papel, é preciso olhar primeiro a história de Cuba, que foi o último país latino americano, no final do século XIX,  a se liberar do jugo espanhol e depois ganhou a guerra  contra os Estados Unidos, que queriam ocupar a ilha e transformá-la, como aconteceu com Puerto Rico, em território norte-americano. Aliás, parte da ilha, onde estão as instalações militares norte-americanas e a prisão de máxima segurança para terroristas islâmicos, Guantánamo, é território dos Estados Unidos. E se olhar o mapa da América Latina e do Caribe, do Sul para o Norte, você identifica que a cabeça do continente se chama Cuba, a 150 km de costa norte-americana ou da capital dos ricos latino-americanos, chamada Miami.

Cuba foi um país dos mais desenvolvidos do continente numa determinada época da historia, mas também foi se transformando em filha prostituta dos Estados Unidos, com a máfia dominando os negócios e a desigualdade social aumentando, ao mesmo tempo em que a ditadura do nefasto Fulgencio Batista fazia inveja a outros ditadores mundiais. Foi nesse ambiente de desejo de mudanças sociais que nasceu a guerrilha cubana, na contra mão de um mundo bipolar de guerra fria e de um anti-comunismo crescente, em especial nos Estados Unidos. Ter um país ideologicamente diferente e aliado ao inimigo número um, a União Soviética, era inaceitável para todos os dirigentes estadunidenses, inclusive o liberal John Kennedy.

O encanto romântico de uma solução socialista como a cubana foi impregnando multidões de jovens. Assim, a condecoração de outro líder cubano, Che Guevara, pelo governo de Jânio Quadros, desencadeou uma crise político-militar no Brasil, cujas consequências mais tarde levaram ao golpe militar de 1964. Os jovens revolucionários brasileiros combatentes da ditadura militar, como o mineiro Jose Dirceu, hoje preso por corrupção, foram treinados em Cuba. A Ilha, como era chamada por esses jovens, sob a liderança de Fidel Castro, era a matriz de exportação de idéias, ideais e guerrilha, para uma mudança de regimes no continente. Os jovens treinados lá, quando conquistaram o poder no Brasil, ativaram seus contatos com Cuba, como um deles, o ex-deputado Tilden Santiago, que chegou a ser embaixador brasileiro em Havana.

E claro, começou um novo ciclo de relacionamento, que após a aventura militar em Angola, onde 35 mil soldados cubanos combateram os sul-africanos e seus aliados da Unita, teve seu auge com a vinda de milhares de médicos cubanos para Brasil (o que ajudou Cuba a superar seus problemas financeiros), financiamentos para construção do porto de Mariel (na gestão do então Ministro de Desenvolvimento Fernando Pimentel e seu diretor no BNDES, Mauricio Borges) e mais outros projetos menos conhecidos. Os treinados lá, ou nas idéias e ideais de lá, devolveram a bolsa de estudos com juros e correção monetária.

Mas, é pouco e inadequado dizer que a influência cubana e de Fidel Castro se resumem a isso. Um sistema político fracassado na área de economia, absolutamente hermético quanto aos direitos de cidadãos, só está sobrevivendo porque manteve coerência ideológica em um socialismo que fracassou, mesmo que se cante em verso e prosa seu sistema de saúde e de educação. Fidel Castro manteve Cuba em seu modelo próprio, balançando em um mundo de mudanças, no nariz dos Estados Unidos. Interessante observar que, ao contrário de países do antigo Leste Europeu, a liberdade religiosa em Cuba tem um grau maior do que tinha lá, mas a liberdade de expressão continua zero.

Fidel Castro fez história e não há como não reconhecer isso. O que não quer dizer que ela é tão bonita e charmosa, ou tão boa para o povo cubano, como foram os sonhos, o charme e esperança de tempos melhores  que emanavam em 1959, quando tudo começou na Sierra Maestra.

Monday, 28 November 2016

DA GLOBALIZAÇÃO NOS DIAS DE HOJE

DA GLOBALIZAÇÃO NOS DIAS DE HOJE

O canadense Marshal McLuhan disse que, com o advento de televisão e dos satélites, vamos nos tornar uma aldeia global.Hoje podemos assistir os eventos em qualquer parte do mundo praticamente na hora, sem falar do celular, tablets e computadores, que viraram televisores e nos permitem a comunicação imediata com o mundo.Assim, somos globalizados quanto à informação.E quanto aos produtos e serviços? Bem, é só olhar no nosso dia a dia para sabermos que, independentemente de quanto gostarmos, a globalização está aí, na nossa mesa, no nosso cada dia.

A comunicação fácil e imediata também gera demandas imediatas, desejos de consumo. Vejamos os casos de telefones inteligentes. Quanto a Samsung teve problemas com um dos seus telefones/tablets, mesmo se não teve qualquer problema no Brasil, o consumidor imediatamente reagiu e deixou de comprar o produto. Ao contrário, quando a Apple lançou seu último modelo, o consumidor brasileiro queria saber quando será lançado no Brasil. E, lançado teve filas de madrugada para comprar.

Mas, a globalização muda essencialmente a percepção e as oportunidades de mercado e competitividade tecnológica. Qualquer empreendimento ou empresa, start up, que começar tem que pensar globalmente, mesmo que aja localmente. Isso vale sobre maneira para a start up, hoje a onda de inovação que assola o país. A Start up que não tiver base tecnologia competitiva no nível internacional, também não terá financiadores e nem mercado global.

Aliás, a competição mais acirrada não está nas fábricas e empresas, mas nas universidades e centros de pesquisa. Não nos esqueçamos que a internet começou lá, integrando as informações e o intercâmbio entre pesquisadores. Aliás, a esse capítulo tem que se adicionar as ferramentas de análise, chamados big data. Se seu concorrente fizer e você não, sua empresa acabou e você nem percebeu. Não é Power point, não ! E mais do que isso, é uso da mais avançada matemática  para produzir, atender o cliente, prestar serviço melhor. Por exemplo, o start grid de uma empresa de energia, aumenta a competitividade de toda a sociedade que ela serve.

Tempos modernos, como disse Charles Chaplin no seu famoso filme. Tempos desafiadores de um mundo cada vez mais próximo e dominado por quem tem tecnologia e sabe usar.

DA POLÍTICA E POLITICAGEM EMPRESARIAL

DA POLÍTICA E POLITICAGEM EMPRESARIAL

Num recente episódio em reunião do mais alto órgão de decisão de uma entidade empresarial das maiores (e mais polpudas) de Minas, quando um  dos seus mais conceituados diretores e presidente de várias entidades filiadas, após a fragorosa derrota de uma sua proposição para filiar mais um sindicato, do qual seria  presidente (ele e os sócios controlam não só vários sindicatos, a própria entidade e mais a entidade nacional), perdeu o bom senso pelo qual era conhecido, e chamou seus colegas (pelo que contam nos bastidores) de não possuírem vergonha e serem desonestos, entro outros predicados, cabe a pergunta porque tanta animosidade para dirigir uma entidade empresarial se o serviço é voluntário.

Há algum tempo atrás, um diretor de um serviço de apoio às empresas, experiente político, obrigado a defenestrar, por ordem do presidente-empresário um outro empresário, que prestava  serviços  profissionais, por ele ter dado declarações na imprensa que desagradaram, disse que a política em geral tinha métodos sujos e que está surpreso com os que os empresários usam nas suas entidades.

O fato é que o que acontece na política partidária, no Congresso, nos governos  de varias naturezas, essa decadência  generalizada de valores, chegou também às entidades empresariais. Claro que nem a todas, já que há honrosas exceções, mas também há, como no caso descrito, ocorrências de extrema gravidade. Em entidades que são dominadas por clãs ou grupos empresariais, familiares, onde a compra de votos e os conchavos para colocar nem abaixo de tapete, mas abaixo de terra, os desmandos, não são raridade. E as eleições são  shows para se fazer, no final, uma acordo de esquecer os desmandos do passado, para garantir os do futuro.

Numa hora de crise em um sentido tão amplo que o país nem viveu ainda, episódios de desentendimento, chegando quase às via de fato, de desrespeito às pessoas, à sua liberdade de expor ideias, no  meio empresarial, beiram absurdos inaceitáveis. Que exemplo podem seguir os jovens empresários com esse comportamento? E o que a sociedade pode esperar de uma classe cujo poder econômico está sendo usado para seu próprio bem, muitas  vezes  se apresentado de forma falsa, com publicidade excessiva e programas pseudo sociais?

Minas vive uma crise de governabilidade e sem coesão em torno de projetos dos empresários, em especial de segmentos como a indústria, que mais sofrem nesta crise, na qual só há aumento de desemprego, redução de atividades e ampliação das incertezas.

Mas, onde estão as ideias, os projetos que convençam a sociedade de que os empresários podem não só se beneficiar pessoalmente de sua atuação politico-empresarial, mas realmente liderar, com outros atores, primeiro a saída da crise e em seguida o desenvolvimento?

Se persistir o espírito de briga pelo poder e o abuso dele nas entidades empresariais, como  demonstra o episódio recente, que é a ponta do iceberg da privatização das entidades, e não mudar a visão, o discurso e ação, Minas continuará sendo  cada vez mais exportadora de mineiros, de seus talentos e do seu capital. E Minas é mais do que isso, como também seus industriais e empresários são.

Monday, 21 November 2016

DO ESTADO DEVEDOR E FALIDO

DO ESTADO DEVEDOR E FALIDO

Na história mineira tem uma estória muito atual. Quando as professoras entraram em greve durante o período do saudoso Governador Milton Campos, da antiga UDN, um dos auxiliares do Governador, creio que foi o Secretário de Segurança, sugeriu que se mandasse a Polícia Militar para reprimir a greve. Naquela época, a população de educadores era essencialmente composta por professoras. E aí, o Governador respondeu: Não é a Polícia militar que temos que mandar. Temos que mandar o trem pagador.

Nos dias de hoje, vivemos situações parecidas. O estado, representando por seu governo, enfrenta enorme dificuldade para pagar seus compromissos. Não só com os funcionários, onde as escalas de pagamentos sempre atingem os mais fracos, de menor valor a receber e em maiores dificuldades. Entre esses, sempre se enquadram os profissionais da educação. Mas, o novo governo, logo que entra, primeiro deixa de pagar ou atrasar os pagamentos das dívidas oriundas do governo que sucedeu. Parece que as sucessões políticas significam, em termos de pagamentos de compromissos do estado, ruptura. Divida do governo não se paga.

O fato é que nossa economia depende muito do estado, seja municipal, estadual ou federal. Não só temos um contingente deveras grande de funcionalismo publico, provavelmente em Belo Horizonte, entre os três níveis  dos governos, o maior empregador, como ainda o atraso de pagamentos nos salários significa uma queda do consumo muito forte. Somos uma economia altamente socialista, do ponto de vista da classificação dos bens de produção. O Estado é o dono da maior parte da nossa economia.

Mas, os atrasos também atingem em muito outros fornecedores governamentais. Esquecemos o poder de fogo dos empreiteiros, que sempre se salvam de uma ou de outra maneira, e que através de lobby dos seu sindicato, o SICEPOT, conseguem obter resultados que ninguém consegue. Governo nenhum briga com eles. De outro lado, há milhares de empresas de porte pequeno, espalhadas pelo estado todo, que não têm poder politico, nem poder de barganha. São pequenos comerciantes, industriais, agências de publicidade, jornais locais que publicaram os anúncios dos governos, e tantos outros. Pagaram impostos, suas obrigações com fornecedores e funcionários, e não sabem quando vão receber. E entram numa espiral que só agrava a situação. E tem mais: entidades como a FIEMG  preocupam-se em defender grandes credores, e para os demais fica a necessidade de compreenderem a difícil situação. Para os amigos tudo e para os demais, a lei.

Rio de Janeiro , já tarde, tem que servir de aviso. Efeito Smirnoff: o de hoje será você amanha. Estamos aprendendo ou achando que nada tem que ver a situação de lá, com a nossa?

Friday, 18 November 2016

DOS ACORDOS E DESACORDOS COMERCIAIS

DOS ACORDOS E DESACORDOS COMERCIAIS

Apesar de que a semana está cheia de notícias da transição do governo dos Estados Unidos (o Presidente eleito só toma posse no dia 20 de janeiro e até lá tem tempo para conversar ainda com o nosso Presidente Temer , já que os dois ainda não conversaram), mas há outras preocupações na área de comércio internacional que não foram ofuscadas pela eleição de Trump. Ou foram e não percebemos.

Enquanto o Canadá conseguiu, depois de  sete anos de negociações, fechar um  acordo amplo de comércio e cooperação com União Europeia, o Mercosul, nascido em Ouro Preto há 25 anos, continua negociando, e negociando um acordo comercial com a mesma União Europeia. Está na mesa que  a UE acabou de aceitar o Equador (que está brigado conosco na área diplomática em função do impeachment da companheira Rousseff) no acordo de comércio com o Peru e a Colômbia. Por outro lado na, campanha presidencial norte-americana, ficou claro que o hoje vencedor Trump vai rever o acordo de livre comércio entre os Estados Unidos, México e Canada, como também o acordo transpacífico (o acordo dos acordos) e rever a negociação do acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia.

Resumindo: esta se redesenhando o mapa comercial do mundo. E se a esse quadro adicionarmos o reconhecimento definitivo da China como economia de mercado na Organização Mundial do Comercio (onde o brasileiro Azevedo quer mais um mandato de diretor geral), temos um quadro um tanto quanto indefinido para o exportador brasileiro. Você pode exportar baseado na sua capacidade empresarial, mas  se houver barreiras nos países importadores, ou se seus concorrentes tiverem mais facilidades,  o jogo muda ou até impede você de exportar.

E são acordos comerciais entre os países que permitem  isso. De um lado, estamos amarrados pelas regras do Mercosul, uma associação de países difícil de se entender e com a qual conviver. De outro lado, pelos interesses e reposição do comercio global. O fato é, que o exportador brasileiro neste momento não tem a mínima interferência  nas negociações  que estão em curso, como Mercosul-UE, e nem na consolidação negociadora do próprio Mercosul. Mas também não sabe qual a posição estratégica do governo brasileiro para orientar seu planejamento empresarial.

A situação está menos dramática na área de agro-negócios, onde o próprio setor  assumiu a liderança e obrigou os outros atores a seguir o navio do almirante. Mas, iludidos com que temos boas reservas cambiais, e que o agro e os minerais sustentam a balança comercial, criando superávit, as exportações de manufaturados, serviços e produtos de tecnologia estão mancando. E sem  acordos comerciais, só o bater dos tambores da promoção comercial (incluindo sem diminuir custo Brasil), vai ser difícil conseguir encher o caixa com dólares e euros para poder gastar em viagens e  importações.

Sunday, 13 November 2016

DOS NOVOS EMPREENDEDORES

DOS NOVOS EMPREENDEDORES

Formidável o evento Campus Day, trazendo centenas de jovens para o Expominas, abaixo de tendas, apresentando suas ideias e competindo para obter o beneplácito dos investidores. A isso se juntam os esforços das turmas de São Pedro Valley, e de BH Tec, em Belo Horizonte, o apoio de fundos de investimentos pioneiros no Brasil,  como o FIR Capital, a Biominas, o Vale da Eletrônica, em Santa Rita de Sapucaí, o esforço fantástico da Universidade Federal de Itajubá, na área de empreendedorismo, e mais dúzias de iniciativas, inclusive do Governo do Estado, da FAPEMIG e do BDMG. Sem falar no SEBRAE Minas e seus programas de educação, como a Escola  Técnica de Formação Gerencial.

Em resumo, tudo para incentivar os jovens a serem empresários. Mas, também é hora de fazer um balanço, para que o futuro não seja um sonho de verão e se forme um grande contingente de frustrados que desistem ao invés de persistirem nessa vida de sacrifícios que é a vida empresarial. E a pergunta é, qual a métrica  desses esforços? Não quantas start ups  foram vendidas, mas quantos empregos, impostos e outros  indicadores sociais e econômicos foram alcançados.

Primeiro, além de onda, precisa-se de metodologia com resultados. E, para isso, deve-se envolver gente com experiência, e não só entusiastas com formação acadêmica, mas sem nunca terem  pisado em uma empresa. Os mentores não devem ser só experientes, mas devem ser treinados para ajudarem as start ups a se estabelecerem e crescerem.

Segundo, não basta ter uma boa ideia. Ela tem que ser validada no mercado. E o mercado, em especial na área de tecnologia, é global. Tem que validar a ideia fora das fronteiras mineiras, já que o mercado está lá fora.

Terceiro, ficar só esperando capital do estado, sem a  start up ter se consolidado com capital que exige resultados, é jogar dinheiro fora. Dinheiro do contribuinte. O Estado não confere resultados empresariais, então os jovens recebem o capital inicial, gritam e se entusiasmam muito, se iludem, mas os resultados não são nem cobrados e pior, nem esperados. É uma noite de verão.

Quarto, a inovação mais importante e eficaz deve ser feita  através de criação de start ups nas grandes empresas, que  são tradicionalmente pouco inovadoras. A Cemig, Copasa, Usiminas, Localiza, MRV etc., possuem esse sistema? Elas têm problemas, precisam inovar e são clientes. E mais, como ficam os setores de agro-negócios que precisam de mais do que a indústria?

Aliás, vale a pena ver o que São Paulo, através de programa da Fiesp e novo governo municipal chamado SP 4.0 estão fazendo. Objetivos, meios e fins para se tornar uma das mais inovadoras e competitivas sociedades do planeta.

DOS NOVOS TRUMPS E TEMPOS

DOS NOVOS TRUMPS E TEMPOS

Falar em grandes surpresas com eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos é desconhecer simplesmente que entre os dois candidatos antagônicos, Clinton e Trump, e nas pesquisas muito, mas muito próximos, um ia ganhar. E o que ganhou, ganhou por uma margem tênue, que alias divide o eleitorado americano quase que igualmente meio a meio. As explicações da vitória e da derrota são cheias dos mais profundos e divergentes textos filosóficos e análises políticas, mas o fato é que, por incrível que pareça, os eleitores votaram contra um terceiro mandato de Obama. Esse mesmo presidente, que nos admiramos tanto, e que administrou o desastre econômico, financeiro e militar que os republicanos deixaram após 2008. Não vamos nos esquecer da crise financeira, imobiliária e das consequências da guerra no Iraque e no Afeganistão, que Obama teve que administrar.

Agora, o que vale são as pretensões e previsões. Os  Estados Unidos, irrequietos com a eleição, já se levantaram. Protestos contra a eleição de Trump e, se lembrarmos dos inúmeros protestos pela morte de negros por policiais brancos mais recentemente, podem se alastrar. Trump terá que transformar o discurso em ação, para justificar a sua eleição. E aí começa a verdadeira batalha: como re-erguer as fábricas destruídas e criar mais empregos. A General Motors acabou de anunciar que vai demitir 2.000 funcionários, justamente nos estados que deram maioria a Trump: Ohio e Michigan. Do discurso para a ação, há um oceano de distância, com águas profundas.

Há ainda o medo de políticas de imigração do novo governo. Os Estados Unidos têm há muito tempo políticas rígidas quanto à imigração ilegal. Alias, não são únicos no mundo. Agora a maneira de executar essa política pode piorar e o receio de 750 mil brasileiros ilegais nos Estados Unidos não deixa de ter razão de ser. Imagine o que acontece se eles forem deportados ou confinados em prisões. O pior será com os centro-americanos e mexicanos. Mas, aí a economia norte-americana para, porque o trabalhador branco norte-americano, que votou no Trump porque lhe prometeu emprego, não faz o que o imigrante faz. São classes de trabalhadores diferentes.

Na política externa, (como na interna, onde Trump fez barba e bigode, elegendo a maioria no Congresso e no Senado) há que aguardar e ter esperança em que a beligerância verbal não provoque mais conflitos. Sem dúvida, a relação com Cuba e Venezuela será diferente, mas com o Brasil, do qual Trump sabe pouco, porque não tem negócios significativos aqui, pode ficar na mesma ou não. Agora, é esperar para ver, rezando para que não piore.